terça-feira, abril 21, 2015

MARTHA NUSSBAUM, HILDA HILST, QUENTIN MEILLASSOUX, ARTAUD & LITERÓTICA

 


A SEDUÇÃO DE LORNA – Quando a conheci era Barbara Ann e sua altivez infantil enfeitiçou minha adolescência. Seus olhos vivos seguiam os pulos de sua alma inquieta levantando ânimos com sua saia esvoaçante. Na ponta dos pés alcançava todos os lugares que quisesse, carregando o peso dos olhares perseguidores de seus tornozelos às bem torneadas pernas alvoraçadas, dobrando um dos joelhos à escolha de qual direção que levava às suas voluptuosas coxas, na exibição do lance de sua calcinha estufada de desejos e aromas de rosas livres ao vento, escandalizando credos, razões e compromissos. Virava-se com o solavanco dos seus ímpetos para pedir ajuda com voz meiga – não havia quem resistisse aos seus lábios sedutores atordoando juízos e lógicas, nem sua língua saliente a cada sílaba pronunciada pela boca esplendorosamente devoradora. A cada impulso os mamilos se insinuavam pelo decote de seus seios apetitosos, revolvendo a paz com o toque de sua mão acetinada ao pedido irrecusável. Alcancei-lhe, então, o braço e deslizei meus dedos por sua pele sedosa. Ela sentiu a quentura de minha mão e fixou-me o olhar flagrando o meu em petição implacável. Sorriu-me. Envolvi sua cintura dançante, aos requebros das ancas pronunciadas com a dança de suas coxas voluptuosas inquietas. Tomei-lhe o pulso e a beijei ternamente. Abriu-me os olhos arregalados e correu para dentro de casa. Fiquei ali paralisado. Não demorou muito e ela era a bela Lorna nua na janela: uma mulher demais para um homem... Sim, parecia mesmo aquela do desperdício de Proust. Insinuava-se vestindo uma camisola transparente, zanzando pela casa inquieta. O tédio a angustiava e desejava passear pelos arredores. Fui até a janela e ela, com ar de manhosa, convidou-me à beira do rio. Saiu correndo seminua, despindo-se por completo a se banhar impunemente. Lá mergulhei em sua perseguição. Ela me fugia, até à margem em nova carreira. Fui ao seu encalço e a deparei Clara Belle no Mudhoney: as pernas se sobressaiam por trás do tronco, contornando-a logo para o flagra da minissaia improvisada e o pronunciado decote dos fartos seios na toalha, alisando um gatinho com mimo no biquinho da boca e olhos agateados. Investi para capturá-la e já era Lorna novamente no Mondo Topless, desfilando sensualmente como uma das peitudas do Russ Meyer. Nela me engalfinhei e fui premiado saboreando sua carne caudalosa de musa inalcançável. Viva Lorna Maitland (Barbara Ann Popejoy)!!! Veja mais abaixo & mais aqui, aqui & aqui.

 


DITOS & DESDITOS - Ser um bom ser humano é ter um tipo de abertura para o mundo, uma habilidade de confiar em coisas incertas além do seu próprio controle, que podem levá-lo a ser destruído em circunstâncias muito extremas pelas quais você não foi culpado. Isso diz algo muito importante sobre a condição da vida ética: que ela é baseada em uma confiança no incerto e em uma disposição de ser exposto; é baseada em ser mais como uma planta do que como uma joia, algo bastante frágil, mas cuja beleza muito particular é inseparável dessa fragilidade... Pensamento da filósofa estadunidense Martha Nussbaum, que no seu livro Political Emotions: Why Love Matters for Justice (Belknap Press, 2013), expressou que: […] Na verdade, as crianças começam como Bauls malucos, cheios de amor, desejo e alegria na presença da natureza. Seu amor pela brincadeira e seu espírito questionador precisam ser fortalecidos, não esmagados. Mas as escolas geralmente esmagam tudo o que é desordenado [...]. Em seu outro livro, Not for Profit: Why Democracy Needs the Humanities (Princeton University Press, 2010), ela assinala que: […] O conhecimento não é garantia de bom comportamento, mas a ignorância é uma garantia virtual de mau comportamento [...] Outro problema com pessoas que não se examinam é que elas muitas vezes se mostram facilmente influenciáveis. [...]. Na sua obra The Fragility of Goodness: Luck and Ethics in Greek Tragedy and Philosophy (Cambridge University Press, 2001) , ela evidencia que: […] Você deve se importar com as coisas de uma forma que torne possível que uma tragédia aconteça com você. [...] Pois uma escolha é sempre uma escolha entre alternativas possíveis; e é raro um agente para quem tudo é possível. A agonia especial dessa situação é que nenhuma das possibilidades é sequer inofensiva. [...]. Por fim, na sua obra Sex and Social Justice (Oxford University Press, 2000), ela expressa que: […] Aqui, acredito, estava a misericórdia; e, muito próxima dela, a raiz da arte do romancista. A estrutura do romance é uma estrutura de suggnômê — da penetração da vida de outro na própria imaginação e coração. É uma forma de receptividade imaginativa e emocional, na qual o leitor, seguindo a liderança do autor, passa a ser habitado pelas complexidades e lutas emaranhadas de outras vidas concretas.54 Os romances não retêm todo julgamento moral e contêm vilões, assim como heróis. Mas para qualquer personagem com quem a forma convida nossa identificação participativa, os motivos para a misericórdia são engendrados na própria estrutura da percepção literária. [...]. Veja mais aqui & aqui.

