DURÁN & AS NOITES DA CULTURA – Conheci
José Durán y Durán quando ele chegou da Espanha, recepcionado pela edição
inaugural do Jornal do Grêmio Cultural
Castro Alves, que mantínhamos circulando entre os alunos do Colégio
Diocesano dos Palmares. Fomos apresentados pela mão do então bispo de Palmares,
Dom Acácio Rodrigues Alves, já me informando que seria o novo professor da
minha classe, batendo o centro na nossa amizade. Como eu sempre vivia de papo
com os professores nos finais de semana, o Pepe – como carinhosamente é chamado
pela esposescritora Sororro Durán e os enxeridos mais achegados como eu -, me
convidou para passarmos uma tarde de sábado conversando, ocasião que me
presenteou com dois livros: La rebelión
de las massas, de Ortega y Gasset (veja aqui) e a Antologia poética do poeta espanhol
Antonio Machado (veja aqui), fato que me fez ser constante
visitador de sua residência nas tardes de sábado, afinal presente desse não é
pra todo dia. Foi por essa época que me falou do interesse de realizar reuniões
artístico-culturais, que passaram a ser chamadas de Noites da Cultura Palmarense.
Lá estávamos todos nós: Durán, Juareiz Correya, Paulo Profeta, Ângelo Meyer, os
compadres Javanci Bispo & Sandra Lustosa, Jamilton Correia, Zé Ripe,
Mauricinho Melo Filho, Fernandinho Melo, Ozi dos Palmares, Teles Júnior &
Grucalp, Eliseu Pereira, Erivam Félix, Givanilton Mendes, Célio Carneirinho,
Luis Gulu de França, Betania Pinheiro, entre outros professores, artistas e fazedores
de arte. Dessas reuniões surgiram murais, exposições, recitais, melodramas,
jograis, e a publicação do informativo Nova
Caiana, que circulou por três edições. A primeira delas, em homenagem ao
Poeta do Universo, com editorial de Durán e capa de Ângelo Meyer, a Revisão de
Hermilo de Juareiz Correya, exposição de Teles Junior, poemas de Paulo Profeta
& Betania Pinheiro, entre outras notícias e informações. A segunda edição
foi em Homenagem ao Centenário de Emancipação de Palmares, com capa de Teles Júnior,
entrevista com o poeta Raymundo Alves de Souza realizada por Givanilton Mendes,
poema de Ezequias Pessoa de Siqueira, Durán, João Lins, Sandra Lustosa, Paulo
Profeta, Betania Pinheiro, Valéria Lins, Javanci Bispo e Teles Júnior, entre
outros registros informativos. A terceira edição traz o editorial de Durán, com
destaque para biografia e poemas de Eliseu Pereira de Melo, Relato de Juareiz
Correya, Lelé Corrêa por Hermínia Lúcia, Raízes de Palmares de Joaquim Nabuco,
Cotidiano de Ângelo Meyer, poemas de Ezequias Pessoa de Siqueira, João Lins,
Betania Pinheiro, Gerson Flávio da Silva, Antonio Araújo de Melo, e um melaço
de notícias. Foram três edições mimeografadas e distribuídas em Palmares e
região Mata Sul de Pernambuco, resultando nas conquistas que se sucederam após
seu evento, como a Fundação Casa da Cultura Hermilo Borba Filho, a Revista A
Região, as Edições Bagaço, grupo Terra Teatro, Associação Teatral Palmares
(ATEP), IV Feira de Música, Circo Itinerante, revista em quadrinhos
Aventureiros do Una, entre outros lançamentos de livros, encenações teatrais,
shows musicais, exposições e eventos culturais e artísticos. A cidade ficou bem
movimentada mesmo a partir de então. Os anos se passaram e ao visitar a escola
do Instituto de Belas Artes Vale do Una,
do poetamigo Paulo Profeta, tive uma
grata surpresa: entre os alunos, Durán despontava já como promissor artista
plástico, participando, inclusive, do Projeto Pintando na Praça, promovido
pelo instituto mencionado. Como há mais de trinta anos não o via, ao realizar
minha palestra sobre as Perspectivas Holísticas e Neurocientíficas
na Contemporaneidade, no restaurante O Nordestão, em Palmares, tive a grata satisfação de abraçá-lo e,
coincidentemente, comemorar o seu aniversário, regado a um bom papo, uísque pra
mim e vinho pra ele. Conversamos e atualizamos as últimas novidades, quando
fiquei sabendo de sua disposição em realizar uma exposição individual. Não deu
outra, nem podia ser diferente, é que agora, vez em quanto, a gente se cruza e
fiquei sabendo da sua exposição Em-Cantos de Palmares, na Biblioteca
Pública Fenelon Barreto, em Palmares. Fiquei bastante feliz de saber dessa sua
realização. Mais ainda, por ter sido ele um dos precursores naqueles nublados
anos 1970, responsável por tudo que surgiu em seguida na tumultuada década de
1980. Da minha parte, aplausos e admiração por seu talento artístico,
comemorando, assim, a definitiva estreia com uma exposição individual
homenageando a terra em que nasci. Salve, salve, Pepe, beijabração artistamigo!
