segunda-feira, junho 09, 2025

FRANÇOISE VERGÈS, MARIELLA TORANZOS, LEONOR SILVESTRI & MÁRCIA GEBARA

 

 Imagem: Acervo ArtLAM.

Ao som dos álbuns Claudio Almeida (1998), Alma pernambucana (2003) e Despretensioso (2018), do violonista, compositor, arranjador e produtor, Claudio Almeida.

 

Dois semblantes & um diálogo de Janus... - Um banco de praça qualquer, dois mundos dessemelhantes. O primeiro: a face de ontem, chorosa, melancólica, perdida na memória a divagar pelas mais adoráveis recordações do tempo de antanho. As reminiscências regurgitavam dos álbuns de fotografias, como se ruminassem caricaturas dos versos de Casimiro – um melô do saudosismo às voltas com uma quase noite esquálida. Destilava nostalgias das coisas pregressas, as saudades na ferrugem dos suspiros e pesares, das perdas e quedas, taciturnidades - os bons tinham ido faz tempo, findava com o beiço virado: o que era doce acabou-se. O mundo hoje é uma desgraça. E lá não sabia onde um pipoco! O que foi? E o segundo: empolgada efígie do amanhã, sorridente pelos cotovelos de quem tomou água de chocalho, persuasivo como homem da cobra, ansiava com todos os desejos do futuro, esperando Godot com a certeza de um dia Deus daria a sorte grande com uma bolada na loteria e seguir os passos de Asimov, com os regalos da fortuna de apertar o pitoco na hora certa, o deleite de toda ventura e o porvir na coleção de amuletos egípcios como o Olho de Hórus, o Escaravelho e Ankh; e o sortilégio do Olho Grego, a Mão Hamsá, os olhos do alabastro mesopotâmico, moedas chinesas com fita vermelha, desenhos de elefantes indianos, as pedras verdes dos muiraquitãs, as bandeiras de Cirebon e otomana com a oração de Zulfiqar, o Selo Salomão, o texto do túmulo de Nida, uma figa, um pergaminho talismânico do califado fatimida dos ancestrais da família islâmica Abemayor, uma reprodução do astrológico Uraniborg, cristais de turmalina negra, trevos de 4 folhas, piritas, citrinos, uma Mezuzá, um Maneki-neko, Dreamcatchers, escapulários, cruzes, pimentas, berloques, uma ferradura e patuás, sal grosso e dentes de alho. Tudo no meio de outros estalidos! Disparos. O que houve? E não viram passar a dança legal de Eunomia, nem o balanço pacífico de Irene, muito menos os requebros justos de Dice, sequer os meneios florescentes de Auge. Cabum! O que foi isso? Entre o que passou e o que virá, olhos para onde a escolha por todas as direções, uma só alternativa e quem preferia de volta tudo o que viveu: só se sente falta quando perde. E ser lembrado, jamais esquecido. E no outro, o passado de Belchior era o que valia e nada de viver o que morreu e jamais voltará, naquela do se meu dinheiro desse ou achasse o ovo de ouro na micula da galinha, mudaria de vida, uma casa na praia, o carro novo, um foguete para ir morar na lua: para mim já foi, outro virá. Bum! Um estampido ensurdecedor. O que é que há? Outras tantas passaram desapercebidas, como o rebolado amanhecedor de Anatole, os remexidos dançantes da Musique, o bailado atlético da Ginastique, os pulos lavadores de Ninfe, os saltitantes remelexos de Mesembria, o arrasta-pé libador de Esponde, a folia oratória de Elete, a coreografia do repasto de Acte, o ritmado entardecer de Hesperis, os giros crepusculares de Disis, o naufrágio serpenteador de Arctos, nem mesmo se deram conta do jogo de Chronos e Kairós. Tudo passou. E um estouro avassalador! De novo? E caíram de joelhos na arenga pelos segundos de poucas horas, a revanche do relógio, eita, tô atrasado, verá o que é bom pra tosse: o revide temporal. Um estrondo retumbante e estarrecedor! Que é que está havendo? Para quem passado ou futuro, tudo é feito agora, presente. Eles não percebiam o que acontecia ao redor, foram tragados pela explosão. Era uma vez, tarde demais: tudo se repete, uns e outros. Até mais ver.

 

Hélène Cixous: Eu também transbordo; meus desejos inventaram novos desejos, meu corpo conhece canções inéditas... Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui & aqui.

Anuna De Wever: Eu acredito na humanidade... Veja mais aquí.

Joyce Carol Oates: Fui criada para ter compaixão pelos outros... Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

 

VINHETAS DE UM ESPELHO QUEBRADO

Imagem: Acervo ArtLAM.

