CRÔNICA
DE AMOR POR ELA: FONTE - Quando
o dia amanhece em seu sorriso, tudo é festa mais que sou do meio dia, tudo vibra
de eclosão na natureza, tudo brota antes árido sertão. É nela que faço meu
canto e minha poesia, porque dela é a terra que se faz mar fecundo pra me
inundar do verde ao azul por inteiro como amargo para descobrir o doce que não
tenho: o prazer que não sou para me dar o que nem mereço. E o meu prazer é ela
me comendo aos poucos pelos bagos soltos da jaqueira que lhe servisse ao
paladar da predileção. E já posso ver o Sol nascer entre os seus seios pra
pulsar de emoção minha planície mais que versátil de assimetria, emergindo meu
vulcão da mais longínqua freguesia pra fremir na maior erupção. É aí no seu
colo que se faz nascente para ser tão grande quanto queira e são meus seus
dotes que me fazem vivo entre suas mãos, quando ela prefere a noite por
trazerem respostas pras nossas mais loucas aventuras. E quando a manhã se faz
plena no seu ventre mais que solaçoso sou adulto mais que rijo tão viril nessa
fonte inesgotável de prazer. (Luiz Alberto Machado).
VEJA MAIS CRÔNICA DE AMOR POR ELA:
DESEJO QUANDO TE VI
ARDÊNCIA
PICADINHO
Imagem: Lady Love (A namorada), do poeta francês Paul Éluard (1895-1952), poema traduzido por José Paulo Paes.
Está
de pé nas minhas pálpebras,
Seus
cabelos estão nos meus,
Tem
a forma de minhas mãos
E
tem a cor dos meus olhos.
Desaparece
em minha sombra
Como
pedra atirada ao céu.
Está
sempre de olhos abertos
E
não me deixa mais dormir.
Os
seus sonhos, em plena luz,
Fazem
os sóis se evaporar,
Me
fazem rir, chorar, rir
Falar
sem ter nada a exprimir.
(Veja mais
aqui).
Curtindo a cantata Carmina
Burana (Canções da Benediktbeuern, 1935/36),
do compositor alemão Carl Orff
(1905-1982), com Beverly
Hoch, Stanford Olsen, Mark Oswald, Iwan Edwards, Face Treble Choir, Chœur de
l'Orchestre Symphonique de Montréal, Orchestre Symphonique de Montréal. Veja mais aqui.
EPÍGRAFE
– Stercus cuisque suum bene olet, adágio latino citado pelo jurista,
político, filósofo e humanista francês Michel de Montaigne (1533-1592),
que se traduz: para cada qual o seu estrume cheira bem. Veja mais aqui, aqui e
aqui.
O
AMOR & O SEXO – No
livro O homem, a mulher a natureza (Record, 1958), do filósofo e
escritor inglês Alan Wilson Watts (1915-1973), encontro que: [...] O amor sexual é, acima de tudo, o modo mais
intenso e dramático através do qual um ser humano estabelece união e relação
consciente com alguma coisa que lhe é exterior. e, além disso, no homem, a mais
vívida das expressões habituais de sua espontaneidade orgânica, a ocasião mais
positiva e criadora de seu entusiasmo por alguma coisa fora do domínio de sua
vontade consciente [...] O resultado
do amor é um anticlímax somente quando o clímax foi provocado e não apenas
recebido. Mas quando toda a experiência é recebida, o resultado chega à pessoa
em um mundo maravilhosamente modificado e, não obstante, inalterado, tanto
espiritual como sexualmente, pois a mente e os sentido não têm mais, então, de
se abrir, por já estarem naturalmente abertos, e parece que o mundo divino não
é outro senão o mundo quotidiano. [...] A
pessoa é, assim, transportada do mundo do tempo do relógio para o do tempo
real, onde os eventos vêm e vão em sucessão espontânea, controlados por si
próprios e não pela mente. Assim como o cantor consagrado não canta uma canção,
mas deixa que ela mesma se cante através de sua voz – pois de outra forma ele
perderia o ritmo e forçaria o tom -, o curso da vida deve acontecer por si
próprio, com uma continuidade em que o ativo e o passivo, o interior e exterior
são os mesmos. Assim, encontramos, finalmente, o verdadeiro lugar do homem na
natureza [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
O
AMOR NOS TEMPOS DO CÓLERA
– No livro O amor nos tempos do cólera (Record, 1985), do escritor colombiano Gabriel
García Márquez (1927-2014) destaco o trecho: [...] as mulheres se guardavam do sol como de um contágio indigno [...] Seus amores eram lentos e difíceis,
perturbados amiúde por presságios sinistros, e a vida lhes parecia
interminável. Ao anoitecer, no instante opressivo da passagem para as sombras,
subia dos pântanos um turbilhão de pernilongos carniceiros, e uma branda
exalação de merda humana, cálida e triste, revolvia no fundo da alma a certeza
da morte. [...] a memória do coração
elimina as más lembranças e enaltece as boas e que graças a esse artificio
conseguimos suportar o passado [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.
