quarta-feira, setembro 30, 2015

BRINCAR COM ARTE, CECÍLIA, JUNG, HUIZINGA, ZIRALDO, BOTERO & BRINCARTE DO NITOLINO!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? BRINCAR COM ARTE – Desde o início dos anos 1980, quando adaptei para o teatro as obras infantis de Elita Afonso Ferreira, que me dedico a brincar com a arte, desde a literatura, como o teatro e a música. A partir dos eventos promovidos pelas Edições Bagaço para o público infanto-juvenil, na década de 1980, que iniciei uma pesquisa resultando em estudos voltados para a Educação, a Psicologia e o Direito das Crianças e Adolescentes, culminado com a publicação do meu primeiro livro infantil O reino encantado de todas as coisas (Bagaço, 1992). Seguiram-se então a publicação dos livros Falange falanginha falangeta (Nascente, 1995), O Cravo e A Rosa (Nascente, 1998), O lobisomem zonzo (Nascente, 1999), Alvoradinha: calango verde do mato bom (Nascente, 2001), A Turma do Brincarte (Nascente, 2008), Frevo Brincarte (Nascente, 2008) e Nitolino no Reino Encantado de Todas as Coisas (Nascente, 2010), este último transformado em espetáculo de teatro infantil com temporadas realizadas nos anos de 2010/2011 e recreações educativas em escolas e eventos até então. Foi exatamente nos anos 1998/1999 que publiquei as duas edições da antologia Brincarte (Nascente, 1999/1998), reunindo trabalho de desenhos, poesias e histórias das crianças de Alagoas e de vários estados brasileiros, resultante do Prêmio Nascente de Arte Infanto-Juvenil, promovida pelo tabloide Nascente, que circulou entre os anos 1997/1999. Durante a publicação desses livros realizei recreações educativas e atividades artísticas com a garotada em escolas, feiras, bienais, entre outros eventos. A partir de 2002, deu-se a criação do blog Brincarte do Nitolino – inicialmente na plataforma Weblogger, anos depois transferido para a plataforma atual -, no qual tenho publicado literatura, teatro e música infantis, bem como pesquisas e publicações de livros, artigos e estudos nas áreas de Educação, Psicologia e Direito das Crianças e, ao mesmo, realizado o programa radiofônico que é comandado pela simpaticíssima Ísis Corrêa Naves. Resultado de tudo isso foi a realização do projeto e elaboração do artigo A contribuição do teatro no desenvolvimento da criança: um estudo sobre a perspectiva sócio-histórica de Vygotsky, orientado pela professora Ms Fatima Pereira, que foi apresentado em congresso e publicado em diversos meios de comunicação. Também o projeto de extensão Infância, Imagem & Literatura na comunidade do Jacaré – Marechal Deodoro (AL), sob orientação do professor Ms Claudio Jorge Morais Gomes, cujo trabalho de pesquisa redundou na criação da história e transformação em teatro infantil da narrativa O jacaré de óculos e a Princesa do Recanto da Ilha. Muitos outros projetos estão em processo de elaboração e fase de análise, voltados para o papel da arte nas áreas de Educação e Psicologia Social, Psicologia Escolar, Psicologia Ambiental e Psicologia da Saúde. Razão disso é a minha crença na contribuição da arte para construção de um mundo melhor para todos. E veja mais aqui e aqui.


Imagem do artista figurativista colombiano Fernando Botero. Veja mais aqui.


Curtindo o dvd Nitolino no Reino Encantado de Todas as Coisas & outros clipes no Youtube aqui.

BRINCARTE DO NITOLINO – Hoje é dia de reprise do programa Brincarte do Nitolino pras crianças de todas as idades, nos horários das 10hs e das 15hs, no blog do Projeto MCLAM. Na programação comandada pela Ísis Corrêa Naves muitas atrações: Turma da Mônica, Telmo e Tula, Cosme e Damião, Kuka, Meimei Corrêa, Sid O Cientista, Nita & a alimentação infantil, A Turma do Seu Lobato, Ana e as frutas, Patati e Patatá, Mastruz com Leite, Grupo Molejo & muito mais poesia, brincadeira, histórias e entretenimento pra garotada. No blog, muitas dicas de Educação, Psicologia, Direito das Crianças e Adolescentes, Teatro, Música e Literatura infantil, com destaque pro Brincar da Criança e as historias em quadrinhos dos Aventureiros do Una. Para conferir ao vivo e online clique aqui ou aqui.

