VAMOS APRUMAR A CONVERSA? CORDEL
TATARITARITATÁ – Hoje se comemora (!?!) o Dia Mundial da Lei e, lembro bem,
que nos idos dos anos de 1980, eu estava na Faculdade de Direito justamente me
perguntando: pra quê tanta lei, meu Deus, apesar da compulsoriedade uma sequer
jamais será cumprida? Esse questionamento tomou corpo me levando a cometer o
poema A primavera de Ginsberg, vez que eu estava já perplexo com a
lição daquela antiga extravagância
e desvario tributário maometano de Anastácio que cobrava emolumentos até pelo
ar que se respirava, além de andar indignado com o calhamaço de lei emperrando tudo
e não mais que letras mortas, o excesso de tributação numa cascata de dívidas,
razão pela qual já andava alinhado com a Desobediência de Henry Thoureau. Foi
aí que começou a martelar no meu quengo o mote: vamos aprumar a conversa! No
pelejado nasceu a vinheta xoteada Tataritaritatá que prometia coisa maior mais
pra frente. Os anos se passaram e nem se esboçava nada a respeito, anotando
aqui e ali uma ideia que pulava do quengo em qualquer taco de papel que se
ajuntava nos bolsos. Tome ano. Foi quando em 2008, muitos e muitos anos
martelando na ideia, parei e resolvi juntar os pedaços de papel com a tuia de
anotações e aprumei a conversa na construção do que findou sendo uma martelada –
o objetivo era mesmo compor um martelo agalopado montado no mote: vamos logo aprumar
essa conversa, pô, vamolá & tataritaritatá! – e num folheto de cordel preu
mandar ver meu esgoelamento numa violada de 12 cordas pra cima e pra baixo. Assim
foi, assim ficou sendo. Confira aqui.
Imagem: Bather
in the Woods, do pintor
impressionista francês Camille Pissarro
(1830-1903). Veja mais aqui.
Curtindo Nuit d'étoiles (Mélodies française – Erato, 2000), da soprano
francesa Véronique Gens interpretando
canções de Claude Debussy, Gabriel Faure e Francis Poulene.
O
MUNDO COMO FÁBULA, COMO PERVERSIDADE E COMO POSSIBILIDADE - O livro Por uma outra globalização: do pensamento único à consciência universal
(Record, 2000), do geógrafo e professor Milton
Santos (1926-2001), trata de temas como o mundo como fábula, como
perversidade e como possibilidade; o mundo tal como nos fazem crer: a
globalização como fábula, o mundo como é: a globalização como perversidade, o mundo
como pode ser: uma outra globalização, a produção da globalização, a unidade
técnica, a convergência dos momentos, o motor único, a cognoscibilidade do
planeta, um período que é uma crise, uma globalização perversa, a tirania da
informação e do dinheiro e o atual sistema ideológico, a violência da
informação, fábulas, a violência do dinheiro, as percepções fragmentadas e o
discurso único do “mundo”, competitividade, consumo, confusão dos espíritos,
globalitarismo, a competitividade, a ausência de compaixão, o consumo e o seu
despotismo, a informação totalitária e a confusão dos espíritos, do
imperialismo ao mundo de hoje, globalitarismo e totalitarismos, a violência
estrutural e a perversidade sistêmica, o dinheiro em estado puro, a competitividade
em estado puro, a potência em estado puro, a perversidade sistêmica, da
política dos Estados à política das empresas, sistemas técnicos, sistemas
filosóficos, tecnociência, globalização e história sem sentido, as empresas
globais e a morte da política, três definições da pobreza, a pobreza “incluída”,
a marginalidade, a pobreza estrutural globalizada, o papel dos intelectuais, o
que fazer com a soberania, o espaço geográfico: compartimento e fragmentação, a
compartimentação: passado e presente, rapidez, fluidez, fragmentação, competitividade
versus solidariedade, a agricultura científica globalizada e a alienação do
território, a demanda externa de racionalidade, a cidade do campo, compartimentação
e fragmentação do espaço: o caso do Brasil, o papel das lógicas exógenas, as
dialéticas endógenas, o território do dinheiro, o dinheiro e o território:
situações históricas, metamorfoses das duas categorias ao longo do tempo, o dinheiro
da globalização, situações regionais, efeitos do dinheiro global, verticalidades
e horizontalidades, a busca de um sentido, a esquizofrenia do espaço, ser
cidadão num lugar, o cotidiano e o território, uma pedagogia da existência,
