quinta-feira, abril 23, 2015

BOEHME, PLANCK, SHAKESPEARE, PIXINGUINHA, BARDOT, HERRFELDT, MICHAEL MOORE &.SILVIA MOTA.


AURORA NASCENTE – O livro Aurora nascente (Die Morgenröte im Aufgang, 1612) do filósofo e místico alemão Jacob Boehme (1575-1624), é uma das mais importantes obras do Ocidente na visualização do esplendor do conhecimento divino, apresentando os reais fundamentos das ciências filosóficas, astrológicas e teológicas sob a perspectiva do metacosmo. A cosmologia apresentada pelo autor permite o alcance do estado original de inocência e harmonia que permite ao ser humano atingir uma nova autoconsciência pela interação entre o homem e o universo. Da obra destaco os seguintes trechos: Benevolente leitor, eu comparo toda a Filosofia, a Astrologia, a Teologia, juntamente com a fonte de onde elas derivam, a uma bela árvore que cresce num soberbo jardim de delícias. [...] A qualidade boa opera e trabalha continuamente com grande atividade para [fazer a árvore] dar bons frutos, nos quais o Espírito Santo domina, e ela dá para isso sua seiva e vida. A qualidade má compele e se empenha também com todo o seu poder para dar sempre maus frutos, e o domínio lhe fornece para isso sua seiva e sua chama infernal. [...] Estas duas coisas [ou espécies de qualidades] estão agora na árvore da natureza; e os homens são formados desta árvore e vivem no meio de uma ou de outra qualidade neste mundo, nesse jardim, em grande perigo, exposto ora ao ardor do sol, ora à ‘chuva’, ora ao ‘vento’ e à ‘neve’. Mas como o homem tem tendência para ambas as qualidades [ou seja, tende tanto à natureza má quanto boa], pode ligar-se à que lhe apraz, porque vive entre uma e outra neste mundo; e as duas qualidades, boa e má, estão nele. Naquela em que se move, dela será imediatamente revestido: ou da força santa, ou da força infernal. Veja mais aqui.

Imagem: Semi reclining female nude, do pintor Art Nouveau alemão de origem francesa Marcel René Herrfeldt (1890 – 1965).

Ouvindo no Dia Nacional do Choro o álbum Pixinguinha – For flute and san - coleção Clássicos do Choro Brasileiro (Choro Music), do genial compositor, arranjador e músico brasileiro Alfredo da Rocha Vianna Filho – o Pixinguinha (1897-1973).

A TEORIA QUÂNTICA - O físico alemão e ganhador do Prêmio Nobel de Física de 1918, Max Planck (1959-1947) foi quem desenvolveu a teoria da física quântica, uma revolução que revelou que o comportamento de pequenos sistemas obedecem regras que não podem ser explicadas pelas leis das teorias clássicas, vez que o mundo atômico e subatômico não obedeceriam as regras do mundo do dia-a-dia, sendo necessária novas interpretações as quais a intuição não se aplicava mais. Com isso, tornou-se um dos mais importantes físicos do século XX, tratando sobre a radiação de corpo negro, radiações eletromagnéticas e a hipótese da discretização das energias de partícula vibrando, chegando a afirmar que: "O mundo externo é algo independente do homem, algo absoluto, e a procura pelas leis que se aplicam a este absoluto mostram-se como a mais sublime busca científica na vida!". Veja mais aqui.

