quarta-feira, julho 15, 2015

DERRIDA, LORCA, WALTER BENJAMIN, CICERO DIAS, LIA ROBATO, GRETA, REMBRANDT, PAULO MOURA & BRINCARTE DO NITOLINO


VAMOS APRUMAR A CONVERSA? ANIVERSÁRIO DE ANINHA – Vez em quando eu me pego cantando “[...] se lembra do futuro que a gente combinou, eu era tão criança e ainda sou...” (Maninha, do Chico Buarque). Essa canção me leva a repassar deliciosamente a fagueira infância com todas as brincadeiras, presepadas e singelezas que só essa fase da vida proporciona. E quando se é cinquentão com o alcance da adulteza tardiamente é que essas rememorações se tornam muito mais pronunciadas no afeto e emoção. Logo eu que fui menino a vida toda, só saindo dessa condição com a crueza do cotidiano ao longo dos últimos anos, contudo sem nunca perder a ternura e o encanto com a vida que só a infância sabe e pode preservar num sujeito, avalie. Ainda hoje me vejo buliçoso no quintal com todas as arteirices de um peralta além de todas as contas, remexendo em tudo desde o jardim florido de todas as rosas, a varanda de todas as recepções calorosas da amizade, na sala de estar virando meu palco pelos corredores e quartos, a inquietude buliçosa se esgueirando pela cozinha com todos os cheiros de comidas e guloseimas, para desembocar no quintal que se transformava no reino das traquinagens. Lembro e muito bem da minha irmã na garupa do velocípede pras minhas travessuras de guia na maior risadagem que se prolongou até o ginásio no bagageiro da bicicleta, aprontando das muitas e eu levado da breca. Lembro e como me lembro de fazer na porta do armário o nosso balancê, dele virar sobre a gente quebrando todos os pratos e utensílios; das amarrações ao pé da mesa inventando brincar nas privações e molecagens; o chamego com as madrinhas, tias e primas no nosso convívio; de fazer da cama pula-pula, de fugir da tabica de maínha pelas trelas, de viver muito e intensamente todo aquele momento guardado no tempo da memória. E me pego no mote do meu poema: Mãe, me deste a benção para Deus me seguir. E eu, louvado, a ti dedico o amor infinito das estrelas. Hoje sigo errante com o sentimento esconjurado. Longe do teu seio nada tem mais vigor. Por isso eu te dedico minha canção perene, a minha desatinada canção de amor perdida nos desencontros do meu país. Sou da tua carne o fruto, o teu sacrifício, a tua dor mulher. Foi no teu seio que encontrei amparo. Foi no teu seio que fui feliz. Foi no teu seio que aprendi a justiça. E nele vivi a sede eterna e o ter na repartição da coragem no chão. Sou a vez do teu ventre na queda do rio incólume. Sou ainda aquela criança com os olhos de amanhã roçando tua pele e descobrindo a vida na tua dedicação. Sou ainda aquela criança espevitada correndo peralta pelas névoas da lembrança no meio do mormaço da tarde. Sou ainda aquela criança que não sabe a distância entre o sim o não nos cacos de sonho. Sou aquela criança que sonhava a paixão pela professora dedicada e prestimosa fazendo um barulho que lateja no meu sexo, peito e cabeça. Sou aqueles olhos vermelhos com todos os sustos da roda gigante pelas labaredas do medo. Sou aquele menino arriado com as dores de fígado dentro da noite com vômitos surpreendentes na sala de aula. Sou a teimosia infantil no insulto da vó empunhando chicote que marcaram bolhas estigmatizadas no termo das coisas. Nada mais sou que aquele do namoro inocente com a tia, das aventuras amarradas no pano do pescoço, da barulhada imitando todas as máquinas dos motores ensurdecedores. Foi preciso a vida de 30 anos para sentir o desterro de Água Preta, a violenta decepção dos anos, o fumo logo cedo e as aprontações no Ginásio Municipal. Foi preciso a vida de mais de 30 anos para rever as noites insones com vô em Badalejo, a solidão eterna dos canaviais que expeliam a fumaça e eu tossia mais que tuberculoso. Foi preciso a vida de mais de 30 anos para saber que Batman era o sonho dos desenhos na televisão com a revolucionária Aninha mandando ver nas arengas e a passiva Anginha olhando tudo e aplaudindo com seu jeito tatibitati e o mimo exagerado por Geórgia abrindo a festa com tantas outras formas de não se saber dizer o que fazer. Foi preciso mais que 30 anos para entender que o dia não era um só nas coleções de gibi, no medo do coração de Jesus, na adoração fanática pelo pai, na fuga pro mundo ainda precoce pé na bunda e tataritaritatá! Foi preciso a vida de mais de 30 anos para que revisse a correria na bolinha jogada no campo de barro pelo bairro adolescente, no esgoelar desafinado na cantoria imaculada, no namoro escondido, no casório antecipado, na colhida de Carma quando a fuga era a saída para o sorriso e nas safadezas de Pai Lula ensinando que a vida não é só uma reza boba no cantinho do quarto. Foi preciso mais que 30 anos para saber da reprovação na escola, no ginásio e no colégio doendo nos corredores da faculdade por causa da pressa louca de conhecer o amanhã logo amanhã de manhã. Foi preciso mais que 30 anos para que tudo sinalizasse nos desejos que chegaram muito cedo com as moças e mulheres que rodeavam meu dengo e mimavam minhas vontades. Hoje sigo errante com todos os mitos daquela manhã religiosa comigo, o cérebro azeitado e a cabeça nas nuvens, a ternura fria de todos, a minha embriagues sempre exaltada, o exílio voluntário, a separação, a lâmina cortando a carne, o adulto órfão, o tempo e mais nada. Hoje sigo errante e ainda brotam desejos nas ilusões montadas pelas quimeras que desabam na certeza incontida de vencer o mundo em alta velocidade e já. Hoje sigo errante na penúria e luxo disfarçados. Entre o riso na cara lavada e o choro guardado no peito. Porque quando me vires abatumado pelos recantos de toda geografia deste país, é que estou vigilante eterno do meio onde vivo e da natureza de nossa vida. Quando me vires gritando pelas esquinas é que sustento o choro no peito de milhares de filhos deserdados e amaldiçoados de sempre. Quando me vires marchando nas ruas é que estou cantando o meu canto no futuro. Quando me vires varando de noite é porque não encontrei amparo no dia. Quando me vires chorar é que ainda não fui feliz. Quando me vires rompendo divisas é porque continuo a semear o melhor de ti, lutando incansavelmente pelos caminhos duros do amanhã. Hoje, na distância, só posso dizer Feliz Aniversário, Aninha, e veja mais aqui, aqui e aqui.