HOMO LUDENS - O livro Homo ludens (Perspectiva, 2000), do professor e historiador neerlandês Johan Huizinga (1872-1945), trata acerca de diversos estudos realizados pelo autor abordando o papel do jogo no contexto educacional. A sua tese é de ao invés do homo sapiens, deveria ser homo ludens, conforme explicita nos seus estudos: [...] É-nos possível afirmar com segurança que a civilização humana não acrescentou característica essencial alguma à idéia geral de jogo. Os animais brincam tal como os homens. Bastará que observemos os cachorrinhos para constatar que, em suas alegres evoluções, encontram-se presentes todos os elementos essenciais do jogo humano. Convidam-se uns aos outros para brincar mediante um certo ritual de atitudes e gestos. Respeitam a regra que os proíbe morderem, ou pelo menos com violência, a orelha do próximo. Fingem ficar zangados e, o que é mais importante, eles, em tudo isto, experimentam evidentemente imenso prazer e divertimento. Essas brincadeiras dos cachorrinhos constituem apenas uma das formas mais simples de jogo entre os animais. Existem outras formas muito mais complexas, verdadeiras competições, belas representações destinadas a um público. Desde já encontramos aqui um aspecto muito importante: mesmo em suas formas mais simples, ao nível animal, o jogo é mais do que um fenômeno fisiológico ou um reflexo psicológico. Ultrapassa os limites da atividade puramente física ou biológica. É uma função significante, isto é, encerra um determinado sentido. No jogo existe alguma coisa "em jogo" que transcende as necessidades imediatas da vida e confere um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa. Não se explica nada chamando "instinto" ao princípio ativo que constitui a essência do jogo; chamar-lhe "espírito" ou "vontade" seria dizer demasiado. Seja qual for a maneira como o considerem, o simples fato de o jogo encerrar um sentido implica a presença de um elemento não material em sua própria essência. A psicologia e a fisiologia procuram observar, descrever e explicar o jogo dos animais, crianças e adultos. Procuram determinar a natureza e o significado do jogo, atribuindo-lhe um lugar no sistema da vida. A extrema importância deste lugar e a necessidade, ou pelo menos a utilidade da função do jogo são geralmente consideradas coisa assente, constituindo o ponto de partida de todas as investigações científicas desse gênero. Há uma extraordinária divergência entre as numerosas tentativas de definição da função biológica do jogo. Umas definem as origens e fundamento do jogo em termos de descarga da energia vital superabundante, outras como satisfação de um certo "instinto de imitação", ou ainda simplesmente como uma "necessidade" de distensão. Segundo uma teoria, o jogo constitui uma preparação do jovem para as tarefas sérias que mais tarde a vida dele exigirá, segundo outra, trata-se de um exercício de autocontrole indispensável ao indivíduo. Outras vêem o princípio do jogo como um impulso inato para exercer uma certa faculdade, ou como desejo de dominar ou competir. Teorias há, ainda, que o consideram uma "ab-reação", um escape para impulsos prejudiciais, um restaurador da energia dispendida por uma atividade unilateral, ou "realização do desejo", ou uma ficção destinada a preservar o sentimento do valor pessoal etc. [...]. Veja mais aqui e aqui.

O BICHINHO DA MAÇÃ – O livro O bichinho da maçã (Melhoramentos, 1982), do escritor, pintor, dramaturgo, jornalista e cartunista Ziraldo, conta a história de um bichinho contador de anedotar e inventor das histórias mais incríveis do mundo. Da obra destaco o trecho a seguir: Agora, eu vou contar para vocês mais uma das minhas histórias. Vocês nem vão acreditar. Antes de morar aqui nesta maçã, eu morava numa outra fruta. Ou melhor, eu achava que morava. Eu vivia quietinho lá dentro, pois me falavam que lá fora era muito frio. Um dia, eu resolvi saber como era aquela fruta onde eu vivia. E fui furando um buraquinho, fui furando um buraquinho, até sair do lado de fora. Só quando eu saí é que eu descobri que minha casa não era uma fruta. Ela era bonita como uma romã, mas não era uma romã; ela era redonda como um limão, mas não era um limão; tinha casca toda enrugadinha como uma laranja, mas não era uma laranja. E era enorme, tão grande, como nenhuma fruta poderia ser. E tinha um bicho verde, muito grande e muito feio passeando sobre ela, parecendo um dragão. Quando eu botei a minha carinha para fora, ele quase me comeu. Mas, passou um belo guerreiro montado no seu cavalo branco e me salvou com sua lança! Imaginam, a minha casa era a Lua. Vocês não acreditam? Quem foi que me chamou de lunático? Olhe aí: se vocês não acreditam, podem perguntar ao São Jorge, quando ele passar por aqui. E conto até mais. Lá da Lua, eu pude ver a Terra. Toda azul, voando no espaço. Ela voava tão depressa pelo espaço, que eu achei que ela fosse desaparecer lá no fim. “Preciso fazer alguma coisa”, eu disse. Foi aí que eu vi o gigante. Então eu gritei para ele: “Segura a Terra aí, rapaz, senão ela vai cair na escuridão!”. Podem olhar na enciclopédia. Podem olhar na letra A que vocês vão ver se não tem um gigante segurando a Terra nas costas. É o Atlas. Meu amigo! E o tombo? Eu já contei do tombo que eu levei? Foi um tombo histórico. Eu estava dentro da minha maçã, quando ela caiu lá de cima da macieira... vocês já ouviram falar de um senhor chamado Isaac Newton? Ah, esta vocês conhecem? Então deixa eu contar uma outra, a história mais incríveis que já aconteceu comigo. [...] Veja mais aqui e aqui.

