VAMOS APRUMAR A CONVERSA? GUIANDO PELOS CATOMBOS - É a vida. A gente se
balançando nos catabís. Mas, aprumando a conversa: alguém, por acaso, já parou
para pensar no trânsito? Não estou querendo saber se a pessoa pensa enquanto
conduz seu veículo, não. Não é isso, se bem que no trânsito das capitais e de
algumas cidades emergentes, dá para pessoa não só pensar, como ler um livro,
trocar de roupa, sacolejar uma boneca, fazer meditação transcendental e, até,
tudo isso junto, não necessariamente nesta ordem ou acrescentando outras mais
salutares ao gosto do cliente; mas, que dá, dá. Eu mesmo, não dou nada,
manifesto meu pitaco; e cada um que zele pelo que é seu. Sim, mas voltando ao
assunto, é melhor encontrar tais alternativas enquanto se encontra empancado
nos engarrafamentos, que ficar xingando a mãe do guarda-de-trânsito, que
esculhambar o engenheiro de tráfego da prefeitura, ou meter alcunha de corno em
todo aquele que está mais adiante. A bem da verdade, parece mesmo que na hora
que a gente resolve trafegar por tal logradouro, todos acham de optar por ali,
justo naquela hora, naquele dia e naquela circunstância, só prá inaugurar
congestionamento. Já viu? Vai ter coincidência assim na casa de caixa pregos,
meu! Mas é mesmo, que sujeito cagado de sorte ainda não caiu na esparrela de
ficar por horas numa via estrangulada de movimento? Isso sem falar nos catabís
com cada catombo de deixar a roda do carro empenada com os buracos, crateras,
bueiros, bocas-de-lobo, rieiras, valetas e esconderijos de gabirus gigantes que
afloram nas avenidas, ruas, perimetrais, becos, alamedas, viadutos, túneis,
rodovias, isso em dia de sol; porque em dia de chuva, ó, só se o cara tiver
experiência náutica, além de muito fôlego, músculo e fé em Deus, porque ninguém
pode prever os acontecimentos. Pois bem, como estou coçando o saco por não ter
nada mais importante por me ocupar, resolvi abordar o tema do trânsito que,
deveras, precisa de um olhar abrangente, profundo, subliminar e oculto para se
observar as várias vertentes que o tema carece. Claro, sem falar na academia
que vira o cérebro do sujeito pela ginástica que os neurônios terão de malhar
sem personal trainée especializado, quando se inventa de abordar o assunto.
Mas, vamos lá! Um amigo meu, um que se diz sabe-tudo, sempre abre duas
condicionantes para tal problemática, primeiro: ou tem muito carro pra pouca
rua, ou tem muita rua insuficiente para o tráfego de tantos veículos. Hum! Na
canela! Matada a primeira charada, vamos para segunda: ou os motoristas são
todos burros e resolvem ir para o mesmo lugar ao mesmo tempo, ou os engenheiros
de tráfego vivem no mundo da lua cheio dos quequéos. Mas, tá! Porque, meus
amigos e minhas amigas, diz ele rebuscando a parcimônia, nunca vi tanto
semáforo mal localizado, quantos retornos inconvenientes, inúmeras ruas mal
sinalizadas, várias vias esburacadas, centenas de obras parecendo mais que o
Brasil está desmontando a cada momento, carecendo de se consertar tudo e a todo
tempo, da gente imaginar que ou está todo mundo doido, ou doido está o mundo.
Não quero meter meu bafo nisso não, mas que parece, parece. Repassemos o
castigo: segunda-feira, oito horas da manhã, o sujeito sai de casa, passa meia
hora parado esperando uma oportunidade para pegar a avenida. Não há cortesia no
trânsito, há guerra! Quem chegar que vá pro fim da fila. É isso. Mal andou
alguns metros, pára, sinal fechado. Todo mundo do outro sinal passa, menos o
seu trajeto desafoga. Depois de uma eternidade, verde, abriu: debreia, engata
primeira e acelera antes que feche de novo. Segue. Mal colocou a segunda,
desacelera, outro luminoso de pedestre. Dá para folhear a revista. Esverdeou,
vamos. Breca, entrada do supermercado tem sinal agora, doido! Estancou o motor.
Vira a chave, tudo bem. Isso se o carro for zelado, senão, se for um mandú,
desce para empurrar, a bobina esquenta, o disco de embreagem fica deslizando e
outras porqueiras que todo bocó sabe quando o automóvel não é novo. Por causa
disso é multado porque está atrapalhando o trânsito. Se correr, multa; se
devagar, multa. Quem já viu aqueles códigos atrás da multa de trânsito? Caos?
