Imagem: Acervo ArtLAM.
Ao
som da Suíte para piano Cinco danças (1960), de Três Peças
para fagote solo (2018-2019), Multisarabanda (2023) & do álbum O
piano de Kilza Setti (Minas de Som – Escola de Música da UFMG, 2023), da premiada
musicista, compositora, professora doutora e antropóloga Kilza Setti (Kilza
Setti de Castro Lima), fundadora da Associação Brasileira de Folclore.
Agora vai!... - Sabe aquela do melhor
que não deu certo? Pois é, na minha vida as coisas sempre andaram fora do
riscado. Posso até assegurar: me custaram mesmo o couro e os olhos da cara.
Foram lapadas nas costelas, punhaladas nos costados, camas de gato pra quebrar as
ventas, aprendia? Ora, se. No fim das contas: melhor assim, pelo pior. Até me
animei para escrever um livro: Zilhões maneiras de não fazer para que dê certo
(um dia que seja, sabe-se lá!). Seria o maior best-seller, apostei convicto
mais de uma vez. Simancol na área, iiiih, pensei melhor: não. Não fiquei
quieto, zanzei por aí e descobri o stand-up! Ah, é isso! Por que não fiz
antes? Agora vai! Botei na cabeça todo tipo de situação atrapalhada e, depois
de muita empolgação, o riso amarelava com a bola murcha: não levava o menor jeito.
Hummmm... Devia fazer teatro, vai que é isso! Encorajado pela ideia fiz cursos,
queimei as pestanas, botei a vergonha nas costas, dediquei-me mesmo. Tá. Queria
começar por cima, pensando o quê? Topete, meu! Agora vai! Não deu. Faltava o
texto. Ah, sim! Li cronistas de cepa, humoristas dos bons, ensaiei que só. Escrevi,
rasguei; reescrevi mais trocentas vezes e, todo ancho, me endeusei. Aprumei a
conversa e tropecei nos meus solecismos, leituras da muita sobre narrativa,
estilística, o significado das coisas, cada tijolão de não sei quantas páginas!
Agora vai! Não foi, de novo. Enganar a quem? Estava um aranzel parnasiano,
arrazoado do escambau. E parece que auto-endoideci: a gramática portuguesa é uma
hipérbole metafórica que na horagá só tem puxa-encolhe! Como assim? Auto-enlouquecimento!
Melhor: síndrome do impostor. Vôte! Tinha remédio? Peraí! Tô fazendo papel de
besta! Isso foi um jato de vapor gelado na lata: até quando queria ajudar
atrapalhava, sacou? Era o sinal. Se arrependimento matasse estaria salvo. Mas, não.
Só me dei conta de dois detalhes por enquanto ínfimos: o primeiro, sempre
estragava a piada com o pé na jaca: matando a charada antes da hora! Não tinha
a menor graça. E quando decorava uma das boas, o pior: na hora de contá-la, caía
na maior gaitada de engasgar e não conseguir nem sequer iniciá-la. Como é? A minha
completa inaptidão deixou escapulir um módico e imprescindível terceiro motivo:
a minha mais completa falta de talento, assumidamente um verdadeiro perna de pau! Ah, se tivesse dado certo seria outra a hestória, né não? Até mais
ver.
Nancy Farmer: É sempre uma batalha permanecer do lado do bem... Veja mais aqui, aqui & aqui.
Sophie Oluwole: Não há nada que seja
absolutamente material. Não há nada absolutamente imaterial. E em todos os
fenômenos do mundo, os dois estão juntos... Veja mais aqui.
Tanella Boni: só a palavra nos serve de
passaporte para abrir o caminho... Veja mais aqui & aqui.
PROIBIDO
ESQUECER
Imagem:
Acervo ArtLAM.