limites à globalização perversa, os limites da racionalidade dominante, o
imaginário da velocidade: técnica e poder, do relógio despótico às
temporalidades divergentes, Just-in-time versus o cotidiano, um emaranhado de
técnicas: o reino do artifício e da escassez, papel dos pobres na produção do
presente e do futuro, cultura popular, cultura de massas, a precedência do homem
e o período popular, a centralidade da periferia, alienação da nação ativa, a
dissolução das ideologias, a pertinência da utopia, um novo mundo possível, a
humanidade como um bloco revolucionário, a nova consciência de ser mundo, entre
outros assuntos. Da obra destaco o trecho inicial O mundo como fábula, como
perversidade e como possibilidade & O mundo tal como nos fazem crer: a
globalização como fábula: Vivemos num
mundo confuso e confusamente percebido. Haveria nisto um paradoxo pedindo uma
explicação? De um lado, é abusivamente mencionado o extraordinário progresso
das ciências e das técnicas, das quais um dos frutos são os novos materiais
artificiais que autorizam a precisão e a intencionalidade. De outro lado, há,
também, referência obrigatória à aceleração contemporânea e todas as vertigens
que cria, a começar pela própria velocidade. Todos esses, porém, são dados de
um mundo físico fabricado pelo homem, cuja utilização, aliás, permite que o mundo
se torne esse mundo confuso e confusamente percebido. Explicações mecanicistas
são, todavia, insuficientes. É a maneira como, sobre essa base material, se
produz a história humana que é a verdadeira responsável pela criação da torre
de babel em que vive a nossa era globalizada. Quando tudo permite imaginar que
se tornou possível a criação de um mundo veraz, o que é imposto aos espíritos é
um mundo de fabulações, que se aproveita do alargamento de todos os contextos
(M. Santos, A natureza do espaço, 1996) para consagrar um discurso único. Seus
fundamentos são a informação e o seu império, que encontram alicerce na
produção de imagens e do imaginário, e se põem ao serviço do império do
dinheiro, fundado este na economização e na monetarização da vida social e da
vida pessoal. De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim
apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção
enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O
primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o
segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o
terceiro o mundo como ele pode ser: uma outra globalização. O mundo tal como
nos fazem crer: a globalização como fábula. Este mundo globalizado, visto como
fábula, erige como verdade um certo número de fantasias, cuja repetição,
entretanto, acaba por se tornar uma base aparentemente sólida de sua interpretação
(Maria da Conceição Tavares, Destruição não criadora, 1999). A máquina
ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças
que se alimentam mutuamente e põem em movimento os elementos essenciais à
continuidade do sistema. Damos aqui alguns exemplos. Fala-se, por exemplo, em
aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente
informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias – para
aqueles que realmente podem viajar – também se difunde a noção de tempo e
espaço contraídos. É como se o mundo se houvesse tornado, para todos, ao
alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de
homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são
aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, ao serviço dos atores hegemônicos,
mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma
cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é
estimulado. Fala-se, igualmente, com insistência, na morte do Estado, mas o que
estamos vendo é seu fortalecimento para atender aos reclamos da finança e de outros
grandes interesses internacionais, em detrimento dos cuidados com as populações
cuja vida se torna mais difícil. Esses poucos exemplos, recolhidos numa lista
interminável, permitem indagar-se, no lugar do fim a da ideologia proclamado
pelos que sustentam a bondade dos presentes processos de globalização, não
estaríamos, de fato, diante da presença de uma ideologização maciça, segundo a qual
a realização do mundo atual exige como condição essencial o exercício de
fabulações. [...] Veja mais aqui.