 

ALGUÉM FALOU: O realismo especulativo é uma denominação que não designa em si nada importante, mas como o qual me tornei associado. Não corresponde exatamente ao meu empreendimento, pois também compreende a opção que busco combater... Pensamento do filósofo francês Quentin Meillassoux, que no seu livro After Finitude: An Essay on the Necessity of Contingency (Continuum, 2010), expressa que: […] Se olharmos através da abertura que abrimos para o absoluto, o que vemos ali é um poder bastante ameaçador — algo insensível e capaz de destruir coisas e mundos, de trazer absurdos monstruosos, mas também de nunca fazer nada, de realizar todos os sonhos, mas também todos os pesadelos, de gerar transformações aleatórias e frenéticas, ou, inversamente, de produzir um universo que permanece imóvel até seus recessos finais, como uma nuvem carregando as tempestades mais ferozes, depois os feitiços brilhantes mais assustadores, mesmo que apenas por um intervalo de calma inquietante. Vemos uma onipotência igual à do Deus cartesiano e capaz de tudo, até mesmo do inconcebível; mas uma onipotência que se tornou autônoma, sem normas, cega, desprovida das outras perfeições divinas, um poder sem bondade nem sabedoria, mal disposto a tranquilizar o pensamento sobre a veracidade de suas ideias distintas. Vemos algo semelhante ao Tempo, mas um Tempo que é inconcebível para a física, uma vez que é capaz de destruir sem causa ou razão, toda lei física, assim como é inconcebível para a metafísica, uma vez que é capaz de destruir toda entidade determinada, até mesmo um deus, até mesmo Deus. Este não é um tempo heraclitiano, uma vez que não é a lei eterna do devir, mas sim o eterno e sem lei possível devir de toda lei. É um Tempo capaz de destruir até mesmo o próprio devir ao trazer à tona, talvez para sempre, fixidez, estase e morte. [...] Em vez de rir ou sorrir de perguntas como "De onde viemos?", "Por que existimos?", deveríamos ponderar o fato notável de que as respostas "Do nada. Para nada" realmente são respostas, percebendo assim que essas eram realmente perguntas - e excelentes. Não há mais mistério, não porque não haja mais problema, mas porque não há mais razão. [...] A racionalidade, durante o iluminismo, teve que lutar contra a religião; e eles lutaram contra a religião com a ciência mais atualizada: a física. Eles lutaram contra ela com a necessidade de leis físicas. O problema — Hume viu isso, ele viu muito bem — é que a necessidade de leis não é algo que você pode demonstrar, mas apenas algo em que você pode acreditar: então é uma crença contra outra crença. E, de fato, eu acho que a crença na necessidade de leis é necessariamente uma crença em Deus, porque você acredita no que não pode demonstrar, você acredita em uma ordem que garante leis. De fato, você pode não acreditar mais em Deus, mas acredita na solidez divina das leis. [...].