Caótico é pouco; o negócio tá enozado mesmo! Depois que constatei isso,
abandonei o conforto e achei melhor andar, aproveitando a paisagem imunda do
centro comercial, dando o que fazer para o meu corpo não tão jovem mais assim.
Porque de ônibus, num pode. Nos coletivos os motoristas são todos sorridentes,
ganham um salário milionário, tudo educado, todos finos, esperam que todos
entrem, só saem quando todos descem, uma maravilha! Tudo educado na Suíça,
quanta finura! Êpa, tô variando já. O popular cata-côrno demora tanto pra chegar
no ponto que quando vem já está entupido até o tampo. Isso sem contar com as
visitas indesejáveis daqueles que querem se apropriar do que é da gente, tanto
a vergonha, a homência ou o que a gente tiver por posse. Táxi? Preço pelos
olhos da cara. Sem saída: ou é roubado por um, ou por outro. Perua? Ôxe, pegar
perueiro é mesmo que deixar prontinho o atestado de óbito. É cada motorista que
acredito que nunca fez um psicotécnico. É cada barbeiro, grosso, que mal sabe
largar o volante para fazer uma curvinha de nada. E aqueles que cruzam faixas
sem usar pisca-pisca? É cada nego dirigindo que fico olhando: vai dar bode!
Tei-bei! Num disse! E os caminhões? Com cada carga, deus meu, cada uma mais bem
feita que a cara do zarolho que dirige. É cada jamanta de perder a conta de
quantos pneus, tudo imprensando os debilóides de mil cilindradas. Bote lenha na
fogueira e conte com tratores, patróis, guindastes, carregadeiras. Qualquer
dia, se eu ver um transatlântico ou um boeing fuderoso em plena avenida não vou
me apavorar. Vai ser um carnaval da porra! E os guarás que não distinguem uma
contramão de uma passagem livre? Todos amontados numa julieta treminhão da
carga ficar escapulindo esborrada e caindo por cima de quem ultrapassar ou
cruzar, parecendo mais que o mundo vai se acabar ali, na hora?! Por isso que a
gente vê cada barroada, cada tombada, cada desmantelo no trânsito da gente
ficar gastando ideia só para saber como foi que aconteceu. Isso tudo com a
invenção de um rodízio de veículos, enquanto uma propaganda subliminar instiga
para se consumir mais combustível. Sim, ainda tem a doctilóquia invenção
inalcançável dos engenheiros de trânsito que ou andam bêbados, ou doidos
varridos, ou com o cu enganchado na porta de casa. Só pode ser! Vai gostar
assim de endoidar o trânsito das cidades na casa de tampão fudendo a sua alma,
desgraçado. Sei não, inventaram um código que parecia moralizar. Cadê? Alguém
já viu alguém preso? Só multado e olhe lá! E se tiver apadrinhamento, dribla
direitinho e as multas são deletadas na hora. Nunca vi um Detran moralizado, é
um antro que me arrepio só de olhar. O ambiente é carregado, tudo cheira a
trambique. Lembro até da negada arriando alienação fiduciária ou dando baixa em
reserva de domínio, deixando o bem financiando mais solto que cabrito no
roçado. Ou mesmo quando alguém ligava por engano, e caía na Ciretran, o do
outro lado já insistia para ir buscar a habilitação que já tava pronta há mais
de mês, quando quem ligou jamais podia por ser menor e nem saber dirigir ainda.
Eu mesmo conheço gente que tirou habilitação num balaio. Verdade! Chegou lá,
escolheu, pronto, essa é a mais bonitinha. Sei, também, que fizeram uma faxina
nisso, mas esqueceram outras muito grossas ainda colaborando com a
esculhambação. Eu sei que são coisas do trânsito, não obstante, é melhor
começar a falar de outra coisa, por exemplo, a mãe do guarda, ou a reboculosa
linda que cruzou na esquina, ou, sei lá! Melhor a gente aprumar a conversa
aqui.
Imagem: arte do pintor, escultor,
ceramista, cenógrafo, poeta e dramaturgo espanhol Pablo Picasso (1881-1973). Veja mais aqui, aqui e aqui.
Curtindo The Complete Piano (Harmonia
Mundi, 2005), do compositor francês Georges
Bizet (1838-1875), pelo pianista francês de origem armênia, Setrak o Yavruyan (1930-2006).
Veja mais aqui.
