A DOR SOLIDÁRIA
DE NUNCA CALAR - Imagem: arte da poeta, artista
visual & blogueira Luciah Lopez.
- Quando dona Zezé por duas vezes desercarnou
no ápice da dor, eu morri muito mais vezes porque era dela a minha vida. E
quando Derluza sucumbiu por
negligência médica, macetes hospitalares e impotência judiciária, eu me
enterrei naquela manhã chuvosa do seu voo. E quando Sulina perdeu a pose das feições por disparos de calibre grosso, eu
perdi minha face para nunca mais vê-la. E quando Samira da minha paixão adolescente fraquejou caindo crivada de bala
no acostamento do canavial pelo ódio da grana na lei da vingança já que ela não
podia ser na mão do poder, não seria de mais ninguém, eu quedei metralhado
pelas dores de não prever uma tragédia anunciada. E quando Gersoca sofreu decepcionada com o abuso dos quatros anões
dilapidadores, eu finei antes da hora com todas as suas lágrimas. E quando Elvira perdeu a adolescência e toda a
sua vida nas mãos do carrasco coronel, eu me desfiz em zis canções pungentes
com todos os lamentos do passado e futuro. E quando Gilvanícila se viu com a filha enlouquecida e as netas gêmeas recém-nascidas
Down desamparadas, eu me solidarizei
para ser mais que uma mãe desolada com esperanças e afeto das cinzas. E quando Sulamita sentiu as mãos do pai
desalmado desgraçando o hímen da sua infância e das suas irmãs, eu me dizimei
pra ser mais um incônscio no reino dos metazoários. E quando a menina foi morta
por todos os mortos do pai assassino, eu me extingui em labaredas de revoltas
por saber que vivia não entre gente, mas entre primitivos espécimes. E se elas
foram suplantadas por todas as formas de injustiça, e se choraram
fragorosamente a dor insuportável de jamais superar, e se foram rendidas e
desabrigadas por inumeráveis anos de lágrimas torrenciais, e se penaram
resignadas ou se não tiveram nem tempo pra se proteger, eu sou nelas a dor solidária
de nunca calar. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Todo dia é Dia da Mulher especial
com a pianista, compositora e cantora Eliane Elias: Dreamer, Light my fire
& Live in Jazz; a pianista, compositora e intérprete da música
contemporânea, Maria Alice de Mendonça: Sanga, o encontro com o divino,
Metamorphosis & Dança do silêncio; & muito mais nos mais de 2 milhões
de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o
som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Agora,
vivo num planeta dolorido, transparente como o gelo. É como se houvesse
aprendido tudo de uma vez, numa questão de segundos. Minhas amigas e colegas
tornaram-se mulheres lentamente. Eu envelheci em instantes e agora tudo está
embotado e plano. Sei que não há nada escondido; se houvesse, eu veria.
Palavras da pintora mexicana Frida Kahlo (1907-1954).
Veja mais aqui e aqui.
COM LICENÇA POÉTICA
Quando nasci um anjo esbelto,
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
desses que tocam trombeta, anunciou:
vai carregar bandeira.
Cargo muito pesado pra mulher,
esta espécie ainda envergonhada.
Aceito os subterfúgios que me cabem,
sem precisar mentir.
Não sou tão feia que não possa casar,
acho o Rio de Janeiro uma beleza e
ora sim, ora não, creio em parto sem dor.
Mas o que sinto escrevo. Cumpro a sina.
Inauguro linhagens, fundo reinos
-- dor não é amargura.
Minha tristeza não tem pedigree,
já a minha vontade de alegria,
sua raiz vai ao meu mil avô.
Vai ser coxo na vida é maldição pra homem.
Mulher é desdobrável. Eu sou.
Poema da
escritora, professora e filósofa Adélia Prado. Veja mais aqui.
