TUDO DELA PRA MIM - Imagem: arte da poeta,
artista visual e blogueira Luciah Lopez.
- Fui ao reino das palavras, encontrei seu ninho e sua fonte. Catei uma a
uma e as reuni como num quebra-cabeça, tentando expressar os mais completos
sentimentos e emoções. A cada frase colhida, em outra era refeita, muitas e
tantas emanações de sentidos, capazes de demonstrar aquilo que eu sentia e
queria falar. Ao cabo de horas e horas, muitas frases e tantos versos, o âmago
e a fala eram uma só: a busca da poesia. Quanto mais tempo dedicado, mais a
fala do íntimo se mostrava insuficiente, não bastava, queria mais e mais. Por
mais que traduzissem meus sentimentos e emoções, faltavam para completar o que
queria ser dito, talvez o indizível de cada ato, o subjacente a cada ação, a
plenitude do verbo. Palavras, versos, a fala e nenhuma delas capazes de
representar o tanto dela pra mim, incapazes de exprimir a plenitude do beijo
amante no encontro dos lábios, nem o abraço no abrigo dos sentimentos mútuos, nem
a entrega dos corpos na completude do amor. Se havia palavras e versos, ela era
a poesia inteira que eu precisava descobrir e ser capaz de apreender a carga
das emoções e sentimentos na sua feitura, no seu ser, e a cada releitura, uma
nova compreensão e outras complementares, nunca completa, algo escapava da
minha finitude. Mas a mim o privilégio de captar do que era dela naquele
instante, o que podia capturar nela no que é ela pra mim. Vi-me incapaz de
dizer e apreender tudo, nada se mostrava capaz de reproduzir o prazer que ela
me proporciona e me faz sonhar de olhos abertos. Porque ela me dá seus lábios
com o hálito da querência no batom sedutor que me lambuza a gula do sexo aceso,
e com seus braços me abriga como o agasalho de cobertor pra quem está morrendo
de frio, e seu corpo me entrega esquentando a alma e incendiando quereres, e
suas pernas se enroscam ao meu atrevido ímpeto de desfrutar o quinhão que mereço
pras degustações esbaldadas nas incursões mais íntimas do seu território
escancarado, pronto pras investidas do que sou inteiro e invasivo. É ela o vulcão
que incendeia minha volúpia e entra em erupção com a minha chegada consentida
ao porto de suas terras abundantes, dela se fazer Parsifae pra que eu me
tornasse o Touro de Poseidon na fúria dos seus desejos incontroláveis. E se fez
Beatriz para que eu qual Dante no céu e inferno de sua nudez paradisíaca, me
fizesse jardineiro escolhido para colher no jardim de suas praças abundantes, a
bela e rubra flor guardada pra mim no rubor do seu mais intenso e louco furor
de prazer. E se fez Dulcineia a me chamar por Quixote, ensinando caminhos por
seu agudo decote umbigo abaixo, pra que eu enfrente os moinhos do seu vestido e
descobrir entre as coxas roliças o seu mais precioso archote flamejante. E se
fez Maria pra que fosse João a levá-la atrás da moita com jeitinho galante, e
mais afoito meter-me embaixo da saia com os carinhos buliçosos pra ela ir pra
lua, olhos revirando e a pedir mais e de novo uma nova viagem sideral. É nela
que o reino das palavras expõe a fonte e todos os seus ninhos para que eu seja poeta
com todos os versos de sua carne e a cometer a poesia de sua alma conquistada
que é minha e só minha, como se dela pra mim tudo fosse ela e nela eu sou o que
é tudo dela pra mim. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
O LIVRO VERMELHO DE JUNG
[...] A imagem do mundo é a metade do mundo. Quem possui o
mundo, mas não sua imagem, possui só a metade do mundo, pois sua alma é pobre e
sem bens. [...] Quem possui a imagem do mundo possui a metade do mundo, mesmo quando
seu humano é pobre e sem bens [...] Meus
amigos, é sábio alimentar a alma, senão criareis dragões e demônios em vossos
corações [...] Eu devo também
elevar-me acima de meus pensamentos ao encontro de meu próprio si-mesmo. Para
lá vai minha viagem e, por isso, ela conduz para longe das pessoas e das
coisas, à solidão. [...] Nenhuma cultura do
espírito é suficiente para fazer de tua alma um jardim [...] A alma tem
seu mundo que lhe é próprio. Nele só entra o si-mesmo, ou a pessoa que se
tornou totalmente seu si-mesmo, que, portanto, não está nas coisas, nem nas
pessoas e nem em seus pensamentos [...] Uns preferem o
pensar e baseiam sobre ele a arte da vida. Exercitam seu pensar e sua cautela,
e perdem assim seu prazer. Por isso são velhos e têm o rosto severo. Outros
amam o prazer, exercitam seu sentir e vivenciar. Perdem assim o pensar. Por
isso são jovens e cegos. Os que pensam baseiam o mundo sobre o pensado, os
sensitivos, sobre o sentido. Tu encontras verdade e erro em ambos [...].
