quinta-feira, junho 28, 2018

PIRANDELLO, MORIN, MARCUSE, BRUNO TOLENTINO, KIESLOWSKI, CALIMÉRIO SOARES & TERESA POESTER


MEU CORAÇÃO CHOVE LÁ FORA – Imagem: arte da professora e artista visual Teresa Poester. - Chove lá fora e meu coração é véspera do estio, uma vez e nada mais. Transido de frio, expôs-se ao fogo e, entre as áureas labaredas do amor, aprendeu o milagre das cinzas ao vento pelos aflogísticos vitais, pra revivescência improvável na finitude, o calor das paixões. Enterrou-se ao chão para aprender, nos giros de si e ao redor de tudo, a roda-viva dos labirintos com todos os caminhos que brotam da semente pra raiz a nascer na terra, fiapo de vida a ascender por galhos e frondoso até ser levado às alturas do tempo aos confins do porvir, quando tudo é nada e apenas sou o que sou entre simulacros e azáfamas. E se ao mormaço a esperança envergo, dou-me à resistência por salvação, diante do solo que sumiu na primeira esquina que não há mais por tantas multiplicadas nos espelhos do dia, a me confundir das memórias dos talhos. E se queimo na insolação, dou-me carne retalhada pelo agreste pedregoso de todas as arranhuras e tocaias, sobrevivente da hora, até saber novamente da chuva lá fora e meu coração estiado na solidão, aprendeu viver aos ventos que vão e voltam entre folhas e flores que caem e sou eu levitando sem direção, até pousar quase longe de onde jamais soubera haver por destino, errâncias e sucumbências de nunca escapar. E levado intruso pelos declives líquidos que dão nas poças esborradas por nesgas e valas até às corredeiras pros leitos chegar à fonte e beber da água cristalina para matar a sede de milênios pelos poros. Depois tomado pelo regato aos caudais e cascatas e mergulhar no mar, o batismo das profundezas abissais. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do musicista e compositor erudito Calimério Soares (1941-2011): Lamento & Dança, Momentos nordestinos, Suíte Juvenil & Suíte Antiga & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog & nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.

PENSAMENTO DO DIA – [...] precisamos saber que não há sociedade harmoniosa, funcional, em que o individual e o social se ajustem perfeitamente um ao outro, e cujo produto natural seja a felicidade. É preciso saber, o que é ainda pior, que o mal se oculta na ideia de salvação social. [...]. Pensamento extraído da obra Para sair do século XX (Nova Fronteira, 1986) do antropólogo, sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, que em outra obra Introdução ao pensamento Complexo (Instituto Piaget, 2008), expressa que: [...] creio profundamente que quando menos um pensamento for mutilador, menos mutilará os humanos. É preciso lembrar os estragos que as visões simplificadoras fizeram, não apenas no mundo intelectual, mas na vida. Muitos dos sofrimentos que milhões de seres suportam resultam dos efeitos do pensamento parcelar e unidimensional. [...]. Veja mais aqui.

CULTURA & SOCIEDADE - [...] cultura é mais do que uma mera ideologia. Em vista dos objetivos que a civilização ocidental declara e da pretensão de realizá-los, definiríamos Cultura como processo de humanização (Humanisierung) caracterizado pelo esforço coletivo para conservar a vida humana, para pacificar a luta pela existência ou mantê-la dentro de limites controláveis, para consolidar uma organização produtiva da sociedade, para desenvolver as capacidades intelectuais dos homens e para diminuir e sublimar a agressão, a violência e a miséria [...]. Trecho extraído da obra Cultura e sociedade (Paz e Terra, 1998), do sociólogo e filosofo alemão pertencente à Escola de Frankfurt, Herbert Marcuse (1898-1979). Veja mais aqui.

A SENHORA FROLA E O SENHOR PONZA – [...] Compreende-se que uma filha, casando, deixe a casa da mãe para ir viver com o marido. Mesmo que seja numa outra cidade; mas que esta mãe, depois, não podendo suportar a ausência da filha, abandone a sua cidade, a sua casa, e vá procurá-la, e que, na cidade onde tanto ela como a filha são forasteiras, vá morar numa casa à parte, é o que se não compreende muito facilmente; ou, então, deve-se admitir que, entre a sogra e o genro, existe uma incompatibilidade tão grande que torna realmente impossível a convivência, ainda mesmo nestas condições. [...] Não pode ser outra coisa. Do contrário, como explicar todos os cuidados, todas as atenções que ele lhe dispensa, a ela, sua sogra, dada a hipótese de que ele ainda acredite que é, de fato, uma segunda esposa a que possui? Não se sentiria obrigado a ser tão atencioso para com uma mulher que, a ser assim, teria deixado de ser sua sogra, não é verdade? E não é para provar – note-se bem! – que o louco é ele, que a Senhora Frola diz isto tudo; é, de preferência, para se convencer, a si mesma, de que as suas suspeitas são fundadas. [...] e toda vez que ambos se encontram, casualmente, na rua, com a maior cordialidade, continuam andando juntos; ele lhe dá a direita e, se ela se cansa, lhe estende o braço e vão assim, juntos, entre o despeito surdo e o espanto e a consternação do povo, que os estuda, os examina, os observa, e, nada! Ainda não consegue, de modo algum, compreender qual dos dois é o louco, onde está o fantasma, e onde a realidade... [...]. Conto extraído da obra Contos (Relógio D’Água, 2012), do dramaturgo, poeta, romancista siciliano e Prêmio Nobel de Literatura de 1934, Luigi Pirandello (1867 – 1936). Veja mais aqui.

