terça-feira, outubro 20, 2015

RIMBAUD, NINA SIMONE, GIARDINI, SLOAN, YÉNISETT, PERNA DE PAU & PROGRAMA TATARITARITATÁ!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? CONFISSÕES DE PERNA-DE-PAU (Imagem Blanco Desings) - Deixando a modéstia de lado, devo admitir em verdade que eu, esse toleima fulustreco aqui, quase fui um renomado jogador de futebol. Noutras palavras: um craque. De mesmo. Faltou pouco, menos que um cabelinho-de-sapo de nada para que virasse uma celebridade dessas laureadas nas mesas redondas de domingo, desfilando carro importado e cheio das Marias-chuteiras penduradas na algibeira. Devo, também, admitir que se não fossem os desestímulos de familiares, amigos e desafetos, seria mesmo um daqueles dos mais afamados ídolos da bola, capaz de estufar as redes adversárias com lances magníficos e de sair, depois do gol, pra galera torcedora com gestos obscenos no maior auê gritando: - Oi nóis na fita, mano! Também foi fator decisivo para o insucesso aquela minha instabilidade em definir qual vocação eu aprumaria os beiços. Primeiro, sonhava ser motorista de ônibus interestadual. Depois, não sabia se virava padre, pastor ou dono de uma mediunidade capaz de dialogar com almas de outro mundo, quando, na verdade, eu queria logo era ser um daqueles avatar de andar por cima das águas, atravessar parede e pintar invisível por aí curando tudo e todos. Bem, no meio dessa indecisão, apareceu a professora primária que, com seu jeito fascinante e encantador, saiu bulindo com meus sentimentos precoces até me levar por uma paixonite agudíssima, a ponto da petulância de escrever umas quadrinhas inocentes com a cor da calcinha dela. E o pior: com o flagra e o castigo na escola, vi, então, logo cedo, que poesia não poderia ser minha praia. Essa a primeira grande decepção da minha vida. Muitos contribuíram para que eu não fosse nada além de um badameco polichinelo, reduzido a uma irrisória existência entediada. Minha mãe mesmo, coitada, não arredava o pé de me ver um proeminente médico, mesmo cônscia da minha inapropriada mania de desmaiar toda vez que visse sangue escorrendo no que quer que fosse. Meu pai batia o pé para que eu seguisse a carreira jurídica, asseverando na tola esperança dele, que servisse para jurisconsulto brilhante e respeitado. Fui pra faculdade de Direito, isso depois de me enganchar com o Latim em Letras e piruar rabiscos nas cadeiras de Jornalismo, mas saí de lá mais torto do que quando entrei. Já meu avô sonhava em me ver um fazendeiro famigerado, aboiando gado do muito, mandando, desmandando e remontando tudo. Isso sem contar com outros sonhos por mim ainda ignorados, que me levavam aos extremos das profissões. Afinal, na ideia veio então aquela notória e peculiar indecisão de boiar na pasmaceira de qual que seria mesmo, no fim das contas, pro que eu devia servir de verdade. Só faltou quem me quisesse engenheiro, ainda bem, o que seria um desastre calamitoso. Felizmente o restante da parentalha se contentou, evidentemente mais desconfiada, que eu virasse mesmo serventia para nada, ficando de soslaio na expectativa no que eu pudesse chegar a ser. Claro, um sujeitinho que aprontava reinando célere, não é para menos. Assim, adivinhavam meu futuro. Com tudo isso, eu repito e mesmo assim ainda insisto que seria mesmo um craque da bola. Isso sim. Claro que eu não possuía aquela, digamos, perícia peculiar aos privilegiados de nascença no trato com a