ESTÁ TUDO MUITO LOUCO, GENTE! UMA & OUTRA: Nunca me
vi engomadinho, nem achegado a engravatados e ourinadas, grifados ou posudas.
Nunca fui de andar na linha – tem cada trem, ó, trubufus e cagarraios! -, nem
andar de patota. Sempre andei só e levando todo mundo comigo no coração e
estradas. Nunca me enquadrei em fôrmas ou moldes, doutrinas pro beleléu;
teorias, maior confusão. Sempre soube que evolução não é decadência, nem nunca
me empanturrei com modismos ou arrotando o politicamente correto. Só corto o
cabelo e faço a barba por conta do calor, o Nordeste é quente! (E para não
parecer um bicho, embora reconheça que sou o bitcho muito feioso). Nesses
tempos de felicidade urgente, açougues de glamour, algoritmos, cápsulas,
drágeas de tudo, cédulas e moedas, fantoches e simulacros, todo mundo quer
berrar pelo umbigo. Quem quiser que meta a cabeça contra muro, arraste seus
grilhões, couraças, redomas e interditos – nada mais épico de tão notável, ou
patético de tão desagradável -, já dei cabeçadas demais. Sei que sou muito
doido, valho-me do Erasmo: A pior das loucuras é, sem dúvida, pretender
ser sensato num mundo de doidos. E eu sei que sou muito doido, incoerente, quem
não? Estou com a lição de Krishnamurti:
Não é sinal de saúde estar bem adaptado a
uma sociedade doente. DUAS DE OUTRA:
Nesses tempos obscuros de censura, nada de novo. A gente só faz repetir,
por exemplo, o que se passou com Giordano Bruno, que excomungado por calvinistas e luteranos, rejeitado por todas as
igrejas cristãs e foi acusado de insubordinação ao papa, tido como herege pela
santíssima inquisição e acabou queimado vivo na fogueira do Campo dei Fiori, em
Roma. Isso porque ele não deu uma de Galileu: defendeu o copernicanismo e confirmou
Kepler e o seu heliocentrismo que já era tema de Aristarco na Grécia Antiga.
Pois é, a história se repete desde não sei quando de tão antes de antigamente. A
melhor dele: Somente uma coisa me
fascina: aquela em virtude da qual me sinto livre na sujeição, contente no
sofrimento, rico na indigência e vivo na morte. TRÊS PARA FECHAR: Uma treta da boa foi aquela da semana que virou três
dias em 1922, reunindo a saparia do Bandeira
com os Andrades e outros encasacados da Arte Moderna. A coisa empenou entre
apupos, quando Lobato arreou a lenha
nos modernos financiados pela oligarquia paulista. O negócio esquentou! O
evento assim passou por desimportante, só muito depois que foi se tornou um
marco na história das artes brasileiras. Coisas de Brasil, essa de saber das
coisas muito depois, quase esquecidas. Aqui tudo tarda, mas parece que não
falha, tomara mesmo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja
mais abaixo e aqui.
DITOS
& DESDITOS: [...] Fora da ilusão, os
ruídos se tornaram vulneráveis, eles poderiam ser exorcizados. Maria ensaiou
truques, senti feitiços, pensei que um dia respirando no momento de ouvi-los iria
empurrar para trás. E eles se afastaram. Eles eram soluções momentâneas: ruídos
sempre foram ressuscitados e seu breve devaneio aprendeu a contornar o exorcismo. [...] Maria pegou com as pontas dos dedos e jogou para
o mar, e o cheiro do mar era então todo o dia na sua mão: mais áspero, mais
denso que o de chuvas e caracóis pretos que ressoavam no seu bolso do avental
enquanto caminhava lentamente para siga o passo da tia, ouvindo-a falar sobre
os velhos vezes, quando criança, andava com Sergio ao longo da mesma praia e
nas noites de luar a areia brilhava como se cada grão escondesse um alfinete de
cristal. Eles não eram cristais, mas algas fosforescentes, Tia Oriane explicou
sorrindo. Mas durante anos Sergio e ela acreditavam na existência de um tesouro
escondido no outro extremo da praia, sob a rocha onde o mar estava mexendo,
explodindo em ondas espumas e apareciam ocasionalmente, aparadas contra a
primeira clareza do dia, a figura do desconhecido. Isso assustou Fidelia. [...] Eles nunca foram para o
rock. Sua tia não suportava o brilho do sol nos olhos e voltou a meio caminho.
Depois, marcharam às pressas, porque tia Oriane insistia em tomar o café da
manhã às oito da manhã. Mesmo que ele não entendesse os caprichos deles, Maria
se adaptaria a eles com certa cumplicidade. [...]. Trechos extraídos da obra Oriane, tía Oriane y
otros cuentos (Universidad del Norte, 2016), da escritora colombiana Marvel Moreno (1939-1995).
LIÇÕES DE SEMPRE – Os ensinamentos são importantes por si mesmos
e intérpretes ou comentadores apenas os distorcem, sendo aconselhável ir
diretamente à fonte, os próprios ensinamentos, e não valer-se de nenhuma
autoridade. A verdade não pode ser trazida para baixo; é o individuo que deve
fazer o esforço de ascender até ela. O autoconhecimento é o começo da
sabedoria, em cuja tranquilidade e silêncio encontra o imensurável. Sabedoria
não se aprende de outros, nem nos livros. Pensamento do filósofo,
escritor e educador indiano Jiddu Krishnamurti (1895-1986). Veja mais
aqui.
A MÚSICA ADRIANA FARIAS
Curtindo
a beleza e o talento da cantora, violonista, compositora e violeira Adriana Farias. Veja mais aqui.
A ARTE DE PEDRO CABRAL
A arte
do escritor, arquiteto, professor e artista plástico Pedro Cabral. Veja mais aqui, aqui & aqui.
A ARTE PERNAMBUCANA
A
parnaso-simbolista & a modernista poesia de Ascenso Ferreira aqui.
O
Lobisomem Zonzo aqui.
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