A VIDA É PLENA E É O QUE
SOU - Imagem: The sweetness of the Sun, art by Leonid Afremov. Amanheço com o esplendor aos olhos vivos que
saíram da noite para o dia e tudo se revela em sua expressão. Vou do Leste com o
seu alvorecer, íntegro filho de sua emanação e sou como o canto no voo dos
pássaros em festa, o desabrochar das flores pras cores dos quintais e campos, o
desaguar das correntes pras cachoeiras que me levam pros rios que são da fonte
do sou, pra chuva que lava o chão pros córregos dos meus olhos emocionados com
a plenitude de tudo e os seres da vida de todos os ninhos e a vida é plena e é
o que sou. Contemplo ao meu redor toda a radiante chegada do seu verão e me
sinto íntimo na realização de tudo porque sou do chão as pedras, frutos das
árvores, os seres de todas as espécies e das águas que se vão de mim pros mares
e oceanos, e a vida é plena e é o que sou. Sou do ar de todos os ventos e
nuvens que vão de um lado a outro e voltam na brisa que me faz vivo a cada
instante por todas as constelações e mundos na imensidão do que sou pra ser
muito mais. Sou do fogo a luz que me ilumina do infinito e queima dentro de mim
como chama acesa que sabe os raios e cometas e constelações que me incendeiam além
de todas as manifestações da vida plena e é o que sou. Sou do Leste de todas as
manhãs a alvorada de todos os dias, cônscio e grato por viver e seguir o
trajeto matutino até o entardecer a levar até o Oeste a chama pro outro lado e
sei que não fiquei sozinho na noite escura porque sou as estrelas que surgem no
céu de todos os mundos e refletem em mim a luz para nascer um novo amanhã que
sou e sei porque é eterno o fogo que brilha dentro de mim e a vida é plena e é
o que sou. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
A NATUREZA DO ESPAÇO
A ordem global busca impor, a todos os lugares, uma única racionalidade.
E os lugares respondem ao Mundo segundo os diversos modos de sua própria
racionalidade. A ordem global serve-se de uma população esparsa de objetos regidos
por essa lei única que os constitui em sistema. A ordem local é associada a uma
população contígua de objetos, reunidos pelo território e como território,
regidos pela interação. No primeiro caso, a solidariedade é produto da
organização. No segundo caso, é a organização que é produto da solidariedade. A
ordem global e a ordem local constituem duas situações geneticamente opostas,
ainda que em cada uma se verifiquem aspectos da outra. A razão universal é
organizacional, a razão local é orgânica. No primeiro caso, prima a informação que,
aliás, é sinônimo de organização. No segundo caso, prima a comunicação. A ordem
global funda as escalas superiores ou externas à escala do cotidiano. Seus
parâmetros são a razão técnica e operacional, o cálculo de função, a linguagem
matemática. A ordem local funda a escala do cotidiano, e seus parâmetros são a
co-presença, a vizinhança, a intimidade, a emoção, a cooperação e a socialização
com base na contiguidade. A ordem global é "desterritorializada", no
sentido de que separa o centro da ação e a sede da ação. Seu
"espaço", movediço e inconstante, é formado de pontos, cuja
existência funcional é dependente de fatores externos. A ordem local, que
"reterritorializa", é a do espaço banal, espaço irredutível (T. dos Santos,
1994, p. 75) porque reúne numa mesma lógica interna todos os seus elementos:
homens, empresas, instituições, formas sociais e jurídicas e formas geográficas.
O cotidiano imediato, localmente vivido, traço de união de todos esses dados, é
a garantia da comunicação. Cada lugar é, ao mesmo tempo, objeto de uma razão global
e de uma razão local, convivendo dialeticamente.
Trecho
extraído da obra A natureza do espaço:
técnica e tempo, razão e emoção (EdUsp, 2006), , do geógrafo e
professor Milton Santos
(1926-2001). Veja mais aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
A vida,
a terra, o homem & a bioética, Grande sertão: veredas, de João Guimarães Rosa, A condição humana
de Hannah Arendt, A cronologia pernambucana de Nelson Barbalho, Pau-Brasil de Oswald de Andrade, a poesia de Patativa de Assaré, a música de Elomar Figueira de Mello, a pintura
de Fernand Khnopff, Shere Crossman & Antonio Cláudio Mass aqui.
E mais:
O sol
nasce paratodos aqui.