Imagem: Menina na janela, do pintor e gravador holandês Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669). Veja mais aqui.

Curtindo o álbum Alento (Biscoito Fino, 2010), do músico, compositor e arranjador Paulo Moura (1932-2010), com o grupo Teatro do Som. Veja mais aqui e aqui.

BRINCARTE DO NITOLINO – Hoje é dia de reprise do programa Brincarte do Nitolino para as crianças de todas as idades e com uma programação especial  no blog do Projeto MCLAM. O programa conta com a apresentação da simpática apresentadora Ísis Corrêa Naves recitando poesias, comunicando e contando história, em dois horários: às 10hs e às 15hs, reprisando o que foi ao ar no último domingo com muita emoção, festa e entretenimento. Além disso, no blog do projeto Bricarte você pode conferir muitas coisas como as atividades desenvolvidas por Nitolino, quadrinhos, histórias e contações, lendas, poesias, pinturas  e outras dicas e informações sobre Educação Infantil, Psicologia Infantil, Direito das Crianças e Adolescentes, Literatura Infantil, Música Infantil e Teatro Infantil. Acompanhe o programa e confira no blog as últimas novidades. Confira aqui e aqui.

A ESCRITURA E A DIFERENÇA – O livro A escritura e diferença (Perspectiva, 1985), do filósofo franco-magrebino Jacques Derrida (1930-2004), criador da filosofia da Desconstrução – uma metafísica da presença -, aborda temas como a força e significação, Edmond Jabès e a questão do livro, elipse, gênese e estrutura, fenomenologia, a palavra soprada, o teatro da crueldade e o fechamento da representação Freud e a cena da escritura, estrutura, signo e jogo no discurso das ciências humanas, entre outros assuntos. Da obra destaco os trechos: [...] A escritura desloca-se numa linha quebrada entre a palavra perdida e a palavra prometida. A diferença entre a palavra e a escritura, é a falta, a cólera de Deus que sai de si, a imediatidade perdida e o trabalho fora do jardim. ‘O jardim é palavra, o deserto escritura. Em cada grão de areia, um sinal surpreende. [...] Toda saída do livro faz-se no livro. Não há dúvida de que o fim da escritura se situa para lá da escritura: A escritura que acaba em si mesma não passa de uma manifestação de desprezo. [...] Assim entendida, o regresso ao livro é de essência elítica. Algo invisível falta na gramática desta repetição. Como esta falta é invisível e indeterminável, como redobra e consagra perfeitamente o livro, repassa por todos os pontos do seu circuito, nada se modificou. E, contudo todo o sentido é alterado por esta faixa. [...] O futuro não é um presente futuro, ontem não é um presente passado. O além do fechamento do livro não deve ser esperado nem encontrado. Está lá, mas além, na repetição, mas evitando-a. Está lá como a sombra do livro, o terceiro entre as duas mãos que seguram o livro, a diferencia no agora da escritura, a distância entre o livro e o livro, essa outra mão. [...] A minha obra, o meu rasto, o excremento que me rouba do meu bem depois de eu ter sido roubado por ocasião do meu nascimento, deve portanto ser recusado. Mas recusá-lo não é aqui rejeitá-lo, é retê-lo. Para me guardar, para guardar o meu corpo e a minha palavra, é necessário que eu retenha a obra em mim, que me confunda com ela para que entre mim e ela o Ladrão não tenha a menor chance, que a impeça de cair longe de mim como escritura. Pois toda escritura é porcaria. [...]. Veja mais aqui e aqui.