EM
BUSCA DO TEMPO PERDIDO –
O romance À sombra das raparigas em flor
(1918), do escritor francês Marcel
Proust (1871-1922), é o segundo volume da obra cíclica Em busca do tempo perdido, é o mais lírico dos seus livros,
contando a história do narrador já adolescente, conhece as moças na estância
balneária, sofrendo do desamor pela paixão não correspondida, interessando-se
por uma nova jovem do grupo, sob os vícios nefandos da anormalidade sexual e
psicológicas, as decepções, entre outras fases passadas pelo jovem narrador. Da
obra destaco o trecho inicial: Quando se
cuidou de receber ao jantar, pela primeira vez, o Sr. De Norpois, tendo minha
mãe lamentado que o professor Cottard estivesse viajando e que ela própria
tivesse deixado completamente de frequentar Swann, pois ambos teriam sem dúvida
interessado o antigo embaixador, meu pai respondeu que um conviva eminente, um
sábio ilustre, como Cottard, jamais poderia fazer má figura num jantar, ao
passo que Swann, com sua ostentação, sua mania de alardear aos quatro ventos as
suas relações, era um vulgar fanfarrão que o marquês de Norpois sem dúvida
teria achado, conforme sua própria expressão, "nauseante". Ora, a
resposta de meu pai necessita de algumas palavras de explicação, já que algumas
pessoas talvez se lembrem de um Cottard bastante medíocre e de um Swann de
extrema delicadeza, em matéria mundana, primor de modéstia e discrição. Mas,
pelo que diz respeito a este, ocorrera que o "filho de Swann", e
também o Swann do Jockey, adquirira uma personalidade nova (e que não deveria
ser a última), a de marido de Odette. Afeiçoando às humildes ambições dessa
mulher o instinto, o desejo e a habilidade de que sempre fora dotado,
empenhara-se em construir, bem por baixo da antiga, uma posição nova e
apropriada à companheira que a ocuparia com ele. Ora, mostrava-se aí um novo
homem. Visto que (sempre continuando a frequentar sozinho os amigos pessoais,
aos quais não queria impor Odette quando não lhe pedissem espontaneamente para
conhecê-la) era uma segunda vida que ele começava em comum com sua mulher, em
meio a criaturas novas, ainda se compreenderia que, para avaliar o nível destas
e, consequentemente, o prazer de amor-próprio que poderia sentir em recebê-las,
ele se servisse, como ponto de comparação, não das pessoas mais brilhantes que
formavam sua sociedade antes do casamento, mas das relações anteriores de
Odette. Porém, mesmo quando se sabia que era com funcionários deselegantes, com
mulheres de má fama, adorno dos bailes de ministérios, que ele desejava
ligar-se, ficava-se espantado por ouvi-lo proclamar em alto e bom som (ele que
outrora e, mesmo ainda hoje, dissimulava tão graciosamente um convite de
Twickenhamou do Palácio de Buckingham) que a mulher de um subchefe de gabinete viera
fazer uma visita à Sra. Swann. Dir-se-á talvez que aquilo se devia a simplicidade
do Swann elegante não passara nele de uma forma mais requintada de vaidade e que,
como certos judeus, o antigo amigo de meus pais pudera frequentar, de cada vez,
os estágios sucessivos por onde haviam passado os membros de sua raça, desde o mais
ingênuo esnobismo e a patifaria mais grosseira, até a mais fina polidez. Mas o motivo
principal, aplicável à humanidade como o era que nossas próprias virtudes não são
algo livre, flutuante, de que consegue a disponibilidade permanente; elas acabam
por se associar tão estreitamente à nosso espírito, às ações perante as quais
nos impusemos o dever de executar que, se
nos aparece uma atividade de outra ordem, esta nos pega totalmente prevenidos e
sem que tenhamos sequer a ideia de que poderia nos valer praticar essas mesmas virtudes.
Swann, solícito para com essas novas relações, citando-as com orgulho, era como
aqueles grandes artistas modestos, ou sozinhos que, se, no fim da vida, se dedicam
à culinária ou à jardinagem, exigência de ingênua satisfação com os elogios conferidos
a seus pratos ou platibandas; quais não admitem a crítica que aceitam facilmente
quanto a suas obras então que, ofertando de graça uma de suas telas, não podem
perder quarenta sons no dominó sem mau humor. [...]. Veja mais aqui e aqui.