ELAS FALAM - [...] No mundo globalizado sob a égide das legiões
militares da nova águia americana, dito do pensamento único, possa esta leve
breve reflexão sobre mulheres de outros séculos e de tempos de utopias hoje
desqualificadas sistematicamente, bem como de preconceitos, como os que as
atingiram, agora cada vez mais numerosos e fortes, inclusive contra
diaspóricos, párias e deficientes, servir de afirmação, pelo menos implícita,
de que, ao contrário do personagem voltairiano que acreditava estarmos no
melhor dos mundos possíveis, um outro mundo, lehor, é possível! Certamente para
seu advento contribuíram mulheres, como Mary, Flora ou Frida, que, em suas
obras, pensaram etnia, gênero, classe social não em termos de desigualdades, de
handicaps mas de diferenças, numa perspectiva de luta por uma sociedade justa e
igualitária. Trecho de Diásporicas,
párias, deficientes do século XIX ao XXI, de Maria Consuelo Cunha Campos, extraído da obra Mulheres no mundo: etnia, marginalidade e diáspora (Ideia,
2005),organizado por Nadilza Martins de Barros Moreira e Liane Schneider. Veja
mais aqui
DA MESMA OBRA: MULHERES NO MUNDO - [...] O que se torna
mais intrigante é que, os estudos de gênero, apesar da produtividade de suas
pesquisas e atividades e da importancia de seu papel para a formulação de
políticas públicas, justamente nesse momento tão estimulante e desafiador venha
experimentando um certo congelamento teórico e perdendo sua posição de
intervenção acadêmica de ponta. Isto soa meio anacrônico porque – especialmente
em sociedades periféricas ou em desenvolvimento, tem em mãos a responsabilidade
por suas já comprovadas conquistas políticas e epistemológicas, de pensar ste
novo quadro de mibilidade das diferenças. Reclexão esta que séria definitivva
para o exame critico não apenas das tensões, articulações e alinaças
internacionais mas, sobretido, o impact destas tensões no interior das lógicas
de poder de suas próprias sociedades. [...]. Trecho de Os estudos de gênero e a mágica da globalização, da professora da
UFRJ, Heloisa Buarque de Hollanda, extraído
da obra Mulheres no mundo: etnia,
marginalidade e diáspora (Ideia, 2005),organizado por Nadilza Martins de
Barros Moreira e Liane Schneider. Veja mais aqui
MEMÓRIAS DO CERRADO – [...] Uma coisa assim, do fundo do coração, que a
mãe natureza nos proporciona para manter a alegria de um encontro ainda que
relâmpago [...], Trecho da crônica Memórias
do cerrado, da escritora Graça
Graúna, extraído da obra Vozes: a crônica feminina contemporânea em Pernambuco (CEPE, 2007), organizada por Elizabeth Siqueira e Laura
Areias. Veja mais aqui.
PERNAMBUCO - Sangram-te o orgulho, e o brio, e Márcio afã, sem tréguas, / prédios de
honra e de fé, guerra a heresia e ao mal! / Não tens, nessa região de tantas,
tantas léguas, / uma aldeia sem glória e uma alma sem ideal. / Tradições de
alto heroísmo em nossa história, alegoa-as / desde a Marin Cabocla e o Bom
Jesus do arraial. / Não se mede o que fostes, onde escalas e réguas / para a
força em que se une a pátria integral? / A vanguarda foi tua em todo a teu
nobre empenho: / de teu gênio nos veio o primeiro soldado, / e o livro que
primeiro o Brasil escreveu... / Seja em bélico assanho ou em pindárico engenho:
/ terra não há que ostente em pugnas do passado / mais louros, mais troféus,
povo maior que o teu! Poema da educadora, jornalista, poeta e
ativista feminina Edwiges de Sá Pereira (1884-1958), extraído de História
Geral da Literatura Pernmabucana – Poetas da academia sec. XVI-XX, 1995,
organizado por Mariano Lemos. Veja mais aqui.
VOZES DAS MULHERES
Três antologias sobre a vida, a luta e a arte das mulheres:
A escrita da nova mulher, publicado pelo Programa de Pós-Graduação em
Letras da UFPE, em 2005, Suaves amazonas: mulheres e abolição da escravatura no
nordeste (Recife: EdUFPE, 1999) e Presença Feminina,
publicada oela Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco (Alepe, 2002),
que traz o perfil de nove deputadas estaduais. Essas três obras tem uma coisa
muito em comum: a organização da escritora, professora, feminista e
pesquisadora Luzilá Gonçalves Ferreira. Veja mais aqui.
O Centro Cultural Vital Corrêa de Araujo
& a Biblioteca Fenelon Barreto
informam:
Fórum de Ecologia e Educação Ambiental (FEEA) & Bando de
Mônadas, de Vital Corrêa de Araujo na Agenda
aqui.
&
A ponte entre quem ama e a plenitude do amor!, a
literatura de Murilo Rubião, a escultura de Wäinö
Aaltonen, a música de Anneke
van Giersbergen, a arte de Ramón
Casas, Elisa Desoire na fotografia de Manuel Colombo, o grafite de Eduardo
Kobra, Fátima Jambo & Todo dia é dia da mulher aqui.