quinta-feira, abril 09, 2015

BAUDELAIRE, LENINE, JESSIVA, HELONEIDA, MAZZAROPI, SEVERINI & MUYBRIDGE.


BIBLIOTECA – A primeira biblioteca foi a do meu pai. Ainda menino, eu passava horas e horas todos os dias remexendo nos livros – aprendi a ler por volta dos cinco anos e adorava procurar figuras nas coleções. Depois de ler as coleções de Machado, Graciliano, Érico, Dostoiévski, Dickens, Lobato, entre outros, passei a bisbilhotar na Biblioteca Pública Fenelon Barreto, na qual a professora e bibliotecária Jessiva Sabino de Oliveira sempre acolhedora, atenciosa e duma afetiva bondade de incentivo à leitura, me deu espaço para mergulhar de cabeça no universo maravilhoso que é o livro. Foi ela que me iniciou na leitura das peças teatrais e romances de Hermilo Borba Filho, na poesia de Ascenso Ferreira, os clássicos, os malditos & proibidos, os vanguardistas e os da torre de marfim, afora dispor todo o acervo para o meu prazer. Por causa disso virei consumidor compulsivo de bibliotecas e livrarias, mantendo sempre o hábito de pregar os olhos em páginas e páginas de um bom livro. Veja mais aqui.

Imagem: Naked woman ink drawing, do pintor italiano Gino Severini (1883-1966)

Ouvindo: o álbum ao vivo Lenine Acústico (MTV Brasil, 2006).

AS FLORES DO MAL – O poeta, crítico de arte e tradutor francês Charles Baudelaire (1821-1867) possui uma história para lá de instigante. Órfão de pai, foi repudiado pela família por sua precoce vocação literária. Enviado para a Índia em 1841, com a intenção de frustrar suas veleidades artísticas, regressou à França no ano seguinte, dedicado a entregar-se definitivamente à literatura. Dissipou seus bens nos meios boêmios, com bebida, narcóticos e mulheres, ocasião em que conheceu a mulata Jeane Duval, inspiração de muitos poemas. Outras musas de poesia foram Mme. Sabatier e a atriz Marie Daubrun. Ao publicar As flores do mal (1857), foi processado por haver veiculado blasfêmias e obscenidades através de suas poesias. Desse livro destaco O letes, na tradução de Jamil Almansur Haddad: Vem ao meu coração, surda alma irada, / tigre adorado, meu monstro indolente; / quando afundar a minha mão tremente / na tua espessa crina tão pesada. / Nas tuas saias perfumadas, junto / ao teu colo, enterrar fronte saudosa, / e respirar, como fanada rosa, / doce bolor do meu amor defunto. / Quero dormir! O sono em vez da vida! / Num sono doce como a morte eu posso / estender os meus beijos sem remorso / nesta carne de cobre tão polida. / Para engolir os meus mudos arquejos / nada me vale o abismo de teu leito; / tens nos lábios o olvido mais perfeito / e o Letes vai fluindo nos teus beijos. / Ao meu destino que é doçura e vício, / servo serei como um predestinado; / mártir sem culpa, dócil condenado, / porém cujo fervor chama o suplício. / Depois para afogar minha aflição / cicuta eu sugarei como nepentes / nas pontas de teus seios tão trementes / onde nunca bateu um coração. Veja mais aqui e aqui.

O ESTANDARTE DA AGONIA – No livro O estandarte da agonia (Nova Fronteira, 1981), da escritora, jornalista, teatróloga e militante política Heloneida Studart (1932-2007), destaco o seguinte trecho: [...] O Fusca parou no sinal vermelho de um cruzamento: um garotinho se adiantou e ofereceu ao motorista uma minúscula tartaruga [...]. Argemiro sentiu súbita vontade de rir: encontrava-se num mundo em que se vendiam tartarugas nas esquinas, quebravam-se os dentes de um adolescente a murros e uma donzela protestante vestida em seu uniforme de nácar, era capaz de delatar o médico imprudente. Dona Delfina, esposa do general, detestava barulho. [...] Acordava à noite, dizendo que haviam ligado uma sirene à sua cama. Andava pela casa com um dedo nos lábios, dois chumaços de algodão nos ouvidos. [...]  – Já se passaram vinte anos desde que perdeu o filho único – disse a empregada, suspirando. Vesti uma calça comprida e uma blusa e saí para a rua. Algumas donas de casa passavam com suas sacolas. No pardieiro da rua fronteira, os rádios de pilha estavam ligados. A doçaria onde meu filho fora preso já abrira a porta de aço e moça manca talvez estivesse tentando dizer aos primeiros fregueses que os doces não eram os mesmos da véspera. Veja mais aqui.

O JECA MAZZAROPI – Toda minha infância e adolescência foi marcada pela arte do ator, diretor e comediante brasileiro Amácio Mazzaropi (1912-1981). Não perdia um filme dele que estivesse em cartaz no Teatro Cinema Apolo ou no Cine São Luiz. Aparecesse ele na tela, lá estava eu, primeiro da fila, ancho para ver suas presepadas. Desde o Sai da Frente (1952) até o Jeca e a égua milagrosa (1980) – salvo engano, ao todo trinta e dois filmes -, o que passou nos cinemas da minha terrinha boa, assisti. Ainda hoje quando ligo a TV que ele aparece, não faço a menor cerimonia e me aboleto para rever. Por isso a minha homenagem a esse grande artista. Veja mais aqui.

FOTO DO DIA
 Imagem do fotógrafo inglês Eadweard Muybridge (1830-1904)


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