Veja mais aqui.
PICADINHO
Imagem: Nua, do artista plástico Ângelo Cantú (1881-1955).
Curtindo o dvd Live in Paradise (Roadrunner
Records/8ft Records, 2005), da banda estadunidense The Dresden Dolls,
que desenvolve um estilo cabaré punk brechtiano denominado Cabaré
Dark, formado por Amanda Palmer (vocal e piano) e Brian Viglione (bateria,
guitarra e vocal).
EPÍGRAFE – Panem
et circenses, frase latina recolhida de uma das sátiras do poeta e retórico
romano Juvenal (Décimo Júnio Juvenal – 55-127), que significa
pão e circo, censurando a preocupação da plebe romana com a ociosidade.
Lourenzo de Médici o Magnifico dizia: Pão
e festejos conservam o povo tranquilo. Também o
escritor, dramaturgo e filósofo iluminista francês Voltaire (François Marie Arouet/1694-1778), escreveu em 1870, numa
carta para Mme. Necker que, na França, tinha sido suprimido o pão dos romanos e
conservado o circo, isto é, a Ópera-Cômica. Já o padre Lopes Gama, em uma das edições do periódico O carapuceiro (1837),
comentava assim a situação do Brasil durante a regência: Nós vamos muito mal porque não se tem cuidado em tornar-nos
industriosos e morigerados. Os antigos romanos, quando se corromperam e
relaxaram, só pediam panem et circenses – comer e festanças. Nós hoje só
queremos viver de empregos públicos e que muitos trabalhem para nós
desfrutarmos. Viver da nossa própria indústria é uma ideia que muito nos
desanima. Veja mais aqui e aqui.
HELOISA – A jovem bela e culta Heloisa
de Paráclito (ou de Argenteuil – 1090-1164), sobrinha do cônego Fulber,
contava com dezessete anos quando passou a ser aluna do célebre filósofo e teólogo escolástico
francês Abelardo. Ambos se envolveram em uma paixão carnal, tornando-se
amantes. Ao ficar grávida, ele resolve encerrar sua carreira religiosa e
desposá-la. A família opôs-se ao casamento sentindo-se traída pela confiança
depositada no mestre. O escândalo resultou em maledicências contra Heloisa,
fato que levou os amantes a se casarem secretamente e, posteriormente, nascer o
filho Astrolábio. Como vingança, o cônego contratou sicários para que
castrassem o professor, levando-o a uma vida encerrada num mosteiro. Ela, por
sua vez, resolveu entrar para o convento de Paracleto, em Argenteuil,
tornando-se priora e vivendo na clausura por mais vinte e dois anos, quando
passa a ser uma escritora e erudita abadessa francesa. Com a morte dele, ela o
sepultou, sob a jura de que, quando morresse, fosse enterrada ao lado dele. O túmulo de ambos se encontra no
cemitério de Père-Lachaise, em Paris. A história desse amor está contada no
filme Em nome de Deus (Stealing heaven, 1988). Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui
e aqui.
MÁXIMAS
& MÍNIMAS DO BARÃO –
Entre as Máximas e mínimas do barão de Itararé (Record, 1985), do Barão de
Itararé, pseudônimo do jornalista e articulista Apparício Fernando de
Brinkerhoff Torelly (1895-1971), encontro a narrativa O uísque: Eu tinha doze garrafas de uísque na minha adega e
minha mulher me disse para despejar todas na pia, porque se não... - Assim
seja! Seja feita a vossa vontade, disse eu, humildemente. E comecei a
desempenhar, com religiosa obediência, a minha ingrata tarefa. Tirei a rolha da
primeira garrafa è despejei o seu conteúdo na pia, com exceção de um copo, que
bebi. Extraí a rolha da segunda garrafa e procedi da mesma maneira, com exceção
de um copo, que virei. Arranquei a rolha da terceira garrafa e despejei o
uísque na pia, com exceção de um copo, que empinei. Puxei a pia da quarta rolha
e despejei o copo na garrafa, que bebi. Apanhei a quinta rolha da pia, despejei
o copo no resto e bebi a garrafa, por exceção. Agarrei o copo da sexta pia,
puxei o uísque e bebi a garrafa, com exceção da rolha. Tirei a rolha seguinte,
despejei a pia dentro da garrafa, arrolhei o copo e bebi por exceção. Quando
esvaziei todas as garrafas, menos duas, que escondi atrás do banheiro, para
lavar a boca amanhã cedo, resolvi conferir o serviço que tinha feito, de acordo
com as ordens da minha mulher, a quem não gosto de contrariar, pelo mau gênio
que tem. Segurei então a casa com uma mão e com a outra contei direitinho as
garrafas, rolhas, copos e pias, que eram exatamente trinta e nove. Quando a
casa passou mais uma vez pela minha frente, aproveitei para recontar tudo e deu
noventa e três, o que confere, já que todas as coisas no momento estão ao
contrário. Para maior segurança, vou conferir tudo mais uma vez, contando todas
as pias, rolhas, banheiros, copos, casas e garrafas, menos aquelas duas que
escondi e acho que não vão chegar até amanhã, porque estou com uma sede louca... Veja mais
aqui.
