terça-feira, setembro 15, 2015

BOCAGE, RUBEM ALVES, ARRIGO, LYA LYFT, FERNANDA TORRES, TEATRO & PROGRAMA TATARITARITATÁ!!!!

VAMOS APRUMAR A CONVERSA? TEATRO: UM CAMINHO PARA LIBERTAÇÃO (Imagem: Revista A Região, ano II, nº 07, 1985) – O ato teatral sempre foi uma manifestação popular. Na Grécia antiga rememoravam-se através de uma procissão cantando em coro ditirambos ao culto de Dioniso ou Baco, culto este que estabeleceu o inicio da expressão teatral. O axioma platônico “a arte é a imitação da natureza”, muito bem especifica a tradição teatral que sempre se manteve espelhando, reproduzindo e transformando as contradições sociais, desde a tragédia grega de Ésquilo, Sófocles e Eurípedes, passando por Shakespeare, Calderon, Gil Vicente, Moliére e a Commedia dell’arte, Brecht e a dialética teatral, Stanislavsky e o teatro teatral de Craig Appia e Meyerhold, até o teatro do Oprimido de Augusto Boal, o absurdo de Artaud e Ionesco, e o anarco-comunismo de Dario Fo. No Brasil, a princípio, o teatro foi o veiculo e instrumento de catequese, método utilizado pelos jesuítas com o fim de “civilizar” os índios existentes na nossa pátria, mas logo foi declinando desse intuito para “posteriormente passar a ser usado como instrumento de maior profundidade, constituindo-se em elemento de pujança na formação intelectual e moral do nosso povo, glorificando seus valores ao mesmo tempo que anulava as falsase imerecidas auréolas”, segundo Felinto Rodrigues. E o espetáculo teatral subordinado ao texto, coreografia, iluminação, figurino, elementos cênicos e interpretação tem por objetivo além de reproduzir a realidade e as vicissitudes de cada incongruência social, o de instruir divertindo, possibilitando dialeticamente restaurar em cada individuo o valor da conscientização. A atividade artística como função alternativa para o progresso do município tem no teatro a principal força motriz para eventulizar o processo de transformação nos estágios da revolução copernicana ao contrário e resultar no dinamismo conclusivo que ao certo brotarão ao longo do seu desenvolvimento. O dramaturgo alemão Bertolt Brecht nos informa: “Somos todos personagens de um drama social” e isso nos habilita a utilizar a arte não como um fim, mas como um meio. A reprodução da vida do espirito humano se faz necessário à medida em qye temos que ir de encontro ao mito da Esfinge existente no seio da nossa sociedade antropofágica, com seus rótulos e alienação abstratizante, conseguindo o ninamismo ao invés da estaticidade, algo sintomático, porque o teatro do século XX tem o poder da metamorfose e nós vivemos ainda sob a persistência de uma estrutura semifeudal. E para ir de encontro a isso temos que realizar uma arte popular, um teatro mambembe, de rua, de feira, fórum, teatro-jornal e as diversas formas se fazer teatro, encetando todo indicio, vestígio e ruina da nossa raiz como aquisição de uma consciência histórica. A isso se propõe o Grupo Terra, grupo teatral amador que nasceu sob a força da boa vontade e da necessidade do que fazer, com o compromisso de restaurar e redimir nossa identidade. O Grupo terra é formado por jovens como Leonilda Silva, Roberto Quental, Valter Portela, Kária, Eri Guerra e outros jovens que bnuscam na arte teatral a revitalização do teatro de Hermilo Borba Filho, Aristoteles Soares, Fenelon Barreto, Lelé Correia e Miguel Jassely, tão esquecidos. O Grupo Terra já se apresentou com um espetáculo infantil, Valente Galozé, adaptação do livro de Elita Afonso Ferreira, com José de Augusto Boal e atualmente estão montando João sem Terra, de Hermilo Borba Filho. A exemplo do Grupo Terra, temos notícia de mais outros grupos teatrais espalhados por todo lugar: Grupo Zumbi, Estrela 5, Força Jovem, bem como grupos originados em Água Preta, Catende e Barreiros. E essas vozes, vozes pálidas, mas resistentes e conscientes de que não devemos esperar que o mundo se sensibilize por nossa incompetência, mas nós é que temos que nos sensibilizar, são as verdadeiras expressões de não se limitar a ser espelho de uma época, mas modificá-la. E veja mais aqui

