
CONFIRA MAIS CRÔNICA DE AMOR POR ELA:
PICADINHO
Imagem: Nu, do artista plástico Washington
Maguetas.
Curtindo o álbum duplo O som de Almeida Prado (Unirio, 2000),
reunindo a obra do compositor e pianista José Antônio Rezende de Almeida
Prado (1943-2010). Veja mais aqui.
EPÍGRAFE
– Ninguém
pode entrar duas vezes no mesmo rio, pois quando nele se entra novamente não se
encontra as mesmas águas, e o próprio ser já se modificou. Assim, tudo é regido
pela dialética – a tensão e o revezamento dos opostos. Portanto, o real é
sempre fruto da mudança, ou seja, do combate entre os contrários. Pensamento recolhido do filósofo grego pré-socrático Heráclito de Êfeso, que viveu entre os VI e V séculos, solitário
desdenhoso e desprezador da azáfama vulgar, de caráter altivo, misantrópico e
melancólico, desprezando a plebe e recusando-se a intervir na política, contra
a religião, os poetas e filósofos do seu tempo. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A EDUCAÇÃO – No
texto A filosofia da educação e o
problema da inovação em educação (Cortez, 1980), do filósofo e pedagogo Dermeval Saviani, encontro a sua reflexão expressa no
trecho: A concepção “humanista” moderna
abrange correntes tais como o Pragmatismo, Vitalismo, Historicismo,
Existencialismo e Fenomenologia. Diferentemente da concepção tradicional,
esboça-se uma visão de homem centrada na existência, na vida, na atividade. Não
se trata mais de se encarar existência como mera atualização das
potencialidades contidas “a priori” e definitivamente na essência. Ao
contrário; a existência precede a essência. Já não há uma natureza humana ou,
dito de outra forma, a natureza humana é mutável, determinada pela existência.
Na visão tradicional dá-se um privilégio ao adulto, considerado o homem
acabado, completo, por oposição à criança, ser imaturo, incompleto. Daí que a
educação se centra no educador, no intelecto, no conhecimento. Na visão
moderna, sendo o homem considerado completo desde o nascimento e inacabado até
morrer, o adulto não pode se constituir em modelo. Daí que a educação passa a
centrar-se na criança (no educando), na vida, na atividade. Admite-se a
existência de formas descontinuas de educação. E isso em dois sentidos: num
primeiro sentido (mais amplo) na medida em que, em vez de se considerar a
educação como um processo continuado, obedecendo a esquemas pré-definidos,
seguindo uma ordem lógica, considera-se que a educação segue o lógico; num
segundo sentido (mais restrito e especificamente existencialista), na medida em
que os momentos verdadeiramente educativos são considerados raros, passageiros,
instantâneos. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
DAS MIL E UMA NOITES – O Livro das mil e uma noites
(Globo, 2005), traduzido por Mamede Mustafa Jarouche, é uma coleção de
histórias e contos populares oriunda do Oriente Médio e do sul da Ásia,
compiladas em língua árabe a partir do século IX, incluindo o folclore indiano,
árabe e persa. Na obra encontro o seguinte trecho: [...] depois que o irmão saiu para a caçada, ele ficou no palácio: olhando
pela janela e pensava na esposa e no que ela fizera contra ele; suspirou
profundamente, o semblante dominado pela tristeza. Enquanto ele, assim absorto
em seus pensamentos e aflições, ora contemplava o céu, ora percorria o jardim
com olhar merencório, eis que a porta secreta do palácio de seu irmão se abriu,
dela saindo sua cunhada: entre vinte criadas, dez brancas e dez negras, ela se
requebrava como uma gazela de olhos vivos [...] Assentaram-se sob o palácio, arrancaram as roupas e eis que se
transforam em dez escravos negros e dez criadas, embora todos vestissem roupas
femininas: os dez agarraram as dez, enquanto a cunhada gritava: “Masud! Ó
Masud!”; então um escravo negro pulou de cima de uma árvore ao chão e
imediatamente achegou-se a ela; abriu-lhe as pernas, penetrou entre suas coxas
e caiu por cima dela. Assim ficaram até o meio dia: os dez sobre as dez e Masud
montado na senhora. Quando se satisfizeram e terminaram o serviço, foram todos
se lavar; os dez escravos negros vestiram trajes femininos e misturaram-se às
dez moças, tornando-se, aos olhos de que os visse, um grupo de vinte criadas.
