terça-feira, janeiro 28, 2020

EMERSON, HARRIET WHITNEY FRISHMUTH, CHRISTIANA UBACH, ARTE DE PERNAMBUCO & CARTA DE GRATIDÃO


CARTA DE GRATIDÃO – O que eu fui se fez em mim para desvendar o segredo da vida e não era qualquer a infância para uma adolescência de descobertas. Meu pai morreu pobre. Nas noites de frio devorava livros da biblioteca da minha mãe: a lâmpada acesa nos meus olhos grandes. Fui hospedado na Casa da Dor pela tísica por anos. Aprendia e já me via irreverente com as velhas tradições e profissões: cada ser humano é um deus em formação. Passei a me sentir dono do mundo das sete estrelas e do ano solar. Não temia mais ser atacado por todos, que eu tivesse o solilóquio da alma sincera sob o céu. Falava, assim mesmo, praqueles que tinham ouvido e não me podiam ouvir. Até que o primeiro amor me envolveu. Ah, Ellen, como eu me apaixonei por sua beleza extrema, a presença viva nos meus diários. Fomos feitos um pro outro e a minha vida voava com o seu espírito alado, serena, amável. Quando me disse que estava pronta para morrer, não imaginava que fosse chamada pela morte tão cedo. Só eu sei a minha aflição: um anjo ia pro céu naquela manhã de fevereiro, não esqueci a paz e a alegria. Dezoito meses separaram em mim a felicidade da tristeza. Fui para a montanha do norte, vasculhar minha alma e decidir meu futuro. Ali, percebi que o homem e Deus poderiam se encontrar entre os outeiros de Roxbury, porque harmonizei o ouvido e o coração com a música da Natureza: éramos Um na Alma do Mundo. Ao retornar, não havia mais como conciliar meu saber e vivência com as tradições religiosas. Aplicava, apenas, a prática do Sermão da Montanha, nada mais. Renunciei a fé com meus ombros encolhidos. Mesmo ausente, foi Ellen quem me proporcionou a vida em Concord: um refúgio para pensar e agir. Segui devotado: a vida não se resumia apenas em mediocridade e insipidez, uma gente indefesa, difusa e prostrada, dispersa e horrorizada. Reverberava em mim a energia da Lei Suprema: o tudo e a Humanidade – a inteireza e a unidade indivisa. Deixei os cemitérios do passado, olhei para os bosques do futuro. Passei a defender a nobreza do comum, a crença dos pacíficos pioneiros: a liberdade individual e a tolerância universal, a colaboração mútua entre humanos livres na tríade viver, deixar viver e ajudar a viver. A dignidade da pessoa comum reconhecida, como se cada qual na soma do Todo: a declaração universal da interdependência. E o amor me envolveu pela segunda vez. Ah, Lydian, uma mente nobre e sincera, uma alegria muito sóbria: educada, inteligente e ativa, uma afeição além das paixões: a grandeza do amor e a sujeição de cada qual à dimensão do desamor. Amávamos cada um, ao seu modo. E sorríamos, dialogávamos, a interlocução dos dessemelhantes. Nisso, inventávamos a nossa felicidade. O seu amor aprumou meus sentimentos e passei a ser o professor da ciência da alegria à beira de tudo quanto é grande e real: que cada um se preocupasse com o seu trabalho e respeitasse o do outro. Esse o meu aprendizado panhumanista. Elas me ensinaram a amar a vida e o mundo, desinteressadamente, da forma mais natural possível. Nunca fui tão feliz, não havia mais como distinguir o que era da vida e o que era da morte: a vida, uma só. Por isso, minha eterna gratidão. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.

DITOS & DESDITOS: [...] Toda alma é uma Vênus celestial para toda outra alma. O coração tem seus dias de festa e seus jubileus, nos quais o mundo aparece como um himeneu, e todos os sons naturais e o ciclo das estão são odes e danças eróticas. O amor é onipresente na natureza como motivo e recompensa. O amor é a mais elevada palavra que possuímos, e é sinônimo de Deus. [...]. Trecho extraído da obra Ensaios: homens representativos (Martins, 1965), do escritor e filósofo estadunidense Ralf Waldo Emerson (1803-1882), que primeiro amou Ellen Louisa Tucker (1811-1831) e faleceu dezoito meses depois do seu casamento. Em seguida, amou Lydia Jackson (1802-1892). A relação deles com elas estão descritas em obras como One First Love - The Letters Of Ellen Louisa Tucker To Ralph Waldo Emerson (Churchill Livingstone, 1962), de Ellen Louisa Tucker, organizada por Edith W. Gregg; Mr. Emerson's Wife (Griffin, 2006), de Amy Brown; The Essential Writings of Ralph Waldo Emerson (Modern Library, 2000); e O pensamento vivo de Emerson (Martins, 1865), organizado por Edgar Lee Masters. Veja mais aqui, aqui & aqui.

BOA SORTE, MEU AMOR
O drama Boa Sorte, Meu Amor (2013), dirigido e escrito por Daniel Aragão, conta a história de um homem de 30 anos oriundo de uma família aristocrata do sertão nordestino. Ele trabalha em uma empresa de demolição, ajudando nas diversas transformações que a cidade tem passado nos últimos anos. Ao encontrar Maria, uma estudante de música com alma de artista, ele passa a sentir a urgência por mudanças em sua própria vida. O destaque fica por conta da atuação da atriz Christiana Ubach. Veja mais aqui.

A ARTE DE HARRIET WHITNEY FRISHMUTH
É tão fácil fazer a beleza feia e distorcer. Excentricidade e capricho não substituem estilo e domínio na modelagem. A beleza está em toda parte neste mundo, sempre esteve. Talvez os olhos de hoje não tenham sido treinados para ver, pois se o artista aprecia e entende a natureza, ele não pode ir muito longe da verdade e da beleza, que são os pilares da grande arte.
HARRIET WHITNEY FRISHMUTH - A arte da escultora estadunidense Harriet Whitney Frishmuth (1880-1980). Veja mais aqui & aqui.

A ARTE PERNAMBUCANA
A literatura de Osman Lins aqui & aqui.
A música de Cussy de Almeida aqui & aqui.
A arte de Cícero Dias aqui & aqui.
A poesia de Mário Hélio aqui.
A taboada de Azulão, do cordelista Sebastião Cândido dos Santos aqui.
A arte de Cícero Santos aqui
&
O município de Catende aqui, aqui, aqui & aqui.


KARIMA ZIALI, ANA JAKA, AMIN MAALOUF & JOÃO PERNAMBUCO

  Poemagem – Acervo ArtLAM . Veja mais abaixo & aqui . Ao som de Sonho de magia (1930), do compositor João Pernambuco (1883-1947), ...