 Imagem: Sob a verdura, do pintor português José Júlio Sousa Pinto (1856-1939)


Curtindo o álbum da trilha sonora da comédia Ed Mort (1997), do músico, compositor e ator Arrigo Barnabé para o filme homônimo dirigido pelo cineasta Alain Fresnot, com roteiro de José Rubens Chachá baseado no personagem criado em 1989 por Luís Fernando Veríssimo como paródia das histórias norte-americanas de detetives, adaptado para os quadrinhos por Miguel Paiva. Veja mais aqui.

COMO ENSINAR – No livro Ostra feliz não faz pérola (Planeta, 2008), do psicanalista, educador, teólogo e escritor Rubem Alves (1933-2014), encontrei crônicas do autor sobre amor, beleza, crianças, educação, natureza, política, saúde mental, religião, velhice e morte. Na obra destaco o trecho Se eu fosse ensinar: Se eu fosse ensinar a uma criança a arte da jardinagem, não começaria com as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Eu a levaria a passear por parques e jardins, mostraria flores e árvores, falaria sobre suas maravilhosas simetrias e perfumes; a levaria a uma livraria para que ela visse, nos livros de arte, jardins de outras partes do mundo. Aí, seduzida pela beleza dos jardins, ela me pediria para ensinar-lhe as lições das pás, enxadas e tesouras de podar. Se fosse ensinar a uma criança a beleza da música, não começaria com partituras, notas e pautas. Ouviríamos juntos as melodias mais gostosas e lhe falaria sobre os instrumentos que fazem a música. Aí, encantada com a beleza da música, ela mesma me pediria que lhe ensinasse o mistério daquelas bolinhas pretas escritas sobre cinco linhas. Porque as bolinhas pretas e as cinco linhas são apenas ferramentas para a produção da beleza musical. A experiência da beleza tem devirantes. Se fosse ensinar a uma criança a arte da leitura, não começaria com as letras e as sílabas. Simplesmente leria as estórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela desejaria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e sílabas em estórias. É muito simples. O mundo de cada pessoa é muito pequeno. Os livros são a porta para um mundo grande. Pela leitura vivemos experiências que não foram nossas e então elas passam a ser nossas. Lemos a estória de um grande amor e experimentamos as alegrias e dores de um grande amor. Lemos estórias de batalhas e nos tornamos guerreiros de espada na mão, sem os perigos das batalhas de verdade. Viajamos para o passado e nos tornamos contemporâneos dos dinossauros. Viajamos para o futuro e nos transportamos para mundos que não existem ainda. Lemos as biografias de pessoas extraordinárias que lutaram por causas bonitas e nos tornamos seus companheiros de lutas. Lendo, fazemos turismo sem sair do lugar. E isso é muito bom. Veja mais aqui, aqui e aqui.