 

HISTÓRIA DA LITERATURA BRASILEIRA – A coleção História da literatura brasileira, do advogado, jornalista, critico literário e escritor sergipano Silvio Romero (1851-1914), aborda no primeiro volume os trabalhos estrangeiros e nacionais sobre a literatura brasileira, teorias da história do Brasil, a filosofia, fisiologia, a nação brasileira como grupo etnográfico e produto histórico, as contribuições para o estudo do folclore brasileiro, o Brasil social e os elementos que o plasmaram, da crítica e sua exata definição, primeira época ou período de formação, período de desenvolvimento autonômico, período de transformação romântica, diversas manifestações na prosa e relações antirromânticas. No segundo volume trata sobre o período de formação e o período de desenvolvimento autonômico – escola mineira. No terceiro volume trata sobre a transição entre os clássicos e os românticos – período de transformação romântica. O quarto volume trata do período de transformação romântica atinente à poesia, teatro e romance. O quinto e último volume trata do período de transformação romântica, as diversas manifestações na prosa, história, publicistas e oradores, reações antirromânticas, artigos esparsos e quadro sintético da evolução dos gêneros na literatura brasileira. Veja mais aqui, aquiaqui.


Imagem: Gli incanti di Medea, do pintor italiano Ludovico Carracci (1555-1619). Veja mais aqui e aqui.


Ouvindo All your life: a tribute to The Beatles (Inssbruck Records, 2013) do guitarrista estadunidense Al Di Meola. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

PROGRAMA TATARITARITATÁ – O programa Tataritaritatá que vai ao ar todas terças, a partir das 21 (horário de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação desta terça aquiNa programação: Nando Lauria, Tavito, Yes, Geraldo Azevedo, Djavan, Milton Nascimento, Chico Buarque, Elis Regina, Maria Bethania, Oswaldo Montenegro, Maria Rita, Caetano Veloso, Marisa Monte, Celso Viáfora & Ivan Lins, Sonia Mello, Júlia Crystal, Mazinho, Sonekka, Ricardo Machado, Elisete Retter, Nilson Chaves & Felipe Cerquize, Monsyerrá Batista, Dery Nascimento, Franco do Valle, Marisa Serrano, Mirianês Zabot, Cikó Macedo, Ozi dos Palmares, Zé Linaldo, Azymuth, Vale das Maçãs, Leno Azevedo & Lílian Knapp, Daniel Johns & muito mais numa programação repleta de novidades com desfile de grandes nomes da música nacional e internacional, sempre destacando novidades no cenário musical. Confira mais aqui.

A ESFERA ESTÉTICA – No livro Ensaios de sociologia (LTC, 1982), do sociólogo e econômica alemão, Max Weber (1864-1920), na parte Rejeições religiosas do mundo e suas direções, encontrei a esfera estética debatida pelo autor, a qual destaco o seguinte trecho: A ética religiosa da fraternidade situa-se em tensão dinâmica com qualquer comportamento consciente-racional que siga as suas próprias leis. Em proporções não menores, essa tensão também ocorre entre a ética religiosa e as forças de vida “deste mundo”, cujo caráter é essencialmente não-racional, ou basicamente anti-racional. Acima de tudo, há tensão entre a ética da fraternidade religiosa e as esferas da vida estética e erótica. A religiosidade mágica está numa relação muito íntima com a esfera estética. Desde seu início, a religião tem sido uma fonte inesgotável de oportunidades de criação artística, de um lado, e de estilização pela tradicionalização, do outro. Isso se evidencia em vários objetos e processos: ídolos, ícones e outros artefatos religiosos; na padronização das formas comprovadas magicamente, o que constitui um primeiro passo na superação do naturalismo por uma fixação de “estilo”; na música, como meio de êxtase, exorcismo ou mágica apotropaica; em feiticeiros que eram cantores e dançarinos mágicos; em relações de tom comprovadas magicamente e portanto magicamente padronizadas — as primeiras fases preparatórias na evolução dos sistemas tonais; nos passos de dança magicamente provados como uma das fontes de ritmo e como uma técnica de êxtase; nos templos e igrejas, como as maiores de todas as edificações, com sua tarefa arquitetônica estereotipada (e, com isso, formando um estilo) como consequência de finalidades estabelecidas de uma vez por todas, e com formas estruturais que se tornam estereotipadas através da eficiência mágica; em paramentos e implementos de igreja de todos os tipos, que serviram como objetos da arte aplicada. Todos esses processos e objetos foram classificados de acordo com a riqueza das igrejas e templos oriunda do zelo religioso. [...] O desenvolvimento do intelectualismo e da racionalização da vida modifica essa situação. Nessas condições, a arte torna-se um cosmo de valores independentes, percebidos de forma cada vez mais consciente, que existem por si mesmos. A arte assume a função de uma salvação neste mundo, não importa como isto possa ser interpretado. Proporciona uma salvação das rotinas da vida cotidiana, e especialmente das crescentes pressões do racionalismo teórico e prático. Com essa pretensão a uma função redentora, a arte começa a competir diretamente com a religião salvadora. [...] Para o artista criador, porém, bem como para a mente esteticamente excitada e receptiva, a norma ética, como tal, pode parecer facilmente como uma coação à sua criatividade autêntica e ao mais íntimo de seu eu. [...] Na realidade empírica, histórica, essa afinidade psicológica entre a arte e religião levou a alianças sempre renovadas, bastante significativas para a evolução da arte. A grande maioria das religiões participa, de alguma forma, dessas alianças. Quanto mais desejavam ser religiões universalistas de massa, e assim se voltavam para a propaganda emocional e os apelos de massa, tanto mais sistemáticas eram as suas alianças com a arte. Mas todas as religiões virtuosas autênticas continuaram muito tímidas frente à arte, em consequência da estrutura interior da contradição entre a religião e a arte. Isso ocorre na religiosidade virtuosa em sua manifestação ascética ativa, bem como em sua manifestação mística. Quanto mais a religião ressaltou a supramundanidade de seu Deus, ou a ultramundanidade da salvação, tanto mais duramente rejeitada foi a arte. Veja mais aquiaqui.

