UMA VEZ & TODAS AS VEZES - (Imagem:
foto AcervoLAM). - Era uma vez e eu sem saber de nada às fechaduras e olhares
atrevidos pelos combongós, clarabóias, basculantes, brechas por cima do muro no
galho da goiabeira e o afã de vê-la a intimidade no chão frio, a pele nua pro
vício infantil embaixo das saias e decotes robustos da minha solidão. Era uma
vez duas da tarde, aula cabulada na farda da menina que era a mocinha dos
sonhos domingueiros todo dia e ela mais inocente que a fruta ao alcance da mão
no quintal, desabotoava a blusa, levantava a saia às investidas impunes e
buliçosas pro gozo escondido atrás da porta do quarto escuro das taras juvenis.
Era uma vez duas ou três vezes, não mais que isso acertei na veia e o troféu no
festejo espatifado às cinzas e eu era senão precoce na vida, teimoso de sempre,
avexado que só e querendo tudo a errar demais da conta. Era uma vez duas quase
três não mais que isso mesmo e uma lá acertei na vida, aliás, pra falar a
verdade, nada deu certo, e deu certo assim mesmo, estou vivo porque quando era
uma vez e toda as vezes teimava em viver além muros, fronteiras, interdições, a
me valer de um super-homem reconhecendo o fracasso de ir adiante e às vezes mal
podia voar aos pinotes por estradas e asfaltos entre os canaviais, dali quanta diáspora
e o destino se desmanchava entre os dedos na confusão de ontens e amanhãs da
dança louca das horas efêmeras. Era uma vez e nunca mais degolado pela
burocracia dos experientes entre homúnculos e ensaios de gentes que se
atracavam, beijavam e abraçavam, se hostilizavam mutuamente dias e noites no ajuste
de contas e na tabela de preços pela feira das cabeças e reputações, com tudo
ao dispor em excesso e a assistir tudo sem acreditar na pequenez da pouca
vergonha e do mau-caratismo, quanta sujeição enojada e pulhas pendurados nos
bolsos dos outros tantos servis da grana, porque cada um só vale o vintém e o
que tem pra inveja dos outros sequazes, e eu que nunca tive nada, nunca fui
nada, me perdi pelos descaminhos que restavam de caminhos congestionados por
ganâncias, subornos e aleivosia, tudo perdido e esperança alguma no fim do
túnel, nem um acalanto apenas por alento ou uma balada que seja pra embalar o
muro à cabeça tantas vezes repetidas, um canto ao menos que dissesse vamos lá,
seque em frente, segura a onda, vai em paz pelo que sonhou e o que resta de
ilusão pra quem vai em voo solo no paradoxo da luz e da sombra, pisando em
falso, na ponta dos dedos, por batizados e sepultamentos, novidades
descartáveis, lançamentos obsoletos, jovens apodrecidas, limites superados,
saia-justa e sem graça pelas fotos desbotadas, figurino fora de moda, pontos de
vista e convicções, entretenimento da tevê ou jogo da vez do público e privado,
deslumbrado e assustado num xadrez que não se sabe qual tabuleiro, porque o que
antes era caso de polícia virou moda, é a última atualizada e nenhuma vez mais,
uma só que seja, pro perdão ou recomposição, quase mais nada do que sente ou
bate o coração, só festa e luxo entre escombros. © Luiz Alberto Machado. Veja
mais aqui.
DE EDUCAÇÃO, EMBRUTECIMENTO & EMANCIPAÇÃO
[...] a distância que a Escola e a sociedade
pedagogizada pretendem reduzir é aquela de que vivem e que não cessam de
reproduzir. Quem estabelece a igualdade como objetivo a ser atingido, a partir
da situação de desigualdade, de fato a posterga até o infinito. A igualdade
jamais vem após, como resultado a ser atingido. Ela deve sempre ser colocada
antes. A própria desigualdade social já a supõe: aquele que obedece a uma ordem
deve, primeiramente, compreender a ordem dada e, em seguida, compreender que
deve obedecê-la. Deve, portanto, ser já igual a seu mestre, para submeter-se a
ele. Não há ignorante que não saiba uma infinidade de coisas, e é sobre este
saber, sobre esta capacidade em ato que todo ensino deve se fundar. Instruir
pode, portanto, significar duas coisas absolutamente opostas: confirmar uma
incapacidade pelo próprio ato que pretende reduzi-la ou, inversamente, forçar
uma capacidade que se ignora ou se denega a se reconhecer e a desenvolver todas
as consequências desse reconhecimento. O primeiro ato chama-se embrutecimento e
o segundo, emancipação. [...].
Trecho da
obra O
mestre ignorante-cinco lições
sobre a emancipação intelectual (Autêntica, 2013), do filósofo e professor
francês Jacques Rancière. Veja mais aqui.
Veja
mais sobre:
Os cinco
prêmios do amor, A história social da criança e da família
de Philippe Ariès, Laços de família de Clarice
Lispector, a música de Egberto Gismonti, a pintura de Gustav
Klimt & Nelson Shanks aqui.