PÁSSARO, CANÇÃO E CANTATA MATINAL - No livro Retrato natural (Livros de Portugal, 1949), da escritora, pintora, professora e jornalista Cecília Meireles (1901-1964), destaco inicialmente o poema Cantata Matinal: Acordai, descuidadas, / que se abriram as portas, / e passaram as cabras. / Acorrrei, descuidosas, / que já comem às pressas / as palmeiras e as rosas. / Veio a luz da alvorada / e brilhou nas palmeiras / que eram pura esmeralda. /Vão-se as nuvens da aurora, / e só ficam as palhas / e os espinhos das rosas! / Ai, que berram as cabras, / e não posso feri-las, / e não posso enxotá-las! / Ai, que meus olhos choram, / vendo a sua alegria, / sobre tanta derrota! / Acorrei, descuidadas, / vede as portas abertas, / e os canteiros e as cabras! / Acorrei, descuidosas, / vede a terra assaltada, / e o sol que desabrocha! Também o poema Pássaro: Aquilo que ontem cantava / já não canta. / Morreu de uma flor na boca: / não do espinho na garganta. / Ele amava a água sem sede, / e, em verdade, / tendo asas, fitava o tempo, / livre de necessidade. / Não foi desejo ou imprudência: / não foi nada. / E o dia toca em silêncio / a desventura causada. / Se acaso é desventura: / ir-se a vida / sobre uma rosa tão bela, / por uma ténue ferida. Por fim, o poema Canção: Há uma canção que não fala, / que se recolhe dolorida. / Onde, o lábio para cantá-la? / Onde, o tempo de ser ouvida? / Quando alguém passa e ainda murmura, / abro os olhos, quase assustada. / A voz humana é absurda, obscura, / sem força para dizer nada. / Qual será sobre a nossa poeira, / o lugar dessa flor secreta, / - da frágil canção derradeira / murcha no silêncio do poeta? / Que abstrata mão clarividente / levantará do chão mortuário / esse arabesco altivo e ardente / morto num sonho solitário? E veja mais aqui e aqui.

A LINGUAGEM NO TEATRO INFANTIL – O livro A linguagem no teatro infantil (Loyola, 1984), de Marco Camarotti, aborda questões como o panorama atual do teatro infantil no Brasil, breve histórico, bibliografia existente, estrutura geral e sistema da expectativa na criança, a realidade infantil, a criança atingida, a linguagem e o pensamento adulto e na criança, capacidade cognitiva e lingüística da criança, os jogos infantis, o ambiente e a herança cultural, a criança como ator-autor, jogo dramático, a representação da criança, o Grupo Jabuti, as interferências da família, da televisão, a rotina institucional, o professor teatral através da brincadeira, as historias criadas pelas crianças, a formação de um enredo, o teatro infantil, adulto e criança no teatro infantil. Da obra destaco o trecho Como deve ser o teatro infantil?: Para que os efeitos de luz e som, os encantos das cores e dos movimentos, das danças e das músicas e a linguagem do texto em si mesma, possam agira com resultado plenamente comunicativo na relação ator-espetáculo-plateia, é preciso que haja uma real adequação da linguagem, quer no teatro, quer no espetáculo como um todo. E essa linguagem, como foi visto, só se fará adequada se, na sua produção e manipulação, o adulto não esquecer de dar prioridade à realidade e expectativa da criança, evitando que seu próprio ponto de vista sobrepuje o dela, assumindo a voz e o comando de tudo. Por isso, ao escrever para a criança, é preciso que o texto deve permanecer o mais possível aberto, em amplo sentido, possibilitando à criança circular por ele, imaginativa ou concretamente, armando-o e desarmando-o e voltado a armá-lo, ao impulso de sua criatividade e de sua ânsia de construção/reconstrução, sob a égide de uma liberdade consciente e responsável, que tem a marca de sua profunda espontaneidade [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.

MENINO MALUQUINHO – O filme de aventura Menino Maluquinho (1995), dirigido por Helvécio Ratton e produzido por Tarcísio Vidigal, com música de Antonio Pinto, é baseado no livro infanto-juvenil do escritor, pintor, dramaturgo, jornalista e cartunista Ziraldo, que conta a história de um menino travesso da classe média que adora brincar e pregar peças nos amigos, mas sofre quando seus pais se separam. Mas aí aparece o Vovô Passarinho que o leva para umas férias na fazenda, onde vive agitadas aventuras. E como eu fui um presepeiro menino da beira do rio, muito me identifiquei com as peraltices cabeludas do Maluquinho, sentindo-me, inclusive, como se fosse a minha infância que estava sendo contada pelo talento do autor e visão do cineasta. Tudo é muito representativo e me remeteu às traquinagens que cometi no quintal, usando e abusando da inventividade com meu amigo invisível e as amizades que eu fiz com todas as árvores e pés de plantas do meu e de muitos outros quintais. O livro é encantadoramente fascinante e o filme está no mesmo tom, merecendo ser conferido pelas crianças de todas as idades. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
Grupo de Pesquisa Carl Jung. Veja detalhes aqui.

 Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Quarta Romântica, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.

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CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...