COM OS MEUS OLHOS DE CÃO – O livro Com os meus olhos de cão (Globo, 2006), da escritora e dramaturga brasileira Hilda Hilst (1930-2004), traz a historia do protagonista da novela Amós Kéres que possui apenas duas opções na busca de Deus: o deboche – a mais pura abjeção e afronta dos costumes; e o abando e o despojamento pessoal de tudo – a entrega à vida experimentada como pura vivência animal, sem qualidades. Da obra destaco o trecho: [...] Dou várias cambalhotas. Espelho e botas. Sou náufrago de mim mesmo e jardineiro. Estou no fundo mas semeio como se estivesse fora. Sou verdugo numa sala de aula. Se me perguntam não respondo. Este sou eu. Cambalhota, afago, peixe, sedas na cauda, água reboliço de nuvens neste aquário. Os olhos me olham. Os rostos encostam seu narizes no meu espaço. Mudo continuo rolando pela sala. Há entre nós um círculo de vidro. Há muita gente no vestíbulo: aquele é o professor? O ipê. Revisito a janela nos seus amarelos. Perguntas são nós de um extenso barbante inconclusivo. Deito-me sobre o fio, o barbante me aninha, se faz côncavo, se alarga, se faz rede, durmo ouvindo gemidos e queixas. Os que me veem estão muito aborrecidos. Um homem atravessa a sala, senta-se, peida sobre minha cadeira negra. Pergunto: disse o seu nome, senhor? Há risos nas carteiras mais no fundo. Alguém me entrega um jasmim. Entedio-me mudo. As perguntas crescem e formam cubos no ar. Se entrechocam. Estico-me no liso das esteiras. Um cubo fere-me o cotovelo gasto. Um outro se abate sobre a testa, testeia meu osso pardo de peias. Mulheres invadem a sala. Pisoteiam-me com seus saltos. Sádico-lúbrico estou suando e rindo. Grotesco me esparramo. Há sangue respingando as paredes do circulo. Um avalanche de cubos recobre meus tecidos de carne. Estou vazio de bens. Pleno de absurdo. Levanta-me, Luminoso, até a opulência do teu ombro. Com meus olhos de cão paro diante do mar. Tremulo e doente. Arcado, magro, farejo um peixe entre madeiras. Espinha. Cauda. Olho o mar mas não lhe sei o nome. Fico parado em pé, torto, e o que sinto também não tem nome. Sinto meu corpo de cão. Não sei o mundo nem o mar a minha frente. Deito-me porque o meu corpo de cão ordena. Há um latido na minha garganta, um urro manso. Tento expulsá-lo mas homem-cão sei que estou morrendo e que jamais serei ouvido. Agora sou espírito. Estou livre e sobrevivo meu ser de miséria, meu abandono, o nada que me coube e que me fiz na Terra. Estou subindo, úmido de névoa. Veja mais  aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

