VAMOS APRUMAR A CONVERSA? O
ENCONTRO DAS SOMBRAS E OLORES
– Cada qual sua sombra, seu olor. A vida de cada um de nós poderia ser
representada como uma vela: cada vivo é uma vela acesa, basta um vento forte
para apagá-la. Tanto pode fenecer por tempestades que surgem das circunstâncias
de desespero, como se extinguir por conta da normalidade do processo vital. O
que se deve ter em mente, antes de tudo, é aquela máxima de Lavoisier: nada se
perde, nada se cria, tudo se transforma. Também, nem 8, nem 80. E que ventos e
brisas, ou nos dão sentido de vida, ou nos levam a perder o caminho de si. Depende
como cada qual usa seu livre-arbítrio. Contudo, enquanto velas, quando acesas
irradiam vida; apagadas, efluem dos submundos das trevas da insatisfação. O
certo é que há sempre uma sombra acompanhando a vida e todos os seus passos – o
lado escuro, verdadeiro, o invisível e infinito; e os seus olores - a essência
e seus matizes, o visível da expressão. Ambas dualistas, sombras escuras de
negrume espesso, sombras de abrigo, refrigério; olores que vão desde a inhaca
mais abjeta ao eflúvio do prazer mais profundo. Sombras e sombras; olores e
olores. Uns, pavios altivos; outros, nem tão altivos assim, muitas vezes
cabisbaixos e mascarados. As sombras espessas guardam em seus meandros
inextricáveis o caos com todas as feridas dos infernos entranhadas nas unhas de
criaturas envenenadas, menores que o seu próprio tamanho e com odores de terror
aos berros pela teimosia e confusão do exótico hostil, apiedados no medo de
morrer. A esses, os odores da desgraça com a lividez da dor e do esquálido no
espelho – o aniquilamento fanático, o colapso de sectário, o desmanche do
vital, o escapismo da terra sumindo sob os pés e com o desejo de sair voando
pela janela. Enquanto outras, sombras de abrigo e fragrâncias multicores, aquelas
que emanam a sensação de refúgio e exalam pra felicidade das narinas o aroma de
cheiro de rosa no calor do decote, e uma nova investida com fôlego bastante
para nos envolver nas essências do verdadeiro sentido da vida, no incenso da
comunhão entre o íntimo e a imensidão do universo. É preciso encontrar o nexo
entre as sombras e seus olores, como o amor e a solidão, a liga que distingue a
homeostase yang e ying – ânima e animus - da conformação e
da adaptação, e ter um mínimo necessário para a subsistência. Cada sombra o seu
olor: ars longa, vita brevis – afinal, a arte despe o homem. Com o tempo todas
as máscaras vão se superpondo umas às outras, até inevitavelmente revelar a
face oculta. Ao se despir não há mais segredo capaz de ser contido e guardado numa
gaveta: ninguém se esconde de si, mesmo que force o tempo inteiro se mostrar
como se quer ser visto. Inadvertidamente, o escondido se desvela. E cada qual
que assuma a sua nudez. E vamos aprumar a conversa aqui.
Imagem: In der Badewanne (1911) do pintor do Impressionismo e Art Nouveau Leo Putz (1869-1940).
Curtindo o álbum Canto y guitarra - El
folklore de Chile, vol.
I (Odeon Records, 1957), da cantora, compositora, artista plástica e ceramista
chilena Violeta Parra (1917-1967).
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CARTA
SOBRE OS CEGOS – O livro Carta sobre os
cegos para uso dos que vêem (1749), do filósofo e escritor francês Denis Diderot (1713-1784), foi a obra
que levou seu autor para a prisão no castelo de Vineennes, por causa da reação
de uma dama ofendida em suas pretensões científicas, Sra. Dupré de Saint-Maur,
por questões política e social da França de Luis XV, e por conter chocante
sensualismo epistemológico. Da obra destaco o trecho: [...] Não
conheço nada que demonstre tão bem a realidade do sentido interno quanto esta
faculdade fraca em nós, porém forte nos cegos de nascença — de sentir ou de
recordar a sensação dos corpos, mesmo quando eles se acham ausentes e não mais
atuam por si. Não podemos explicar a um cego de nascença a maneira pela qual a
imaginação nos pinta os objetos ausentes como se estivessem presentes; mas
podemos muito bem reconhecer em nós a faculdade de sentir na extremidade de um
dedo um corpo que não está mais aí, tal como ela existe no cego de nascença.
