VAMOS APRUMAR A CONVERSA? CONFISSÕES DE PERNA-DE-PAU (Imagem Blanco Desings) - Deixando a modéstia de lado, devo
admitir em verdade que eu, esse toleima fulustreco aqui, quase fui um renomado
jogador de futebol. Noutras palavras: um craque. De mesmo. Faltou pouco, menos
que um cabelinho-de-sapo de nada para que virasse uma celebridade dessas
laureadas nas mesas redondas de domingo, desfilando carro importado e cheio das
Marias-chuteiras penduradas na algibeira. Devo, também, admitir que se não
fossem os desestímulos de familiares, amigos e desafetos, seria mesmo um
daqueles dos mais afamados ídolos da bola, capaz de estufar as redes
adversárias com lances magníficos e de sair, depois do gol, pra galera
torcedora com gestos obscenos no maior auê gritando: - Oi nóis na fita, mano! Também
foi fator decisivo para o insucesso aquela minha instabilidade em definir qual
vocação eu aprumaria os beiços. Primeiro, sonhava ser motorista de ônibus
interestadual. Depois, não sabia se virava padre, pastor ou dono de uma
mediunidade capaz de dialogar com almas de outro mundo, quando, na verdade, eu
queria logo era ser um daqueles avatar de andar por cima das águas, atravessar
parede e pintar invisível por aí curando tudo e todos. Bem, no meio dessa
indecisão, apareceu a professora primária que, com seu jeito fascinante e
encantador, saiu bulindo com meus sentimentos precoces até me levar por uma paixonite
agudíssima, a ponto da petulância de escrever umas quadrinhas inocentes com a
cor da calcinha dela. E o pior: com o flagra e o castigo na escola, vi, então,
logo cedo, que poesia não poderia ser minha praia. Essa a primeira grande
decepção da minha vida. Muitos contribuíram para que eu não fosse nada além de
um badameco polichinelo, reduzido a uma irrisória existência entediada. Minha
mãe mesmo, coitada, não arredava o pé de me ver um proeminente médico, mesmo
cônscia da minha inapropriada mania de desmaiar toda vez que visse sangue
escorrendo no que quer que fosse. Meu pai batia o pé para que eu seguisse a
carreira jurídica, asseverando na tola esperança dele, que servisse para
jurisconsulto brilhante e respeitado. Fui pra faculdade de Direito, isso depois
de me enganchar com o Latim em Letras e piruar rabiscos nas cadeiras de
Jornalismo, mas saí de lá mais torto do que quando entrei. Já meu avô sonhava
em me ver um fazendeiro famigerado, aboiando gado do muito, mandando,
desmandando e remontando tudo. Isso sem contar com outros sonhos por mim ainda
ignorados, que me levavam aos extremos das profissões. Afinal, na ideia veio
então aquela notória e peculiar indecisão de boiar na pasmaceira de qual que
seria mesmo, no fim das contas, pro que eu devia servir de verdade. Só faltou
quem me quisesse engenheiro, ainda bem, o que seria um desastre calamitoso. Felizmente
o restante da parentalha se contentou, evidentemente mais desconfiada, que eu
virasse mesmo serventia para nada, ficando de soslaio na expectativa no que eu
pudesse chegar a ser. Claro, um sujeitinho que aprontava reinando célere, não é
para menos. Assim, adivinhavam meu futuro. Com tudo isso, eu repito e mesmo
assim ainda insisto que seria mesmo um craque da bola. Isso sim. Claro que eu
não possuía aquela, digamos, perícia peculiar aos privilegiados de nascença no
trato com a redondinha para dribles desconsertantes, toques mirabolantes,
pontaria certeira, ginga cheia de cacoetes da malandragem, jeitão de só
bordejar no balanço do navio ou coisas afins. Realmente eu não possuía nada
disso, mas, com certeza, houvesse pelo menos mais incentivadores eu seria,
talvez, o maior de todos os tempos. Ainda devo considerar que, em primeiro
lugar, não fossem as moletas de um zagueiro coxo e os paralelepípedos que
apareceram de repente na beira do campo, isso quando eu estava na maior
carreira de doido driblando tudo, zás, lasquei-me! Não fosse isso, eu seria um
avassalador de defesas. Claro, depois de abrir o maior samboque no joelho,
estropiar a perna e dilacerar a coxa, além de levar uma pisa daquelas bem dada
e ficar no estaleiro por meses a fio, queria mais o quê? Só concentração para
rearrumar o esqueleto todo. Por causa disso chegaram a dizer que seria melhor
eu me destinar a jogador de porrinha, baralho, dominó, peteca, evidentemente
para evitar piores acidentes. Pois bem, mesmo sendo um desajeitado, considero
na conta do atrapalho o olho-gordo dos invejosos como um dos óbices
intransponíveis para decolar na minha carreira futebolística, porque só me
deixavam, pelo menos, na regra-tres se eu tivesse uma bola e levasse pro campo.
