AH, DANAÇÃO, TUDO DE CABEÇA PRA BAIXO! – Imagem: arte do fotógrafo, pintor e desenhista Eduardo Vieira da Cunha. - A maior
torcida, foguetório, bandeira tremulante, um a zero. É hoje! O frevo nos
requebros e a roupa velha avoando solta, a pinga goela adentro esquenta o
tampão! É agora ou nunca! Sai-te porqueira que vou me vingar! Hoje eu tiro a
barriga da miséria! E o xote no bate coxa levanta poeira de rastapé, maior
zoadeiro da emoção, há só felicidade. Não tem tempo ruim, dois a zero, orgulho
no peito de quem nunca ganhou, o revide contra a entressafra e atribulações, a
venta empinada pra quem só cabeça baixa o tempo todo. Afredo não se contendo,
puxa na desafinação: Eu sou Brasil, orgulho de ser brasileiro! Bota tua mola,
corno! Corno é seu pai, fidaputa! Insultos, ameaças - qual é, meu! -, o Brasil
ganhando e a gente se estranhando? Ora, ora. Bora forrozar que o negócio tá bão
demais! E o pão mais caro a cada dia, a verdura custando os olhos da cara, as
compras pra feira pela hora da morte, a passagem do cata-corno subindo inflação;
escola imprestável não tem pra filharada; saúde é doença nas portas da morte; a
violência com o bafo de coisa ruim por perto, invocando ditadura pra tudo
ajeitar. - Se a coisa é só roubo, o que sobra pra gente é o quê? A lei da
corrupção. Só matando tudinho, aí sim! Tá doido, melhor uma bomba pra começar
tudo de novo! Ah, eu só quero é me arrumar, os outros que se explodam! Deixa de
conversa mole que o Brasil tá ganhando pra ser hexacampeão, gente! Essa coisa
de comunista não é comigo não! Hoje vou de amarelinha, o ouro da minha nação! Só
quero é ser feliz! E Robimagaiver sapeca no pandeiro a maior batucada;
Zé-Corninho alinha o circuito das chifradas batendo a zabumba, teibei! Zé
Bilola se enrola no fole da sanfona, pra lá e pra cá; num cabo de aço Rolivânio
arenga com Penisvaldo pelo telengotendo do triângulo, é meu, é meu; Varnilza
arma o barraco pra descer do tamanco com Quiba e Ximênia, enquanto outras
misturam unhas, penteados e rasgação de verbo; o fedor do sovaco incensa o
pencó, e a coisa festeira tem sustança pra durar. Qual que é? Simbora que tem
muito baião pra comer hora até amanhã de manhã! Quem dança faz a quadrilha em
um só cordão, abraço e leseira formam o maior cambão, e as desgraças de ontem
só no depois da maior das ressacas, volta tudo ao normal como passa e passou aquela
foto encardida no fundo das gavetas. O colorido, dançou. Aí Doro se vira: - Ô
doutor Zé Gulu, que crise é essa, hem? Ah, uma tragédia nacional: falta mesmo é
vergonha na cara e tudo o mais. Eita! © Luiz Alberto Machado. Direitos
reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música da cantora e compositora Leila Pinheiro: do Brasil, Um pouco de tudo, Isso é bossa nova &
Bênção Bossa Nova & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog
& nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja
mais aqui, aqui & aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] Em minhas viagens, tenho visto formas da terra
e animais extraordinários, todavia, nada é mais surpreendente e assombroso do
que os seres humanos. Nós não somos diferentes nem distintos dos outros
animais, não somos deuses que possuem o direito de destruir nosso mundo ou
outros, mas somos criaturas raras e extraordinárias em evolução neste planeta.
Somos impressionantes explosões de sonho e matéria. Nossas mentes são tão
complexas quanto o Grand Canyon. Nossas necessidades, tão persistentes quanto a
quentura no inverno. Nossos desejos, tão densos e voluptuosos quanto os
oceanos. Nós somos prodígios naturais. [...]. Trecho
extraído da obra Uma história
natural do amor (Bertrand Brasil, 1997), da escritora e naturalista
estadunidense Diane Ackerman. Veja
mais aqui, aqui e aqui.