O TEATRO DA CRUELDADE: PRIMEIRO MANIFESTO/A TÉCNICA – No primeiro manifesto do Teatro da Crueldade – a técnica (Estética Teatral, 1980), o escritor, dramaturgo e diretor de teatro francês de aspirações anarquistas Antonin Artaud (1906-1948), manifestou-se assim: O teatro não poderá voltar a ser ele próprio, quer dizer, constituir um meio de ilusão verdadeira, a menos que proporcione ao espectador precipitados verídicos de sonhos, em que o seu apreço pelo crime, as suas obsessões eróticas, a sua selvageria, as suas quimeras, o seu sentido utópico da vida e das coisas, o seu canibalismo até, transbordem, num plano que não é suposto nem ilusório, mas interior. Por outros termos, o teatro deve empenhar-se, por todos os meios, em repor em causa não só os aspectos do mundo objetivo e descritivo externo, mas do mundo interno, quer dizer, do homem considerado metafisicamente. Unicamente assim, cremos, poderemos falar de novo, em teatro, dos direitos da imaginação. Nem o humor, nem a poesia, nem a imaginação, significam coisa alguma, a não ser que,  por uma destruição anárquica geradora duma poderosa descarga de formas que constituirão todo os espetáculos, consigam voltar a por em causa organicamente o homem, as suas ideais sobre a realidade, e a sua situação poética na realidade. Considerar o teatro uma função psicológica ou moral de segunda mão, e crer que os próprios sonhos apenas são também uma função de substituição é diminuir o alcance poético profundo tanto dos sonhos como do teatro. Se o teatro é, como os sonhos, sanguinário e inumano é assim, muito mais do que por isso apenas, para manifestar e enraizar inesquecivelmente, em nós, a ideia dum conflito perpetuo e dum espasmo em que a vida é entrecortada de minuto a minuto, em que tudo na criação se eleva e se exerce contra o nosso estado de seres constituídos, é assim para perpetuar duma maneira concreta e atual as ideais metafisicas de certas Fábulas cuja precisa atrocidade e cuja energia chegam para revelar a origem e o teor em princípios essenciais. Sendo assim, compreende-se que pela sua proximidade em relação aos princípios que lhe comunicam poeticamente a sua energia, esta linguagem nua do teatro, linguagem não virtual, mas real, deve permitir, pela utilização do magnetismo nervoso do homem, a transgressão dos limites habituais da arte e da fala, para realizar ativamente, quer dizer, magicamente, em termos verdadeiros, uma espécie de criação total onde nada mais resta ao homem senão retomar o seu lugar entre o sonho e os acontecimentos [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aquiaqui e aqui.

O HOMEM, DEIXA & NÓS – A poeta e professora de Itapeninga (BA), Iramar Freire Guimarães reúne seu trabalho poético no Recanto das Letras que comporão o seu livro Ira explícita, ainda inédito. Dela destaco primeiramente o seu O homem: A força e beleza do mistério que nos faz existir e me prende... / Que ao som de qualquer bicho solto me embala / tem cheiro gostoso que me narcotiza... / É estranha e divinamente / tua presença rara. / Aparecestes com origem e sem destino / deixando minha carne ávida e minha esperança fugaz. / Sinto vontade de fulminar esse fremir gigantesco / que é tua ausência pertinaz. / Que vontade animalesca de beijar-te a boca / lamber tua carne de aspirar teu cheiro afrodisíaco / que incita meu tino e aguça meus desejos sexuais mas meu medo insano / me confunde e atormenta agigantando meu fogo / pelo mais lindo dos mortais. Também merece destaque o seu Deixa: Deixa eu te ver apalpar-te sentir teu cheiro apertar teu cheiro contra o meu forte, bem forte como se quisesse tatuar-te em mim beijar-te como se quisesse fundir-me em ti. Deixa eu ir pra cama contigo e agir como se tu fosses "meu" primeiro ou último homem ou minha primeira ou última vez quero ir pra cama contigo e vou saciar minha fome da tua carne minha sede da tua saliva do teu suor, do teu sêmen, das tuas "lágrimas"... e sentir doer-me as entranhas como se "um bicho as rasgassem". Deixa eu te sentir antes que morra em mim a essência humana. Deixa. Amanhã? Não sei se apenas minha saudade-vontade terá que recordar-te. Deixa? Por fim, destaco o seu Nós: Eu vou te olhar eu vou tirar tua roupa eu vou te cheirar eu vou te apalpar teu corpo inteiro lamber eu vou me deliciar com teu sabor eu vou açular teu juízo despudorar nossas carnes nossas vontades eu vou tocar cada reentrância da tua geografia como se deve tocar um recém-nascido fazendo latejar minha derme, epiderme e alterar meu relógio biológico. Sentirei o teu fogo incitando minha libido sentirei tua virilidade jorrando teu néctar seminal dentro de mim e ainda dentro de mim teu gozo nutritivo e na tua cara, teu sorriso atrativo nossos corpos descobrirão juntos e ao mesmo tempo a satisfação única de sem pressa nem cansaço gozar... E com muita disposição reiniciar... Conheceremos a grandeza de sermos fêmea e macho mulher e homem meu e você nós! Veja mais aqui.

