EU SOUL VOO - Imagem: arte da
pintora polonesa Renata
Brzozowska. - Tudo são dois,
quando não três que é igual a um. A lógica do ilógico, a ética do círculo, em
ondas, dimensões, espirais, como desordenado, aliás, aleatório, senão
paradoxal. Nem por isso cessa a eternidade na finitude, a fecundar e a
reproduzir desde a primeira geração, o primeiro princípio, o sopro do sopro, o
fogo e a terra, a água e o ar, a força de toda força a mover o céu e as
estrelas da minha boca pro infinito. Estar acima ou embaixo, à direita ou
esquerda, entre o sereno e o alegre, o sombrio e o assustador, o sutil e o
espesso, e ir, além disso, não só como o que fala e o que escuta, mas a trilhar
o visinvisível que não é só ver ou entender o que há por trás do que é visto ou
visualizado, e sim o outro das coisas, um zoom pro íntimo de cada coisa e ser,
e ser cada coisa e ser, e ir para além do olhar e viver cada coisa e cada ser,
eu e outros e tudo, todos em todo lugar: a união é a vida, o Um contém tudo e é
todo, com seus contínuos eflúvios de um lado aos demais, diversos, a
pluralidade singular a dar o abraço da Natureza, a ventar em mim os raios
brilhantes do éter a passar e perpassar o meu corpo, enquanto o ouro do Sol
acende o leste, Fiat Lux, até ser-me o rumo formidável da profundidade com a
prece a me impelir para a luz do inominável de portas abertas e acordo,
permanece comigo o resplandecente beijo dos versos e cantos livres e soltos que
levo e soul voo. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais
aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá especial com a música do sambista, cantor, compositor,
bandolinista, violonista e um dos maiores e mais importantes artista da música
no Brasil, Noel Rosa (1910-1937), com Ivan Lins, Maria Bethania, Maria Rita, Mauro
Senise & Gilson Peranzzeta & muito mais nos mais de 2 milhões de acessos ao blog
& nos 35 Anos de Arte Cidadã. Para conferir é só
ligar o som e curtir. Veja mais aqui e aqui.
PENSAMENTO DO DIA – [...] a
dignidade de um ser não depende dos talentos recebidos com o nascimento, mas do
que ele faz deles, não da natureza e dos dons naturais, mas da liberdade e da
vontade da pessoa humana, quaisquer que sejam seus dotes iniciais [...] a dignidade moral de um ser reside não em
sua natureza, que é neutra e sem valor algum do ponto de vista estritamente
moral, mas na liberdade [...]. Pensamento extraído da obra A revolução
do amor: por uma espiritualidade
laica (Objetiva, 2012), do filósofo francês Luc Ferry. Veja mais
aqui e aqui.
O DIREITO À PREGUIÇA – […] Homens
cegos e limitados, quiseram ser mais sábios do que o próprio Deus deles; homens
fracos e desprezíveis, quiseram reabilitar aquilo que até mesmo o Deus deles
amaldiçoara. Eu, que não professo o credo cristão, nem tenho posição econômica
e moral como a deles, recuso-me a admitir as pregações dessa moral religiosa,
econômica, livre-pensadora, considerando as terríveis consequências do trabalho
na sociedade capitalista [...] Uma
estranha loucura dominou as classes operárias das nações onde reina a
civilização capitalista. Essa loucura traz como consequência misérias
individuais e sociais que há séculos torturam a triste humanidade. Essa loucura
é o amor ao trabalho, a paixão moribunda que absorve as forças vitais do
indivíduo e de sua prole até o esgotamento [...] A nossa época é, dizem, o século do trabalho; na verdade, é o século da
dor, da miséria e da corrupção [...] Tal
é a lei inexorável da produção capitalista. Porque, por prestarem atenção às
falaciosas palavras dos economistas, os proletários se entregaram de corpo e
alma ao vício do trabalho, precipitam toda a sociedade numa dessas crises de
superprodução que convulsionam o organismo social [...] embrutecidos pelo dogma do trabalho, não
compreendem que é o sobretrabalho que infligiram a si próprios durante o tempo
da pretensa prosperidade a causa da sua miséria presente [...] Em vez de aproveitar os momentos de crise
para uma distribuição geral de produtos e uma manifestação universal de
alegria, os operários, morrendo de fome, vão bater com a cabeça contra as
portas da fábrica. Com rostos pálidos e macilentos, corpos emagrecidos,
discursos lamentáveis, assediam os fabricantes: [...] dêem-nos trabalho, não é a fome, mas a paixão do trabalho que nos
atormenta! E esses miseráveis, que
mal têm forças para se manter em pé, vendem doze a catorze horas de trabalho
duas vezes mais barato do que quando tinham trabalho durante um certo período.