O NARRADOR – O livro O narrador: considerações sobre a obra de Nikolai Leskov. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura (Brasiliense, 1994), do filosofo alemão Walter Benjamin (1892-1940), traz a reflexão do autor sobre o desaparecimento da figura do narrador na civilização, discorrendo sobre a importância da narrativa, sabedoria, informação e experiência, distinguindo o narrador que vem de longe (figura do marinheiro comerciante) e o narrador que vive sem sair de seu país, e conhece bem a tradição (figura do camponês sedentário), enquanto trata sobre o ofício do narrador e o trabalho manual. Da obra destaco o trecho: [...] A narrativa, que durante tanto tempo floresceu num meio de artesão - no campo, no mar e na cidade -, é ela própria, num certo sentido, uma forma artesanal de comunicação. Ela não está interessada em transmitir o "puro em si" da coisa narrada como uma informação ou um relatório. Ela mergulha a coisa na vida do narrador para em seguida retirá-la dele. Assim se imprime na narrativa a marca do narrador, como a mão do oleiro na argila do vaso. Os narradores gostam de começar sua história com uma descrição das circunstâncias em que foram informados dos fatos que vão contar a seguir, a menos que prefiram atribuir essa história a uma experiência autobiográfica. Leskov começa A fraude com uma descrição de uma viagem de trem, na qual ouviu de um companheiro de viagem os episódios que vai narrar; ou pensa no enterro de Dostoievski, no qual travou conhecimento com a heroína de A propósito da Sonata de Kreuzer; ou evoca uma reunião num círculo de leitura, no qual soube dos fatos relatados em Homens interessantes. Assim, seus vestígios estão presentes de muitas maneiras nas coisas narradas, seja na qualidade de quem as viveu, seja na qualidade de quem as relata. O próprio Leskov considerava essa arte artesanal – a narrativa – como um ofício manual. "A literatura", diz ele em uma carta, "não é para mim uma arte, mas um trabalho manual. "Não admira que ele tenha se sentido ligado ao trabalho manual e estranho à técnica industrial. Tolstoi, que tinha afinidades com essa atitude, alude de passagem a esse elemento central do talento narrativo de Leskov, quando diz que ele foi o primeiro "a apontar a insuficiência do progresso econômico... É estranho que Dostoievski seja tão lido... Em compensação, não compreendo porque não se lê Leskov. Ele é um escritor fiel à verdade". No malicioso e petulante A pulga de aço, intermediário entre a lenda e a farsa, Leskov exalta, nos ourives de Tula, o trabalho artesanal. Sua obra-prima, a pulga de aço, chega aos olhos de Pedro, o Grande e o convence de que os russos não precisam envergonhar-se dos ingleses. Talvez ninguém tenha descrito melhor que Paul Valéry a imagem espiritual desse mundo de artífices, do qual provém o narrador. Falando das coisas perfeitas que se encontram na natureza, pérolas imaculadas, vinhos encorpados e maduros, criaturas realmente completas, ele as descreve como "o produto precioso de uma longa cadeia de causas semelhantes entre si". O acúmulo dessas causas só teria limites temporais quando fosse atingida a perfeição. "Antigamente o homem imitava essa paciência", prossegue Valéry. "Iluminuras, marfins profundamente entalhados; pedras duras, perfeitamente polidas e claramente