BRINCARTE DO NITOLINO– Hoje é dia do programa Brincarte do Nitolino
para as crianças de todas as idades, a partir das 10hs (no horário de verão),
no blog do Projeto MCLAM e com apresentação de Ísis Corrêa Naves. Na programação sempre especial também tem
atrações especiais chamando a meninada com Toquinho, Lygia Fagundes Telles, Guilherme
Arantes, Palavra Cantada, Carequinha, O papel das histórias, Cristina Mel, Turma
do Jambu, Meimei Corrêa, Grandes Pequeninos & muito mais No reino encantado
de todas as coisas. No blog, muitas dicas de Educação, Psicologia, Direito das
Crianças e Adolescentes, Teatro, Música e Literatura infantil, com destaque pro
Brincar da Criança e as historias em quadrinhos dos Aventureiros do Una. Para conferir ao vivo e online clique aqui
ou aqui.
O PRINCÍPIO DA TOTALIDADE – O livro O princípio da totalidade: uma análise do processo da energia vital
(Summus, 1991), de Stephano Sabetti,
aborda temas como a história da energia, rumo à física da energia total,
totalidade, radiações energéticas, medicina e psicoterapia, processo de energia
vital, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho: [...] Nossa era é perfeita para uma confrontação
com o nosso comportamento paradoxal. Somos constantemente confrontados com
nossa necessidade de permanecer em conflito entre nossos corpos e emoções, em
nossos relacionamentos sociais e em nossa contenda política – todas essas
divisões da totalidade. Nosso país, nossos mares e nosso ar estão se tornando
cada vez mais poluídos porque não queremos ser holísticos na produção e no uso
de nossos recursos e objetivos. Nosso ambiente tem nos comunicado mensagens de
desintegração e catástrofes. Estamos prontos a ouvi-lo? Dizemos desejar a paz.
Portanto, por que sempre criamos problemas para nós mesmos e para os outros? E
por que pensamos que essa paz é unicamente um assunto político, exterior às
nossas lutas pessoais? Poderíamos gastar nossos fundos destinando-os à pesquisa
em medicina holística, o que beneficiaria pacientes e produtores de drogas, e
tratamentos compatíveis com as pessoas – porém em geral não o fazemos.
Poderíamos construir máquinas mais silenciosas, menos irritantes e ecologicamente
mais holísticas – mas em geral não o fazemos. Esse holismo é possível se de
fato o quisermos. Temos de decidir se queremos continuar sendo parte do
problema da doença, o ou nos tornarmos parte da solução da totalidade. Não
podemos fazer ambas as coisas. A totalidade é um caminho claro do espirito que
busca uma reunião com uma completude eterna. Não pode aceitar nada menos que
isso. Nossa consciência da totalidade, o campo universal da energia vital, é o
inicio de uma transformação que leva das dificuldades às possibilidades.
Somente em sua plenitude estamos ligados ao nosso verdadeiro self espiritual e
à paz que ele irradia. Especialmente agora, nesses tempos de divisão e
isolamento, precisamos de pioneiros dispostos a ver a totalidade na vida e a
viver de acordo com seus preceitos, embora os outros talvez não entendam esse
caminho. Falta de aceitação não deve importar. Se vivermos plenamente em vez de
brincar com a fantasia e as ideias sobre a totalidade, nosso caminho será
claramente demarcado. A totalidade é a mensagem de nossa antiga jornada que
temos de trazer à luz repetidas vezes. Ela exige a nossa atenção agora. Veja
mais aqui.
MASSA E PODER – O livro Massa e poder (Cavalo de Ferro, 2014), do escritor búlgaro – Prêmio
Nobel de Literatura, 1981 -, Elias
Canetti (1905-1994), aborda tema como a descarga e o vicio da destruição, a
evasão e sentimento de perseguição, a domesticação das massas nas grandes
religiões, as massas invisíveis, massas do acosso, massas da fuga, da
proibição, da inversão, da festa, dupla, matilha de caça, de guerra, de
lamentação e de multiplicação, precisão das matilhas, comunhão, a psicologia do
ato de comer, entre outros assuntos. Da obra destaco o trecho inicial Mutação
do Receio de Contacto: Nada o homem receia mais do que ser tocado pelo desconhecido.