E mais:
A
família, entidade familiar, paternidade/maternidade e as relações afetivas aqui.
Origem da vida – de onde eu vim? &
Programa Tataritaritatá aqui.
Sexo,
sexualidade, educação sexual & orientação sexual para educação
materna/paterna aqui.
Vamos aprumar a conversa, Herzog de Saul Bellow, Ich de Arthur Schnitzler, a poesia de Ventura de la Vega, o
cinema de Rainer Werner Fassbinder & Barbara Sukowa, a pintura de Jasper Johns, a música de Quaternaglia & Dorothea
Röschmann aqui.
Brebotes nos clecks
arruelados, Padre Bidião, Doutor Zé Gulu & South Park,
Zé Bilola, Zé Corninho & Hussan Aref Saab aqui.
A arte
de Tammy Luciano aqui.
É
domingo nas mãos, A obra de arte & reprodução de Walter Benjamim, a poesia
de Ascenso Ferreira & Chico Buarque, Enciclopédia do Cinema Brasileiro de Fernão
Ramos e Luiz Felipe, a arte de Nora
Dorian, a pintura de Giuseppe
Cacciapuoti & Umberto Brunelleschi aqui.
Aprendendo
no compasso da vida, A psicologia social de Arthur Ramos, Sharon
& a sogra de Suad Amiry, o pensamento de Roger Bacon, a música de Nação
Zumbi, a pintura de Georges Ribemont-Dessaignes & Hans
Richter, Transhumance for Peace & a arte de Jiddu Saldanha aqui.
O dia
amanhece e é maravilhoso viver, o pensamento de Aristóteles, A literatura
brasileira de Afrânio Coutinho, o teatro de Françoise
Sagan & Catherine Deneuve, a música de Bach & Maggie Cole, A sinfonia pornográfica de Charles Baptiste, Arte
Yoga, a arte de Hannah Höch & Orly Faya aqui.
A
filharada de Zé Corninho, O homem, a mulher & a natureza de Alan Watts, Travessia marítima de Thomas Mann, O casamento de Anne
Morrow Lindbergh, o cinema de Rainer
Werner Fassbinder & Hanna Schygulla, a música de Charlotte Moorman, Emmanuelle Seigner, a arte de
Hansen Bahia & Attila Richard Lukacs aqui.
Quadrilha
das paixões mais intensas, Vaqueiros e Cantadores de Luís da Câmara
Cascudo, Terra de Caruaru de José Condé, a
poesia de cordel de Serrador, a música
da Orquestra Armorial & Cussy de
Almeida, a arte erótica de Roberto
Burle Marx, O casamento de Maria Feia de Rutinaldo Miranda Batista, a arte de Vermelho
& Severino Borges, a xilogravura de J. Miguel & Costa Leite aqui.
Entre
nós, vivo você, Cartilha do cantador de Aleixo Leite Filho,
a música de Sivuca, Cancão de Fogo de Jairo Lima, a poesia de Belarmino França, a arte de Lasar Segall & Luciah Lopez, a xilogravura de J. Borges & José Costa Leite aqui.
Dos
bichos de todas as feras e mansas, O romance da Besta Fubana de Luiz Berto, Cantadores
de Leonardo Mota, O martelo alagoano de Manoel
Chelé, o ativismo de, Brigitte Mohnhaupt, a escultura de Antoni Gaudí, a música do Duo Backer, a xilogravura
de J. Borges & a arte de Natalia Fabia aqui.
Fecamepa:
quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
Palestras:
Psicologia, Direito & Educação aqui.
A
croniqueta de antemão aqui.
Livros
Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda
de Eventos aqui.
AMORES IMPOSSÍVEIS: POR QUE
VOCÊ FAZ CINEMA?
Para chatear os imbecis
Para não ser aplaudido depois de sequências,
dó de peito
Para viver à beira do abismo
Para correr o risco de ser desmascarado pelo
grande público
Para que conhecidos e desconhecidos se
deliciem
Para que os justos e os bons ganhem dinheiro,
sobretudo eu mesmo
Porque de outro jeito a vida não vale a pena
Para ver e mostrar o nunca visto, o bem e o
mal, o feio e o bonito
Porque vi "simão no deserto"
Para insultar os arrogantes e poderosos
quando ficam como "cachorros dentro d'água" no escuro do cinema
Para ser lesado em meus direitos autorais.
Música Por que você faz cinema?, de Adriana
Calcanhoto & Joaquim Pedro de Andrade, integrante da trilha sonora do filme
Celeste
& Estrela (2005), dirigido por Betse de Paula, contando sobre a dificuldade de fazer cinema no
Brasil vivida por um casal, o funcionário público Estrela e a diretora Celeste,
que se amam enquanto procuram realizar um filme, cujo destaque fica por conta
da atuação da atriz Dira Paz. Música
extraída do álbum A Fábrica do Poema (Epic, 1994), da cantora e compositora Adriana Calcanhoto. Veja mais aqui,
aqui & aqui.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: a arte da artista plástica e arte educadora Zorávia Bettiol.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.