gravadas; lacas e pinturas obtidas pela superposição de uma quantidade de camadas finas e translúcidas... – todas essas produções de uma indústria tenaz e virtuosística cessaram, e já passou o tempo em que o tempo não contava. O homem de hoje não cultiva o que não pode ser abreviado."Com efeito, o homem conseguiu abreviar até a narrativa. Assistimos em nossos dias ao nascimento das hort story, que se emancipou da tradição oral e não mais permite essa lenta superposição de camadas finas e translúcidas, que representa a melhor imagem do processo pelo qual a narrativa perfeita vem à luz do dia, como coroamento das várias camadas constituídas pelas narrações sucessivas. [...]. Veja mais aqui, aqui e aqui.  

CANÇÃO ANTIQÜE & OUTROS POEMAS – A poeta paranaense Greta Benitez é autora dos livros de poesias Rosas embutidas (1999), Café Expresso (2006) e Canção Antiqüe (2013), além de editar o blog Greta Benitez. Dela destaco inicialmente o poema Canção Antiqüe -Um elogio ao trema-: Em passeio por um bairro secreto da cidade, A Moça comprou escarpins de gelatina vermelha em uma butique chamada “Sorry”. Em uma delicatessen chamada “Paga lo que Deves”, achou um destilado de cor azul, o “Nick’s Lagoon”. Continuou a caminhada e, chegando na Alameda Lâminas, descobriu a loja especializada em objetos de charme chamada “Canção Antiqüe”. Lá, encontrou a poltrona usada por um escritor que não foi seu amante por um lamentável desencontro de épocas. Achou a almofada sinistra que uma menina bordava em fins de tarde de sol enviesado, enquanto tecia também planos macabros, após suas aulas de piano. Encontrou ainda um candelabro que fazia parte do acervo de um homem elegantíssimo supostamente apreciador de pratos preparados à base de carne humana. Havia também livros antigos pertencentes a uma senhora biliardária que voltou para a sua terra, o país Nona Sinfonia, tendo doado toda a sua biblioteca para este antiquário. A Moça foi abraçada por um desejo fatal de possuir um deles. E o escolhido foi este livro velho que – quem diria? – agora está em suas mãos. Também o poema Finíssima: A mulher gigante chega à cidade / no centro tropeça em prédios / quase cai / mas arruma a fivela da sandália / sentada sobre o Edifício Itália. / Com o tédio de sua beleza iluminada / logo pela manhã / enrola seu interminável cachecol / acende um cigarro no sol / e lixa as unhas no Copan. / Por seus passos a cidade estremece / quando anoitece / sem que ninguém veja / espia por trás da igreja /a noite acesa na Praça Roosvelt. / A cidade cuida dela / para que nada maltrate seu imenso coração / já que uma lágrima apenas / causaria uma inundação. Finíssima: champagne e ternura / um olhar que vai além. / Assim ela cuida da cidade também. O não menos destacável Visitas: Nesta madrugada recebi a visita da moça de olhos verdes com o livro, das duas meninas travessas, das freiras e padres e seus discípulos, os quais tinham sido beijados durante a cerimônia. Também teve a amiga antiga, que insistiu para que eu comesse o mocotó da festa religiosa (não comi), além das garotas das receitas à base de milho, da minha mãe, meu pai e seus amigos importantes, que conheciam a moça de olhos verdes. Também um rosto conhecido que vi no espelho e não era o meu. Foram todos muito bem-vindos. Veja mais aqui, aqui e aqui.

