RUMO AO
DESCONHECIDO – Imagem: arte da
artista visual estadunidense Jennifer
Hannaford. - Para onde eu
vou, qualquer caminho, nada a perder ou achar. A insatisfação não leva a lugar
algum nem pra quê. Onde estou, qualquer lugar, todo caminho dá na venda, água
pro rio, rio pro mar. Longe é um lugar que não existe, quantas léguas, nenhum
relógio, do tempo só sei de ontem, agora, qualquer coisa, só saberei ao chegar.
Levo comigo nenhuma certeza, nem preciso, tudo que não sei, resta aprende o que
for. Dali pra diante, nunca se sabe. Não há como errar, quantas encruzilhadas,
achar o que for, nem precisa saber das horas, nuvem que passa, nunca é tarde,
nada por acaso. Tanto pra andar, da curva pra porta fechada, muito que
aprender, só se sabe mesmo depois, haja chuva ou sol de verão, haja estrela no
céu ou maior temporal, seja de leste a oeste, ou norte pro sul, eu sei que vou
ou terei de voltar. E se o dia escurece, levo a noite comigo até amanhecer. O
que será doce ou azedo, a despeito que esteja passado ou no ponto. Quem dera
não mais escolher, azul ou encarnado, ou por analogia e dessemelhança, erro e
acerto, nada, seja arco-íris, aurora boreal, madrugada austral, correnteza de
oceano, ventos e vendaval. Amanhã saberei o que nem possa supor, desde o elo
entre o coração e a língua, o verbo, o que se dissipe ou não, desde a pedra
menfita da criação, sempre quis ser maior que as minhas ideias. Até lá vivo
cada instante sem perder a oportunidade de ser feliz, haja o que houver, tudo é
possível, até o inacreditável, o inesperado. Assim é a vida e seus insondáveis
mistérios, e nela vou e estou pro que der e vier, vou e voo. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá Todo dia é Dia da Mulher especial com o bandoneonista e compositor argentino Astor Piazzolla (1921-1992): Montreal Jazz Festivcal, Argentine Tango
Music & Los cuatro estaciones porteñas; a cantora compositora e
instrumentista Tetê Espíndola: Piraretã, Lírio Selvagem & ao vivo; & muito mais
nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Talento
é um dom divino: ou você tem ou não tem. Mas isso não interfere com a
experiência de escrever. Escrever traz gratificações exclusivas. Aproveite-as.
E as transmita. Pensamento extraído da obra Manual do roteiro (Objetiva, 1995), do roteirista, produtor,
professor e conferencista estadunidense Syd
Field (1935-2013).
A IRONIA & O PARADOXO - [...] Para poder escrever bem sobre um objeto, é
preciso já não se interessar por ele; o pensamento que se deve exprimir com
lucidez já tem de estar totalmente afastado, já não ocupar propriamente alguém.
Enquanto o artista inventa e está entusiasmado, se acha, ao menos para a
comunicação, num estado iliberal. Pretenderá dizer tudo, o que é uma falsa
tendência dos gênios jovens ou um justo preconceito de escrevinhadores velhos.
[...] A
ironia socrática é a única dissimulação inteiramente involuntária e, no
entanto, inteiramente lúcida. Fingi-la é tão impossível quanto revelá-la. Para
aquele que não a possui, permanece um enigma, mesmo depois da mais franca
confissão. Não se deve enganar ninguém, a não ser aqueles que a tomam por
engodo e que, ou se alegram com a grande pândega de se divertir com todo mundo,
ou ficam fulos, quando pressentem que também estão sendo visados. Nela tudo
deve ser gracejo e tudo deve ser sério: tudo sinceramente aberto e tudo
profundamente dissimulado. Nasce da unificação do sentido artístico da vida e
do espírito científico, do encontro de perfeita e acabada filosofia-de-natureza
e de perfeita e acabada filosofia-de-arte. Contem e excita um sentimento do
conflito insolúvel entre incondicionado e condicionado, da impossibilidade e
necessidade de uma comunicação total. É a mais livre de todas as licenças, pois
por meio dela se vai além de si mesmo; e, no entanto, é também a mais sujeita à
lei, pois é incondicionadamente necessária. É muito bom sinal se os
harmoniosamente triviais não sabem de modo algum como lidar com essa constante
autoparódia, na qual sempre acreditam e da qual novamente sempre desconfiam,
até sentir vertigens, tomando justamente o gracejo como seriedade, e a
seriedade como gracejo. [...] Trechos extraídos da obra O dialeto dos
fragmentos (Iluminuras, 1991), do filósofo, poeta e filólogo alemão Friedrich Schlegel (1772-1829).
