terça-feira, maio 23, 2017

O CAPITALISMO DE JOHN GRAY, O TEATRO DE HERMILO, A PINTURA DE NELINA MOSHNIKOVA & CIRCO ITINERANTE

CIRCO ITINERANTE - Hoje tem espetáculo? Tem sim, senhor! Às oito horas da noite? Tem sim, senhor. Pé na estrada, rumo afora, o circo chegou! Ora, vambora! A vida é uma bola que rola sem parar. Respeitável público! E a música ataca, tudo é luz, tudo é mistério. Tem gente pendurado em todo espaço e lugar. Não pode chover, se chover a festa vai acabar! Quem não foi é porque ficou, não sabe o que vai perder! Prossegue o desfile de abertura, saltimbancos, palhaçadas, viva o domador! A vida é um sonho a se realizar. As feras metem medo até quem está no poleiro! E todos caem na gaitada com o maior dos clowns mais fuleiro! A moça bonita e a equitação, a malabarista jeitosa em exibição, a magia e o ilusionismo, saltadores exímios! No picadeiro os funâmbulos e os uniformes impecáveis, tudo acontece ao rufar dos tambores! Todas as acrobacias, palhaços impagáveis nas presepadas passam por lutadores! Lá vem o engolidor de espadas e a mulher que cospe fogo! Tudo é um jogo, vale jogar, ganhar ou perder. A vida é uma escola pra se aprender. É hora da linda equilibrista e o pas de deux a cavalo, ou da bailarina formosa no arame e o globo da morte! Tudo é pantomina, do gongo ao badalo: tudo é sonho, tudo é real. A contorcionista que se enrola, o faquir por cima das brasas, ou a moça e o rapaz trapezista nas cordas, prontos pros saltos mortais! Tudo isso é bom demais! E toda zoada vai do começo ao fim das funções, quem viu, viu; quem não viu, não vê mais. A trupe sumiu num quadro de Chagall. Foram proutras plagas, estrearam noutro arraial. Tudo parece uma lenda de Picasso, ou atração de Ópera Bufa. Na hora do vamos ver não tussa, nem vá atrapalhar. Mas arriaram a lona e zarparam, ficou na memória iluminada tudo que mostraram. A vida é uma brincadeira, só vale mesmo é brincar. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui, aqui, aqui & aqui.

O CAPITALISMO DE JOHN GRAY
[...] A espécie humana expandiu-se a tal ponto que ameaça a existência dos outros seres. Tornou-se uma praga que destrói e ameaça o equilíbrio do planeta. E a Terra reagiu. O processo de eliminação da humanidade já está em curso e, a meu ver, é inevitável. Vai se dar pela combinação do agravamento do efeito estufa com desastres climáticos e a escassez de recursos. [...] Os seres humanos diferem dos animais principalmente pela capacidade de acumular conhecimento. Mas não são capazes de controlar seu destino nem de utilizar a sabedoria acumulada para viver melhor. Nesses aspectos, somos como os demais seres. Através dos séculos, o ser humano não foi capaz de evoluir em termos de ética ou de uma lógica política. Não conseguiu eliminar seu instinto destruidor, predatório. No século XVIII, o Iluminismo imaginou que seria possível uma evolução através do conhecimento e da razão. Mas a alternância de períodos de avanços com declínios prosseguiu inalterada. Regimes tirânicos se sucederam. A história humana é como um ciclo que se repete, sem evoluir. [...] A crença moderna na possibilidade de melhoria gradual acompanha uma visão da história bastante diferente daquela do mundo antigo. Na Grécia e em Roma, na Índia e na China, por exemplo, a história era compreendida em termos cíclicos como a ascensão e a queda de civilizações. Avanços na ética e na política eram reais e valia a pena lutar por eles, mas eles sempre seriam perdidos no curso das próximas gerações – enquanto o conhecimento pode crescer ao longo do tempo, o ser humano permanece o mesmo. As falhas inerentes e incuráveis do animal humano sempre prevalecerão em qualquer civilização avançada. Como eu coloquei no The silence of animals, a civilização é natural para os seres humanos – mas também é a barbárie. [...].
Trechos extraídos de Como viver juntos (Temporada, 2015), do escritor e filósofo britânico John Gray, autor da obra Falso amanhecer: os equívocos do capitalismo global (Record, 1998), na qual sustenta que as sociedades de todo o mundo estão sendo forçadas a participar de uma experiência de engenharia social com as falsas expectativas de um livre mercado libertador, em particular a idéia de que só quando se permite que o mercado opere sem qualquer controle governamental é capaz de trazer prosperidade e estabilidade. Para o autor, este culto ao livre mercado sem obstáculos - como é promovido pelo FMI e o Banco Mundial - resultará, na maior parte dos países, em um misto de anarquia e concentração de riqueza e irresponsabilidade, criticando duramente as políticas neoliberais e a desregulamentação do mercado tida para ele como irreversível e cruel, levando a uma efetiva destruição dos estados nacionais e a uma catástrofe social. Foi o que aconteceu em países como a Inglaterra e a Nova Zelândia, onde aumentaram a miséria, a insegurança, a delinquüência e até mesmo o índice de dissolução de casamentos.