TEORIAS DA ALMA – No livro Perdas e Ganhos (Record, 2003), da escritora e tradutora Lya Luft, encontro Teorias da alma, da qual destaco os trechos: Quanto mais recursos temos no campo da psicologia e dos novos conhecimentos sobre as relações humanas, mais inseguros estamos. Quanto mais civilizados, menos naturais somos. Na época em que mais se fala em natureza estamos mais distantes dela. Ser natural passou a não ser natural. Assim é com criar filho. Perplexos diante das mil  teorias  que nos batem à porta  em toda a mídia, e a proliferação de consultórios com todo tipo de terapias (pelas    razões  mais  singulares),  estamos  nos convencendo de que ter e criar filho nâo é lá  muito  natural.  Passamos do extremo antigo de achar que  criança  não  pensa  ao  outro  extremo: criança  é  complicação.  Mil  receitas  de  como  tratar  do  bebê   ao adolescente  atormentam gerações de pais aflitos. A aflição  não  é  boa conselheira. Afobado, aliás, a  gente ama bem mal... Esquecemos o melhor mestre: o bom-senso. A escuta do que temos no  nosso interior, aquela coisa antiquada chamada intuição,  lembram?  Claro  que para isso precisamos ter bom-senso e ter algo dentro  de  nós  para  ser escutado. Ou cada vez que o bebê  chorar  desafinado,  a  criança  ficar menos ativa (ela em  geral  está  simplesmente  pensando,  querendo  que finalmente a deixem  um  pouco  quieta),  vamos  correndo  procurar  um especialista. Para que ele nos ensine a segurar o bebê, dar a mamadeira, olhar no olho, aconchegar ao peito a criança nossa de cada  dia.  É  que somos, além de aflitos, desorientados. Falta-nos o hábito de observar e de refletir. Preferimos evitar o espelho que faz olhar  para  dentro  de nós. Cada vez mais amadurecemos  tarde  ou  mal.  Somos  crianças  tendo crianças. Não gostamos de refletir e decidir:  se  a  gente  parar  para pensar, tudo desmorona, me disse alguém. Temos  receio  de  encontrar  a ponta do fio dissimulada na confusão do novelo, e, puxando por ela,  ver tudo se desmontar. Mas pode ser positivo: poderíamos recolher os cacos e recomeçar. Quem sabe criar uma estrutura interior mais natural e boa  do que essa em que nos fundamos, e baseados nela dar aos filhos um legado - e um recado - tranqüilo e positivo, que não está  em  livros  e  nem  em consultórios. Ser natural está em crise grave. Quando a sofisticação de usos e ferramentas se  torna  quase  cotidiana, tendemos a usar de estratégias complexas também quando  bastaria  apelar para a simplicidade e sensatez. [...] Muito vai depender do quanto esperamos e acreditamos. De modo geral acho que nos contentamos com muito pouco. Não falo em dinheiro,  carro, casa, roupa, jóias, viagens, que esses cobiçamos cada vez mais. Refiro-me  aos tesouros  humanos: ética, lealdade,  amizade,  amor,  sensualidade  boa. Nossas asas não são tão precárias que tenhamos de voar junto ao chão ou apenas  arrastar nosso peso. Nem somos tão  covardes  que  não  possamos botar a cabeça fora do casulo e  espiar: quem  sabe  no  tempo  do  qual fugimos nos  aguarde,  querendo  ser  colhido,  algo  chamado    futuro, confiança, projeto, vida. Ainda que a gente nem perceba, tudo é avanço e transformação, acúmulo de  experiência, dores do parto  de  nós  mesmos, cada dia refeito. Somos melhores do que imaginamos ser. Que  no  espelho posto à nossa frente na hora de nascer a gente ao fim tenha    projetado mais do que um vazio, um nada, uma frustração: um  rosto  pleno,  talvez toda uma paisagem  vista das varandas da nossa alma. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

TRES SONETOS ERÓTICOS– No livro Poesias eróticas, burlescas e satíricas (Escriba, 1969), do poeta português Manuel Maria Du Bocage (1765-1805), destaco três sonetos selecionados por Glauco Mattoso, o primeiro deles Soneto de todas as putas: Não lamentes, ó Nize, o teu estado; / Puta tem sido muita gente boa; / Putissimas fidalgas tem Lisboa, / Milhões de vezes putas teem reinado: / Dido foi puta, e puta d'um soldado; / Cleopatra por puta alcança a c'roa;/ Tu, Lucrecia, com toda a tua proa, / O teu conno não passa por honrado: / Essa da Russia imperatriz famosa, / Que inda ha pouco morreu (diz a Gazeta) / Entre mil porras expirou vaidosa: / Todas no mundo dão a sua greta: / Não fiques pois, ó Nize, duvidosa / Que isso de virgo e honra é tudo peta. Também o Soneto da donzela ansiosa: Arreitada donzella em fofo leito, / Deixando erguer a virginal camisa, / Sobre as roliças coxas se divisa / Entre sombras subtis pachacho estreito: / De louro pello um circulo imperfeito / Os pappudos beicinhos lhe matiza; / E a branca crica, nacarada e lisa, / Em pingos verte alvo licor desfeito: / A voraz porra as guelras encrespando / Arruma a focinheira, e entre gemidos / A moça treme, os olhos requebrados: / Como é inda boçal, perde os sentidos: / Porem vae com tal ansia trabalhando, / Que os homens é que veem a ser fodidos. Por fim o Soneto da copula esculpida: Nesta, cuja memoria esquece à Fama, / Feira, que de Sanct'rem vem de anno em anno, / Jazia co'uma freira um franciscano; / Eram de barro os dois, de barro a cama: / Co'a mão, que à virgindade injurias trama, / Pretendia o cabrão ferrar-lhe o panno; / Eis que um negro barrasco, um Frei Tutano / O espectaculo vê, que os rins lhe inflamma: / "Irra! Vens me attiçar, gente damnada! / Não basta a felpa dos bureis opacos, / Com que a carne rebelde anda rallada?" / "Fora, vis temptações, fora, velhacos!..." / Disse, e ao rispido som de atroz pattada / O escandaloso par converte em cacos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