NÓS
DOIS: AMOR TRANSCENDENTAL & EROTIKINHA – A poeta, psicóloga, ilustradora, palestrista, oficineira
e jornalista potiguar radicada em Minas Gerais, Clevane Pessoa de Araújo Lopes, autora de diversos livros de poesias
e contos, bem como mais de vinte e dois e-books infantis, memórias, ensaios e
poesias. Ela atua como consultora de teatro, revisora de textos e roteirista de
peças teatrais, participando de recitais, saraus, leituras e performances. Em
2007 ela comemorou 50 anos de Poesia, então premiada com o título Poeta Honoris
Causa, do Clube Brasileiro de Língua Portuguesa e, em 2009, Doutora Honoris
Causa em Filosofia. Em 2011, lançou pela Editora Abrace de poesias e
ilustrações Lírios sem Delírios. Além disso, ela participa de diversas
academias e associações literárias, reunindo parte do seu trabalho no seu sítio MeuDiário. De sua lavra destaco inicialmente Amor transcendental: Dificuldades
espiraladas, impedimentos, nãos, quantos obstáculos interpostos à beleza de um
amor eternal! Machucaduras de outrem deviam sobrepor-se à sua ternura, mas
todas as barreiras, todas as diferenças, apontadas, impostas, desmancharam-se
qual papel de seda nas águas de suas intenções. Ficaram firmes, mesmo
afastados. A distância não diminuía seu bem, as lembranças derradeiras
faziam-se jubilosas quais se fossem as primeiras. Olor no ar: abriram-se os
botões de rosas, pareciam em debut todas as roseiras. A paixão era forte e
leda, para aqueles jovens conformados mas esperançosos em sua procura por dias
mais ditosos. Outrora, quantos casais eram separados, por causa de diferenças
sociais, barreiras de cor, de religiões, quando podavam seus desejos!
Escreviam-se, às escondidas, sentiam a presença do ser amado, quase ouviam seus
sussurros nas longas noites de espera... Ele, uma doença tropical encurtou a
estadia aqui na Terra. Chega a noticia, quando ela seria obrigada a casar-se
com alguém determinado pelos pais. Fica noiva e todos os linhos bordados são de
lágrimas molhados, ou pintalgados do sangue dos dedos picados, tão trêmula e
triste andava... Então, exausta, adoece. Cada rosa do amor antigo, mais
floresce. Febril, sente o doce beijo ardente de quem sequer beijara. Esvai-se
em saudade. Vai-se antes do tempo redimensionado. E ao chegar à outra dimensão,
encontra à sua espera o bem amado, ela, o ser que ele mais amava... E no abraço
de espíritos sentem o amor consagrado perenal e transcendente, muito maior que
suas vidas aqui na terra não juntas construídas, E entendem que não existe a morte
para um amor desse quilate! Ouvem a música angelical. sabem-se parte de um
plano mais amplo , belo, transcendental. Felizes por completo, afinal! Também o seu belo poema Nós dois: Perpassa-me com teu olhar de laser... Umedece-me
os poros, cada ponto de contato e de encontro, com tua própria umidade...
Apascenta minhas mamas túmidas, fontes de leite... Percorre-me os invisíveis
caminhos que apenas tu, conheces... Ondeio-me ao teu carinho... Suor, saliva, sabor...
Abalos e tremores decretam estado geral de alerta... O desejo, sentinela
treinada e insone... Para meu total deleite, o vulcão em erupção derrama-se na
superfície sequiosa, faz abrir-se o mais fechado botão de rosa, ao calor
intenso... Faz romper-se o invólucro tornado inútil, desfaz, refaz, entontece...
depois, o sono absoluto e necessário conduz ao Alto e depois devolve à terra...
Mesmo que seja em sonho, é qual antes, de verdade... Nós dois... Por fim, o
seu belíssimo Erotiquinha: Quando
gozogozo, bêbada do uso-ozo com gosto de anis, grito, arfo, fremente. De mim
mesma, corro. Por um triz, não morro. Eu, pequena bacia d'água. Você, chafariz.
Veja mais aqui, aqui e aqui.