Depois
de cruzar certos agulheiros \ atravessei a nostalgia \ como se atravessa um
suspiro \ em meio de qualquer semáforo. \ Meus sapatos têm clavículas, \ Bocas
que se engasgam com passos. \ Primogênita me apresso, \ pela primeira vez nos
lábios \ do homem que jamais beijei. \ A nostalgia é cozida à mão \ como esse
avental guardado no armário de minha mãe. \ Em silêncio começo uma oração \ com
a frase "proibido esquecer". \ A noite é uma cortina molhada, \ um
abraço a mais a oferecer, \ um persuasivo de adeuses que não são definitivos. \
Concluo: \ que os beijos são para os que amam \ sem promessas ou esperanças.
Poema
da poeta, radialista e gestora cultural hondurenha Mayra Oyuela, fundadora
do coletivo Paíspoesible e autora do livro Escrevendo uma casa para o
barco (l II Miglior Fabbro, 2006).
SISTEMA
NERVOSO –
[...] Eu nunca esqueceria, mesmo que não conseguisse lembrar. [...] Provavelmente sempre estamos enfermos e não nos separamos. E
mesmo que a menina pensasse que ela havia se assutado com todas essas histórias
que poderiam ter padecido um corpo, só depois ela percebeu que essas histórias
eram apenas um resumo. Porque o raro é viver. Há tantas coisas boas que você
pode sair mal [...]. Trechos da obra Sistema nervioso (Cadencia, 2018), da premiada escritora e
professora chilena Lina Meruane (Lina Meruane Boza), que na sua obra Contra Los Hijos / Against the Kids: Una Diatriba Contra Los Hijos Versus
Round 14 (Literatura Random House, 2018), expressa que: […] Antes, quem detinha o poder era o pai e a mãe, agora são os filhos que
mandam, exigindo, como nunca antes, submissão e apoio absoluto e incondicional
dos pais. [...]. Já no seu Sangre en el
ojo (Caballo de Troya, 2012), ela expressa que: […] Eu não sou nada além de um animal que quer deixar de ser um [...] Mas é isso que somos, dois estranhos reunidos por acidente no
enigma impossível da doença. [...] O preço da minha
vaidade seria tropeçar na vida. [...].
FILOSOFIA
TERAPÊUTICA - [...]
Somos a estranha contradição daqueles que conhecem,
sentem e tocam o infinito, mas que morrem um pouco a cada dia [...] Se aceitarmos a estranha e mista contradição que somos, uma nova
dimensão existencial emerge: uma possibilidade terapêutica que é sempre
profundamente filosófica. [...] Embora possa parecer contraditório à
primeira vista, o confinamento proporciona liberdade. Um espaço de soberania
para cuidar de quem somos: o que fomos, o que desejamos ser e o que ainda temos
a conquistar. [...]. Trechos extraídos da obra Animales
enfermos: Filosofía como terapêutica (Fondo de Cultura Económica Chile,
2022), da filósofa e professora chilena Diana Aurenque (Diana del Carmen
Aurenque Stephan), autora de obras como Ethosdenken. Auf der Spur einer ethischen Fragestellung in der Philosophie Martin
Heideggers (2011), Die medizinische Moralkritik Friedrich
Nietzsches: Ihre Genese, Bedeutung und Rezeption, Wiesbaden (2018), Pensar
lo público (2023) e Animal ancestral. Hacia
una política del amparo (2023).
IMAGEM
LATENTE CORPO SENSÍVEL, DE MITSY QUEIROZ
Trechos
extraídos da dissertação de mestrado sobre o tema Imagem Latente Corpo
Sensível (UFPE/CAC, 2020), da fotógrafa, videoartista, poeta e artista
visual, Mitsy Queiroz. Veja mais aqui.
ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:
Veja mais sobre MJ Produções, Gabinete de Arte
& Amigos da Biblioteca aqui.
&
Arte na Escola aqui.
Diário TTTTT aqui.
Poemagens aqui.
Cantarau
Tataritaritatá aqui.
Teatro
Infantil: O lobisomem Zonzo aqui.
Faça seu TCC
sem traumas – consultas e curso aqui.
VALUNA – Vale do Rio Una aqui.
&
Crônica de amor por ela aqui.