
DITOS & DESDITOS: [...] Uma das
grandes ironias de como as democracias morrem é que a própria defesa da
democracia é muitas vezes usada como pretexto para a sua subversão. Aspirantes
a autocratas costumam usar crises econômicas, desastres naturais e, sobretudo,
ameaças à segurança – guerras, insurreições armadas ou ataques terroristas –
para justificar medidas antidemocráticas. [...] Como não
há um momento único – nenhum golpe, declaração de lei marcial ou suspensão da
Constituição – em que o regime obviamente “ultrapassa o limite” para a
ditadura, nada é capaz de disparar os dispositivos de alarme da sociedade.
Aqueles que denunciam os abusos do governo podem ser descartados como
exagerados ou falsos alarmistas. A erosão da democracia é, para muitos, quase
imperceptível. [...] As
democracias funcionam melhor – e sobrevivem mais tempo – onde as constituições
são reforçadas por normas democráticas não escritas [...] a tolerância mútua, ou o entendimento de que
partes concorrentes se aceitem umas às outras como rivais legítimas, e a
contenção, ou a ideia de que os políticos devem ser comedidos ao fazerem uso de
suas prerrogativas institucionais. Trechos extraídos da obra Como as democracias morrem (Zahar, 2018), dos professores e cientistas políticos
estadunidenses, Steven Levitsky e Daniel Ziblatt, realizando uma análise
crua e perturbadora do fim das democracias em todo o mundo, comparando o caso
de Trump com exemplos históricos de rompimento da democracia nos últimos cem
anos, tais como da ascensão de Hitler e Mussolini nos anos 1930 à atual onda
populista de extrema-direita na Europa, passando pelas ditaduras militares da
América Latina dos anos 1970, fazendo uma alerta: a democracia atualmente não termina com uma ruptura violenta nos moldes
de uma revolução ou de um golpe militar; agora, a escalada do autoritarismo se
dá com o enfraquecimento lento e constante de instituições críticas – como o
judiciário e a imprensa – e a erosão gradual de normas políticas de longa data.
Veja mais aqui, aqui & aqui.
A MÚSICA DE EDGARD VARÈSE
Deve-se pensar em
termos de som e não em termos de notas sobre o papel. Minha linguagem é
naturalmente atonal ainda que certos temas, certas notas repetidas, à maneira
das tônicas, constituam eixos em torno dos quais as massas parecem se aglomerar. Deste modo o desenvolvimento musical
cresce pouco à pouco graças à repetição
de certos elementos que se apresentam sempre sob diferentes aspectos, e
o interesse aumenta graças à oposição
dos planos e graças ao movimento
das perspectivas. Se os temas reaparecem, eles ocupam sempre uma função
distinta num meio novo (os volumes). Quando os novos instrumentos me permitirem escrever
música tal como a concebo, os movimentos das massas e o deslocamento dos planos
sonoros serão claramente perceptíveis na minha obra e tomarão o lugar do
contraponto linear. Eu pessoalmente gosto muito da
definição de H. Wronsky: 'A música é a corporificação da inteligência nos sons'.
EDGARD VARÈSE - Trechos
extraídos da obra Écrits (C. Bourgeois, 1983), do
compositor francês Edgard Varèse (1883-1965),
reunidos e apresentados pela professora e musicóloga canadense, Louise Hirbour.
O compositor definiu os parâmetros para uma nova ética da pesquisa musical, com
o rigor da firmeza artística desligada de teorias apriorísticas, com o
propósito visionário de referência do estado de inquietude.
&
A DEMOCRACIA DE TOM ZÉ
Democracia que me engana / na gana que tenho dela / cigana ela se
revela, aiê; / democracia que anda nua / atua quando me ouso / amua quando
repouso. / É o demo o demo a demo / é a democracia / é o demo o demo a demo / é
a democracia. / Democracia, me abraça / com tua graça me atira / desfaz esta
covardia, aiê; / democracia não me fere / mira aqui no meio / atira no meu
receio. / Democracia que escorrega / na regra não se pendura / na trégua não se
segura, aiô; / democracia pois me fere / e atira-me bem no meio / daquilo que
mais eu mais receio. / Democracia, não me deixe / sou peixe que fora d'água / se
queixa, morre de mágoa, aiê; / democracia não se dita / maldita seja se dura, /
palpita pela doçura.
Democracia, do álbum No Jardim da Política (1984), parceira de Tom Zé e Vicente Barreto. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE LYUDMILA TOMOVA
No meu trabalho, mesclo elementos abstratos e realistas
para criar clima, movimento e uma impressão do mundo ao nosso redor e dentro de
nós. Minhas pinceladas estão se movendo, empurrando, emergindo e esmagando, mas
nunca estão quietas e quietas. No meu trabalho recente, eu pintei o estilo alla
prima, acrescentando espontaneidade, ousadia e elegância de uma só vez. Eu
pinto contando histórias mágicas e evocando emoções complexas.
LYUDMILA TOMOVA – A arte
da premiada pintora, ilustradora e designer editorial búlgara Lyudmila Tomova, que estudou realismo clássico na Academia de Belas
Artes de Sofia e mais tarde na FIT em Nova York, onde estudou ilustração, além
de sua experiência artística diversificada há mais de 20 anos. Veja mais aqui e aqui.
PERNAMBUCULTURARTES
A arte
da pianista e compositora Lucia Helena Gondra, autora de frevos como Riso
largado no passo rasgado, Vou de reboque, Os bordões, entre outros sambas,
choros e frevos de blocos.
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A música
do pianista, maestro e compositor Marlos Nobre aqui.
Outro sol se levanta, do escrito Pelópidas Soares (1922 –
2007) aqui.
Rio Una:
poemas, do poeta, jornalista, economista e folclorista Jayme
Griz (1900-1981) aqui.
A
realidade social da ficção, do sociólogo Sebastião Vila Nova aqui.
A arte da fotógrafa, artista visual e pesquisadora Ana Lira aqui.
&
A Praieira em Água Preta aqui.