MEU
POEMA – Entre os poemas
da poeta e professora Claudia Pastore,
destaco o seu Meu poema: Cada vez mais e
mais / Eu te vejo mais / Orgânico / Mais azul / Quisera saber / O porquê / A
razão / Me destes a cor / és todo azul / Azul que incendeia / Azul que inebria
/ Azul que mete medo / Não és o mar / Tão pouco o céu / Lugares-comuns / Pra um
azul / Tão azul / És um azul inteiro / Um azul que tenho / Tinteiro que jorra /
E que cai pelo ar / Calor que conduz / Sangue pisado / Difícil e doce / Mormaço
melaço / És a poesia / Que fala do azul / E que não encontra / No azul / O
todo-você / Que é assim / Só pra mim / Azul / Ao sul / Do meu ser / Azul / Que
passa / Brilhando / Por todo o meu corpo / Mas todo, inteirinho... / O meu
corpo nu. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A
DIVINA MELPOMÈNE –
Chamada por Voltaire como a Divina Melpomène, a atriz francesa Claire-Leris Josephus, que adotou o pseudônimo de Mademoiselle
Clairon, e atendendo pelo apelido da mãe Bugle (1723-1803), foi uma
das maiores atrizes do seu tempo. Registrada em suas memórias, ela relata o
abuso da mãe que a queria por costureira, fugindo de casa para entrar no
teatro. começou na Comédia-Italienne, em 1736, com a idade de treze anos, sendo
contratada um ano depois no em Rouen, onde permaneceu e se envolveu com um
pretendente que, posteriormente desprezou e que ele, por vingança, publicou um
panfleto rude contando a sua vida e costumes íntimos. Ela se muda e vai para a
Comédie-francesa, em 1743, estreando como Phaedra, de Jean Racine, obtendo
sucesso. Por conta disso, tornou-se rival implacável da Mademoiselle Dumesnil,
nascendo uma rivalidade sem precedentes, sendo presa após uma conspiração entre
atores. Retorna ao teatro em 1770, para representar Hipermmnestra, de Lemierre,
na corte. Escreveu um livro sobre a liberdade da França, envolvendo-se com o
conde de Valbelle, em 1773, até vê-se envolvida por um jovem perdidamente
apaixonado por ela, levando-a para seu principado. Retorna à Paris, na véspera
da revolução, afundada na miséria. Veja mais aqui.
O
DESESPERO DE VERONIKA VOSS
– O premiado drama O desespero de
Veronika Voss (Die Sehnsucht der
Veronika Voss, 1982), do cineasta alemão Rainer Werner Fassbinder
(1945-1982), é baseado livremente na carreira da atriz Sybille Schmitz por de
uma história que ocorre numa cidade alemã no ano de 1955, em que uma ex-estrela
de cinema é protegida pelos nazistas e que sofre com a interrupção da carreira
pela derrota do regime após o término da Segunda Guerra Mundial. Viciando-se em
morfina, envolvendo-se com um jornalista que, durante o namoro, procura
investigar a razão do seu internamento, sem saber que está colocando-a num
perigo mortal. O destaque do filme é para a atriz alemã Rosel Zech (1942-2011). Veja mais aqui, aqui e aqui.
IMAGEM DO DIA
A arte de Demócrito Borges. Veja mais aqui.
DEDICATÓRIA
A edição de hoje é dedicada à cantora,
compositora & educadora Isabela
Morais & Brisas da Isa (foto: Fernando Lemos).
E veja mais Tolinho & Bestinha, Emmanuelle
Seigner, Radamés Gnatalli, Anton Tchekhov, Germaine Greer, Linda Buck, Clóvis
Graciano &
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