PRA FALAR DAS COISAS & SÓ – Imagem:
Buy her time, da artista visual
búlgara Larisa Ilieva. - Não tenho
nenhuma verdade, nem a petulância de dourar minhas próprias constatações como
escorreitas ou inatacáveis. Não preciso da firmeza dos invulneráveis, porque um
dia nunca é igual a outro: ontem já não é mais; o futuro, agora. Questiono
dúvidas, a verdade é de cada um, que seja. A mim, de mesmo, nenhuma, por favor,
prefiro a aleatoriedade de tudo pulsando em todas as direções, nada por
definitivo, por isso mesmo incompreensível. A mim me basta sentir, a lógica só
serve para quem quer respostas; eu não, voo pela incerteza quântica e natural. Respeito
o outro, não sou melhor que nada nem ninguém. Fiz e faço escolhas em todo
momento, impossível não fazê-las, mesmo quando nem esperava ou precisasse,
empurrado contra a vontade, assumo o tanto de insensato, presa de sensações quais
sejam. Nada demais, aprendizagens. Sigo adiante dia a dia para transcender o
ego pelo insondável umbral do neófito desde ontem, o meu discipulado eterno,
para dar na esfinge de Gauguin: de onde vim, o que estou fazendo aqui, para
onde vou, não sei. Alguém sabe, preciso saber sem açodamento do intangível a
sentir a essência de todas as coisas. Sentir me basta, e a compreensão por consequência.
Respostas nem sempre resistem ao tempo, ou quase, talvez, nunca as esperei, tudo
muda; até o que se tem por líquido e certo, o que convinha fazer, logo ou mais
tarde rui inexoravelmente. Aprendi desmoronando, nem pude prever. Quantas, ah, já
liquidado contumaz, suspenso pelas eternidades dos supostos tão humanos – muitas
vezes, nem são -, e pela circunstância, um declive logo ali e o frio na barriga
findei hesitante, coração estacado de nem saber explicar e acuado pelos olhares
remotos por dias pardos e invernosos. Não temi a má reputação, nem a
repugnância excludente; já me vi em palpos de aranha, atravessei zis infernos, esquinas
muitas pra sobreviver lidando com convenções canhestras, redomas e coações então
legais, patíbulos e execrações, ou se quisesse reabilitado só por favores de subalternidades.
Ah, quanto! Foram cães, gatos, cavalos, bichos outros, a lição reveladora: não
preciso de leis pro autodomínio, nem para tratar alguém como a mim mesmo, sei o
que devo e posso, penso eu, isso não quer dizer que não esteja redondamente
enganado em todos os sentidos e expressões. Não sei como o universo funciona,
sei que não é de código de ética ou de postura, etiquetas ou agir corretamente,
o que precisamos, é de evolução humana. Vou pela espiritualidade na paz
corpalma com a harmonia da unidade cósmica. Amém e amem. © Luiz Alberto
Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do compositor e músico australiano Johan Onvlee: Meditation on piano, Reflexion for the love of nature
& Deep relaxation; da pianista e compositora japonesa Hiromi Ueara:
Desire, Caravan & Time difference; & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog
& nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para
conferir é só ligar o som e curtir. Veja mais aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] A
física clássica simplesmente não permite a aleatoriedade… Ou seja, o resultado
de qualquer processo clássico pode – em última instância – ser determinado…
tendo-se informações suficientes das ‘condições iniciais’. – Apenas processos
quânticos podem ser, de fato, aleatórios. Pensamento do físico quântico e professor da University of Maryland, Christopher Monroe. Veja mais aqui, aqui e
aqui.
SENTIMENTOS, ATITUDES &
REAÇÕES
- [...] a coesão de
reações, atitudes e sentimentos, que as emoções são capazes de realizar em um
grupo, explica o papel que elas devem ter desempenhado nos primeiros tempos das
sociedades humanas: ainda hoje são as emoções que criam um público, que animam
uma multidão, por uma espécie de consentimento geral que escapa ao controle de
cada um. Elas suscitam arrebatamentos coletivos capazes de escandalizar, por vezes,
a razão individual. [...]. Trecho extraído da obra As origens do pensamento na criança (Manole, 1986), do filósofo,
médico e psicólogo francês Henri Wallon (1879-1962), que em outra obra Do ato ao pensamento: ensaio de psicologia
comparada (Vozes, 2008), expressa que: [...] O que permite à inteligência esta transferência do plano motor para o
plano especulativo não pode evidentemente ser explicado, no desenvolvimento do indivíduo,
pelo simples fato de suas experiências motoras combinarem-se entre si para
melhor adaptar-se exigências múltiplas e instáveis do real. O que está em jogo
são as aptidões da espécie, particularmente as que fazem do homem um ser
essencialmente social. [...] Veja mais aqui.