redondinha para dribles desconsertantes, toques mirabolantes, pontaria certeira, ginga cheia de cacoetes da malandragem, jeitão de só bordejar no balanço do navio ou coisas afins. Realmente eu não possuía nada disso, mas, com certeza, houvesse pelo menos mais incentivadores eu seria, talvez, o maior de todos os tempos. Ainda devo considerar que, em primeiro lugar, não fossem as moletas de um zagueiro coxo e os paralelepípedos que apareceram de repente na beira do campo, isso quando eu estava na maior carreira de doido driblando tudo, zás, lasquei-me! Não fosse isso, eu seria um avassalador de defesas. Claro, depois de abrir o maior samboque no joelho, estropiar a perna e dilacerar a coxa, além de levar uma pisa daquelas bem dada e ficar no estaleiro por meses a fio, queria mais o quê? Só concentração para rearrumar o esqueleto todo. Por causa disso chegaram a dizer que seria melhor eu me destinar a jogador de porrinha, baralho, dominó, peteca, evidentemente para evitar piores acidentes. Pois bem, mesmo sendo um desajeitado, considero na conta do atrapalho o olho-gordo dos invejosos como um dos óbices intransponíveis para decolar na minha carreira futebolística, porque só me deixavam, pelo menos, na regra-tres se eu tivesse uma bola e levasse pro campo. Ou então, só me deixavam entrar na linha depois de ficar uma eternidade quarando no banco de reservas à espera que alguém torasse a canela, quebrasse o pé, entronchasse o pescoço ou se estropiasse vítima da maior arreada de lenha. Aí, por ausência real de quem substituir a vítima, era que eu entrava, isso normalmente aos 45 minutos do segundo-tempo. Nem suava a camisa e o juiz, outro dos antipáticos do meu talento, já apitava encerrando a partida. Tudo uma verdadeira conspiração, né não? A inveja era tanta que dava até para notar certa satisfação nos meus pares de time pelo fato de eu não ter nem tocado na bola. Mas, persistente, fui mais além. Inventei de me especializar melhor embaixo das traves e fiz uma tentativa para o gol para ver se a sina mudava. Deu certo. Logo fui convocado a defender o time porque o titular levou uma tijolada no quengo de quebrar o pescoço, justo numa dessas horas bem apertadas de jogo. O pior de tudo, nem conto. Não fosse, por fim, a lapada raçuda dada por um atacante adversário, daqueles que vem feito um torpedo fodendo tudo, resultado: quase perco os dedos e as costelas, ficando com a caixa dos peitos empenada, findando num desmaio pela chapuletada de, até hoje, me deixar com uma tosse braba. Por causa disso, goleiro nunca mais. Quase desisto de tudo. Porém, como não sou de desistir fácil, ainda enfrentei mais: os aproveitadores. Alesado mais que bocó em meio de feira, eu fiquei feliz de entrar no time pela exigência de comprar o padrão: camisa, meia, calção e chuteiras para todos os jogadores. Pelo menos eu ficava ali no meio dos que estavam de fora, incentivando a turma do jogo pra ganhar a partida. Tirante tudo isso eu acho que seria um craque da hora. E, claro, seria bem provável que eu chegasse a ser até maior que Pelé, Maradona, Zico, ou. De uma coisa, enfim, eu sei: seria um craque célebre não fosse eu, a vida toda, um perna-de-pau. E vamos aprumar a conversa aqui.


Imagens: a arte do artista plástico estadunidense John French Sloan (1871-1951)


Curtindo o álbum A Single Woman (1993), da pianista, compositora, cantora e ativista pelos direitos civis estadunidenses Nina Simone (1933-2003).