Uma pessoa quer ver aquilo que lhe toca, quer ser capaz de o reconhecer ou,
pelo menos, de o situar. Em toda a parte, o homem evita ser tocado pelo
desconhecido. Sobretudo de noite ou no escuro, um contacto inesperado pode levar
o susto a transformar-se em pânico. Nem mesmo a roupa garante segurança
suficiente, já que é tão fácil rasgá-la, já que é tão fácil penetrar até à
carne nua, macia e indefesa do agredido! Todas as distâncias que os homens
criaram em seu redor foram ditadas por esse receio do contacto. As pessoas
encerram-se em casas, nas quais ninguém pode penetrar, e só dentro delas se
sentem meio seguras. O medo do ladrão que assalta casas não se reporta apenas
aos seus intuitos depredatórios, é também um temor da sua garra irrompendo
súbita e inesperadamente do escuro. A mão, feita garra, serve constantemente de
símbolo a esse medo. Uma correlação que subsiste em grande medida no duplo
sentido da palavra «atacar». Nela cabem, simultaneamente, tanto o contacto
inofensivo quanto o ataque perigoso, embora algo deste último significado ecoe
sempre no primeiro. O nome «ataque», porém, cingiu-se exclusivamente ao mau
sentido da palavra. Essa aversão ao contacto tampouco nos deixa quando nos
encontramos no meio da multidão. A maneira como nos movimentamos na rua, entre
muitas pessoas, em restaurantes, em comboios e autocarros é ditada por esse
receio. Mesmo quando estamos muito perto de outras pessoas, e as podemos
observar e examinar circunstancialmente, evitamos, sempre que possível, um
contacto com elas. Se fazemos o contrário, é porque alguém nos agrada, e,
então, a aproximação dá-se por nossa própria iniciativa a urgência que se tem
nas desculpas por um contacto não intencional, a tensão com que se espera por
elas, a reação veemente, e algumas vezes por vias de facto, que se tem quando
não surgem essas desculpas, a aversão e o rancor que se sente pelo «malfeitor»
— mesmo que não se possa ter de modo algum a certeza de que ele o seja —, todo
esse complexo de reações anímicas em torno do contacto com o que nos é
estranho prova, pela sua extrema instabilidade e sensibilidade, que se trata
mesmo de algo muito profundo, permanentemente desperto e sempre melindroso, de
algo que nunca mais abandona o homem, uma vez que este tenha fixado os limites
da sua pessoa. Até mesmo o sono, em que se está muito mais indefeso, pode ser
perturbado com demasiada facilidade por esse tipo de receio. É só na massa que
o homem se pode libertar desse receio do contacto. É a única situação em que
esse temor se transforma no seu contrário. Do que se precisa para tanto é da
massa compacta, em que um corpo se comprime contra outro corpo, compacta até na
sua componente psicológica, porquanto não se repara em quem é que nos «oprime».
Assim que alguém se entrega à massa, deixa de recear o seu contacto. No seu
caso ideal, todos são iguais uns aos outros. Nenhuma diferença conta, nem
sequer a dos sexos. Seja quem for que incomoda alguém, é como se fosse o
próprio. É sentido tal como uma pessoa se sente a si própria. Então, de
repente, tudo se passa como que no interior dum corpo. Talvez esta seja uma das
razões pelas quais a massa procura concentrar-se de forma tão compacta: quer
desembaraçar-se o mais completamente possível do receio do contacto em cada
indivíduo. Quanto mais fortemente as pessoas se comprimirem umas de encontro às
outras tanto mais nitidamente sentem que não têm medo umas das outras. Essa
mutação do receio de contacto faz parte da massa. É na sua máxima densidade que
o alívio que nela se espalha, e de que ainda se falará noutro contexto, atinge
um grau particularmente elevado. [...].
Veja mais aqui e aqui.
CONTRAMOR & OUTROS
POEMAS – No livro Miserere (Record, 2010), da poeta, professora e filósofa Adélia Prado,
destaco inicial o poema Contramor: O
amor tomava a carne das horas / e sentava-se entre nós. / Era ele mesmo a
cadeira, o ar, o tom da voz: / Você gosta mesmo de mim? / Entre pergunta e
resposta, vi o dedo, / o meu, este que, dentro de minha mãe, / a expensas dela
formou-se / e sem ter aonde ir fica comigo, / serviçal e carente. / Onde estás
agora? / Sou-lhe tão grata, mãe, / sinto tanta saudade da senhora… / Fiz-lhe
uma pergunta simples, disse o noivo. / Por que esse choro agora? Também o
poema Humano: A alma se desespera, / mas
o corpo é humilde; / ainda que demore, / mesmo que não coma, / dorme.