Quanto a Masud, ele pulou o muro do jardim e arrepiou caminho. As vinte
escravas, com a senhora no meio delas, caminharam até chegar à porta secreta do
palácio, pela qual, entraram, trancando-a por dentro e indo cada qual cuidar da
sua vida. [...]. Veja mais aqui.
FIGURA DE DANÇA – No
livro Poesia (Hucitec/EdUnB, 1983), do poeta, músico e crítico literário estadunidense Ezra Pound (1885-1972), organizado por Augusto de Campos, encontro o belo poema Figura de
dança: De olhos escuros, / ó mulher de
meus sonhos, / de sândalo e marfim, / não há nenhuma igual entre as dançarinas,
/ nenhuma com pés rápidos. / Não te encontrarei nas tendas / na escuridão
amortecida. / Não te encontraria junto à nascente / entre as mulheres com seus
cântaros. / Como um renovo sob a cortiça são teus braços; / tua face é como um
rio com luzes. / Alvas como a amêndoa são tuas espáduas; / como amêndoas
recentes desnudadas da casca. / Não te defendem com eunucos / nem como barras
de cobre. / Ouro-turquesa e prata estão no lugar do teu repouso. / Uma escura
veste, com fios de outro em frisos / colheste ao teu redor, / Ó Nathat-Ikanae,
“Árvore-ao-pé-do´rio”. / Como um regato entre o junco são tuas mãos sobre mim;
/ teus dedos uma gélida corrente. / Tuas servas são tão alvas como seixos. /
Ah! Sua música ao teu redor. / Não há nenhuma igual entre as dançarinas, /
nenhuma com pés rápidos. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A CLEÓPATRA DE ALFIERI – Depois de uma dilacerante desilusão amorosa, o poeta e dramaturgo
italiano Vittorio Alfrieri
(1749-1803), passa por uma série crise existencial, de que se liberta como
autor de uma peça trágica em cinco atos, Cleopatra (1775), quando também se
dedica à literatura. A partir de então ele passa a ser representativo de toda a
conflituosa expressão intelectual da nobreza europeia decadente, ante os
primeiros sinais da revolução burguesa. Como poeta, soube temperar a paixão com
disciplina clássica, notabilizando-se especial no soneto, que são de fisionomia
própria e caráter marcadamente confessional. Mas é como autor dramático que ele
vai revelar a natureza agitada e contraditória de seu talento, comunicando um
conteúdo patriótico e libertário, uma moral que, sem exagero, se pode chamar
severa. Republicano um tanto assustado com a marcha das multidões, e
aristocrata orgulhoso em busca de uma ilimitada liberdade pessoal, escreveu
dezessete tragédias, entre as quais se destacam Virginia (1777), Mirra (1784),
Merope (1782), Agamennone (1776), Oreste (1777) e Saul (1782). Veja mais aqui.
OSCAR E LUCINDA – O drama e romance Oscar and
Lucinda (Uma história de amor, 1997), dirigido por Gilian Armstrong e
baseado no romance homônimo de Peter Carey, conta a história ocorrida na
Austrália do século XIX, quando um pastor anglicano que é jogador impulsivo
encontra a sua alma gêmea, uma herdeira de imensa fortuna e também viciada em
jogo. Ambos, sonhadores e apaixonados, não se encaixam nos moldes da moral
vitoriana da época e farão uma aposta que mudará suas vidas para sempre. O destaque
fica por conta da interpretação da premiada atriz australiana Cate Blanchett. Veja mais aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo estadunidense Alfred Cheney Johnston [1885-1971]
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à cantora Myrna Araújo.
TODO
DIA É DIA DA MULHER