NEURÔNIOS ESPELHO – No livro Psicologia e compromisso social: unidade na diversidade (Escuta, 2009), organizado por Mauricio Rodrigues de Souza e Flavia Cristina Silveira Lemos, trata de temas como o mundo das organizações e do trabalho, psicopatologia fundamental, a empatia na psicologia do desenvolvimento, a revolução da psicologia escolar, histórias de múltiplas identidades, compromisso social em psicologia, o impacto social das pesquisas em percepção visual e psicofísica, psicologia social, análise comportamental da cultura, psicanálise, cooperação e coalização em grupos humanos, enytre outros assuntos. Da obra destaco trechos do capítulo dedicado aos Neurônios espelho e seu impacto sobre a compreensão contemporânea dos fenômenos cognitivos, escrito por Antonio Roazzi e Alexsandro Medeiros do Nascimento: Os seres vivos de alguma forma estão todos unidos sob um mesmo céu. Uma afirmação como esta não é algo inusitado, de fato, pode-se afirmar que de certo modo todo mundo concordaria, não questionando uma afirmação deste tipo. Entretanto são necessárias confirmações e alertas neste sentido. Evidencias nesta direção surgem a partir de recentes descobertas na área da neurofisiologia: um grupo de neurônios (células nervosas) que tem se tornado conhecimento por Neurônios Espelho (mirror neurons). [...] Este grupo de células nervosas especializadas do córtex cerebral, capazes de correlacionar os movimentos observados como pegar um alimento e os movimentos do próprio observado0r e de ser capaz assim de reconhecer o seu significado, se localiza na área F5 do córtex ventral pré-motor dos macacos. Foi observado que estes neurônios se ativam não somente quando se executa uma ação finalizada com o uso das mãos, mas também quando se observam as mesmas ações executadas por outro sujeito. A presença de neurônios espelho na área F5 é muito importante visto que esta encontra-se localizada na parte final da área 6, e, além de estar conectada com o sulco arqueado, ela está também ligada ao córtex motor primário que diz respeito ao controle das mãos e da boca. Nesta parte do cérebro têm sido encontrados quatro tipos de neurônios que se ativam em diferentes momentos: neurônios de apreensão ou de agarrar (grasping); neurônios de segurar (holding), neurônios de rasgar (tearing) e neurônios de manipulação (manipulation). [...] os neurônios espelho que possibilitam, no ato de observação das ações dos outros, simular o que se observa e se colocar na posição do sujeito observado. [...] A descoberta dos neurônios espelho e seus desdobramentos na compreensão dos comportamentos humanos, sobretudo relacionados à aprendizagem social, tem reverberado para campos limítrofes e distanciados dos estudos do cérebro, permitindo a investigação com novo prisma teórico de diversos problemas de pesquisa, em campos tão distintos do conhecimento como a primatologia, psicologia, neurociência, linguística cognitiva, didática de ensino de línguas, arqueologia cognitiva, inteligência artificial e robótica, entre outros. [...] Vê-se como a descoberta desses neurônios especiais revelam uma profunda continuidade cortical entre as espécies superiores, em especial às que se originaram dos hominios primitivos, a saber, os macacos modernos e os seres humanos, o que fortalece a visão evolucionista de uma lenta complexificação das estruturas biológicas em níveis crescentes de especialização e diversificação a partir de um tronco ancestral comum, até as formas superiores de funcionamento neuronal que suportam atividades imitativas, comunicativas, comportamento empáticos e social, autoconsciência e agência cultural. [...] A presença de um sistema espelho revela uma espécie homana profundamente modelada pela evolução e adaptada para lidar com o mundo social com seus outros significativos, mas também com todo o lastro de formas vivas, e em especial, a das espécies superiores, de forma que o bebê humano já traz em si formas pré-simbólicas que o ajudam a instanciar uma rica gama de ajustes homem-animal, e compreensão de suas respostas motoras e viscerais. [...] A descoberta dos neurônios espelho humanos e do sistema espelho cerebral promete muito em termos de realizabilidade cientifica no processo de compreensão da natureza da base material de onde emergem as formas superiores de funcionamento racional e espiritual em que nos reconhecemos. [...] Veja mais aqui, aqui e aqui.