Ou então, só me deixavam entrar na linha depois de ficar uma eternidade quarando
no banco de reservas à espera que alguém torasse a canela, quebrasse o pé,
entronchasse o pescoço ou se estropiasse vítima da maior arreada de lenha. Aí,
por ausência real de quem substituir a vítima, era que eu entrava, isso
normalmente aos 45 minutos do segundo-tempo. Nem suava a camisa e o juiz, outro
dos antipáticos do meu talento, já apitava encerrando a partida. Tudo uma
verdadeira conspiração, né não? A inveja era tanta que dava até para notar
certa satisfação nos meus pares de time pelo fato de eu não ter nem tocado na
bola. Mas, persistente, fui mais além. Inventei de me especializar melhor
embaixo das traves e fiz uma tentativa para o gol para ver se a sina mudava.
Deu certo. Logo fui convocado a defender o time porque o titular levou uma
tijolada no quengo de quebrar o pescoço, justo numa dessas horas bem apertadas
de jogo. O pior de tudo, nem conto. Não fosse, por fim, a lapada raçuda dada
por um atacante adversário, daqueles que vem feito um torpedo fodendo tudo,
resultado: quase perco os dedos e as costelas, ficando com a caixa dos peitos
empenada, findando num desmaio pela chapuletada de, até hoje, me deixar com uma
tosse braba. Por causa disso, goleiro nunca mais. Quase desisto de tudo. Porém,
como não sou de desistir fácil, ainda enfrentei mais: os aproveitadores.
Alesado mais que bocó em meio de feira, eu fiquei feliz de entrar no time pela
exigência de comprar o padrão: camisa, meia, calção e chuteiras para todos os
jogadores. Pelo menos eu ficava ali no meio dos que estavam de fora,
incentivando a turma do jogo pra ganhar a partida. Tirante tudo isso eu acho
que seria um craque da hora. E, claro, seria bem provável que eu chegasse a ser
até maior que Pelé, Maradona, Zico, ou. De uma coisa, enfim, eu sei: seria um
craque célebre não fosse eu, a vida toda, um perna-de-pau. E vamos aprumar a
conversa aqui.
Imagens: a arte do artista plástico
estadunidense John French Sloan
(1871-1951)
Curtindo o álbum A Single Woman (1993), da pianista, compositora, cantora e ativista
pelos direitos civis estadunidenses Nina
Simone (1933-2003).
NEURÔNIOS ESPELHO – No livro Psicologia e compromisso social: unidade na diversidade (Escuta,
2009), organizado por Mauricio Rodrigues de Souza e Flavia Cristina Silveira
Lemos, trata de temas como o mundo das organizações e do trabalho,
psicopatologia fundamental, a empatia na psicologia do desenvolvimento, a
revolução da psicologia escolar, histórias de múltiplas identidades,
compromisso social em psicologia, o impacto social das pesquisas em percepção
visual e psicofísica, psicologia social, análise comportamental da cultura,
psicanálise, cooperação e coalização em grupos humanos, enytre outros assuntos.