E LHE CANTEI ENTÃO ESTE ACALANTO - Dorme, Minotauro, Mouro / da mais amarga Veneza, / mudo amor na correnteza / do balbucio, homem-touro / tossindo no labirinto / da névoa e da solidão, / cala o instinto e o indistinto / e dorme, descansa, irmão! / Não existes, não existo, / nada existe neste mundo / aquém ou além do fundo / da linguagem. É tudo um misto / de silêncio e de ruído / no coração de quem sofre / preso num malentendido / como um inseto num cofre. / Perdoa-te… Nada ganhas / com dar e redar teus nós / na teia da velha aranha / retendo e perdendo a voz / no pescoço que partiste: / a garganta bipartida / entre a elegia do triste / e o último sopro da vida / não te vai dizer mais nada. / Tudo o que pôde foi dito. / No silêncio, na calada / da noite, escuta o infinito / para além da grade, tua / e dos outros prisioneiros / entre a linguagem e a luta. / Os últimos e os primeiros / tampouco entenderam Aquele / que ia morrer e lhes disse / que este universo era Dele / e o resto tudo crendice. / Nem tudo é só desperdício. / Tudo e nada nesta vida / se confundem, fim e início, / chegada como partida / trocam-se em pura ruína / mas o verme engole a aranha, / believe it or not! A sina / que escolhestes não se ganha / sem um sacrifício imenso, / mas que vale mais que a cena / em que por causa de um lenço / Otelo mata Desdêmona / ou o velho rei Lear, / louco e só, só pelo e osso, / vê e não vê balançar / Cordélia pelo pescoço. / Se o amor não aprende a língua / do ser amado, esse amor / é um louco morrendo à míngua / do que seja, ou do que for… / Deixa-te embalar, amigo, / como eu me deixo cantar / este acalanto e te digo, / te juro que o verbo amar / só Deus conjuga contigo. Poema do poeta Bruno Tolentino (1940-2007). Veja mais aqui.

SETE MULHERES DE DIFERENTES IDADES
O documentário curta-metragem Sete Mulheres de Diferentes Idades (Siedem kobiet w róznym wieku, 1978), do premiadíssimo cineasta polonês Krzysztof Kieslowski (1941-1996), traz a cidade de Lodz que possui uma tradicional escola de cinema e foi lá que grandes cineastas estudaram. Como trabalho de conclusão de seu curso nessa instituição, Kieslowski decidiu homenagear a cidade, produzindo Da Cidade de Lodz (1968). Trata-se de um relato sobre as tradições e cultura de Lodz, suas potencialidades e desenvolvimento, a exemplo de uma fábrica têxtil onde todas as funcionárias são mulheres, representando a força feminina do local, algo explicitado na cena onde Kieslowski, após mostrar o esforço das senhoras, corta para homens fazendo nada. Destaca também a influência da música sobre a cultura local, ressaltando como os habitantes ficam ansiosos pelos festivais musicais e apresentações da orquestra local. Cada dia da semana é representado por uma bailarina começando com uma garotinha e terminando com uma velha professora. Veja mais aqui.
Simpósio Internacional de Educação e Comunicação (SIMEDUC) & muito mais na Agenda aqui.
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A arte da professora e artista visual Teresa Poester.
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Versos à flor da pele na prosa de um poema, o cinema de Jean-Luc Godard, a escultura de Bertel Thorvaldsen, a música de Sharon Corr & a arte de Luciah Lopez & Elke Lubitz aqui.
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Da semente ao fruto, a vida, Dinheiro de Axel Capriles, o teatro de Luigi Pirandello, a música de Yuja Wang & a arte de Andrea Medjesi-Jones aqui.

APOIO CULTURAL: SEMAFIL
Semafil Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São Paulo. Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.


EWA LIPSKA, SAMANTHA HARVEY, LENA HADES & PERNAMBUCO DO PANDEIRO

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Gema (2013), Live from Aurora (2016), Phenomena (2019) e Devaneio (2023), da banda instr...