Também o Senha: Eu sou uma mulher sem
nenhum mel / eu não tenho um colírio / em um chá / tento a rosa de seda sobre o
muro / minha raiz comendo esterco e chão. / Quero a macia flor desabrochada /
irado polvo cego é meu carinho. / Eu quero ser chamada rosa e flor / Eu vou
gerar um cacto sem espinho. Mais A paciêncioa e seu limites: Dá a entender que me ama, / mas não se
declara. / Fica mastigando grama, / rodando no dedo sua penca de chaves, / como
qualquer bobo. / Não me engana a desculpa amarela: / ‘Quero discutir minha
lírica com você’. / Que enfado! Desembucha, homem, / tenho outro pretendente /
e mais vale para mim vê-lo cuspir no rio / que esse seu verso doente. Por
fim, o poema Jó consolado: Desperta,
corpo cansado; / louva com tua boca a cicatriz perfeita, / o fígado
autolimpante, / a excelsa vida. / Louva com tua língua de argila, / coisa
miserável e eterna, / louva, sangue impuro e arrogante, / sabes que te amo;
louva, portanto. / A sorte que te espera / paga toda vergonha, / toda dor de
ser homem. Veja mais aqui e aqui.
TÉSPIS:
O NASCIMENTO DO TEATRO –
No livro Teatro Vivo (Victor Civita,
1976), organizado por Consuelo de Castro, Eduardo Alves da Costa, Hildegard
Feits e Paulo Riccioppo, sob a consultoria de Sábato Magaldi, dando conta o
teatro nasceu na celebração a Dioniso,
o deus da alegria: Rindo, chorando,
vibrando de entusiasmo ou sofrendo o impacto do terror, os cidadão
comprimiam-se na praça do velho mercado de Atenas, a mais importante
cidade-Estado da Grécia no século VI aC. Contra a vontade Sólon, tirano e
legislador eficaz mas nem sempre dedicado às utilizadas da sensibilidade, o
povo preferiu acreditar em cada gesto de
Téspis – um homem estranho que ousava imitar os deuses e os homens. Grossa
túnica nos ombros e tosca máscara sobre o rosto, Téspis desceu solene e grave
os degraus do altar que improvisara sobre uma carroça. E sem esperar que os
circundantes se refizessem do inesperado, afirmou: “Eu sou Dioniso”. Foi um
sacrílego e surpreendente momento das festas que a tradição reservava ao deus
da alegria; foi também o instante em que, pela primeira vez, um obscuro e
arrogante grego se fez aceitar como deus de carne e osso pelos atenienses do
mercado. E foi o começo de uma aventura espiritual que atravessaria os séculos,
mesclando – à margem do próprio homem – verdade e fantasia, riso e lágrimas: o
nascimento do teatro. pouco teriam adiantado as ordens oficiais proibindo o
desempenho de Téspis e relacionando seu histrionismo à impostura.
Intuitivamente, Tespis conquistara um público, enquanto Sólon perdera uma
excelente oportunidade de se mostrar simpático aos cidadãos. Isso seria
privilegio de outros tiranos e, no século seguinte, dos governantes da
democracia grega, sempre dispostos a organizar concursos e a premiar quem
melhor falasse a sua linguagem e distraísse a multidão. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
NA CIDADE VAZIA – O filme Na cidade vazia (Hollow city, 2004), dirigido pela cineasta
angolana Maria João Ganga, conta a história
de um menino, N’ Dala, em Luanda, tornando-se símbolo do renascimento da vida
cultural angolana depois da guerra civil que devastou o país. É o primeiro
longa-metragem da diretora e um dos primeiros a ser produzido em Angola depois
da guerra. O filme foi escrito pela diretora, com música de Manu Dibango &
Né Gonçalves, tornando um filme encantador e bem realizado, marcando o renascimento das atividades artísticas do país de forma encantadora e bela, mostrando o talento do primeiro trabalho desta que passou a ser o nome mais importante do cinema angolano. Trata-se de um verdadeiro conteúdo histórico para se conhecer melhor a realidade daquele país, tornando-se obrigatória a sua conferência. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da arte da pintora e
escultora Lygia Clark (1920-1988)
Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa
Domingo Romântico, a partir do meio
dia (horário de verão), com a reapresentação de toda programação da semana e apresentação
sempre especial e apaixonante de Meimei
Corrêa. Em seguida, o
programa Mix MCLAM, com Verney Filho
e na madrugada Hot Night, uma
programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse
aqui .
VAMOS APRUMAR A CONVERSA?
Dê livros de presente para as crianças.
Aprume aqui.