COR DA PELE – Imagem: Negro+Globo, art by Luiz Philippe. - Sou filho da Terra, de
qualquer lugar, qualquer cor da pele, a minha escura do lar invadido, cassado
como as feras do deserto e das savanas, arrancado do chão com a expulsão da
liberdade no conferido dos dentes, para ser sacudido no porão da desgraça
flutuante das águas atlânticas, o balanço do mar e a degeneração humana. Na terra
distante do outro lado, a escravidão do sangue no terreiro adubando a terra do
canavial para adoçar a vida dos colonizadores e traficantes da corte e dos
nobres do deus cristão. Qualquer iniciativa as chibatadas no lombo em carne viva
no tronco dos suplícios, quase morto-vivo a valer do querosene da candeia por
alimento na noite escura da senzala, enquanto as mulheres tratadas como cães
domesticados pra serviçais mucamas da luxúria do senhor, tornam-se mães santas estupradas
fabricando mulatos como eu e todos os filhos dos prazeres escusos do senhor, na
negritude das fogosas irmãs tratadas igualmente as índias de Pindorama na
brasilidade dos condenados e a fuga de todos com mamelucos e cafuzos pros
quilombos dos sonhos Zumbi. Quando muito nenhuma alforria, mata fechada e a
captura pra surra, cuspe, asco, desprezo e a vida como se o dia não tivesse a
noite, como se o teto não soubesse o chão, como se a lua não reconhecesse o
Sol, como se a luz não tivesse a escuridão, como se viver não valesse nada e o
trabalho fosse só escravidão. Ah, todas as cores no preto e no branco, todos os
tons e sustenidos ou bemóis que formam o acorde na harmonia do universo, não
havendo sobre nem sob, nem sub, nem super, nem superior ou inferior, nem maior ou
menor, assim como em cima é embaixo. © Luiz Alberto Machado.
Veja mais aqui.
OS NEGROS DE ARTHUR RAMOS
[...] a abolição da escravatura nas várias partes
de Toda-a-América não havia libertado o Negro da pesada cadeia de preconceitos
seculares. A sua alma continuava presa aos grilhões do seu complexo de
inferioridade coletivo. E a "cintura negra", a "color line" cingia a pobre raça
num círculo constritivo mais forte do que os "colares de ferro", o
"tronco", o "anjinho" e outros instrumentos de suplício da
escravidão. Isso que, no Brasil, era apenas sentido como um constrangimento
psíquico, interno, sem coação exterior, na América do Norte era a expressão
flagrante de uma realidade palpável. [...] É assim que, depois de sua viagem à América do Norte, se expressou C.
G. Jung, o grande psicanalista suíço dissidente: "O que logo me feriu a
atenção foi a grande influência dos negros, influência psicológica sem mistura
de sangue [...] Mas, no conjunto, a
influência do negro sobre o caráter geral do povo é inegável".[...]. Como para a América do Norte, como para as
Antilhas, o negro foi introduzido no Brasil para mão de obra, nas plantações de
açúcar e algodão, cacau e café, nas zonas agrícolas de Pernambuco, Bahia e Rio,
a princípio, depois Maranhão e estados limítrofes, e por fim nas zonas centrais
de mineração. [...] Estudando as
representações coletivas das classes atrasadas da população brasileira, no
setor religioso, não endosso absolutamente, como várias vezes tenho repetido,
os postulados de inferioridade do negro e da sua incapacidade de civilização.
Essas representações coletivas existem em qualquer grupo social atrasado em
cultura. É uma conseqüência do pensamento mágico e pré-lógico, independentes da
questão antropológico-racial, porque podem surgir em outras condições e em
qualquer grupo étnico nas aglomerações atrasadas em cultura, classes pobres das
sociedades, crianças, adultos nevrosados, no sonho, na arte, em determinadas
condições de regressão psíquica... Esses conceitos de "primitivo", de
"arcaico", são puramente psicológicos e nada têm a ver com a questão
da inferioridade racial. Assim, para a obra da educação e da cultura, é preciso
conhecer essas modalidades do pensamento "primitivo", para
corrigi-lo, elevando-o a etapas mais adiantadas, o que só será conseguido por
uma revolução educacional que aja em profundidade, uma revolução
"vertical" e "intersticial" que desça aos degraus remotos
do inconsciente coletivo e solte as amarras pré-lógicas a que se acha
acorrentado.
Trechos
da obra O negro brasileiro: etnografia
religiosa e psicanálise (Civilização Brasileira, 1934), do médico
psiquiatra, psicólogo social, etnólogo, folclorista e antropólogo Arthur Ramos
(1903-1949). Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
Primeiro
de maio, Os sete
pecados sociais de Mahatma Gandhi, O trabalho e os dias de Hesíodo, o pensamento de Karl Marx,
Adam Smith & David Ricardo, a pintura de Tarsila do Amaral, a música de
Chico Buarque & Milton Nascimento, Esopo & o Dia da Literatura Brasileira aqui.
E mais:
Salmo da
cana, Os doze trabalhos de Peisândro de Rodes, Germinal de Émile Zola, O operário em
construção de Vinicius de Moraes, O
trabalho de Hesíodo, a pintura de Cândido Portinari, Informe de Brodie de Jorge
Luis Borges, Tempos modernos de Charlie Chaplin, a escultura de Auguste Rodin, a música de Chico Buarque, o
teatro de Nelson Rodrigues, a arte de Magda Mraz, Infância, imagem & literatura aqui.
O
trabalho & a sua organização aqui.