EU SOU UM GATO – Ele fixaria em Deus aquele olhar
verde-esmeralda com uma leve poeira de ouro no fundo. E não obedeceria porque
gato não obedece. Quando a ordem coincide com sua vontade, ele atende mas sem a
humildade do cachorro, o gato não é humilde, ele traz viva a memória da
liberdade sem coleira. Despreza o poder porque despreza a servidão. Nem servo de
Deus. Nem servo do Diabo. [...] O
gato apenas sorri no ligeiro movimento de baixar as orelhas e apertar um pouco
os olhos como se os ferisse a luz, esse o sorriso do gato. Secreto. E distante.
Nem melhor nem pior do que o cachorro mas diferente. Fingido? Não, porque ele
nem se dá ao trabalho de fingir. Preguiçoso, isso sim. Caviloso. Essa palavra saiu
de moda mas deveria voltar porque não existe definição melhor para um felino. E
para certas pessoas que falam pouco e olham muito. Cavilosidade sugere cuidado,
afinal, cave é aquele recôncavo onde o vinho fica envelhecendo em silêncio, no
escuro. Na cave o gato se esconde solitário, porque sabe do perigo das
aproximações. Mas o cachorro, esse se revela e se expõe com inocência, Aqui
estou! Trechos extraído da obra A
disciplina do amor (Nova Fronteira, 1980), da escritora premiada e
membro da Academia Brasileira de Letras do Brasil e de Lisboa, Lygia
Fagundes Telles. Veja mais aqui,
aqui e aqui.
SONETERAPIA
– Drummond perdeu a pedra: é drummundano.
/ João Cabral entrou pra academia, / Custou mas descobriram que caetano / Era o
poeta (como eu já dizia) / O concretismo é frio e desumano, / Dizem todos
(tirando uma fatia). / E enquanto nós entramos pelo cano, / Os humanos entregam
a poesia. / Na geléia geral da nossa história, / Sousândrade Kilkerry Oswald
vaiados, / Estão comendo as pedras da vitória. / Quem não se comunica dá a
dica: / Tó pra vocês chupins desmemoriados, / Só o incomunicável comunica.
Poema do poeta, tradutor e ensaísta brasileiro Augusto de
Campos. Veja mais aqui e aqui.
A ARTE DE JENNIFER HANNAFORD
A arte da artista visual estadunidense Jennifer Hannaford.
O Centro
Cultural Vital Corrêa de Araujo & a Biblioteca
Fenelon Barreto informam:
II
Colóquio Internacional de Pedagogia do Teatro – COLIPETE
II Encontro Vozes: As mulheres na Filosofia
Oceanos Prêmio de Literatura em Língua Portuguesa
I Fórum de Ecologia e Educação Ambiental
(FEEA)
Bando de Mônadas, de Vital Corrêa de Araújo
& muito mais na Agenda aqui.
&
Os
seus versos, danças & cantos do Cacrequin, a música de Jasmine Guy, a pintura Renata Domagalska, o cinema de Lívia Perez, a
arte de Luciah Lopez, Vera Lúcia Regina
& Crônica de amor por ela aqui.