Sucesso do muito & vamos juntos. © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do compositor, cantor e violonista Geraldo Azevedo: Um geral do Azevedo, De outra maneira, Carnaval do Recife
ao vivo, Especial, Especial Forró & Tanto querer & muito mais nos mais
de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA – É preciso pensar por nossa conta. Ninguém,
mais do que eu, está sempre disposto a reformar, a abandonar mesmo, como
imprestáveis, as opiniões mais queridas, quando recai sobre elas qualquer
suspeita de erro. Mas, quero ver razões que me convençam. Pensamento
do filósofo, escritor, crítico e jurista Tobias
Barreto (1839-1889).
EMOÇÕES & CONSCIÊNCIA – [...] as emoções e os sentimentos podem provocar distúrbios nos
processos de raciocínio em determinadas circunstâncias. (e sugere que) [...] certos
aspectos do processo da emoção e do sentimento são indispensáveis para a
racionalidade. [...] Consciência é o
termo abrangente para designar os fenômenos mentais que permitem o estranho
processo que faz de você o observador ou o conhecedor das coisas observadas, o
proprietário dos pensamentos formados de sua perspectiva, o agente em
potencial. [...] Podemos educar as
nossas emoções, mas não suprimi -las completamente, e os sentimentos interiores
que vamos tendo são as melhores testemunhas do nosso insucesso. [...]. Trechos
extraídos da obra O erro de Descartes:
emoção, razão e cérebro humano (Fórum da Ciência, 2000), do
médico neurologista e neurocientista português Antonio Damásio. Veja mais aqui, aqui e aqui.
SOBREVIVER
- [...] Não modificou sua postura na
cadeira dura e ereta. Era apenas em sua voz que se desvelavam as emoções
demasiado fortes, como lâminas do fundo que viriam remexer a superfície de uma
água aparentemente calma. O medo de que não se acredite nele, sem dúvida. Até
de não ser ouvido. Mas era completamente crível. Nós o ouvíamos com atenção,
este sobrevivente do Sonderkommando de Auschwitz [...] Ele falou demoradamente, nós o ouvimos em silêncio, paralisados no
horror pálido de sua narração. Não havia, nunca haverá sobrevivente de câmara
de gás nazista. Ninguém poderá dizer algum dia: eu estava lá. Estivemos em
volta, ou na frente, ou de lado, como os homens do Sonderkommando. Por isso, a
angústia de não ser confiável, pois ninguém de nós esteve lá, já que,
justamente, sobrevivemos. [...]. Trechos extraídos A escrita ou a vida (Companhia das Letras, 1995), do escritor espanhol
Jorge Semprún (1923-2011), reunindo
as memórias sobre os anos que passou no campo de concentração de Buchenwald,
durante a Segunda Guerra Mundial.
EU TE AMO
- Eu te amo / Antes e depois de todos os
acontecimentos / Na profunda imensidade do vazio / E a cada lágrima dos meus
pensamentos. / Eu te amo / Em todos os ventos que cantam, / Em todas as sombras
que choram, / Na extensão infinita do tempo / Até a região onde os silêncios
moram. / Eu te amo / Em todas as transformações da vida, / Em todos os caminhos
do medo, / Na angústia da vontade perdida / E na dor que se veste em segredo. /
Eu te amo / Em tudo que estás presente, / No olhar dos astros que te alcançam /
Em tudo que ainda estás ausente. / Eu te amo / Desde a criação das águas, / desde
a ideia do fogo / E antes do primeiro riso e da primeira mágoa. / Eu te amo
perdidamente / Desde a grande nebulosa / Até depois que o universo cair sobre
mim / Suavemente. Poema extraído da obra Mundos oscilantes – poesia reunida (José Olympio, 1962), da poeta e
jornalista do Modernismo brasileiro, Adalgisa Nery (1905-1980). Veja
mais aqui e aqui.
A ARTE DE PAUL GAUGUIN
&
Liberdade
de Imprensa aqui
&
Brasil a
sério, não ria: a vida na bolsa & o
mercado salvador, Vida para
o consumo de Zygmunt Bauman & a
escultura de Hiram Power aqui.