LITERÓTICA: TAÍGETE,
A CORÇA DE CERINEIA... – Vi-a como um espetáculo inenarrável, lindeza
esplendorosa. Do mesmo que chegara, num átimo desaparecera. Onde ela? Muitas diziam:
Eurípedes a viu pela Argólida; Apolodoro, pelo Monte de Artemísio; Sêneca, pelo
Maínalos e Parrásia; Calímaco, que ela era uma das filhas da rainha das
Amazonas, outros e tantos repetiam que ela tinha vindo do Oriente Médio semita,
que era uma divindade pros etruscos, que carregava a Lua na cabeça, enfim, quem
me deu seu real paradeiro foi Píndaro: ela estava pelos confins do mundo, pelas
terras do país dos Hiperbóreos. Segui por dias, meses, anos e, pelo rio nos arredores
do Monte Cerineia vi-a se banhar sob a proteção de Ártemis. Ao me ver
atravessou o rio da Arcádia: um escultural animal fantástico de beleza. Em seu
encalço fui até o final da travessia do rio Ladão tentando enredá-la com minhas
astúcias. Esquivando-se veloz consegui coagi-la e, pela insistência, capturá-la.
Envolvida por meus braços fixei seus olhos: era a adorável ninfa Taígete, uma
das Plêiades Dodonides e oceânidas Atlagenes, que fugia da perseguição de Zeus,
refugiando-se no monte Artemísio: ela era o presente sagrado da deusa. Acariciei
sua bela face e ela rejeitou minha ousadia ameaçando-me de sacrílego quando, na
verdade, eu só expiava minha culpa. Cônscia dos meus intentos ela finalmente cedeu,
arreou a cabeça ao meu ombro e seus seios se acomodaram ao meu peito, suas
pernas abarcaram as minhas e sua nudez voluntária deu-me a quentura do ventre
da Lacônia no meu sexo. Beijei-a enquanto sua carne latejava ao meu contato e
se rendia solícita como quem ansiava pela redenção. Remexeu com êxtase e no
ápice catártico de seu orgasmo senti a plenitude da paz. Repousou estirada
sobre meu corpo e, ao despertar, transformou-se em pomba e durante o voo fez-se
estrela para me ensinar o eterno caminho da sua constelação. Veja mais aqui e
aqui.
DITOS &
DESDITOS - Não podemos nos dar ao luxo da autopiedade. Nossa maior
prioridade agora é continuar com o processo de construção. Minha paz pessoal
veio ao ajudar meninos e meninas a irem além do comum e se esforçarem para o
extraordinário. Devemos ensinar nossos filhos a enfrentar os furacões da vida,
juntar os pedaços e reconstruir. Devemos impressionar nossos filhos que, mesmo
quando os problemas sobem para sete ponto um na escala Richter da vida, eles
devem ser ancorados tão profundamente que, embora balancem, não cairão... Pensamento
da educadora e ativista estadunidense Mamie Till-Mobley (Mamie Elizabeth
Till-Mobley e Mamie Elizabeth Carthan – 1921-2003), autora do livro Death of
Innocence: The Story of the Hate Crime that Changed America (One World, 2004),
no qual ela expressa: […] A cada dia, agradeço pelas
bênçãos da vida — as bênçãos de mais um dia e a chance de fazer algo com ele. Algo
bom. Algo significativo. Algo útil. Não importa quão pequeno possa parecer. Quero
continuar fazendo a diferença. […] Só nos é dado um certo tempo para fazer o que fomos
enviados aqui para fazer. Você não precisa estar por aqui por muito tempo para
compartilhar a sabedoria de uma vida inteira. Você só precisa usar seu tempo
com sabedoria e eficiência. Não há tempo a perder [...] Não é que eu me detenha no passado. Mas o passado molda a maneira
como somos no presente e a maneira como nos tornaremos o que estamos destinados
a nos tornar. É somente porque finalmente entendi o passado, o aceitei, o
abracei, que posso viver plenamente o momento. E dificilmente passa um momento
em que não penso em Emmett e nas lições que um filho pode ensinar a uma mãe.
[...].
ALGUÉM FALOU: Somos ameaçados
todos os dias, nossas vozes são esmagadas; mas continuaremos a lutar... Eu sou
destemida, quanto mais sou torturada, mais forte me torno. Se eles tiverem
sucesso em me silenciar, eles me mostrariam como um exemplo para silenciar
todos os outros... Pensamento da professora e ativista indiana Soni Sori.