Da obra destaco trechos do capítulo dedicado aos Neurônios espelho e seu
impacto sobre a compreensão contemporânea dos fenômenos cognitivos, escrito por
Antonio Roazzi e Alexsandro Medeiros do Nascimento: Os seres vivos de alguma forma estão todos unidos sob um mesmo céu. Uma
afirmação como esta não é algo inusitado, de fato, pode-se afirmar que de certo
modo todo mundo concordaria, não questionando uma afirmação deste tipo.
Entretanto são necessárias confirmações e alertas neste sentido. Evidencias
nesta direção surgem a partir de recentes descobertas na área da
neurofisiologia: um grupo de neurônios (células nervosas) que tem se tornado
conhecimento por Neurônios Espelho (mirror neurons). [...] Este grupo de células nervosas
especializadas do córtex cerebral, capazes de correlacionar os movimentos
observados como pegar um alimento e os movimentos do próprio observado0r e de
ser capaz assim de reconhecer o seu significado, se localiza na área F5 do
córtex ventral pré-motor dos macacos. Foi observado que estes neurônios se
ativam não somente quando se executa uma ação finalizada com o uso das mãos,
mas também quando se observam as mesmas ações executadas por outro sujeito. A presença
de neurônios espelho na área F5 é muito importante visto que esta encontra-se
localizada na parte final da área 6, e, além de estar conectada com o sulco
arqueado, ela está também ligada ao córtex motor primário que diz respeito ao
controle das mãos e da boca. Nesta parte do cérebro têm sido encontrados quatro
tipos de neurônios que se ativam em diferentes momentos: neurônios de apreensão
ou de agarrar (grasping); neurônios de segurar (holding), neurônios de rasgar
(tearing) e neurônios de manipulação (manipulation). [...] os neurônios espelho que possibilitam, no
ato de observação das ações dos outros, simular o que se observa e se colocar
na posição do sujeito observado. [...] A
descoberta dos neurônios espelho e seus desdobramentos na compreensão dos
comportamentos humanos, sobretudo relacionados à aprendizagem social, tem
reverberado para campos limítrofes e distanciados dos estudos do cérebro,
permitindo a investigação com novo prisma teórico de diversos problemas de
pesquisa, em campos tão distintos do conhecimento como a primatologia,
psicologia, neurociência, linguística cognitiva, didática de ensino de línguas,
arqueologia cognitiva, inteligência artificial e robótica, entre outros. [...]
Vê-se como a descoberta desses neurônios
especiais revelam uma profunda continuidade cortical entre as espécies
superiores, em especial às que se originaram dos hominios primitivos, a saber,
os macacos modernos e os seres humanos, o que fortalece a visão evolucionista
de uma lenta complexificação das estruturas biológicas em níveis crescentes de
especialização e diversificação a partir de um tronco ancestral comum, até as
formas superiores de funcionamento neuronal que suportam atividades imitativas,
comunicativas, comportamento empáticos e social, autoconsciência e agência
cultural. [...] A presença de um
sistema espelho revela uma espécie homana profundamente modelada pela evolução
e adaptada para lidar com o mundo social com seus outros significativos, mas
também com todo o lastro de formas vivas, e em especial, a das espécies
superiores, de forma que o bebê humano já traz em si formas pré-simbólicas que
o ajudam a instanciar uma rica gama de ajustes homem-animal, e compreensão de
suas respostas motoras e viscerais. [...] A descoberta dos neurônios espelho humanos e do sistema espelho
cerebral promete muito em termos de realizabilidade cientifica no processo de
compreensão da natureza da base material de onde emergem as formas superiores
de funcionamento racional e espiritual em que nos reconhecemos. [...] Veja
mais aqui, aqui e aqui.