AS DUAS IRMÃS – No livro Folktales from Germany (Dial, 1985), de James Riordan, encontro a história das duas irmãs: Duas irmãs, Omelumma e Omelukka, havia muito tempo, adoravam brincar ao ar livre, rir e correr para todo lado, como qualquer criança. Certo dia, seus pais saíram para a feira que era um pouco longe de casa, e recomendaram: - Cuidado com os animais da terra e do mar, porque muitas pessoas já foram levadas pelos monstros. Fiquem dentro de casa e não façam muito barulho. Quando fizerem comida, acendam um fogo pequeno, para que a fumaça não atraia os animais. E, quando secarem os grãos, façam em silêncio, para que os monstros não ouçam. Porém, disse o pai, o mais importante, é que não saiam para brincar com outras crianças. Fiquem dentro de casa. As duas concordaram com tudo. Acenaram em despedida quando os pais se afastaram. Ficaram dentro de casa a manhã inteira, mas conforme as horas iam passando, aumentava a sensação de fome. Então, começaram a socar os grãos para fazer uma papa, e aquilo virou logo uma brincadeira. Elas riam e faziam muito barulho. Aí acenderam um grande fogo para que a comida ficasse pronta mais depressa, esquecendo-se da advertência dos pais. Após comer até se fartar, as duas viram os amigos brincando no campo e foram correndo brincar com eles. Enquanto brincavam, um rugido imenso saiu de dentro da mata e outro veio do mar, aparecendo muitos monstros que cercaram as crianças. Aterrorizadas, as duas correram, mas foram separadas. Os monstros do mar carregaram Omelumma e os da terra Omeluka. As duas pensaram, - se tivéssemos ouvido nossos pais. Agora seremos devoradas pelos monstros. Porém, eles não as devoraram, mas as venderam como escravas em lugares muito distantes de sua terra. Omelumma foi escolhida por um homem, que comprou-a e casou-se com ela. Omeluka, mais jovem, não teve a mesma sorte. Foi escolhida por um homem cruel, que a comprou, mas a fez de escrava, dando-lhe muitas tarefas dia e noite. Passado um tempo ele vendeu-a para um outro homem ainda pior do que ele que a maltratava ainda mais. Assim, passaram-se muitos anos. Enquanto isso, Omelumma vivia confortavelmente com o marido e deu à luz seu primeiro filho, um menino. O marido foi ao mercado para encontrar uma escrava que pudesse ajudá-la nas tarefas com o bebê e a irmã, Omeluka, estava lá, para ser vendida.Assim, ele trouxe Omeluka para ser escrava da irmã, mas ela estava muito mudada, devido aos maus tratos que sofrera e Omelumma não reconheceu-a. Todas as manhãs, Omelumma ia para o mercado e entregava o bebé aos cuidados da irmã, deixando também, muitas tarefas para serem realizadas. Omeluka se desdobrava, mas era muito serviço. Quando ia buscar água ou lenha, o bebé ficava em casa, todavia seu choro a trazia rapidamente de volta, e assim não trazia a lenha suficiente. A irmã quando chegava a surrava por não ter cumprido suas ordens, mas se ela deixava o bebé chorando, os vizinhos contavam e ela apanhava do mesmo jeito. Ela tentou levar o bebé quando ia pegar lenha, mas não deu certo, porque não conseguia fazer o serviço com ele no colo. Certa tarde, o bebé só interrompeu o choro, quando ela o colocou no colo e o embalou suavemente. Uma vizinha aproximou-se perguntando por que ela não fazia suas tarefas. Ela ficou com medo de ser denunciada e voltou ao trabalho. Mas o bebé começou a chorar e ela não teve saída senão se sentar e começar a embalá-lo de novo. Não sabendo mais o que fazer, finalmente entoou uma canção: Shsh, shsh, bebezinho, não chore mais Nossa mãe nos disse para não fazer fogo grande, Mas nós fizemos Nossa mãe nos disse para não fazer barulho, Mas nós fizemos. Nosso pai nos disse para não brincar lá fora, Mas nós brincamos. Então os monstros do mato e do mar nos levaram embora, Para muito longe, muito longe! E onde pode a minha irmã estar? Muito longe, muito longe! Shsh, shsh, bebezinho não chore mais. Uma velha que ouviu aquela cantiga, lembrou-se da história que Omelumma lhe contara, há muito tempo, sobre terem sido levadas pelos monstros do mar e da terra. Ela percebeu que a escrava devia ser a irmã de Omelumma, há tanto tempo sumida. Correu até o mercado para contar a novidade à Omelumma. No dia seguinte, ela deu várias tarefas à irmã e em seguida saiu, para o mercado. Mas voltou em segredo e viu como a irmã corria de um lado para o outro tentando impedir o bebé de chorar enquanto fazia seu serviço. Finalmente a irmã sentou-se e começou a cantar a canção que a velha escutara. Assim que Omelumma ouviu a canção, reconheceu que era sua irmã e, chorando de dor e remorso, chegou perto dela para pedir perdão. As duas se abraçaram e choraram juntas. Em seguida Omelumma libertou a irmã, jurou nunca mais maltratar nenhum servo e quando o marido chegou também ficou muito feliz ao saber da novidade. Viveram depois disso, muito felizes. Veja mais aqui e aqui.