Para esse efeito, apertai o índex contra o polegar; fechai os olhos; separai
vossos dedos; examinai imediatamente após a separação o que se passa em vós, e
dizei-me se a sensação não perdura muito tempo depois que a compressão cessou;
se, enquanto a compressão perdura, vossa alma parece estar mais em vossa cabeça
do que na extremidade de vossos dedos; e se essa compressão não vos dá a noção
de uma superfície, pelo espaço que a sensação ocupa. Nós não distinguimos a
presença de seres fora de nós, de sua representação em nossa imaginação, a não
ser pela força e pela fraqueza da impressão: similarmente, o cego de nascença
não discerne a sensação da presença real de um objeto na extremidade de seu
dedo, a não ser pela força ou pela fraqueza da própria sensação. Se alguma vez
um filósofo cego e surdo de nascença fizer um homem à imitação do de Descartes,
ouso assegurar-vos, senhora, que colocará a alma na ponta dos dedos; pois é
dali que lhe vêm as principais sensações, e todos os conhecimentos. E quem o
advertiria de que a cabeça deste é a sede de seus pensamentos? Se os trabalhos
da imaginação esgotam a nossa, é que o esforço que envidamos para imaginar é
assaz semelhante ao que envidamos para perceber objetos muito próximos ou muito
pequenos. Mas não sucederá o mesmo com o cego e surdo de nascença; as sensações
que houver apreendido pelo tato serão, por assim dizer, o molde de todas as
suas ideias; e eu não ficaria surpreso se, após uma profunda meditação,
sentisse os dedos tão fatigados como nós sentimos a cabeça. Eu não temeria de
modo algum que um filósofo lhe objetasse que os nervos são as causas de nossas
sensações, e que todos eles partem do cérebro: ainda que as duas proposições estivessem
tão demonstradas quanto estão pouco, sobretudo a primeira, bastar-lhe-ia fazer
com que lhe explicassem tudo quanto os físicos sonharam a respeito, para
persistir em seu sentimento. Mas se a imaginação de um cego não é mais do que a
faculdade de recordar e combinar sensações de pontos palpáveis, e a de um homem
que vê, a faculdade de recordar e combinar pontos visíveis ou coloridos,
segue-se que o cego de nascença percebe as coisas de uma forma muito mais
abstrata que nós; e que, nas questões de pura especulação, está talvez menos
sujeito a enganar-se; pois a abstração consiste apenas em separar pelo
pensamento as qualidades sensíveis dos corpos, ou uma das outras, ou do corpo
mesmo que lhes serve de base; e o erro nasce da separação malfeita, ou feita
fora de propósito: malfeita, nas questões metafísicas; e feita fora de
propósito, nas questões físico-matemáticas. Um meio quase seguro de enganar-se
em metafísica é não simplificar bastante os objetos de que nos ocupamos; e um
segredo infalível para chegar em físico-matemática a resultados defeituosos é
supô-los menos compostos do que o são. Há uma espécie de abstração de que tão
poucos homens são capazes que parece reservada às inteligências puras; é aquela
pela qual tudo se reduziria a unidades numéricas. Deve-se convir que os
resultados dessa geometria seriam muito exatos, e suas fórmulas muito gerais;
pois não há objetos, seja na natureza, seja no possível, que estas unidades
simples não possam representar pontos, linhas, superfícies, sólidos, pensamentos,
ideias, sensações e... se, porventura, fosse o fundamento da doutrina de
Pitágoras, poder-se-ia dizer a seu respeito que ele malogrou em seu projeto,
porque tal maneira de filosofar está muito acima de nós, e muito próxima da do
Ser Supremo, que, segundo a engenhosa expressão de um geômetra inglês, geometriza
perpetuamente no universo. [...]
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A DONZELA ARABELA – No livro O amanuense Belmiro (1937-José Olympio, 1971), do escritor,
jornalista, professor e advogado Cyro
dos Anjos (1906-1994), encontro a narrativa A donzela Arabela, a qual
transcrevo a seguir: Aconteceu-me ontem
uma coisa realmente extraordinária. Não tendo conseguido conter-me em casa,
desci para a Avenida, segundo habito antigo. Já ela estava repleta de carnavalescos,
que aproveitavam, como podiam, sua terceira noite. Pus-me a examinar colombinas
fáceis, do lado da Praça Sete, quando inesperadamente me vi envolvido no fluxo
de um cordão. Procurei desvencilhar-me, como pude, mas a onda humana vinha
imensa, crescendo em torno de mim, por trás, pela frente e pelos flancos.
Entreguei-me, então, aquela humanidade que me pareceu mais cansada que alegre.