AS DUAS IRMÃS – No livro Folktales from Germany (Dial, 1985), de James Riordan, encontro a
história das duas irmãs: Duas irmãs,
Omelumma e Omelukka, havia muito tempo, adoravam brincar ao ar livre, rir e
correr para todo lado, como qualquer criança. Certo dia, seus pais saíram para a feira que era um pouco longe de
casa, e recomendaram: - Cuidado com os animais da terra e do mar, porque muitas
pessoas já foram levadas pelos monstros. Fiquem dentro de casa e não façam
muito barulho. Quando fizerem comida, acendam um fogo pequeno, para que a
fumaça não atraia os animais. E, quando secarem os grãos, façam em silêncio,
para que os monstros não ouçam. Porém, disse o pai, o mais importante, é que
não saiam para brincar com outras crianças. Fiquem dentro de casa. As duas
concordaram com tudo. Acenaram em despedida quando os pais se afastaram. Ficaram
dentro de casa a manhã inteira, mas conforme as horas iam passando, aumentava a
sensação de fome. Então, começaram a socar os grãos para fazer uma papa, e
aquilo virou logo uma brincadeira. Elas riam e faziam muito barulho. Aí
acenderam um grande fogo para que a comida ficasse pronta mais depressa,
esquecendo-se da advertência dos pais. Após comer até se fartar, as duas viram
os amigos brincando no campo e foram correndo brincar com eles. Enquanto
brincavam, um rugido imenso saiu de dentro da mata e outro veio do mar,
aparecendo muitos monstros que cercaram as crianças. Aterrorizadas, as duas
correram, mas foram separadas. Os monstros do mar carregaram Omelumma e os da
terra Omeluka. As duas pensaram, - se tivéssemos ouvido nossos pais. Agora
seremos devoradas pelos monstros. Porém, eles não as devoraram, mas as venderam
como escravas em lugares muito distantes de sua terra. Omelumma foi escolhida
por um homem, que comprou-a e casou-se com ela. Omeluka, mais jovem, não teve a
mesma sorte. Foi escolhida por um homem cruel, que a comprou, mas a fez de
escrava, dando-lhe muitas tarefas dia e noite. Passado um tempo ele vendeu-a
para um outro homem ainda pior do que ele que a maltratava ainda mais. Assim,
passaram-se muitos anos. Enquanto isso, Omelumma vivia confortavelmente com o
marido e deu à luz seu primeiro filho, um menino. O marido foi ao mercado para
encontrar uma escrava que pudesse ajudá-la nas tarefas com o bebê e a irmã,
Omeluka, estava lá, para ser vendida.Assim, ele trouxe Omeluka para ser escrava
da irmã, mas ela estava muito mudada, devido aos maus tratos que sofrera e
Omelumma não reconheceu-a. Todas as manhãs, Omelumma ia para o mercado e
entregava o bebé aos cuidados da irmã, deixando também, muitas tarefas para
serem realizadas. Omeluka se desdobrava, mas era muito serviço. Quando ia
buscar água ou lenha, o bebé ficava em casa, todavia seu choro a trazia
rapidamente de volta, e assim não trazia a lenha suficiente. A irmã quando
chegava a surrava por não ter cumprido suas ordens, mas se ela deixava o bebé
chorando, os vizinhos contavam e ela apanhava do mesmo jeito. Ela tentou levar
o bebé quando ia pegar lenha, mas não deu certo, porque não conseguia fazer o
serviço com ele no colo. Certa tarde, o bebé só interrompeu o choro, quando ela
o colocou no colo e o embalou suavemente. Uma vizinha aproximou-se perguntando
por que ela não fazia suas tarefas. Ela ficou com medo de ser denunciada e
voltou ao trabalho. Mas o bebé começou a chorar e ela não teve saída senão se
sentar e começar a embalá-lo de novo. Não sabendo mais o que fazer, finalmente
entoou uma canção: Shsh, shsh,
bebezinho, não chore mais Nossa mãe nos disse para não fazer fogo grande, Mas
nós fizemos Nossa mãe nos disse para não fazer barulho, Mas nós fizemos. Nosso
pai nos disse para não brincar lá fora, Mas nós brincamos. Então os monstros do
mato e do mar nos levaram embora, Para muito longe, muito longe! E onde pode a
minha irmã estar? Muito longe, muito longe! Shsh, shsh, bebezinho não chore
mais. Uma velha que ouviu aquela cantiga, lembrou-se da história que
Omelumma lhe contara, há muito tempo, sobre terem sido levadas pelos monstros
do mar e da terra. Ela percebeu que a escrava devia ser a irmã de Omelumma, há
tanto tempo sumida. Correu até o mercado para contar a novidade à Omelumma. No
dia seguinte, ela deu várias tarefas à irmã e em seguida saiu, para o mercado.