A MEGERA DOMADA – A comédia em cinco atos A megera domada (1594), do poeta, dramaturgo e ator inglês William Shakespeare (1564-1616), conta a história de Catarina, Petruchio e Hortênsio. Da peça destaco a cena II do Ato V, na tradução de Millôr Fernandes: (Aposento na casa de Lucêncio. Entram Batista, Vincêncio, Grêmio, o Professor, Lucêncio, Bianca, Petrúquio, Catarina, Hortênsio e sua viú­va, Trânio, Biondello e Grúmio. Os criados e Trânio trazem o banquete.) LUCÊNCIO: Por fim, depois de tanto tempo, se afinam as nossas notas dissonantes. E o momento, agora, acabada a batalha furiosa, de sorrir a perigos e ameaças passadas. Minha bela Bianca, dá a meu pai as boas-vindas, que, com a mesma ternura, me dirijo ao teu. Irmão Petrúquio, Catarina irmã, e tu, Hortênsio, com a viúva amada, é meu prazer que se divirtam ao máximo: sejam bem-vindos a esta casa. Um bom banquete aquecerá o nosso estômago, arrematando a nossa alegre festa. Sentem-se, por favor. Sentados podemos conversar mais à vontade ¾ sem deixar de comer. (Sentam-se.) PETRÚQUIO:      Não se faz outra coisa ¾ é sentar e sentar e comer e comer. BATISTA: São os prazeres de viver em Pádua, meu Petrúquio. PETRÚQUIO: Filho de Pádua só nos traz prazeres. HORTÊNSIO: Por nós ambos, Petrúquio, gostaria que fosse verdadeiro o que tu dizes. PETRÚQUIO: Ai, por minha vida, Hortênsio tem receio da viúva. VIÚVA: Então jamais confie em mim, se meto medo. PETRÚQUIO:        Criatura tão sensível e não percebeu o meu sentido. Eu quis dizer que Hortênsio receia por você. VIÚVA: Quem está gira diz que o mundo gira. PETRÚQUIO: É uma resposta louca. CATARINA:       Senhora, que pretende dizer com essa frase? VIÚVA: É a concepção que tenho dele. PETRÚQUIO: Concebe de mim? Oh, que dirá Hortênsio? HORTÊNSIO: Minha viúva quis dizer que concebeu um conceito a seu respeito. PETRÚQUIO: Muito bem remendado. Boa viúva, ele merece um beijo. CATARINA: Quem é gira diz que o mundo gira. Lhe perguntei o que pretende dizer com essa frase. VIÚVA: Que seu marido, torturado por viver com uma megera, pensa que meu marido sofre igual desdita. Já sabe agora a minha intenção. CATARINA: Intenção de ferir. VIÚVA: Referir... a você. CATARINA: Sou megera, em verdade; mas em comparação, quem sabe? PETRÚQUIO: A ela, Cata! HORTÊNSIO: Nela, viúva! PETRÚQUIO: Cem marcos, como minha mulher fica por cima. HORTÊNSIO: Eh, é minha essa função! PETRÚQUIO: Ao funcionário. (Bebe.) BATISTA: Então, Grêmio, que acha dessa gente de cabeça ágil? GRÊMIO: Acho, senhor, que estão trocando boas cabeçadas. BIANCA: Boas cabeçadas. Certas cabeças lutariam melhor se tivessem os chifres que merecem. VINCÊNCIO: Oh, a bela noiva; a discussão acordou-a! BIANCA: Ligeiramente. Torno a dormir. PETRÚQUIO: Não torne não. Agora que entrou, prepare-se para flecha­das mais certeiras. BIANCA: Sou seu passarinho? Pertenço ao seu viveiro? Pois vou mu­dar de bosque. E quem tiver bom arco me persiga. Sejam bem-vindos, todos. (Saem Bianca, Catarina e a viúva.) PETRÚQUIO: Oh, perdi a mira! Aqui, senhor Trânio, ao pássaro que alvejou e não feriu. À saúde de todos que atiram e falham. TRÂNIO: Oh, senhor, Lucêncio usou-me como um perdigueiro que corre muito, mas, quando apanha a caça, é para o dono. PETRÚQUIO: Boa comparação; e bem ligeira; mas um tanto canina. TRÂNIO: Quanto ao senhor, fez bem em perseguir a própria caça; di­zem, porém, que a corça que persegue mantém sua distância. BATISTA: Eh, oh, Petrúquio! Trânio acertou uma! LUCÊNCIO: Agradeço a estocada, amigo Trânio. HORTÊNSIO: Confessa, confessa que ele te acertou! PETRÚQUIO: Confesso, me arranhou um pouco. Mas, como o golpe pegou-me de raspão, posto dez por um que atingiu em cheio vocês dois. BATISTA: Agora, bom Petrúquio, falo a sério; acho que a mais megera é mesmo a que te coube. PETRÚQUIO: Não discuto; vamos verificar. Cada um de nós manda chamar a esposa. Aquele cuja esposa for mais obediente, vindo assim que chamada, ganhará o prêmio que nós combinarmos. HORTÊNSIO: De acordo! Qual é o prêmio? LUCÊNCIO: Vinte coroas. PETRÚQUIO: Vinte coroas! Isso eu aposto em meu falcão ou em meu cão de caça. Em minha esposa aposto vinte vezes. LUCÊNCIO: Cem coroas, então. HORTÊNSIO: De acordo. PETRÚQUIO: O jogo está fechado. HORTÊNSIO: Quem começa? LUCÊNCIO: Eu começo. Vai, Biondello, e diz a minha esposa que venha até aqui. BIONDELLO: Já vou. (Sai.) BATISTA: Meu filho, fico com metade da aposta. Bianca vem. LUCÊNCIO: Nada de sócio. Vou ganhar sozinho. (Entra Biondello.) En­tão. então? Que aconteceu? BIONDELLO: Patrão, sua senhora manda dizer que está ocupada e que não pode vir. PETRÚQUIO: Olá, está ocupada e não pode vir! Isso é resposta? GRÊMIO: Sim, e por sinal, gentil. Peça a Deus, senhor, que não lhe mande uma pior. PETRÚQUIO: Melhor, melhor! HORTÊNSIO: Biondello, seu tonto, corre e roga a minha esposa que venha ter comigo, por favor. (Sai Biondello.) PETRÚQUIO: Ah, eh! Rogando, bem, pode ser que ela venha. HORTÊNSIO: Acho, senhor, que a sua, nem rogando vem. (Entra Bion­dello.) Então, onde está minha esposa? BIONDELLO: Disse para o senhor deixar de brincadeira. Disse que não vem; se o senhor quiser pode ir lá. PETRÚQUIO: Cada vez pior: se o senhor quiser pode ir lá! Absurdo, vergonhoso, intolerável! Grúmio, vá procurar sua patroa e diga-lhe que lhe ordeno vir aqui! (Sai Grúmio.) HORTÊNSIO: Já sei a resposta. PETRÚQUIO: Qual é? HORTÊNSIO: Não vem. PETRÚQUIO: Tanto pior minha sorte. Ai, o fim. BATISTA: Por Nossa Senhora, lá vem Catarina! (Entra Catarina.) CATARINA: Que deseja, senhor, pra que me chama? PETRÚQUIO: Onde está tua irmã e a mulher de Hortênsio? CATARINA: Conversam, senhor, junto à lareira do salão. PETRÚQIJIO: Vai buscá-las; se recusarem vir, podes bater-lhes com vontade, desde que venham ter com os maridos. Vai, anda; que ve­nham sem demora! (Sai Catarina.) LUCÊNCIO: Se existem milagres, acabo de ver um. HORTÊNSIO: Milagre é; não sei é o que anuncia. PETRÚQUIO: Ora, anuncia a paz, o amor, a vida calma, respeito a quem se deve, justa supremacia. Para ser breve, tudo que traz prazer, felicidade. BATISTA: Que tudo de bom te aconteça, meu Petrúquio! A aposta é tua e junto mais vinte mil libras ao que os dois perderam; é um outro dote para outra filha. Está tão mudada que não é mais a mesma. PETRÚQUIO: Não, quero ganhar melhor a minha aposta mostrando outros sinais de sua obediência. Obediência; essa virtude que apren­deu agora. Vejam, lá vem ela, trazendo pela mão as duas mulheres geniosas, prisioneiras de sua atual convicção. (Entra Catarina, com Bianca e a viúva.) Catarina, não te assenta esse chapéu que trazes. Bota fora e pisa essa besteira. (Ela obedece.) VIÚVA: Meu Deus, não me dê jamais o infortúnio de padecer seme­lhante humilhação! BIANCA: Que vergonha! Isso é uma obediência estúpida. LUCÊNCIO: Gostaria que tua obediência fosse igualmente estúpida, formosa Bianca. Pois tua obediência sábia já me custou cem coroas. BIANCA: Pois mais estúpido é você que aposta em minha obediência. PETRÚQUIO: Catarina, encarrego-te de dizer a essas senhoras cabeçu­das as obrigações que têm para com seus maridos e senhores. VIÚVA: Vamos, vamos, está zombando. Não queremos sermão. PETRÚQUIO: Estou mandando, vamos; e começa com ela. VIÚVA: Não o fará. PETRÚQUIO: Fará: e começa com ela. CATARINA: Tem vergonha! Desfaz essa expressão ameaçadora e não lança olhares desdenhosos para ferir teu senhor, teu rei, teu sobera­no. Isso corrói tua beleza, como a geada queima o verde prado, destrói tua reputação como o redemoinho os botões em flor; e não é nem sensato nem gracioso. A mulher irritada é uma fonte turva, enlamea­da, desagradável de aspecto, ausente de beleza. E enquanto está as­sim não há ninguém, por mais seco e sedento, que toque os lábios nela, que lhe beba uma gota. O marido é teu senhor, tua vida, teu protetor, teu chefe, e soberano. É quem cuida de ti, e, para manter-te, submete seu corpo a trabalho penoso seja em terra ou no mar. Sofren­do a tempestade à noite, de dia o frio, enquanto dormes no teu leito morno, salva e segura, segura e salva. E não exige de ti outro tributo senão amor, beleza, sincera obediência. Pagamento reduzido demais para tão grande esforço. O mesmo dever que prende o servo ao sobe­rano prende, ao marido, a mulher. E quando ela é teimosa, imperti­nente, azeda, desabrida, não obedecendo às suas ordens justas, que é então senão rebelde, infame, uma traidora que não merece as graças de seu amo e amante? Tenho vergonha de ver mulheres tão ingênuas que pensam em fazer guerra quando deviam ajoelhar e pedir paz. Ou procurando poder, supremacia e força quando deviam amar, servir, obedecer. Por que razão o nosso corpo é liso, macio, delicado, não preparado para a fadiga e a confusão do mundo, senão para que o nosso coração e o nosso espírito tenham delicadeza igual ao exterior? Vamos, vamos, vermes teimosos e impotentes. Também já tive um gênio tão difícil, um coração pior. E mais razão, talvez, pra revidar palavra por palavra, ofensa por ofensa. Vejo agora, porém, que nossas lanças são de palha. Nossa força é fraqueza, nossa fraqueza, sem re­médio. E quanto mais queremos ser, menos nós somos. Assim, com­preendido o inútil desse orgulho, devemos colocar as mãos, humildemente, sob os pés do senhor. Para esse dever, quando meu esposo quiser, a minha mão está pronta. PETRÚQUIO: Sim, eis uma mulher! Vem, dá-me um beijo. Cata. LUCÊNCIO: Vai, segue teu caminho, amigo; chegaste onde querias. VINCÊNCIO: É agradável ouvir a juventude em tão belo momento. LUCÊNCIO: Mas mulheres teimosas, meu Deus, que abatimento! HORTÊNSIO: Vai, segue teu caminho; domaste uma megera brava. LUCÊNCIO: Permita-me dizer; é um assombro que esteja assim domada. PETRÚQUIO: Estamos os três casados, mas vocês dois, vencidos! Co­mo vencedor, porém, eu peço a Deus que lhes favoreça uma boa noite! E agora, Catarina, para a cama! (Saem.). Veja mais aqui e aqui.