BODAS DE SANGUE – A peça teatral Bodas de sangue (1932), do poeta e dramaturgo espanhol Federico García Lorca (1898-1936), integra a trilogia formada por Yerma e A Casa de Bernarda Alba, explora a possibilidade do irreal em que a Lua e a Morte ganham vida no desenrolar da trama e no auxilio da luta ritualística entre o Noivo e o pretendente da sua noiva. Da obra destaco o Quadro II do 2º Ato: (Exterior da cueva da noiva. Cores branco - acinzentadas e azul - frias. Grandes figueiras–da-índia. Tons sombrios e prateados. Panorama de mesetas de cor pastel, todo endurecido, como paisagem de cerâmica popular.) CRIADA (arrumando copos e bandeja s em uma mesa) — Girava, girava a roda e a água passava. Porque é dia das bodas, que se afaste a ramagem e que a lua se estenda pela branca varanda. (Em voz alta) Ponha as toalhas! (Em voz patética) Cantavam, cantavam os noivos e a água passava. Porque é dia das bodas, resplandeça o orvalho e se encham de mel as amêndoas amargas. (Em voz alta) Prepare o vinho! (Em voz poética) Formosa, formosa desta terra, olha como a água passa. Porque são tuas bodas, guarda as roupas rendadas, e à sombra da asa do noivo nunca mais saias de casa. Porque o noivo é como um pombo, com o peito todo em brasa e o campo espera o rumor do seu sangue a ser derramado. Girava, girava a roda e a água passava. Porque são tuas bodas, deixa então que brilhe a água. MÃE (entrando) — Até que enfim! PAI — Somos os primeiros? CRIADA — Não. Há pouco chegou Leonardo com sua mulher. Correram como o diabo. A mulher estava morta de medo. Chegaram tão rápido como se tivessem vindo a cavalo PAI — Esse aí está procurando desgraça. Tem sangue ruim. MÃE — E que sangue podia ter? O mesmo da família toda. Vem do bisavô dele, que começou matando, e continua em toda essa ralé maldita, gentalha de faca pronta e de sorriso falso. PAI — Não ligue para ele. CRIADA — Como é que não vai ligar? MÃE — Isso me dói até na ponta das veias. Olho para cada um deles e só vejo a mão com que mataram o que era meu. Está me vendo assim? Não pareço louca? Louca, sim, por não ter gritado tudo o que meu peito precisa. Trago no peito um grito sempre de pé, que tenho de castigar e esconder entre os mantos. Mas levam os meus mortos, e tenho que calar. Depois, o povo critica. (Tira o manto.) PAI— Hoje não é dia de lembrar essas coisas. MÃE - Quando se fala nisso, tenho que desabafar. E hoje mais do que nunca. Porque hoje vou ficar só, na minha casa. PAI — Mas depois vai ter companhia. MÃE — Essa é a minha ilusão: os netos. (SENTAM-SE.) [...] Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