I - Ontem rasguei minhas asas. Rasguei suas dobras translúcidas com a borda do bidê. Atirei-me contra elas, chicoteando-as contra a borda como uma louca, gemendo de prazer e desgosto ao vê-las desmembradas, despedaçadas, repetidamente, até que me esvaziei. Não venha mais aqui. Estou cansado de adorar sua forma como um templo.

II - Descalço, caminho por um deserto de espelhos. Piso no vidro até que ele rache e corte meus pés. No rastro de sangue, desenhei o retrato da minha mãe. Meu coração dobrou enquanto eu dormia; agora ele não cabe no meu peito.

III - Hoje quero morrer mil mortes em seus braços. Sussurrarei em seu ouvido as palavras que inventei para chamá-lo. Feche os olhos enquanto te beijo e deixe minhas lágrimas escorrerem por suas pálpebras. Deixarei na pinta do seu rosto as tardes que amei ao seu lado. Amanhã seremos estranhos novamente. Até a próxima.

IV - Durante o mês que você levou para me deixar. Enchi o tanque de gasolina com trinta e três dólares e trinta e três centavos. Eu disse que era um presente porque era seu número favorito. Eu organizei nossas coisas. 'Amor, aqui estão os suéteres', "Aqui está seu pincel." Como se chamássemos as coisas de 'nossas' poderia me incluir no que você chamou de "lar". Comprei flores de um morador de rua. Eu queria trazê-los para você, murchos e feios, para mostrar que eu poderia devolvê-los vida.

V - Há uma cicatriz no formato dos seus dedos logo acima do meu peito esquerdo, que ficou como um resquício de todas as noites que você me segurou como apenas algo segura que escorrega. Agora há seis províncias entre nós, entre a última vez que nos beijamos e hoje, guardadas como flores murchas dentro de um livro. Às vezes ainda sinto você como um ruído preso na minha garganta.

Poemas da poeta e jornalista equatoriana Mariella Toranzos.

 

DONDE ME RAZA MUERE - [...] Tenho dificuldade em entender por que as pessoas continuam a apostar contra todas as evidências sobre o que é bom para o corpo, em termos do que aumenta sua potência ou até mesmo em posições mais apocalípticas como o fim do mundo. Neste ponto, considero isso um ato de egoísmo que incentiva o famoso "exército de reserva " de que o marxismo clássico já falava, o que me parece ter uma reviravolta na eugenia atual, onde também é necessária a seleção de pessoal, não apenas trazendo descendentes a este mundo, mas também a seleção prévia de pessoal, que envolve escolher os aptos, os saudáveis, e abortar os outros, os deficientes. [...]. Trecho da entrevista concedida ao Parole de Queer (2022), concedida pela escritora, ensaísta e professora argentina Leonor Silvestri, autora de obras como Donde me raza muere (Guarra, 2022), Acerca de las costumbres de los animales (Infamia Trascendental, 2012), El Don de Creer (Curcuma, 2010), entre outros livros publicados. Ela também se expressa: Quem vive contando mortos não quer você vivo... Sempre acreditei que devemos expandir os limites do que é concebível: envelhecer não é terrível, nem adoecer, não poder trabalhar, não poder participar deste mundo são bênçãos, vantagens. Assim como as mulheres são solicitadas a reproduzir material humano, a se incorporarem ao capitalismo com eficiência (como boas cidadãs: do aparato repressivo a uma operária ou funcionária de escritório, passando por pesquisadora universitária ou médica), elas também são solicitadas a se encarregar de selecionar pessoal adequado para tais fins. Tudo por nada mais do que amor em troca. É aí que reside o verdadeiro proxenetismo. A sociedade capitalista heterossexual patriarcal é o nosso grande proxenetismo. O trabalho sexual é apenas um exemplo de que sexo, companheirismo e afeto não precisam ser dados em troca de nada, pelo que este mundo chama de amor. O feminismo branco, hegemônico, vitimista, desempoderador, acadêmico, mercantilista, de histórias em quadrinhos (e isso também é interseccional: nem todo acadêmico é eurobranco, por exemplo) não só foi completamente incapaz de desenvolver uma teoria radical da sexualidade, como também foi completamente incapaz de desenvolver uma práxis vital empática de apoio mútuo e autodefesa. É autora do poema Pentesileia: Boa demais para ser mulher.\ Inteligente demais. \ Hábil demais. Demais. \ Demais. \ Esse arco \ Essa flecha \ que se crava \ que se crava bem fundo em \ Mim \ no momento da tua morte, \ Pentesileia. \ Preciso te matar para que você não morra. \ Preciso te matar para que eu possa te fazer minha. \ Você gostaria de compartilhar seu corpo virginal de guerreira comigo de alguma outra forma? \ Você não sabe, Pentesileia, que em épicos não há mulheres que amem mulheres? \ Eu vejo você cair \ como uma pena \ Leve sua graça de engolir \ Ferido \ Morrendo \ Agonizando. \ Mesmo assim, você resistirá \ como a leoa Penélope diante dos pretendentes. \ Terei que tomá-la à força, \ pois tudo é tomado nesta guerra, \ assim como as mulheres são tomadas nesta guerra. \ Você não sabe, Pentesileia? \ Você será minha \ mesmo que eu tenha que te matar.