Os sambas eram tristes e homens pingavam suor. Um máscara-de-macaco deu-me o
braço e mandou-me cantar. Respondi-lhe que, em rapaz, consumi a garganta em
serenatas e que esta, já agora, não ajudava. Imagino a figura que fiz, de
colarinho alto e pince-nez, no
meio daquela roda alegre, pois os foliões e engraçaram comigo, e fui, por
momentos, o atrativo do cordão. Tanto fizeram que, sem perceber o disparate, me
pus a entoar velha canção de Vila Caraíbas. Uma gargalhada espantosa explodiu
em torno de mim. Deram-me uma corrida e, depois de me terem atirado confete à
boca, abandonaram-me ao meio da rua embriagado de éter. Novo cordão levou-me,
porém, para outro lado, e, nesse vaivém, fui arrastado pelos acontecimentos. Um
jato de perfume me atingia às vezes. Procurava, com os olhos gratos, a origem
dessa caricia, mas percebia, desanimado, que aquele jato resvalara de outro
rosto a que o destinara uma boneca holandesa. Contudo, aquelas migalhas me
consolaram e comoviam. Dêem-me um jato de éter perdido no espaço e construirei
um reino. Mas a boneca holandesa foi arrastada por um príncipe russo, que a
livrou dos braços de um marinheiro. Bebendo aqui, bebendo ali, acabei presa de
grande excitação, correndo atrás de choros, de blocos e cordões. Não sei como,
envolvido em que grupo, entrei no salão de um clube, acompanhando a massa na
sua liturgia pagã. Lembra-me que homens e mulheres, a um de fundo, mãos postas
nos quadris do que ia à frente, dançavam, encadeados, e entoavam os coros que
descem do Morro. Toadas tristes, que vêm da carne. A certo momento, alguém
enlaçou o braço, cantando: “Segura, meu bem, segura na mão, não deixes partir o
cordão...” O braço que se lembrou do meu braço tinha uma branca e fina mão.
Jamais esquecerei: uma branca e fina mão. Olhei ao lado: a dona da mão era uma
branca e doce donzela. Foi uma visão extraordinária. Pareceu-me que descera até
a mim a branca Arabela, a donzela do castelo que tem uma torre escura onde as
andorinhas vão pousar. Pobre mito infantil! Nas noites longas da fazenda, contava-se
história da casta Arabela, que morreu de amor e que na torre do castelo entoava
doridas melodias. Efeito da excitação de espírito me que me achava, ou de
qualquer outra perturbação, senti-me fora do tempo e do espaço, e meus olhos só
percebiam a doce visão. Era ela, Arabela. Como estava bela! A música lasciva se
tornou distante, e as vozes dos homens chegavam a mim, lentas e desconexas. Em
meio dos corpos exaustos, a incorpórea e casta Arabela. Parecia que eu me
comunicava com Deus e que um anjo descera sobre mim. Meu corpo se desfazia em
harmonias, e alegre música de pássaros se produzira no ar. Não me lembra quanto
tempo durou o encantamento e só vagamente me recordo de que, em um momento
impossível de localizar, no tempo e no espaço, a mão me fugiu. Também tenho uma
vaga idéia de que alguém me apanhou do chão, pisado e machucado, e me pôs num
canapé onde, já sol alto, fui dar acordo de mim. O mito donzela Arabela tem
enchido minha vida. Esse absurdo romantismo de Vila Caraíbas tem uma força que
supera as zombarias do Belmiro sofisticado e faz crescer, desmesuradamente, em
mim, um Belmiro patético e obscuro. Mas viviam os mitos, que são o pão dos
homens. Nesta noite de quarta-feira de cinzas, chuvosa e reflexiva, bem noto
que vou entrando numa fase da vida em que o espírito abre mão de suas
conquistas, e o homem procura a infância, numa comovente pesquisa das remotas
origens do ser. Há muito que ando em estado de entrega. Entregar-se a gente as
puras e melhores emoções, renunciar aos rumos da inteligência e viver
simplesmente pela sensibilidade — descendo de novo cautelosamente, a margem do
caminho, o véu que cobre a face real das coisas e que foi, aqui e ali,
descerrado por mão imprudente — parece-me a única estrada possível. Onde houver
claridade, converta-se em fraca luz de crepúsculo, para que as coisas se tornem
indefinidas e possamos gerar nossos fantasmas. Seria uma fórmula para nos
conciliarmos com o mundo. Veja mais aqui.