E os filantropos da indústria continuam a aproveitar as crises de desemprego
para fabricar mais barato [...] E, no
entanto, apesar da superprodução de mercadorias, apesar das falsificações
industriais, os operários entulham o mercado, implorando: trabalho! trabalho!
[...] Uma vez que o vício do trabalho
está diabolicamente encravado no coração dos operários; uma vez que as suas
exigências abafam todos os outros instintos da natureza; uma vez que a
quantidade de trabalho exigida pela sociedade é forçosamente limitada pelo
consumo e pela abundância de matéria-prima, por que razão devorar em seis meses
o trabalho de todo o ano? [...]. Trechos extraídos da obra O direito à preguiça (Claridade, 2003),
do jornalista, escritor e ativista político Paul Lafargue (1842—1911).
EVANGELHO NA TABA – [...] Enquanto 0 vitral se resignava às suas limitações de vitral, ao chumbo e ao
vidro colorido, ele esplendia com toda a força. Mas aos poucos os vitralistas começaram a achar que aquilo era
insuficiente e começaram a pintar 0 vidro, começaram a levar apara a arte do vitral a arte da pintura. A partir daí 0 vitral
degenera. Isso me levou a uma crença da qual estou firmemente convencido: de que as coisas fulguram, vamos
dizer, nas suas limitações. As limitações não são necessariamente uma limitação no sentido corrente, mas uma força. Quer dizer que 0 vitralista
era forte enquanto estava limitado e aceitava a sua limitação [...] Um quadro de Rafael, e realmente visto de uma perspectiva humana
centralizada, ligada ao que há de perecível no olho humano. Enquanto que num
quadro de Picasso, em sua fase cubista, por exemplo, nos vemos a cara do personagem
de frente e essa mesma cara com um olho de lado. Neste esforço a gente nota a
tentativa de romper com a condição mortal do olho humano, de ver através de um ponto de vista
espiritual. O que se aproxima da visão do homem religioso da Idade Media. [...]. Trechos extraídos da obra Evangelho na taba: outros problemas inculturais brasileiros (Summus, 1979), do escritor e dramaturgo Osman Lins
(1924-1978). Veja mais aqui.
CINCO POEMAS - I -
Meus amigos / quando me dão a mão / sempre deixam outra coisa / presença /
olhar / lembrança calor / meus amigos / quando me dão / deixem na minha / a sua
mão. II - Eu tão isósceles / Você
ângulo / Hipóteses / Sobre o meu tesão / Teses sínteses / Antíteses / Vê bem
onde pises / Pode ser meu coração. BEM
NO FUNDO - No fundo, no fundo, / bem lá no fundo, / a gente gostaria / de ver
nossos problemas / resolvidos por decreto / a partir desta data, / aquela mágoa
sem remédio / é considerada nula / e sobre ela — silêncio perpétuo / extinto
por lei todo o remorso, / maldito seja quem olhar pra trás, / lá pra trás não
há nada, / e nada mais / mas problemas não se resolvem, / problemas têm família
grande, / e aos domingos / saem todos a passear / o problema, sua senhora / e
outros pequenos probleminhas. RAZÃO DE SER - Escrevo. E pronto. / Escrevo
porque preciso, / preciso porque estou tonto. / Ninguém tem nada com isso. / Escrevo
porque amanhece, / E as estrelas lá no céu / Lembram letras no papel, / Quando
o poema me anoitece. / A aranha tece teias. / O peixe beija e morde o que vê. /
Eu escrevo apenas. / Tem que ter por quê? AMAR VOCÊ É COISA DE MINUTOS… - Amar
você é coisa de minutos / A morte é menos que teu beijo / Tão bom ser teu que
sou / Eu a teus pés derramado / Pouco resta do que fui / De ti depende ser bom
ou ruim Serei o que achares conveniente / Serei para ti mais que um cão / Uma
sombra que te aquece / Um deus que não esquece / Um servo que não diz não / Morto
teu pai serei teu irmão / Direi os versos que quiseres / Esquecerei todas as
mulheres / Serei tanto e tudo e todos / Vais ter nojo de eu ser isso / E
estarei a teu serviço / Enquanto durar meu corpo / Enquanto me correr nas veias
/ O rio vermelho que se inflama / Ao ver teu rosto feito tocha / Serei teu rei
teu pão tua coisa tua rocha / Sim, eu estarei aqui. Poemas do escritor,
critico literário, tradutor e professor Paulo Leminski (1944-1989). Veja
mais aqui.
A ARTE DE RENATA BRZOZOWSKA
A arte da pintora polonesa Renata Brzozowska.
&
Os
dias estão assim, o cinema de Rogério Sganzerla & Helena Ignez, o teatro de José Cañas Torregrosa, a música de Roberta
Peters & a arte de Fábio
R. Mesquita aqui.
Você,
procê, docê & nocê: o querer dos quereres além da possessão, a literatura de Marcos Carías
Reyes, a arte de J K Chillar & Luciah Lopez aqui.