DINORÁ – [...] Encorajado por
este prelúdio, avançou para mim – ai de mim! – que, possuída de terror, tombei
de decúbito dorsal, tremula e palpitante sobre o canapé que ele escolhera para
o nosso campo de batalha. Mãos postas, implorei que não me profanasse. Palavras
serviam apenas para atiçar-lhe a imunda paixão. Meus grandes olhos verdes e
cismadores, que lançavam lampejos, não intimidaram o velho corcel que tomara a
brida nos dentes. Na confusão rompeu-se um alça do vestido de tafetá branco. Os
cabelos esparsos – na luta eu perdera um sapatinho bordado em fio de ouro -,
toda a encantadora desordem de minha pessoa excitavam a sua febre criminosa.
Submissa aos seus caprichos, antes que madame regressasse, jurou que da cabeça
aos pés cobrir-me-ia de joias. - Senhor, é demais a repulsa que me inspira! [...] Tremi pela minha
virtude e, com grito abafado de terror, olhei para o infame instrumento de
minha tortura que, de joelhos sobre o luxuoso tapete, enquanto assistia ao meu
banquete, contentava-se em devorar-me com olhinho lúbrico. Prodigalizando louvores
à beleza, afiançou que respeitaria a minha honra, satisfeito em adorar-me a
cerimoniosa distância. Vendo-me indefesa, em delicioso abandono, molemente
reclinada entre as almofadas de veludo carmesim, acenava-me em frases
inspiradas com os ricos tesouros da volúpia. Apresentava-se fogoso campeão nas
liças do amor e, se o recebesse como herói, seria instalada na classe da
senhora teúda e manteúda. Em troca, renunciam aos míseros consolos da solidão,
poderia abrir-lhe as portas do paraíso. Ou então vomitava horrendas injúrias,
ridicularizado não seria por suposta menina e moça, em conluio com a viúva
desonesta, que, na velhice precoce, exercia o humilhante ofício de rufiã.
Incitava-me a provar o néctar da maçã proibida e, arrebatada na torrente avassaladora
da sua eloquência, sentia as consequências do primeiro passo na estrada do
vício – o rubor que me tingia as faces era antes do frenesi que da modéstia. Embevecido,
os olhos ávidos nas minhas vestes em desalinho e nos graciosos caracóis que se
espalhavam sobre a testa pálida, sua excelência forcejava por devassar as
belezas escondidas. Recitando o seu caviloso discurso, o velho sátiro arrastava-se
pelo tapete escarlate. Presto agarrou o pezinho descalço, cobriu-o de beijos
úmidos e quentes. Um resto de pudor sustinha-me à beira do precipício, as
forças já não respondiam, combalidas pelo inebriante filtro do amor. [...]. Trechos do conto Dinorá,
moça de prazer, extraído da obra Cemitério de Elefantes
(Record, 1987), do escritor Dalton Trevisan. Veja mais aqui.
A ROSA DO MUNDO - Quem sonhou que a
beleza passa como um sonho? / Por estes lábios vermelhos, com todo o seu
magoado orgulho, / Tão magoados que nem o prodígio os pode alcançar, / Tróia
desvaneceu-se em alta chama fúnebre, / E morreram os filhos de Usna. / Nós
passamos e passa o trabalho do mundo: / Entre humanas almas que se agitam e
quebram / Como as pálidas águas e seu fluxo invernal, / Sob as estrelas que
passam, sob a espuma do céu, / Vive este solitário rosto. / Inclinai-vos,
arcanjos, em vossa incerta morada: / Antes de vós, ou de qualquer palpitante
coração, / Fatigado e gentil alguém esperava junto ao seu trono; / Ele fez do
mundo um caminho de erva / Para os seus errantes pés. Poema do poeta, dramaturgo e místico irlandês William Butler Yeats (1865-1939). Veja mais
aqui.
ARTE DE SYLVIE GUILLEM
A arte
da bailarina francesa Sylvie Guillem.
O Centro
Cultural Vital Corrêa de Araujo informa:
Exposição
Brennand – Mestre dos Sonhos & muito mais na Agenda aqui.
&
A arte da artista visual búlgara Larisa Ilieva.
&
Do possível ao impossível da realização, a poesia de Philip Larkin, a espiritualidade de Robert C. Solomon, o teatro de Mário Bortolotto & Renata Gaspar, a
fotografia de Dani Olivier & a arte de Ana Maria Pacheco aqui.
APOIO CULTURAL: SEMAFIL
Semafil Comércio de
Livros nas faculdades Estácio de Carapicuíba e Anhanguera de São Paulo.
Organização do Silvinha Historiador, em São Paulo.