A SOLIDÃO DE THOREAU – Sou o recluso de concórdia: um
pesquisador-sonhador entre a verdade, o erro e a ilusão. Mais, medindo o que há
de alegria na tristeza, da clemência à crueldade, da sabedoria à ignorância,
ideias e afeições, o tranquilo desespero que todos transitam na experiência. Ninguém
me conhece; e, ao me reconhecer, não me entende na tirania débil da opinião
pública. Estou só e não sei onde deixei a lanterna de Diógenes, não há. Ademais,
sigo maravilhado com a beleza da vida: os fins são fúteis; os meios,
insuficientes. A minha contemplação é mais que solitária: cumprir com o meu
dever e nas minhas deduções íntimas, a minha obrigação para com a vida:
retribuir o devido. Sou uma entidade humana e divago entre a necessidade e o
livre arbítrio pela fonte lírica, musical e maravilhosa que é a vida. Só o que
posso saber e ver, do insensato até o incoerente: o universo existe em mim, do
insignificante ao mais monstruoso. Quando vejo, falo como se a honestidade dos
pássaros e todos os outros animais que não sabemos nos comunicar, nos dissesse
que não somos unos com a Natureza, a nossa triste história do nascimento à
morte e o esquecimento definitivo. Afinal ninguém precisa de sua origem e destino.
Só o amor é sabedoria e ninguém conhece seus fundamentos. Apenas canto a minha
canção como o Universo canta a sua no meu coração. Devo viver só, sem depender
de nada nem ninguém. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS
& DESDITOS: [...] Pouco antes de seu décimo quinto aniversário,
quando o calor do verão principiava a aumentar, rumo ao seu máximo
estupeficante, Meggie notou manchas pardas, irregulares nas calças. Um ou dois
dias depois as manchas desapareceram, mas seis semanas mais tarde, voltaram, e
a vergonha mudou-se em terror. Na primeira vez julgara-a sinais de um traseiro
sujo, e daí a sua mortificação, mas, na segunda, viu que se tratava
inegavelmente de sangue. Não tinha a menor ideia da sua procedência, mas
presumiu que viesse do traseiro mesmo. A lenta hemorragia desapareceu três dias
depois e não voltou por mais de dois meses; a lavagem furtiva das calças
passara despercebida, pois era ela mesma que lavava quase toda a roupa. O
ataque seguinte lhe trouxe dor, as primeiras cólicas não hepáticas de sua vida.
E a sangria foi pior, muito pior. Ela furtou algumas fraldas dos gêmeos, que
tinham sido postas fora de uso, e tentou amarrá-las por baixo das calças,
horrorizada pela perspectiva de que o sangue pudesse transpassá-las. [...] A morte que levara Hal havia sido
como uma visita tempestuosa de algo fantasmagórico; mas essa cessação do
próprio ser era aterradora. Como poderia ela procurar Fee ou Paddy para
dar-lhes notícias que estava morrendo de alguma doença indecorosa e proibida do
traseiro? Somente a Frank teria ela podido contar suas dificuldades, mas Frank
estava tão longe que não sabia onde encontrá-lo. Ela ouvira as mulheres falar,
à mesa do chá, em tumores e cânceres, mortes lentas e horripilantes, que suas
amigas, suas mães ou suas irmãs haviam sofrido, e aquilo lhe parecia, sem
dúvida, uma espécie qualquer de tumor que lhe corria as entranhas, roendo-as em
silêncio na direção do coração assustado. E ela não queria morrer! [...] Suas
ideias sobre a morte eram vagas, como era vaga a ideia que fazia do seu futuro
"status" naquele incompreensível outro mundo. Para Meggie, a religião
era muito mais um conjunto de leis que uma experiência espiritual, e não
poderia ajudá-la de maneira alguma. Palavras e frases acotovelavam-se, aos
pedaços, em sua consciência tomada de pânico, proferidas pelos pais, pelas amigas,
pelas freiras, pelos padres nos sermões, pelos homens maus nos livros quando
ameaçavam vingar-se. Não havia maneira com que pudesse chegar a um acordo com a
morte, procurando imaginar se a morte era uma noite perpétua, um abismo de
chamas que ela teria de transpor num salto para chegar aos campos dourados do
lado oposto, ou uma esfera, como o interior de um balão gigantesco, cheio de
coros que se alteavam e luzes atenuadas por janelas sem fim de vidros pintados
[...] O pássaro com o espinho
encravado no peito segue uma lei imutável; impelido por ela, não sabe o que é
empalar-se, e morre cantando. No instante em que o espinho penetra não há
consciência nele do morrer futuro; limita-se a cantar e canta até que não lhe
sobra vida para emitir uma única nota. Mas nós, quando enfiamos os espinhos no
peito, nós sabemos. Compreendemos. E assim mesmo o fazemos. Assim mesmo o
fazemos [...]. Trechos
extraídos da obra Pássaros
feridos (Bertrand Brasil, 1986), da escritora australiana Colleen McCullough (1937-2015).