BIOPOESIA: O TOQUE DA FAUSTOSA PORNÓGRAFA – A escritora, advogada, professora e pesquisadora humanista e revolucionária Silvia Mota, é mestre em Direito Civil pela UERJ, cônsul dos Poetas Del Mundo para Cabo Frio (Rio de Janeiro), associada à Rede de Escritoras Brasileiras (REBRA), membro Efetivo da Academia Virtual Brasileira de Letras e membro da Sociedade Brasileira de Bioética e da Associação Brasil Soka Gakkai Internacional. Ela milita na área de música, poesia e pintura, atuando na área do biodireito e da arte ecolologia, bem como reúne no sítio Silvia Mota diversos siteblogs que compreendem suas múltiplas atividades. Além disso, ela é a criadora e coordenadora do Portal Sociocultural Interdisciplinar Poetas e Escritores do Amor e da Paz: saber com dignidade, ética e respeito, já participou das mais diversas antologias, possuindo um currículo invejável que a caracteriza como uma intelectual atuante. Entre os seus poemas, primeiramente destaco o seu Toque: Não falarei de rosas ou crisântemos nesse mundo devastado pela chuva, onde tropeço em esqueletos alinhados no chão. Chamo corrupção a esse mal insano cortado em róseas auréolas mastigadas a sangue frio bem à frente dos meus olhos, na mesma rua onde moro. Seja qual for meu protesto contra as histórias sem futuro, assisto bocas sem dentes que sorriem ao falso riso. Chamo incultura aos sonhos obesos plantados em terra de fins lucrativos, mas cortados prematuramente ao surgir do novo amanhecer por cimitarras desprovidas de ética. Lembram-se – ao menos – daqueles que tocaram? Também merece destaque o seu Faustosa pornógrafa: Ensaiei obscenidades e ocultos fetiches. Fiz-te meretriz enferma e pintei teus lábios de sangue na ânsia de abafar de mim tua ridícula anemia. Ensaiei obsessões e cenas de canibalismo. Como se fosse numa zona do cais lavei-te os perfumes naturais e ao afã de injuriar-te salpiquei cheiros estranhos no teu chão. Depois, num ato insano, rameira perfumada, permiti que homens estúpidos a deflorassem sob meus olhos concupiscentes... Foi assim, Orbe Terra, foi assim, que ao roubar tua juventude explorei teus encantos e joguei-te indigente aos meus pés... quase morta... Veja mais aqui.

BOWLING FOR COLUMBINE – O premiadíssimo filme documentário Bowling for Columbine (Tiros em Columbine, 2002), do cineasta, documentarista e escritor estadunidense Michael Moore toma como base o massacre do instituto Columbine, investigando a violência, o extermínio dos indígenas, a militarização e segurança nacional, o política armamentista, o racismo, a cultura de que a maior defesa é o ataque, a publicidade das armas de fogo e os crimes violentos, para defender a sua tese que a taxa de homicídios no seu país se deve à sociedade violenta e não ao comércio das armas de fogo. O filme ganhou o Oscar , o Festival de Cannes e o Prêmio Cesar de cinematografia francesa, todos em 2003. Veja mais aquiaqui.

IMAGEM DO DIA
Todo dia é dia da atriz francesa e símbolo sexual dos anos 1950/60 Brigitte Bardot.


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