A lição
de casa amanhecer, A lenda da origem do Solimões, a escultura
de Lorenzo Quinn, a música de Anne Schneider, a arte de Alice Soares, O lobisomem zonzo & Edla
Fonseca aqui.
Brincarte
do Nitolino, Hino ao Sol de Akhenaton, O fundador de Nélida Piñon, a música de Kitaro, Manifesto Pau-Brasil de Oswald de
Andrade, Medeia de Eurípedes, Belfagor: O arquidiabo de Nicolau Maquiavel, a
poesia de Percy Bysse Shelley, O dicionário do Aurélio, o cinema de François
Truffaut, a pintura de Otto
Lingner & Nina Kozoriz aqui.
Alvoradinha, o curumim caeté, a literatura de Lygia Fagundes Telles, a poesia de Manuel
Bandeira, o teatro de Qorpo Santo, Psicologia social: infância, imagem e
literatura, a pintura de Fernando Botero, a arte de Marilyn Monroe & Ashley
Judd, Jayne Mansfield, a
música de Roberto Carlos & O sabor da fonte de todos os gozos aqui.
Se um
dia o sonho da vez, Expressões
enganadoras de Gilbert Ryle, a poesia de Elizabeth Bishop, Os
nascimentos de Eduardo Galeano, a música
de Dandara & Paulo Monarco, a pintura de Carla Shwab & Lavinia
Fontana, a arte de Rosa Esteves & W. G. Collingwood aqui.
A vida
se desvela nos meus olhos fechados, Ensaios
filosóficos de John Langshaw Austin, a literatura de Dostoiévski & Georg
Eliot, a música de Mísia, a
fotografia de Edward Weston, Rico Lins
& Krzyzanowski Art, a arte de Top
Thumvanit & Stephanie Sarley aqui.
Carta de amor, Espécies naturais de Willard
Van Orman Quine, Madre Teresa de Calcutá, a música de Dori Caymmi, a literatura
de Alicia
Dujovne Ortiz, a arte de Henry
Monnier & Tanja Ostojić, a
fotografia de João Roberto Riper & Luciah Lopez aqui.
A fome e
a laranjeira, Princípios da filosofia do direito de Hegel,
O espírito de Romain
Rolland, O diário de Frida Kahlo, a música
de Bach & Janine Jansen, a fotografia de Sebastião Salgado, a xilogravura
de Fernando Saiki, a arte de David Padworny & Tempo de amar de Genésio Cavalcanti aqui.
Papo de Fabos, Escarafunchando
Friederich Perls, O castelo de Franz
Kafka, a literatura de Machado de Assis, a música do Discantus, a pintura de Renato Guttuso & Luba Lukova, a arte
de Carmela Gross & Paulo
Ito aqui.
Barulho
da miséria, Escritos lógico-linguisticos de Peter Strawson, a literatura de Baronne de Staal & Mary Shelley, a música de Shania Twain, a escultura de Ben Weily, a pintura de Anna Miarczynska, o grafite de Magrão
Bz, a arte de Fabio de Brito & a poesia de Livia De La Rosa aqui.
Repente
qualquer jeito para ver como é que fica, A servidão humana de Baruch de Espinoza, A tecnologia na
arte de Edmond Couchot, A vida antes do
homemd e Margaret Atwood, a música de Jackson do Pandeiro, a escultura
de Antonio Corradini, a fotografia de Nikolai
Endegor, a arte de Victoria Selbach & Leonel
Mattos aqui.
&
O PRESUMÍVEL CORAÇÃO DA AMÉRICA
[...] A memória da mulher encontra-se na Bíblia.
Ainda que não tivesse sido ela interlocutora de Deus. Esta memória encontrava-se
igualmente nos livros que não escreveu. Uma memória que os narradores usurparam
enquanto vedavam à mulher o registro poético de sua experiência [...]. Em algum
lugar dessa mulher, e unicamente ali, alojaram-se para sempre os espinhos das
intermináveis peregrinações humanas sobre a terra, sem os quais nenhuma obra de
arte teria sido escrita. Portanto a mulher bem pode proclamar, em nome do
legado que cedeu à humanidade, ser ela também a outra cara de Homero, de
Shakespeare, de Cervantes. [...].
Trechos da obra O
presumível coração da América (ABL/Topbooks, 2002), da
premiadíssima escritora e imortal da Academia Brasileira de Letras, Nélida
Piñon. Veja mais aqui e aqui.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.