A FILHA DOS PAIS - A premiada atriz e escritora Fernanda Torres, não bastando ser filha do casal de atores Fernando Torres e Fernanda Montenegro, teve seu primeiro contato com o teatro aos 13 anos de idade, quando entrou para o Tablado, atuando já, em 1978, na peça Um tango argentino, de Maria Clara Machado. A partir disso, atuou nas peças A casa dos Budas ditosos, Da gaivota, The flash and crash days, Orlando, Duas mulheres e um cadáver e 5 x comédia. Mas foi no cinema que o seu talento esbanjou com atuação nos filmes Inocência (1983), Amenic – entre o discurso e a prática (1984), A marvada carne (1985), Madame Cartô (1985), Sonho sem fim (1985), Eu sei que vou te amar (1986), Com licença, eu vou à luta (1986), Mulher do próximo (1988), Fogo e paixão (1988), Kuarup (1989), Beijo 2348/72 (1990), Capitalismo selvagem (1993), O judeu (1996), Terra estrangeira (1996), Miramar (1997), O que é isso, companheiro? (1997), O primeiro dia (1998), Gêmeas (1999), Os normais (2003), Redentor (2004), Casa de areia (2005), Saneamento básico (2007), Jogo de cena (2007), A mulher invisível (2009) e Os normais 2 – A noite mais maluca de todas (2009). Vale aplausos e de muitos! Veja mais aqui.

SAVAGES – O policial Savages (2012), dirigido pela cineasta e roteirista estadunidense Oliver Stone, é baseado no romance homônimo de Don Winslow, contando a história de dois amigos plantadores e contrabandeadores de cannabis, produzindo uma variante forte do produto que o tornam muito ricos. A partir de então se envolvem com o cartel mexicano, mas recusam a parceria, ocorrendo a partir de então começa uma trama recheada de golpes, subornos, violência, revides, prisões e muita ação. O destaque do filme é para a belíssma atriz estadunidense Blake Liverly. Veja mais aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte do fotógrafo francês Henri Cartier-Brersson (1908-2004)

Veja mais no MCLAM: Hoje é dia do programa Tataritaritatá, a partir das 21hs, no blog do Projeto MCLAM, com a apresentação sempre especial e apaixonante de Meimei Corrêa. Na programação: Beethoven, Gilberto Gil, Orquestra Brasileira de Música Jamaicana, Quarteto em Cy, Quinteto Violado, Banda de Pau e Corda, MPB 4, Sonia Mello, Ozi dos Palmares, Jussanam, Ricardo Machado, Jan Cláudio & Eduardo Proffa, Wilson Monteiro, Mazinho, Walter Pepê, Elisete Retter, Marquinhos Cabral & Genésio Cavalcanti, Santana o Cantador, Trio Ambisi, The Skatalites, Conjunto Água Azul, Alexandre Machado & Grupo Um Só Sentimento, Tirso Florence de Biasi, Fernando Rios, Marisa Serrano, Paulynho Duarte, Franco do Valle, Coral São Vicente a Capella, Sorriso Maroto, Fábio Jr, Exaltasamba, Fernando Iglesias & muito mais. Em seguida, o programa Mix MCLAM, com Verney Filho e na madrugada Hot Night, uma programação toda especial para os ouvintes amantes. Para conferir online acesse aqui.

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MARIA RAKHMANINOVA, ELENA DE ROO, TATIANA LEVY, ABELARDO DA HORA & ABYA YALA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Triphase (2008), Empreintes (2010), Yôkaï (2012), Circles (2016), Fables of Shwedagon (2018)...