VOCÊ, PROCÊ, DOCÊ &
NOCÊ: O QUERER DOS QUERERES ALÉM DA POSSESSÃO - Imagem: arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez. - Você é a luz da rua dos meus dias,
estrela guia que alumia a direção do meu céu, a promessa de rumo certo à
felicidade. É o telhado que abriga a quem só sabe chuva e frio. Quando não é o
terno carinho de sua presença, é o dia nascendo todo dia no seu sorriso de Sol.
Procê quero ser mais que as alturas infindas que se escala
ao prazer de alcançar o topo do desejo e de lá ser a paisagem do mundo
conquistado no horizonte. E quero dar mais do que tenho ou o que sou, e serei
sempre grato, dublê de senhor e súdito pra fazê-la a mais entre todas. Docê quero a colheita dos prazeres em
todas as estações até irmos por todas as lonjuras de todos os pontos cardeais,
convergindo à pletora dos antípodas. E quero o além do possível e o impossível
que se faça inexistente escondido em você, no que é e que é de seu, quero tudo
além da possessão, porque quero tudo que for seu, tamanha gula insaciável. Nocê quero estar em todo momento e
situação, quero chover para adubar seus sonhos e prazeres e, se convier, quero
crescer na sua carne como a raiz que brota pro tronco, galhos, folhas, flores e
frutos, com todos os seus e meus quereres no tiro certeiro de acertar no
ângulo, na veia, pra me servir a mancheia, cravado, bolas na caçada por toda
sua lapa e dimensão até não dizer não, até dizer basta e nunca me bastará, pode
crer. © Luiz Alberto Machado. Veja mais aqui.
VIDAS QUEBRADAS
Juan Francisco perdeu a cabeça quando viu Pancho
Sosa tomar confiança com sua mulher. O rapaz estava descendo a encosta do
monte, em direção à quebrada onde encontraria Leonor lavando roupa. [...] Uma onda de sangue inundou rapidamente a
cabeça de Juan Francisco. De um salto transpôs a curta distância que o separava
da margem do riacho e, rápido, certeiro, implacável, mergulhou toda a língua de
aço, comprida e afiada, debaixo da omoplata do outro homem. [...] Leonor permaneceu paralisada pelo susto e
Juan Francisco sentia o ódio que lhe crispava os músculos. Mas o outro já
estava morto. – Ladrão de honras! Um ruidoso cacarejar produziu-se entre as
demais mulheres que lavavam roupa ali perto. Dois ou três homens e alguns
rapazes encontravam-se entre elas. Leonor, reagindo, sacudiu vigorosamente Juan
Francisco. – Foge, foge depressa. Mas o marido, passada a espantosa tensão
causadora do crime, caíra num relaxamento completo. Com olhos assombrados, via
a sombra vermelha, cada vez maior; a cabeça do atrevido jazia dentro d’água,
este pormenor aumentando o horror das testemunhas. Minutos depois, chegaram
vários homens da aldeia e amarraram Juan Francisco pelos braços. – Agora vamos
andando e não se atreva a querer fugir -, disse um deles. O criminoso estava
longe de ter essa ideia. Algo semelhante a um raio o ferira; como se o enorme
monte que via em frente se desmoronasse sobre ele, como se as águas turbulentas
de uma cachoeira o arrastassem como uma mísera folha seca. Era assim que se
sentia. Durante todo o percurso até à cidade, o preso não disse uma palavra. Os
que o prenderam, gente da mesma aldeia, que o conheciam muito bem, respeitaram
seu silencio e sua desorientação. Mudo, cabisbaixo, taciturno, transpôs o
portal da cadeia. As grades de ferro fecharam-se hermeticamente às suas coisas.
[...]
Trechos
extraídos do conto Vidas quebradas
(Cultrix, 1968), do escritor e diplomata hondurenho Marcos Carías Reyes (1905-1949).
Veja
mais sobre:
Que país
é esse, brasilsilsilsilsilsil?, Eduardo Galeano, Aos trancos & barrancos
de Darcy Ribeiro, Sérgio Porto & O samba do crioulo doido, Que país é esse
de Affonso Romano de Sant’Anna, Não Verás país nenhum de Ignácio de Loyola
Brandão, Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda, Ary Barroso, Juca
Chaves, Chico Buarque & Ruy Guerra, Flávio Rangel & Millôr Fernandes, Joyce
& Fernando Brant, Dias Gomes & Ferreira Gullar, Gonzaguinha & Ivan
Lins, Renato Russo, Claudia Alende, Mauro Duarte & Paulo César Pinheiro, Maurício
Tapajós & Aldir Blanc aqui.