 

APELO À PAZ, AO AMOR E À ALEGRIA - Irmãs e irmãos, camaradas e amigos, aqueles que conheço e aqueles que não conheço, todos aqueles que são meus companheiros na humanidade, venho a vocês com uma demanda considerável. Vocês me pediram para falar sobre a liderança de que precisamos agora. Mas o que é "agora" senão o nome da história como catástrofe? Da violência sistêmica e estrutural? Para viver, precisamos respirar, sermos acolhidos e acolhidos, amar e ser amados, criar laços familiares e comunidades. Sim, amar e ser amados. Muitas vezes esquecemos que nascemos indefesos e que essa indefesa não é uma fraqueza, mas um lembrete de que a interdependência é fundamental para a nossa sobrevivência. Essa interdependência é uma fonte de alegria em vez de angústia, de conforto em vez de desespero. Somos feitos de tantos emaranhados… Disseram-nos não apenas que o individualismo é o passo mais alto em direção ao progresso humano, mas que deveríamos desconfiar da interdependência e nos preparar para a luta pela sobrevivência do mais apto. Isto significa guerra, nada mais. De fato, temos vivido em um tempo de guerra sem fim, de guerra contra isto, guerra contra aquilo, guerra, guerra, guerra. A guerra foi normalizada, naturalizada. Não seria então a palavra guerra mais adequada para descrever o nosso mundo do que paz? Guerra contra povos indígenas, contra mulheres e crianças no Sul Global, contra queer, contra trans, contra inválidos, contra gays, guerra contra animais, florestas, rios, mares, oceanos. Capitalismo é guerra; racismo é guerra. Seus gritos por guerra são altos e constantes. Suas leis de extração e exaustão impõem o uso da violência e da força. E suas guerras são acompanhadas pelas do patriarcado. Em seu mundo, tratar corpos como resíduos, como excedentes, como lixo, foi banalizado. Nada disso é natural; tudo isso são consequências de escolhas políticas. E, como presidente, estou clamando por outras escolhas. Contra o estado de guerra permanente, eu os exorto, eu os exorto a lutar pela paz! Paz?, ouço vocês dizendo. Quando foi a última vez que falamos de paz como algo que não é excepcional, que não é um breve interlúdio entre duas guerras, o resultado de um acordo em um pedaço de papel no qual homens que nunca demonstraram interesse pela paz afixam suas assinaturas? Paz para eles é uma palavra que fala de ingenuidade e credulidade. Mas estes não são tempos de indiferença e neutralidade. Irmãos e irmãs, camaradas e amigos, isso não nos salvará. Em vez de celebrar guerras em nossos livros didáticos, em vez de encher nossas cidades com estátuas de soldados e generais, convido-nos a aprender com aqueles que lutaram por justiça e nunca abandonaram sua aspiração de humanizar o mundo. Durante séculos, comunidades imaginaram maneiras de proteger aqueles que são vulneráveis e fragilizados pelo racismo e sexismo, maneiras de proteger a terra, os animais, as plantas e o conhecimento de mãos ávidas e avarentas. Ao fazê-lo, deixaram-nos um vasto arquivo de poemas, canções, artes, manifestos, práticas e conhecimento. Houve momentos em que suas mensagens precisaram ser invisíveis para aqueles no poder, mas sua riqueza e abundância permanecem impressionantes: forjando sinais que indicam rotas de liberdade e abrigos, mantendo narrativas de resistência nas memórias, tecendo mensagens no cabelo e na terra, construindo santuários e refúgios, falsificando documentos, aprendendo a evitar as armadilhas da vigilância, ensinando como estar na clandestinidade, a mentir ao poder e a dizer a verdade ao poder, construindo escolas onde aprendemos coletivamente, ensinando o poder das plantas medicinais, a diversidade de receitas. Embora nos tenham dito que mulheres, crianças, povos indígenas, pessoas trans, queer, migrantes, refugiados, pobres, não tinham nada a contribuir para a "civilização", sabemos que é uma mentira. Sabemos que o que se chama riqueza nada mais é do que o resultado da exploração e da devastação. Nossos ancestrais, que são todos os oprimidos do mundo, jamais renunciaram ao sonho de um dia serem livres. Apesar da guerra travada contra eles, eles disseram: " Um dia, seremos livres! Sim, um dia seremos livres! " É esse amor inabalável pela liberdade e igualdade que deve ser nossa canção. Irmãs e irmãos, camaradas e amigos, precisamos aprender com este arquivo e exercitar nossa imaginação. Precisamos nos libertar dos grilhões do que se tornou normal e natural — a violência e a guerra — e que ameaça a vida de muitos em troca da riqueza de poucos. Precisamos libertar nossos espíritos, nossos corpos, nossos sentidos para imaginar a paz, coletivamente. Vamos desaprender para aprender, para que possamos reaprender. Vamos restaurar o pleno significado do toque, de segurar a mão de um estranho. Vamos abolir as prisões! Vamos abolir o patriarcado! Vamos abolir o capitalismo! Vamos abolir o racismo! Acabe com a guerra! Este não é um apelo ingênuo, estúpido ou pretensioso! A paz não é fácil. Imaginar a paz, lutar pela paz, é uma tarefa árdua. Exige liderança coletiva e horizontal. Cultivemos o amor revolucionário, o amor feminista radical. Há alegria na luta coletiva. Há alegria na justiça restaurativa. Imaginemos uma utopia, uma que nos dê a força para contestar, que seja um convite a sonhos emancipatórios. Um dia seremos livres! Por toda parte, vozes se elevam, cheias de esperança e significados. Imaginemos um espaço aberto e terrestre, uma linha temporal ascendente. Reivindiquemos o direito de sermos inacabados e contraditórios. Redefinimos criativamente a escrita de nossas múltiplas histórias. Criemos um estado permanente de curiosidade. Guardemos na memória a força, a coragem, a esperança, a força e a energia que sempre estiveram presentes. Vamos lembrar do futuro. Depoimento da cientista política, historiadora, educadora, cineasta e ativista decolonial francesa, Françoise Vergès, autora do Programme de désordre absolu: Décoloniser le musée (La Fabrique Editions, 2023), no qual expressa: [...] O universal que o museu reivindica é uma arma de dominação colonial [...]. A respeito de sua obra em uma entrevista concedida ao Observatoire d'éthique universitaire (2023), ela expressou que: [...] Quando se trabalha como eu sobre a escravidão e suas "sobrevivências" (afterlives), ou seja, a ligação entre a escravidão e o racismo antinegro hoje, interessam-nos as representações pictóricas e narrativas dos negros. Estas nunca são ilustrações. Essas imagens são constitutivas do regime de exploração e desapropriação racial. [...] Descolonização, para mim, é o que Frantz Fanon definiu como: "A descolonização, que visa mudar a ordem mundial, é um programa de desordem absoluta. Podemos ver claramente que aplicar a proposição "mudar a ordem mundial" à instituição museológica vai além da diversificação da programação. [...] É por isso que práticas e teorias em torno de um programa de desordem absoluta para atrapalhar e sabotar a máquina do capitalismo racial, fazendo a ligação entre as lutas de ontem e as de hoje e desenvolvendo especulações sobre os mundos vindouros carregam uma esperança radical. [...] O estado de guerra permanente põe o planeta em perigo. A guerra contra as mulheres, os negros, as pessoas trans, as pessoas queer, os pobres, está se intensificando. O militarismo mais implacável está de volta. Contra essa destruição programada, temos o direito de nos defender. [...].