Veja mais sobre:
Renascido da segunda morte, João Ternura de Aníbal Machado, Modernidade líquida de Zygmunt Bauman, Comunicação em prosa moderna de Othon Moacir Garcia, a música de Jacob de Haan, a charge de Andy Singer, a arte de Niki de Saint Phalle & Chris Cozen aqui.

E mais:
Em mim & Primeira Reunião, O anão de Pär Lagerkvist, Os últimos dias de Paupéria de Torquato Neto, a música de Camille Saint-Saëns & Waltraud Meier, A mais forte de August Strindberg, Gainsbourg de Joann Sfar & Lucy Gordon, a pintura de Carl Heinrich Bloch & a arte de Lena Nyman aqui.
Fecamepa & a corrupção ineivada aqui.
O culto da rosa & Crônica de amor por ela, As mil e uma noites, Figura de dança de Ezra Pound, A educação e o problema da inovação de Dermeval Saviani, a música de Almeida Prado, o pensamento de Heráclito de Êfeso, A Cleópatra de Vittorio Alfrieri, o cinema de Gilian Armstrong & Cate Blanchett, a fotografia de Alfred Cheney Johnston, a pintura de Washington Maguetas & a arte de Myrna Araújo aqui.
Eu te amo & Crônica de amor por ela, Filosofia da práxis de Adolfo Sánchez Vázquez, Futuro cidadão de José Craveirinha, A vida é um sonho de Calderón de la Barca, o cinema de Alejandro Amenábar & Nicole Kidman, a música de Laura Finocchiaro, a pintura de Darel Valença Lins, A pequena sábia, Rogério Manjate & a poesia de Moçambique, a arte de Fatima Maia, Doro & o dia de são nunca aqui.
Por você & Crônica de amor por ela, Do caos ao cérebro de Gilles Deleuze & Félix Guattari, a música de Khadja Nin, a poesia de Alexandre Dáskalos, Safo & Rodolfo Garcia Vázquez, a literatura de Erika Leonard James, a arte de Regina Silveira, O cinema de Sam Taylor-Wood & Dakota Johnson, a arte de Eduardo Schloesser & Kel Monalisa aqui.
Cobiça & Crônica de amor por ela, o pensamento de Buda, As moças de Montesquieu, A desconhecida de Ciro Alegría, A natureza de Lucrécio, a música de Magda Tagliaferro, A farsa quixotesca de Cervantes, o cinema de Vicente Escrivá & Millie Perkins, a arte de Jussanam Dejah, a pintura de Emerico Imre Toth & Charles Robert Leslie aqui.
Ponte sobre águas turvas & Crônica de amor por ela, Clara dos Anjos de Lima Barreto, A barca da América de Dario Fo, o teatro de Luigi Pirandello, Ciberarte de André Lemos, Presente de Regine Limaverde, o cinema de Bigas Luna & Aitana Sánchez, a fotogravura de Tracey Moffatt, a pintura de Rui Carruço, a música de Consuelo de Paula & Ana Terra aqui.
Poemas & canções da Crônica de amor por ela aqui.
Fecamepa: quando o Brasil dá uma demonstração de que deve mesmo ser levado a sério aqui.
Cordel Tataritaritatá & livros infantis aqui.
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TEATRO DE HERMILO BORBA FILHO
A peça teatral Sobrados e Mocambos (Civilização Brasileira, 1972), do escritor e dramaturgo Hermilo Borba Filho (1917-1976), é uma transposição cênica da obra homônima de Gilberto Freyre, mostrando a formação e declínio da sociedade patriarcal. A peça foi encenada pela Cia. Teatro de Seraphim, com direção de Antônio Cadengue. Veja mais aqui.

CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
Imagens: arte da pintora ucraniana Nelina Trubach Moshnikova.
Recital Musical Tataritaritatá - Fanpage.
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PATRICIA CHURCHLAND, VÉRONIQUE OVALDÉ, WIDAD BENMOUSSA & PERIFERIAS INDÍGENAS DE GIVA SILVA

  Imagem: Foto AcervoLAM . Ao som do show Transmutando pássaros (2020), da flautista Tayhná Oliveira .   Lua de Maceió ... - Não era ...