E mais:
Alvorada, O
capital de Karl Marx, O desespero humano de Soren Kierkegaard, A construção do personagem de Constantin Stanislavski,
a literatura de Luiz Ruffato, Memória Musical Brasileira de Anna Maria Kieffer, a poesia de Miklós
Radnóti, o cinema de Ingmar Bergman & Harriet Andersson, as
ilustrações de Federico Fellini, a
pintura de Isabel Magalhães &
Programa Tataritaritatá aqui.
A poesia
digesta de Glauco Mattoso aqui.
Crônica de
amor, A República de Cícero, Marta Suplicy, Jornal da Besta
Fubana, Tolinho & Bestinha aqui.
A esfera
estética de Max Weber, Os olhos de cão
de Hilda Hilst, o teatro da crueldade de Antonin Artaud, a Literatura
Brasileira de Silvio Romero, a música
de Al Di Meola & Cynthia Makris, a
pintura de Ludovico Carracci, Lorna de Russ
Meyer & Barbara Popejoy, o cinema de James Griffith & Lorna Maitland, A ira explícita de Iramar
Freire Guimarães & Programa Tataritaritatá aqui.
O jacaré
e a princesa, A metafísica dos costumes de Immanuel Kant, Lolita de Vladimir Nabokov, O
simbolismo do Teatro de T. S Eliot, a música de Bach & Yehudi Menuhin, O joelho de Claire de Éric
Rohmer, a pintura de Paul Sieffert, a
arte de Mae West, Catxerê: a mulher estrela & Poema a céu aberto de Natanael Lima Júnior aqui.
Ah, se
estou vivo, tenho mais o que fazer, a literatura de Liev Tolstói, A cena
dividida de Gerd Bornheim, a música
de Joyce & Maurício Maestro, a poesia de Nauro Machado, a pintura de Lasar
Segall, a arte de Patrick Conklin & Luciah Lopez aqui.
Além da
entrega mais que tardia, a poesia de Sylvia Plath, a arte de Jean
Cocteau, A literatura ocidental de Guillermo de Torre, a música de
Sky Ferreira, Luciah Lopez, a pintura
de Artemísia Gentileschi & Tom
Wesselmann aqui.
Caraminholas
do miolo de pote, O homem pós-orgânico de Paula
Sibilia, a poesia de Guillaume
Apollinaire, a literatura de Antoine
de Saint-Exupéry, a música de Diamanda Galás, a fotografia de Jim Duvall, a pintura de Marie Fox & a arte de Luciah Lopez aqui.
Migrante
entre equívocos, A tragédia da cultura de Georg Simmel, Santuário de William
Faulkner, Cibercultura de André Lemos, a música de Ivan Lins & Sá &
Guarabira, a pintura de James McNeill Whistler, o cinema de Tony Richardson
& Lee Ann Remick, a arte de Lanoo & Yosuke Onishi aqui.
Lagoa da
Prata, Cultura & arte pós-humana de Lucia Santaella, O folclore no Brasil
de Basílio de Magalhães & Moacir da Costa Lopes, a música de Belchior,
a fotografia de Tatiana Mikhina, a pintura
de Joseph Mallord William Turner & a arte de Wesley
Duke Lee aqui.
&
A arte do premiadíssimo escultor e artista plástico indiano J K Chillar.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
____ na borda da taça a marca de batom
denuncia um falso beijo (quisera fosse na sua boca!) Ah, não tem nada não, é só
mais um pensamento entre tantos que eu já nem sei mais se não é um delírio. O
vinho é seco ao paladar, contudo, não há tristeza nem lamentos, pois ninguém
pode pensar aquilo que lhe traz perturbações. Agora é noite... É silêncio nas
imediações, e, me faço prisioneira de quilômetros de distância sem
saber se hoje, amanhã ou depois vou poder descansar na paz que o seu riso me
proporciona. Desconheço essa paz_____ desconheço e mesmo assim, sinto que minha
alma parece querer perguntar-lhe algo. Como é possível? Como?! Se ao deitar-me,
inerte entre os lençóis, os meus pensamentos são seus?! Ah, o
extraordinário vazio da noite vem rondar minha janela...
Pensares, poema & arte da poeta, artista visual e blogueira Luciah Lopez
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.