POEMAS CORONÁRIOS - No livro Poemas Coronários
(1964), do escritor, jornalista, professor e advogado Cyro dos Anjos (1906-1994), reúne os poemas do autor depois das
obras reunidas, da qual destaco o poema que segue: Não quero o Deus de Aristóteles nem de Espinosa. / Quero o Deus de
grandes barbas repartidas ao meio / que eu via nas estampas da História
Sagrada, / sujeito a zangas e birras tal qual meu pai, / mas infinitamente bom
e justo. / É no regaço desse Deus que hei-de ser acolhido. / Ele me puxará as
orelhas, brincalhão: Vai, Belmiro, / perdoados são os teus pecados! / Fique
naquela nuvenzinha cor de laranja / a ver os anjinhos brincarem de roda. Além
dos livros aqui destacados, ele é autor dos romances Abdias (1945) e Montanha
(1956), do ensaio A criação literária (1954), das memórias Explorações no tempo
(1963) e A menina do sobrado (1979), bem como das cartas que trocou com Carlos
Drummond de Andrade. É considerado o romancista mais sutil e poético da geração
de 30, possuindo um conjunto de obras de denúncia social e registros das
contradições brasileiras, seus romances destacam-se pelo lirismo e pela
delicadeza de traços. Veja mais aqui.
O SONHO DO BALÉ PRO TEATRO - A trajetória da atriz de teatro,
cinema e televisão, Marieta Severo, começou
com os estudos e sonhos de balé clássico, mudando de ideia ao participar do
curso de teatro do Tablado, de Maria Clara Machado. Ela estreia no teatro em
1965, com a peça Feitiços de Salém, seguindo-se Se correr o bicho e se ficar o
bicho come (1966), Onde canta o sabiá (1967), Roda viva (1968), Jorginho, o
machão (1970), O segredo do velho mundo (1972), Bordel da salvação (1972),
Desgraças de uma criança (1973), O casamento do pequeno burguês (1974), Ttus
Andronicus (1975), Os saltimbancos (1977), Ópera do malandro (1978), Sinal de
vida (1979), No natal a gente vem te buscar (1980), Amadeus (1982), Aurora da
minha voda (1982), Um beijo, um abraço, um aperto de mão (1985), Ligações
perigosas (1987), Cenas de outono (1988), A estrela do lar (1989), Antígona
(1992), Torre de Babel (1995), A dona da história (1998), Quem tem medo de Virginia
Woolf (2000), Os solitários (2002), Sonata de outono (2005) e As centenárias
(2007). No cinema, estreia com Society em Babu Doll (1965), seguindo-se Todas
as mulheres do mundo (1966), Quatro contra o mundo (1970), Roleta russa (1972),
Crueldade mortal (1976), Gente fina é outra coisa (1977), Chuvas de verão
(1977), Bye bye Brasil (1979), Sonho sem fim (1985), Com licença eu vou à luta
(1986), A espera (1986), O homem da capa preta (1986), Leila Diniz (1987), Por
dúvida das vias (1987), Sonhos de menina moça (1987), Mistério no colégio
Brasil (1988), Faca de dois gumes (1989), A porta aberta (1989), O corpo
(1991), Vai trabalhar, Vagabundo II: a volta (1991), Carlota Joaquina, Princesa
do Brazil (1995), Guerra de Canudos (1997), Castelo Rá-tim-bum (1999), Um copo
de cólera (1999), Outras estórias (1999), The emperor’s new groove (2000),
Villa-Lobos, uma vida de paixão (2000), As três Marias (2002), Janela da alma
(2001), A dona da história (2004), Cazuza, o tempo não para (2004), Quase dois
irmãos (2004), Irma Vap, o retorno (2006), A grande família (2007), Pequenas
histórias (2007), Sonhos roubados (2010), Quincas Berro D’Água (2010) e Vendo
ou alugo (2012). Na televisão, ela começou em 1966 com O sheik de Agadir, na
Rede Globo, prosseguindo até hoje. Ela foi casada com Chico Buarque com quem
teve três filhas: Helena, Luisa e a atriz Silvia Buarque. Desde 2004, mantem um
relacionamento com o direito teatral Aderbal Freire Filho. Em 2005 ela fundou o
Teatro Poeira, no Rio de Janeiro, com Andrea Beltrão, foi premiada duas vezes
com o Mambembe e Moliére como melhor atriz e, também, ganhou um Prêmio Shel
por sua trajetória de mais de 40 anos de palco.Veja mais aqui.
ATRÁS DA PORTA – O drama Atrás da porta (Hinter Der Tür, 2012), dirigido pelo cineasta húngaro István Szabó é baseado no romance
autobiográfico homônimo da escritora húngara Magda Szabó (1917-2007), conta uma
história ocorrida nos anos 1960, envolvendo uma escritora com uma trama cheia
de contratempos e desconfiança de segredos guardados. O filme é encantador e
merece ser apreciado e curtido por todo aquele que se diz cinéfilo. O destaque
do filme é para a participação da bela atriz húngara Erika
Marozsán. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz e bailarina russa
Ida Rubinstein (1885-1960).
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do
programa Crônica de amor, a partir das
21 hs meio dia, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e
apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na
madrugada Hot Night, uma programação
toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
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