EU VI O MUNDO NO RECIFE – O curta metragem Eu vi o mundo… ele começou no Recife (2003), é um documentário realizado e dirigido por Mário Carneiro, reconstituindo a memória do artista plástico Cícero Dias (1907-2003), envolvendo as circunstancias históricas e a motivação criadora que resultaram no famoso quadro, de sua autoria, Eu vi o mundo... ele começava no Recife, considerado o marco zero da moderna pintura brasileira. O documentário descreve com detalhes os elementos temáticos do painel, que media originalmente 15 metros de comprimento por 1,94 de altura. Durante sua exposição, vândalos cortaram três metros da tela, onde apareciam nus considerados escandalosos. Em longo depoimento, o artista, que faleceu logo após a conclusão do filme, dá informações que ajudam a compreender os aspectos simbólicos expressos na obra e fala sobre os episódios históricos que o acompanharam na sua criação. O documentário é belíssimo e tem a trilha sonora assinada por Hermeto Pascoal. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

IMAGEM DO DIA
A arte da coreógrafa, professor e pesquisadora de dança Lia Robato.


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O dono da razão, A canção do exílio de Murilo Mendes, Identidade & etnia de Carlos Rodrigues Brandão, A socioantropologia de Maria Sérgio Michaliszyn, a pintura de Francisco Zúñiga & Mônica Alves Torres, a arte de Jules Pascin & a música de Ju Martins aqui.

E mais:
O culto da rosa: canção à flor, mulher amada, Totalidade & infinito de Emmanuel Lévinas, Mundo fantasmo de Bráulio Tavares, a música de Wojciech Kilar, A arte do teatro de Gordon Craig, Erotic Symphony de Jess Franco & Susan Hemingway, a pintura de Paul Delaroche, as gravuras de Paul-Émile Bécat & a poesia de Fernanda Guimarães aqui.
Poemas de Paul Verlaine & Denise Levertov, a pintura de Paul Delaroche, a fotografia de Patricia Hampl, a música de Marcoliva & a poesia de Lourdes Limeira aqui.
Alegoria da loucura, O livro do cortesão de Castiglione & Coríntios aqui.
Fecamepa, Gestalt-terapita de Friederich Perls, Contos e novelas de Jean de La Fontaine, a poesia de Laurindo Rabelo, Auto da alma de Gil Vicente, Crônica da cidade amada de Carlos Hugo Christensen, a música de Diversões Lúdicas, a pintura de Ignaz Epper, Brincarte do Nitolino & Cia Ópera na Mala aqui.
Espectro da fome de Josué de Castro, A ilíada de Homero, a música de Mercedes Sosa, Conversation Noturne de Martha Angerich, a pintura de Tamara de LempickaEliezer AugustoAna Botafogo & a poesia de Genesio Cavalcanti aqui.
Outra globalização de Milton Santos, À sombra das raparigas de Marcel Proust, As nuvens de música de Véronique Gens & Stark Naked Orchestra, Cleópatra & Elizabeth Taylor, a poesia de Clevane Pessoa de Araújo Lopes, a pintura de Camille Pissarro & Howard Chandler Christy aqui.
Primeiro de maio, o pensamento de Mahatma Gandhi, Kark Marx, Adam Smith, David Ricardo, O trabalho & os dias de Hesíodo, a pintura de Tarsila do Amaral, a música de Chico Buarque & Milton Nascimento aqui.
As drogas & as campanhas antidrogas, O pensamento de Milton Friedman, On the Road de Jack Kerouac, A droga é só um pretexto de Francis Curte, Bioética de Javier Gafo Fernández, a música do Yes, a pintura de Carlos Schwabe & Félicien Rops aqui.
A vida, a terra, o homem & a bioética, A condição humana de Hannah Arendt, Grande sertão veredas de João Guimarães Rosa, Pau Brasil de Oswald de Andrade, a poesia de Patativa de Assaré, Dos confins do sertão de Elomar Figueira de Mello, Cronologia pernambucana de Nelson Barbalho, a arte de Fernand Khnopff, a pintura de Shere Crossman & Antonio Cláudio Massa aqui.
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