Trechos extraídos da obra O livro vermelho (Liber Novus
- Vozes, 2010), do psiquiatra e psicoterapeuta suíço Carl Gustav Jung (1875-1961), escrito
com texto caligráfico e diversas ilustrações do próprio autor, mantido inédito
até 2009. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
Os
feitiços da paixão, Ação cultural para liberdade de Paulo
Freire, A Poesia Viva do Recife, Aforismos de Oscar Wilde, Imã da Cia de Dança Corpo, a música de Yanto Laitano, a pintura de Ericka Herazo & Ernst Ludwig Kirchner, a arte de Steve
Justice & Larry Carlson aqui.
E mais:
Pensando
o ritual de Mario Perniola, Entre
nós de Emmanuel Lévinas, Teatro em
síntese de Maria Helena Kühner, a música de Sivuca & Orquestra
Sinfônica do Recife, Livro das Incandescências de Jaci Bezerra, a pintura de Emanuel
Leutze, Sexo com amor de Wolf Maia & Maria Clara Gueiros, a fotografia de Dorothea Lange & Programa
Tataritaritatá aqui.
A explosão do prazer no Recife, Paixão e razão de Gaston
Bachelard, A educação de Rubem Alves & John
Dewey, Matéria de poesia de Manoel de Barros, História da Literatura Ocidental
de Ottto Maria Carpeaux, Meu exílio de Luiz Ruffato, o frevo de Luiz Bandeira, O lixo de Marcelino
Freire & Quando o verso acaba de Armando Freitas Filho aqui.
Felicidade
clandestina de Clarice Lispector, o
pensamento de Raimond Bernard,
A interpretação dos sonhos de Sigmund
Freud, O saber & a liberdade Hilton Japiassu, Fundamento da
psicanálise de Horácio Etchegoyen, Interfaces psicanalíticas de Renato Mezan
& Técnica Psicanalítica de David Zimerman aqui.
A
administração e as organizações aqui.
A
corrupção come no centro e a gente é quem paga o pato sempre, O povo
brasileiro de Darcy Ribeiro, a fotografia de Sebastião Salgado & Depois da farra a corda só arrebenta pra
precipício dos que estão de fora aqui.
Há um
ano, a música de Ná Ozetti, a pintura de Fernando Rosa, a arte
de Luciah Lopez & Quem não sabe
ver é mais fácil de enrolar aqui.
A
velhice não é o fim do mundo, a poesia
de William Butler Yeats, a música
de Antônio Nóbrega & a fotografia de Spencer Tunick aqui.
A
criança em mim resiste, a música de John Cage & Martine Joste, a escultura de Valentim da Fonseca
e Silva, a fotografia de Marta María Pérez Bravo & Dê-me a sua mão, as minhas
são suas aqui.
Vamos
aprumar a conversa, O sono
interrompido de Arthur Schopenhauer, a
música de Catherine Ribeiro & a
arte de Natalia Goncharova aqui.
A vida
passa e a história se repete, a pintura de Alfredo Volpi, a literatura de
Edith Wharton, a música de Xheni Rroji, a pintura de Avigdor Arikha & a arte
de Gillian Leigh Anderson aqui.
&
A MÚSICA DE LÍVIO TRAGTENBERG
Entre as
muitas obras do premiado compositor e saxofonista Livio Tragtenberg, destaco o
álbum Pasolini Suite/ Hänsel Und Gretel Suite (Tratore,
1996), o livro Artigos musicais (Perspectiva, 1991), o livro/cd Música de Cena:
Dramaturgia Sonora (Perspectiva, 1999) e o álbum Através da janela (Demolições
Musicais, 2000), em parceria com Wilson Sukorski. O autor escreve música para
teatro, cinema, vídeo, dança e instalações sonoras, incluindo obras
instrumentais, sinfônicas, eletroacústicas e ópera.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na Terra:
me mata de prazer
na ponta da sua língua
___________
escreva seu poema obsceno
faça poesias e versos
pelo meu corpo
vira e revira até a exaustão e inscreva o seu gozo
na intimidade vermelha da minha carne(sua)
___________
escreva seu poema obsceno
faça poesias e versos
pelo meu corpo
vira e revira até a exaustão e inscreva o seu gozo
na intimidade vermelha da minha carne(sua)
Quinto dia, poema/arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez.
Recital Musical
Tataritaritatá - Fanpage.