DOS
CARMINA BURANA - No
livro Poesia erótica em tradução
(Companhia das Letras, 2006), reunida e traduzida pelo poeta, tradutor, critico
literário e ensaísta José Paulo Paes
(1926-1998), encontro a Canção 86 dos Carmina Burana: Não tateio / o por que anseio; / olho-te em cheio / sem receio / nem
rodeio / e o que saboreio / me fascina. / Experimenta, menina, / o membro
viril, / quando já senil, / é fraco, vil; / se ainda juvenil, / é papa-fina, /
um utensilio / nímio, / exímio, / ágil, / grácil, / cálido, / válido, / gentil,
/ febril, / varonil / e coisas mil. / Após calor / celeste frescor / após
verdor / alvejante flor / após candor / tem doce odor / a bonina. / Experimenta,
menina... Veja mais aqui e aqui.
ACIMA
DE QUALQUER SUSPEITA –
Entre os poemas do poeta, tradutor, critico literário e ensaísta José Paulo Paes (1926-1998), destaco
Acima de qualquer suspeita: a poesia está morta / mas juro que não fui eu / eu até que
tentei fazer o melhor que podia para salvá-la / imitei diligentemente augusto
dos anjos paulo torres carlos drummond de andrade manuel bandeira murilo mendes
vladimir maiakóvski joão cabral de melo neto paul éluard oswald de andrade guillaume
apollinaire sosígenes costa bertolt brecht augusto de campos / não adiantou
nada / em desespero de causa cheguei a imitar um certo (ou incerto) josé paulo
paes poeta de ribeirãozinho estrada de ferro araraquarense / porém
ribeirãozinho mudou de nome a estrada de ferro araraquarense foi extinta e josé
paulo paes parece nunca ter existido nem eu.
Veja mais aqui e aqui.
APOCALIPSE
1.11 – A peça Apocalipse 1.11, do escritor,
roteirista, dramaturgo e cineasta Fernando
Bonassi, traz o Apocalipse de São João, da Bílblia, envolvendo o público
que segue os personagens por vários espaços do local num percurso que termina
com a opção dessa dramaturgia pelo humanismo em lugar da revelação divina. A
peça completa a trilogia bíblica do autor, seguindo Paraiso Perdido e O livro
de Jó. Tive oportunidade de conferir uma das apresentações no antigo prédio do
DOPS, no Rio de Janeiro, em 2002, com direção de Antonio Araújo e destaque para
atuação da atriz Mariana Lima. Veja mais aqui.
A
FONTE DA DONZELA – O premiadíssimo
drama A fonte da donzela (Jungfrukällan,
1059), do dramaturgo e cineasta sueco Ingmar
Bergman (1918-2007), conta uma história situada na Suécia medieval, um conto de vingança
impiedosa sobre a resposta de um pai para o estupro e assassinato de sua filha,
questionando a moral, justiça e crenças religiosas. O destaque é duplo para as
atrizes suecas Birgitta Valberg (1916 - 2014) e Birgitta Pettersson. Veja mais aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
Coreografia de Maurice Béjart (1927-2007) para o Kabuki do Balé de Tóquio.
DEDICATÓRIA
TODO
DIA É DIA DA MULHER
Veja as homenageadas aqui.