Mas voltou em segredo e viu como a irmã corria de um lado para o outro tentando
impedir o bebé de chorar enquanto fazia seu serviço. Finalmente a irmã
sentou-se e começou a cantar a canção que a velha escutara. Assim que Omelumma
ouviu a canção, reconheceu que era sua irmã e, chorando de dor e remorso, chegou
perto dela para pedir perdão. As duas se abraçaram e choraram juntas. Em
seguida Omelumma libertou a irmã, jurou nunca mais maltratar nenhum servo e
quando o marido chegou também ficou muito feliz ao saber da novidade. Viveram
depois disso, muito felizes. Veja mais aqui e aqui.
FOME
- No livro Uma
temporada no inferno (L&PM, 2002), do poeta Arthur Rimbaud (1854-1891),
destaco poema Fome: Se tenho
apetite, é só / De terra e pedras. / Diariamente almoço ar, / Rocha, carvões e
ferro. / Minhas fomes, voltai. Pastai, fomes, / O prado das sêmeas. / Atrai o
alegre veneno / Das papoulas. / Comei cascalho britado, / Pedras de velhas
igrejas; / Blocos erráticos de antigos dilúvios, / Pães semeados nos vales
cinzentos. / O lobo uivava sob a folhagem, / Cuspindo as belas penas / De seu
almoço de pássaros: / Como ele, assim me consumo. / As hortaliças, os frutos /
Aguardam só a colheita; / Mas a aranha do sótão, / Esta vive de violetas. / Que
eu adormeça! que eu arda / Nas aras de Salomão. / A fervura escorre pela ferrugem
/ E se mistura ao Cedrão. / Enfim, ó felicidade, ó razão, eu separava do céu o
azul, que é meio / negro, e vivi, centelha de ouro da luz natureza. De alegre,
eu / adquiria a mais burlesca e alucinante aparência que imaginar se possa: /
Ela foi achada! / Que? a eternidade. / É o sol desfeito / Nos longes do mar. /
Minha alma eterna, / Cumpre a tua promessa / Apesar da noite solitária / E do
dia em chamas. / Para isso desprende-te / Dos humanos laços / Dos vãos
entusiasmos! / E voa ao acaso... / -- Nada de esperança, / Nem de orietur. /
Ciência e paciência, / Certo é o suplício. / Lá se foi a manhã; / Brasas de
cetim, / O vosso ardor / É a obrigação. / Ela foi achada! / - Que? - / A
Eternidade. / É o sol desfeito / Nos longes do mar. / Tornei-me um ópera
fabuloso: vi que todos os seres / têm a fatalidade / da felicidade: a ação não
é a vida, mas uma maneira de consumir / forças, um enervamento. A moral é uma
fraqueza do cérebro. / Afigurava-se-me que a cada ser outras vidas
correspondiam. / Esse senhor aí não sabe o que faz: é um anjo. / Essa família é
um ninho de cães. / Em presença de certos homens, falei em alta voz com um
momento de uma de suas outras vidas. / - Assim, amei um porco. / Nenhum dos
sofismas da loucura, / - a loucura que se encarcera, / - foi esquecido por mim:
poderia repeti-los todos, possuo o sistema. / Minha saúde viu-se ameaçada.