 

TRATOS DA ARTE DE PERNAMBUCO, DE JOSÉ CLÁUDIO

[...] Quero prevenir o leitor de que abrirei um espaço enorme para citações, intervindo às vezes, inclusive, com mais citações. Pode me chamar de compilador. Já dizia Buda que mostrar vale mais do que explicar cem vezes. Não há também da minha parte a preocupação de não ser enfadonho: ninguém vai começar a gostar deste assunto a partir deste simulacro [...].

Trecho extraído da obra Tratos da arte de Pernambuco (STCE, 1984), do pintor, desenhista, gravador, escultor, crítico de arte e escritor José Cláudio (1932-2023), um dos criadores do Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte Moderna do Recife (SAMR), do qual publicou a obra Memória do Ateliê Coletivo (1978). Veja mais aqui & aqui.

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ENTRE LINHAS & CORES A LUZ VIBRA NA SAUDADE – A ARTE DE MÁRCIA GEBARA

Veja a entrevista de Márcia Gebara aqui e mais de sua arte aqui & aqui.

 

ITINERARTE – COLETIVO ARTEVISTA MULTIDESBRAVADOR:

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Crônica de amor por ela aqui.


 


KALIANE BRADLEY, CAROLINA SAMPAOLI, SALLY JOHNSTON & ORIANA DUARTE

  Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som de Low End (Live Big Ears Festival 2022), Tornasol (2021), Campos Flotantes (2024), Sinfonía Isleña (...