A POESIA DESOBEDIENTE DE HENRY DAVID THOREAU –
[...] A grande arte transcende o presente e sugere
o intemporal e o eterno [...] A arte difunde a vida. [...] A poesia é... É somente graças a um milagre
que a poesia é escrita. Não se trata de um pensamento recuperável. Mas do matiz
de um pensamento evanescente. Nenhuma definição da poesia é adequada a não ser
que seja em si mesma poesia. A mais detalhada análise, feita pela mais
extraordinária poesia, é ainda insuficiente, e o poeta imediatamente provará
que ela é falsa, pondo de lado os seus requisitos. A poesia é, na verdade, tudo
quanto ignoramos. [...] Há sempre um
poema que não se imprime, mas que coexiste com a produção do poema escrito, e
que se acha estereotipado na vida do poeta. É aquilo em que o poeta se transformou
através da obra. Todo homem será poeta se puder; se não for possível, será um
filósofo ou cientista. Isto prova a superioridade do poeta. [...]. Trechos
extraídos da obra O pensamento vivo de
Thoreau (Martins, 1965), reunindo obras do ensaísta, poeta, naturalista,
ativista anti-impostos, crítico, pesquisador, historiador, filósofo e
transcendentalista norte-americano Henry
David Thoreau (1817-1852), organizada por Theodoro Dreiser. O seu
pensamento engloba o ativismo abolicionista, preocupações ecológicas e
ambientais, defendendo a desobediência civil individual como forma de oposição
legítima frente a um estado injusto, influencia personalidades como Gandhi,
Tolstoi e Martin Luther King. Veja mais aqui, aqui & aqui.
MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR
[...] precisamos
acreditar no povo e dar a cada indivíduo as condições necessárias para que ele
se transforme em sujeito crítico e participante nos vários níveis da sociedade
igualitária. Dessa forma, as pessoas se transformarão em cidadãos plenos, exercitando
uma vida democrática, de liberdade de escolha e de participação ativa.
MOVIMENTO DE CULTURA POPULAR - Trecho extraído da obra Movimento de cultura popular: impactos na sociedade pernambucana
(Liceu,2010), da professora doutora em Educação Popular, Letícia Rameh Barbosa. A obra é oriunda a tese de doutoramento
defendida na Universidade Federal da Paraíba, em 2007, e está estruturado com
abordagens sobre o contexto histórico-cultural, os
conceitos essenciais para se conhecer o Movimento de Cultura Popular (MCP), a influência
nos vários setores da sociedade recifense, a educação com Paulo Freire, os
conflitos e declínio, e as contribuições do MCP como movimento social. Veja
mais aqui.
A ARTE DE MARGOT FONTEYN
Coisas menores podem tornar-se momentos de grande revelação quando as encontramos
pela primeira vez. Se eu aprendi alguma coisa, é que a
vida não forma padrões lógicos. É casual e cheio de
belezas que tento pegar enquanto passam, pois quem sabe se alguma delas voltará?
A única coisa importante que aprendi ao longo dos anos é a diferença entre
levar o trabalho a sério e levar a sério. O primeiro é
imperativo e o segundo é desastroso. Gênio é outra palavra para magia, e o
ponto principal da magia é que é inexplicável.
MARGOT FONTEYN – A arte da bailarina inglesa Margot Fonteyn (1919-1991),
apontada como Prima Ballerina Assoluta da companhia pela rainha Elizabetg
II, despontando por suas qualidades excepcionais: lírica, dramática, musical e
suas proporções físicas perfeitas. Começou a carreira com apenas dezesseis
anos, tornando-se a musa inspiradora e intérprete ideal das criações do coreógrafo
Ashton. Veja mais aqui.
A ARTE PERNAMBUCANA
A arte do escultor e artesão ceramista Mestre Vitalino (Vitalino
Pereira dos Santos (1909-1963) aqui & aqui.
Barbosa Lima Sobrinho & A Revolução Praieira aqui.
A poesia de Vernaide Wanderley aqui.
Abriu-se a biblioteca: Encontros com
histórias, encontro com leitores, das professoras Ester
Calland de Sousa Rosa & Maria Helena Santos Dubeux aqui.
O filme Organismo,
de Jeorge Pereira & Bianca
Joy Porte aqui.
Acorda Mata Sul & HéricAraújo aqui.
Dominando a acentuação gráfica de Arantes Gomes aqui.
Vulvas Livres aqui.