A ESCOLA & A VIDA – [...] as escolas não estão, nem nunca estiveram,
organizadas de forma a criar narrativas poderosas e inspiradoras. As escolas [...] não
se fixam, contudo, numa única posição. Podem mover-se para cima, para baixo e para os lados, de modo a que, em
diferentes momentos e em diferentes sítios, reflitam este aspecto e não aquele.
Todavia, mostram sempre algo que está lá, não um produto da invenção das
escolas, mas sim um produto da sociedade que as financia e que as usa para
diferentes objetivos. [...] Nós somos os criadores de mundos e tecedores de mundos. É isto que faz de nós espertos
e estúpidos; morais e imorais; tolerantes e preconceituosos. É isto que faz de nós
humanos. Será possível contar esta narrativa aos nossos jovens na escola, fazer
com que investiguem como desenvolvemos a nossa humanidade através do domínio
dos códigos com os quais nos dirigimos ao mundo, fazer com que entendam o que
acontece quando perdemos o controlo das nossas invenções? Esta poderá ser a
maior narrativa jamais contada. Na escola [...]. Trechos extraídos de O espaço público da educação: imagens, narrativas
e dilemas (Gulbenkian, 2001), do professor e educador português António Nóvoa. Veja mais aqui.
A TUMBA DO RELÂMPAGO – [...] um livro ou jornal era papel de embrulho mas
a partir daquele momento comecei a ver os dois como se fossem armazéns, como se
fossem silos de amor onde os homens mais sábios guardaram suas ideias para que
nos alimentássemos delas, porque as ideias são o melhor pão para quem tem fome [...] - Foi por
isso que toquei fogo neles! Porque não quero o futuro do passado, mas o futuro
do futuro. Aquele que eu possa escolher com meu erro e minha dor. [...] - Nosso empreendimento só depende de nossa
coragem! Daqui por diante, ninguém mais decidirá por nós! Existimos! Somos
homens, não somos sombras tecidas por uma sombra! [...] Outro relâmpago iluminou a cabina. Fora
assim, Ledesma pensou, que por um instante o inesquecível fulgor de um relâmpago
havia brilhado na escuridão, iluminando a história dos camponeses. Fracassamos!
A esperança durou menos do que esse relâmpago que já se convertera em cinza e
treva. E chorou novamente. Porque sobre a lápide daquela sublevação ninguém
gravaria nenhum epitáfio. Mão nenhuma depositaria uma flor na tumba daquele
relâmpago. [...]. Trechos do romance A tumba do relâmpago (Bertrand Brasil,
2000), do romancista e poeta peruano Manuel Scorza
(1928-1983). Veja mais aqui.
SÃO ASSIM OS TÚMULOS – São
assim os túmulos. Cheios de flores, no princípio, / com a chama do pesar acesa
por sobre a sua alvura. / E tudo quanto a vida inventa de consolo – as mãos
caídas, / a cabeça baixa, a fonte dos lamentos – / acompanha as horas pétreas
dos que jazem. / Depois, sob o sol indiferente, os passos vão-se embora / para
que cada qual possa viver / a sua própria morte. / São assim os túmulos. / E
das sombras da noite, com um sorriso mau, / eis que a velha aparece. / Juntando
os dedos, ela apaga a chama / e recolhe as flores para seu amante. Poema do
poeta simbolista grego da geração neogrega de 1930, Giórgos Seferiádhis ou
simplesmente Giórgos Seféris (1900-1971). Veja mais aqui.
POR ONDE CRUZAM AS MULHERES DE LUTA EM MIM
Performance
Por onde cruzam as “mulheres de luta” em
mim, das bailarinas Alexandra
Castilhos e Samira Abdalah,
investigando imagens e ressonâncias sobre mulheres de luta e suas reverberações
no corpo dançado em relação com o espaço.
&
A arte do fotógrafo, pintor e desenhista Eduardo Vieira da Cunha.
&
Pescaria ineivada, As sete cartas de Agostinho da Silva, A vida de Lou
Andres-Salomé, a música de Arrigo Barnabé & a arte de Indre Vilke aqui.
&
Entre versos & vida, Tao Te King de Lao Tsé, Terra Ulro de Czeslaw
Milosz, a música de Eliane Elias & a arte de Luciah Lopez aqui.
APOIO CULTURAL: SEMAFIL
SOMOS TODOS GENÉSIO
Semafil Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São
Paulo. Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.