LORNA – O drama erótico e gótico independente Lorna (1964), produzido e dirigido pelo cineasta e fotógrafo estadunidense Russ Meyer (1922-2004), escrito pelo diretor e por James Griffith, é o primeiro dos três filmes com Barbara Popejoy, popularmente conhecida por Lorna Maitland. Conta a história de uma esposa insatisfeita com seu casamento, envolvendo-se com outros homens na ausência do marido até ser descoberta por suas traições. É segundo o seu diretor, o exame brutal das realidades importantes de poder, profecia, liberdade e justiça na sociedade atual, num contexto de luxúria e violência, onde a simplicidade é apenas uma fachada. Destaque para a atriz estadunidense Lorna Maitland. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A premiada cantora lírica soprano e professora de Programação Neurolinguística estadunidense Cynthia Makris. Veja mais aqui.


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Todo dia o Sol se põe para uma nova alvorada..., O homem unidimensional de Herbert Marcuse, a literatura de Amos Oz & Machado de Assis, a poesia de Safo, a música de Händel & Caroline Dale, o cinema de Blake Edwards & Audrey Hepburn, a arte de Keith Haring, o humor de Ronald Golias, a pintura de Frederic Edwin Church & François Gerard aqui.
Matizes, a poesia de Luís Vaz de Camões, a literatura de Jean de La Fontaine, O cartesianismo científico de Paulo Cesar Sandler, A lenda do Cavalo sem cabeça de Luís da Câmara Cascudo, Hécuba de Eurípedes, a música de Villa-Lobos & Celine Imbert, Clítia & a escultura de Hiram Powers, a arte de Esther Góes, o cinema de Woody Allen, Tiradas do Doro, a pintura de Hans Hassenteufel & Gustave Courbet aqui.
Brincarte do Nitolino, a literatura de Nélida Piñon, a música de Igor Stravinski, a poesia de Augusto dos Anjos, O antiteatro de Eugène Ionesco, o cinema de Graeme Clifford & Jessica Lange, a arte de Frances Farmer, a pintura de Joan Miró, As emoções de Suely Ribella, Papel no Varal & Ricardo Cabus aqui.
Freyaravi & o circo dos prazeres, Cultura de consumo pós-moderna de Mike Featherstone, Os contos brasileiros de Julieta de Godoy Ladeira, O kama sutra de Vātsyāyana, a música de Marisa Monte, a fotografia de Ralf Mohr, a pintura de Crystal Barbre & Luciah Lopez aqui.
Lualmaluz, De segunda a um ano de John Cage, Técnica e ciência de Jürgen Habermas. a História da literatura de Nelson Werneck Sodré, a música de Sally Seltmann, a performance de Marni Kotak, a pintura de Théodore Géricault, a escultura de George Kurjanowicz, a arte de Moisés Finalé & Luciah Lopez aqui.
Quando tudo é manhã do dia pra noite, A agonia da noite de Jorge Amado, a música de Bizet & Adriana Damato, o Folclore musical de Wagner Ribeiro, a pintura de Aleksandr Fayvisovich, Postuman bodies de r Judith Halbertam & Ira Livingstone, a fotografia de Christian Coigny & Bryan Thompson, a arte de Mirai Mizue & Luciah Lopez aqui.
Uma coisa quando outra, o pensamento de Marshall Berman, a literatura de Adolfo Casais Monteiro, Arquiteturas líquidas de Marcos Novak, a música de Tom Jobim & Maucha Adnet, Adriana Garambone, a pintura de Renie Britenbucher, a arte de Alyssa Monk & Luciah Lopez aqui.
Feliz aniversário: resiliência, perspectivas & festas, o pensamento de Paulo Freire, a literatura de Octavio Paz, A resiliência de Makilim Nunes Baptista, a música de Midori Goto, a pintura de Luis Crump, Babi Xavier, a arte de Fabrice Du Welz & Luciah Lopez aqui.
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ELVIRA LINDO, MARY DI MICHELE, HEATHER MILLS & BAJADO

  Imagem: Acervo ArtLAM . Veja mais aqui . Nasci com esse espírito. Desde muito pequeno, gostava de desenhar, de construir. Sempre percebi...