FOME - No livro Uma temporada no inferno (L&PM, 2002), do poeta Arthur Rimbaud (1854-1891), destaco poema Fome: Se tenho apetite, é só / De terra e pedras. / Diariamente almoço ar, / Rocha, carvões e ferro. / Minhas fomes, voltai. Pastai, fomes, / O prado das sêmeas. / Atrai o alegre veneno / Das papoulas. / Comei cascalho britado, / Pedras de velhas igrejas; / Blocos erráticos de antigos dilúvios, / Pães semeados nos vales cinzentos. / O lobo uivava sob a folhagem, / Cuspindo as belas penas / De seu almoço de pássaros: / Como ele, assim me consumo. / As hortaliças, os frutos / Aguardam só a colheita; / Mas a aranha do sótão, / Esta vive de violetas. / Que eu adormeça! que eu arda / Nas aras de Salomão. / A fervura escorre pela ferrugem / E se mistura ao Cedrão. / Enfim, ó felicidade, ó razão, eu separava do céu o azul, que é meio / negro, e vivi, centelha de ouro da luz natureza. De alegre, eu / adquiria a mais burlesca e alucinante aparência que imaginar se possa: / Ela foi achada! / Que? a eternidade. / É o sol desfeito / Nos longes do mar. / Minha alma eterna, / Cumpre a tua promessa / Apesar da noite solitária / E do dia em chamas. / Para isso desprende-te / Dos humanos laços / Dos vãos entusiasmos! / E voa ao acaso... / -- Nada de esperança, / Nem de orietur. / Ciência e paciência, / Certo é o suplício. / Lá se foi a manhã; / Brasas de cetim, / O vosso ardor / É a obrigação. / Ela foi achada! / - Que? - / A Eternidade. / É o sol desfeito / Nos longes do mar. / Tornei-me um ópera fabuloso: vi que todos os seres / têm a fatalidade / da felicidade: a ação não é a vida, mas uma maneira de consumir / forças, um enervamento. A moral é uma fraqueza do cérebro. / Afigurava-se-me que a cada ser outras vidas correspondiam. / Esse senhor aí não sabe o que faz: é um anjo. / Essa família é um ninho de cães. / Em presença de certos homens, falei em alta voz com um momento de uma de suas outras vidas. / - Assim, amei um porco. / Nenhum dos sofismas da loucura, / - a loucura que se encarcera, / - foi esquecido por mim: poderia repeti-los todos, possuo o sistema. / Minha saúde viu-se ameaçada. Sobrevinha o terror. Caía no sono durante dias seguidos e, uma vez desperto, continuava os sonhos ainda mais tristes e, por um caminho cheio de perigos, a minha fraqueza conduzia-me aos confins do mundo e da Ciméria, pátria das sombras e dos turbilhões.Tive que viajar, distrair os encantamentos concentrados em meu cérebro. Do mar, que eu amava como se ele me fosse lavar de uma mancha, via emergir a cruz consoladora. Eu havia sido condenado pelo arco-íris. A Felicidade era a minha fatalidade, o meu remorso, o meu verme: a minha vida sempre seria demasiado imensa para dedicá-la à força e à beleza. A Felicidade! Seus dentes, suaves à morte, advertiam-me ao cantar do galo,- ad matutinum, ao Christus venit, nas mais sombrias cidades: Ó estações, ó castelos! Que alma há sem defeitos? Fiz a mágica experiência / Da felicidade, da qual ninguém escapa. Saudemo-la a cada vez / Que canta o galo gaulês. / Ah! Já não terei mais desejos: / Pois ela velará por minha vida. / Este encanto criou corpo e alma / E dispersou os esforços. / Ó estações, ó castelos! A hora de sua fuga, ah! Será a hora da morte. Ó estações, ó castelos! Tudo isto passou. Hoje eu sei saudar a beleza. Veja mais aqui e aqui.

