sexta-feira, maio 05, 2017

A PROSA DE CARÍAS REYES, A ARTE DE JK CHILLAR & PENSARES DE LUCIAH LOPEZ

VOCÊ, PROCÊ, DOCÊ & NOCÊ: O QUERER DOS QUERERES ALÉM DA POSSESSÃO - Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez. - Você é a luz da rua dos meus dias, estrela guia que alumia a direção do meu céu, a promessa de rumo certo à felicidade. É o telhado que abriga a quem só sabe chuva e frio. Quando não é o terno carinho de sua presença, é o dia nascendo todo dia no seu sorriso de Sol. Procê quero ser mais que as alturas infindas que se escala ao prazer de alcançar o topo do desejo e de lá ser a paisagem do mundo conquistado no horizonte. E quero dar mais do que tenho ou o que sou, e serei sempre grato, dublê de senhor e súdito pra fazê-la a mais entre todas. Docê quero a colheita dos prazeres em todas as estações até irmos por todas as lonjuras de todos os pontos cardeais, convergindo à pletora dos antípodas. E quero o além do possível e o impossível que se faça inexistente escondido em você, no que é e que é de seu, quero tudo além da possessão, porque quero tudo que for seu, tamanha gula insaciável. Nocê quero estar em todo momento e situação, quero chover para adubar seus sonhos e prazeres e, se convier, quero crescer na sua carne como a raiz que brota pro tronco, galhos, folhas, flores e frutos, com todos os seus e meus quereres no tiro certeiro de acertar no ângulo, na veia, pra me servir a mancheia, cravado, bolas na caçada por toda sua lapa e dimensão até não dizer não, até dizer basta e nunca me bastará, pode crer. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.

VIDAS QUEBRADAS
Juan Francisco perdeu a cabeça quando viu Pancho Sosa tomar confiança com sua mulher. O rapaz estava descendo a encosta do monte, em direção à quebrada onde encontraria Leonor lavando roupa. [...] Uma onda de sangue inundou rapidamente a cabeça de Juan Francisco. De um salto transpôs a curta distância que o separava da margem do riacho e, rápido, certeiro, implacável, mergulhou toda a língua de aço, comprida e afiada, debaixo da omoplata do outro homem. [...] Leonor permaneceu paralisada pelo susto e Juan Francisco sentia o ódio que lhe crispava os músculos. Mas o outro já estava morto. – Ladrão de honras! Um ruidoso cacarejar produziu-se entre as demais mulheres que lavavam roupa ali perto. Dois ou três homens e alguns rapazes encontravam-se entre elas. Leonor, reagindo, sacudiu vigorosamente Juan Francisco. – Foge, foge depressa. Mas o marido, passada a espantosa tensão causadora do crime, caíra num relaxamento completo. Com olhos assombrados, via a sombra vermelha, cada vez maior; a cabeça do atrevido jazia dentro d’água, este pormenor aumentando o horror das testemunhas. Minutos depois, chegaram vários homens da aldeia e amarraram Juan Francisco pelos braços. – Agora vamos andando e não se atreva a querer fugir -, disse um deles. O criminoso estava longe de ter essa ideia. Algo semelhante a um raio o ferira; como se o enorme monte que via em frente se desmoronasse sobre ele, como se as águas turbulentas de uma cachoeira o arrastassem como uma mísera folha seca. Era assim que se sentia. Durante todo o percurso até à cidade, o preso não disse uma palavra. Os que o prenderam, gente da mesma aldeia, que o conheciam muito bem, respeitaram seu silencio e sua desorientação. Mudo, cabisbaixo, taciturno, transpôs o portal da cadeia. As grades de ferro fecharam-se hermeticamente às suas coisas. [...]
Trechos extraídos do conto Vidas quebradas (Cultrix, 1968), do escritor e diplomata hondurenho Marcos Carías Reyes (1905-1949).

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____ na borda da taça a marca de batom denuncia um falso beijo (quisera fosse na sua boca!) Ah, não tem nada não, é só mais um pensamento entre tantos que eu já nem sei mais se não é um delírio. O vinho é seco ao paladar, contudo, não há tristeza nem lamentos, pois ninguém pode pensar aquilo que lhe traz perturbações. Agora é noite... É silêncio nas imediações, e, me faço prisioneira de quilômetros de distância sem saber se hoje, amanhã ou depois vou poder descansar na paz que o seu riso me proporciona. Desconheço essa paz_____ desconheço e mesmo assim, sinto que minha alma parece querer perguntar-lhe algo. Como é possível? Como?! Se ao deitar-me, inerte entre os lençóis, os meus  pensamentos são seus?! Ah, o extraordinário vazio da noite vem rondar minha janela...
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