Cidadania
na escola, o pensamento de George Wald, Carta de Sêneca, a música
de Antonio Carlos Nóbrega, a poesia de
Nauro Machado, o teatro de Newton Moreno, o cinema de Philippe Garrel
& Clotilde Hesme, a pintura
de Elizabeth Boott Duveneck, Distanásia, A administração pública & os
crimes contra a administração pública aqui.
O
trabalho da mulher aqui.
O
trabalho de 8 a 80 aqui.
O
trabalho, a organização, a psicologia e o comportamento humano aqui.
Educação
Profissional aqui.
Movimento
sindical no Brasil aqui.
O queijo
e os vermes de Carlo Ginzburg, O
cortiço de Aluísio de Azevedo, a
música de Arrigo Barnabé, a pintura de Otto
Lingner, Acontece Curitiba & Claudia
Cozzella, o cinema de Francisco Pereira da Silva & Ítala Nandi, a
fotografia de Robert Doisneau, a
arte de Mano Melo & Programa Tataritaritatá aqui.
Literatura
Infantil, a pintura de Leonardo
da Vinci, a música de John McLaughlin & John Cage, O suicídio de Émile
Durkheim, a literatura de Henry James, o cinema de Mel Smith & Emma Thompson, a arte de Luiz Fernando
Veríssimo, Padre Bidião: Toumal & a Mulher de Bushman aqui.
Damaianti, A sede dos deuses de Anatole France, Manifesto dadaísta de Tristan
Tzara, O grande ditador de Charlie Chaplin, O Homem Vitruviano de Leonardo da Vinci, a pintura de Henri Fantin-Latour, a música de Edson Natale
& Tons & Sons aqui.
Recomeçar
do que vai e vem, A arte da poesia de Ezra Pound, Trajetória
da juventude de Miriam Abramovay, Carta ao poeta de Rui
Knopfli, a pintura de Aleksandr Gerasimov, a música de Tanita Tikaram, a arte
de Annette Kellerman & Luciah
Lopez aqui.
Direitos
de toda mulher, A gravidade e a graça de Simone Weil, Declaração dos direitos da mulher de Olympe
de Gouges, a poesia de Magdalena Isabel Monteiro, a pintura de Jose Higuera, a
música do Quarteto Radamés Gnattali,
a escultura de Bruno Giorgi & a fotografia de Arne Jakobsen aqui.
Minha
nossa, quanta poluição, A teia da vida de Fritjof Capra, a poesia
de António Gedeão, Máquinas e seres
vivos de Humberto Maturana & Francisco Varela, a pintura de Patricia Awapara, a música de Sarah Brightman, a fotografia de Stefan
Kuhn & a arte de Kézia Talisin aqui.
Tudo é
Brasil, A colonização do imaginário de Serge Gruzinski, a literatura de Hermilo Borba Filho, Literalmente de Pasquale
Cipro Neto, a escultura de Emilio
Fiaschi, a música de Jamiroquai & a fotografia de Jennifer Nehrbass aqui.
E lá vou
eu noutras voltas, Variações do corpo de Michel Serres, a
literatura de Antonio Tabucchi & Vianna
Moog, a música de Mundo Livre S/A & Ataulfo Alves, a
pintura de Aja-ann Trier, a
fotografia de Raoul Hausmann & a arte de Matthew Guarnaccia
aqui.
&
GLAUCE ROCHA: "OLHA, O SENHOR ME DÁ
LICENÇA DE ACREDITAR NA NATUREZA HUMANA?".
Frase da
atriz de teatro, cinema e televisão Glauce Rocha (1930-1971), quando da
proibição do filme Rio, 40 graus
(1955), de Nelson Pereira dos Santos.
Ela começou atuando no cinema, numa trajetória que começou com Aviso ao
navegantes (1950), Aventura no Rio (1952), Com o diabo no corpo (1952), Ruas
sem Sol (1954), Rio, 40 graus (1955), O noivo da girafa (1957), Traficantes do
crime (1958), É um caso de polícia (1959), Mulheres e milhões (1961), Cinco
vezes favela (1962), Os cafajestes (1962), Quatro mulheres para um herói
(1962), Sol sobre a lama (1962), Marafa (1963), O beijo (1064), Engraçadinha
depois dos trinta (1966), A derrota (1966), Terra em transe (1968), Na mira do
assassino (1968), Tempo de violência (1969), Incrível, fantástico,
extraordinário (1969), A navalha na carne (1970), Roberto Carlos e o diamante
cor de rosa (1970), O dia marcado (1970), Um homem sem importância (1971) &
Cassy Jones, o magnífico sedutor (1972). No teatro ela começou com A Lição (1958),
A Cantora Careca-(1958), A Beata Maria do Egito(1959), As Três Irmãs (1960), Doce
Pássaro da Juventude(1960), Terror e Miséria no III Reich (1963), Electra (1965),
Perto do Coração Selvagem (1965), Amor por Anexis (1967), A Agonia do Rei (1968),
Um Uísque Para o Rei Saul (1968- Prêmio Moliére de melhor Atriz), O Exercício (1969)
e, encerrando a carreira, com Uma Ponte Sobre O Pântano (1971). Veja mais aqui.
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra: As sinfonias (Deutsche
Grammophon, 2010), do maestro e compositor checo-austríaco Gustav Mahler (1860-1911), sob a regência do maestro Leonard
Bernstein & Royal Concertgebouw Orchestra, Westminster Choir & New York
Philarmonic.
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.