Sobrevinha o terror. Caía no sono durante dias seguidos e, uma vez desperto,
continuava os sonhos ainda mais tristes e, por um caminho cheio de perigos, a
minha fraqueza conduzia-me aos confins do mundo e da Ciméria, pátria das
sombras e dos turbilhões.Tive que viajar, distrair os encantamentos
concentrados em meu cérebro. Do mar, que eu amava como se ele me fosse lavar de
uma mancha, via emergir a cruz consoladora. Eu havia sido condenado pelo
arco-íris. A Felicidade era a minha fatalidade, o meu remorso, o meu verme: a
minha vida sempre seria demasiado imensa para dedicá-la à força e à beleza. A
Felicidade! Seus dentes, suaves à morte, advertiam-me ao cantar do galo,- ad
matutinum, ao Christus venit, nas mais sombrias cidades: Ó estações, ó
castelos! Que alma há sem defeitos? Fiz a mágica experiência / Da felicidade,
da qual ninguém escapa. Saudemo-la a cada vez / Que canta o galo gaulês. / Ah!
Já não terei mais desejos: / Pois ela velará por minha vida. / Este encanto
criou corpo e alma / E dispersou os esforços. / Ó estações, ó castelos! A hora
de sua fuga, ah! Será a hora da morte. Ó estações, ó castelos! Tudo isto
passou. Hoje eu sei saudar a beleza. Veja mais aqui e aqui.
OS ILKES & OLGA - A trajetória da atriz de teatro,
cinema e televisão, Eliane Giardini, teve inicio aos dezessete anos de
idade, quando estudou na Escola de Teatro da Universidade de São Paulo. Foi no
teatro que ela foi premiada como melhor atriz, na década de 1980, quando atuou
em peças teatrais como Os Ilkes, O processo, Cerimonia por um negro
assassinado, A vida é sonho, Na carreira do divino, O amigo da onça, A aurora
da minha vida, Com a pulga atrás da orelha, A fera na Selva, Perversidade
sexual em Chicago, Querida mamãe, A dama do cerrado, Memória da água, Tarsila e
Mundo dos esquecidos. Também cultivou espaço no cinema, a exemplo dos filmes O
salário da morte (1971), O amor está no ar (1997 – Prêmio de Melhor Atriz no
Festival de Cinema de Gramado), Uma vida em segredo (2001), Histórias do olhar
(2002), Chatô, o rei do Brasil (2003) e Olga (2004). Ela também fez história na
televisão participando de novelas e séries. Veja mais aqui.
ONCE IS NOT ENOUGH – O drama Once Is Not Enough (Uma
Vez Só Não Basta, 1975),
dirigido por Guy Green, conta a história da luxuria entre milionários, com
revelações chocantes do show business, farra entre socialites, promiscuidade explícita, fixação paterna,
lesbianismo, um ambiente em que circula uma jovem inocente cercada pela
corrupção. Ela adora o pai que é um produtor de Hollywood e vai se envolver com
uma série de relacionamentos que beiram a perversões e traições. O destaque do
filme, dessa vez, é expresso em dose dupla, muito embora haja muito o que se destacar nessa película. Entretanto, torna-se meritório, então, trazer de forma enfática o trabalho desempenhado primeiramente pela atriz canadense de teatro e cinema Alexis Smith (1921-1993) e, ao mesmo tempo tempo, a participação também destacável da atriz e escritora estadunidense Jacqueline Susann (1918-1974). Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte da escultora mexicana Yénisett Torres.
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Tataritaritatá, a partir
das 21 horas (horário de verão), com apresentação sempre especial e apaixonante
de Meimei Corrêa. Na programação: Djavan,
Selma Reis, Lera Auerbach, Chico Buarque & Ney Matogrosso, A Cor do Som, Boca
Livre, Azimuth, Hildon, Cláudia Telles, Cassiano, Carlos Dafé, Sonia Mello, Mazinho,
Ozi dos Palmares, Ricardo Machado, Elisete Retter, Jussanam Dejah & Latin
Faculty, Mariza Sorriso, George Fenton, George McCrae, Loro Jones, Celia Cruz, Richard
Butles, Tiago Abravanel, Skank, Malcom Arnold, Carlinho Motta/Duda Flores/Anice
Maia, Márcio Celli & Roberto Haag, Zé Caradípia/ Rogério Nascente, Franco
do Valle, Ararypê Silva/Beatriz Dutra, Waldemar Freire Lopes & muito mais! Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na
madrugada Hot Night, uma programação
toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .
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