OS ILKES & OLGA - A trajetória da atriz de teatro, cinema e televisão, Eliane Giardini, teve inicio aos dezessete anos de idade, quando estudou na Escola de Teatro da Universidade de São Paulo. Foi no teatro que ela foi premiada como melhor atriz, na década de 1980, quando atuou em peças teatrais como Os Ilkes, O processo, Cerimonia por um negro assassinado, A vida é sonho, Na carreira do divino, O amigo da onça, A aurora da minha vida, Com a pulga atrás da orelha, A fera na Selva, Perversidade sexual em Chicago, Querida mamãe, A dama do cerrado, Memória da água, Tarsila e Mundo dos esquecidos. Também cultivou espaço no cinema, a exemplo dos filmes O salário da morte (1971), O amor está no ar (1997 – Prêmio de Melhor Atriz no Festival de Cinema de Gramado), Uma vida em segredo (2001), Histórias do olhar (2002), Chatô, o rei do Brasil (2003) e Olga (2004). Ela também fez história na televisão participando de novelas e séries. Veja mais aqui.

ONCE IS NOT ENOUGH – O drama Once Is Not Enough (Uma Vez Só Não Basta, 1975), dirigido por Guy Green, conta a história da luxuria entre milionários, com revelações chocantes do show business, farra entre socialites, promiscuidade explícita, fixação paterna, lesbianismo, um ambiente em que circula uma jovem inocente cercada pela corrupção. Ela adora o pai que é um produtor de Hollywood e vai se envolver com uma série de relacionamentos que beiram a perversões e traições. O destaque do filme, dessa vez, é expresso em dose dupla, muito embora haja muito o que se destacar nessa película. Entretanto, torna-se meritório, então, trazer de forma enfática o trabalho desempenhado primeiramente pela atriz canadense de teatro e cinema Alexis Smith (1921-1993) e, ao mesmo tempo tempo, a participação também destacável da atriz e escritora estadunidense Jacqueline Susann (1918-1974). Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte da escultora mexicana Yénisett Torres.


Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Tataritaritatá, a partir das 21 horas (horário de verão), com apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Na programação: Djavan, Selma Reis, Lera Auerbach, Chico Buarque & Ney Matogrosso, A Cor do Som, Boca Livre, Azimuth, Hildon, Cláudia Telles, Cassiano, Carlos Dafé, Sonia Mello, Mazinho, Ozi dos Palmares, Ricardo Machado, Elisete Retter, Jussanam Dejah & Latin Faculty, Mariza Sorriso, George Fenton, George McCrae, Loro Jones, Celia Cruz, Richard Butles, Tiago Abravanel, Skank, Malcom Arnold, Carlinho Motta/Duda Flores/Anice Maia, Márcio Celli & Roberto Haag, Zé Caradípia/ Rogério Nascente, Franco do Valle, Ararypê Silva/Beatriz Dutra, Waldemar Freire Lopes & muito mais! Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui .

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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...