AS NUVENS – A comédia As nuvens (423aC), do dramaturgo e
comediógrafo grego Aristófanes
(447aC-385aC), é dirigida contra os sofistas em sua revolta contra as propostas
pedagógicas e éticas, criticando os pensadores de ateus, imorais e aéticos por
sua base de argumento no justo e o injusto, quando o injusto sempre sai
vencedor no confronto. Também critica a nova elite ateniense personificada por
Fidípides, perdulária e avessa a valores tradicionais como o trabalho. Da obra
destaco o trecho inicial: (Uma rua de Atenas. À
esquerda, a casa de Estrepsíades, velho agricultor obrigado pela guerra a
deixar o campo e passar a residir em Atenas; à direita, um casebre diminuto,
sujo, arruinado, que obriga o Pensamental de Sócrates. À extrema esquerda, uma
estátua de Poseidon. Em frente da casa de Sócrates, contrabalançando com herma,
há um fogão cheio de panelas, com um comprido e fino cano de chaminé e um letreiro
que diz: Modelo do Universo, Segundo o Princípio da Convecção. Diante da casa
de Estrepsíades há duas camas, uma ocupada pelo próprio Estrepsíades, a outra por
Feidipides. Perto, estendidos no chão, dormem e roncam fortemente vários escravos.
Está quase amanhecendo) ESTREPSÍADES - (mexendo-se agitado, depois atirando para um lado
as cobertas e sentando-se na cama, e bocejando) Aaaaaaaaaaauuuuuuuuuuu! Zeus, Todo-Poderoso, que
infindável E monstruosa noite! Quando o dia Nascerá finalmente? Eu juraria Há
muito tempo ter ouvido o canto Do galo. E o que se dá com esses escravos? Roncando
ainda assim. Que desaforo! Pelos deuses! As coisas por aqui Eram bem
diferentes, certamente Nos velhos tempos, antes dessa guerra! Maldita guerra!
Arruinou Atenas. Não se pode sequer, de agora em diante, Chibatear sem dó
nossos escravos, Pois, se o fizermos, os escravos fogem E vão se apresentar aos
espartanos. (apontando para Feidipides) O caso é ainda pior, embora incrível, Com este meu
filho, moço irresponsável, Preguiçoso sem par e incorrigível. Vede como ele
dorme aconchegado Sob cinco cobertas. Muito bem! Se é isto que queres, vou
dormir também. Não tem graça: dormindo, e eu acordado. (Enfia-se de novo debaixo das cobertas por um
momento, depois as empurra e senta-se de novo na cama) Não consigo dormir. Malditas dívidas! Não me deixam
sequer piscar os olhos. (Voltando-se para
Feidipides) Tudo por tua causa, filho ingrato. Teus malditos
cavalos, tuas selas, Arreios, jaezes e chicotes, E rabos de cavalo, ainda por
cima! Estou falido, arruinado, pobre. O que vai ser de mim no fim do mês, Quando
todas as dívidas vencerem? (Acorda Xântias,
brutalmente, com pontapés) Vai depressa uma lâmpada acender E o
meu livro de contas trazer. (O escravo se levanta, acende
uma lamparina de luz muito fraca e traz o livro de escrituração) Vou ver aqui nas contas quanto devo. (Lendo em voz alta) A Pásias a importância de trezentos... Isto tudo?
Para o que terá sido? Ah! Agora me lembro! Estou lembrado: O cavalo capão que
eu lhe comprei. Acho que era melhor me ter capado! FEIDIPIDES - (sonhando
alto) Filo! Estás me traindo sem-vergonha! Corre seguindo
bem a tua pista! ESTREPSÍADES - É isto! Essa mania de cavalos É o que está
arrasando a minha vida. Pensa que está correndo até no sonho. FEIDIPIDES - (sonhando
alto) Quantas voltas ainda para o fim? ESTREPSÍADES – Teu pobre pai se
encontra mesmo às voltas! (Voltando ao livro de
escrituração) Agora vamos ver, depois de Pásias Qual a seguinte
dívida contraída. [...] Veja mais aqui.
CLEÓPATRA – (Imagens: Pôster do filme + imagens de
Elizabeth Taylor & a pintura The
Death of Cleopatra, 1874, by Jean Rixens) - A generosa, voluptuosa, culta,
sedutora, fulgurante, orgulhosa e ousada rainha Cleópatra VII (69.aC – 30 aC)
que assumiu o poder aos 17 anos de idade, admirada por suas qualidades de
estadista, inteligência, energia, sentido de grandes projetos e, também,
paciência e tenacidade. Cresceu no meio do tumulto e angústia da guerra e da
invasão, conheceu a humilhação da ocupação estrangeira, a arrogância e a
brutalidade dos romanos, os caprichos rústico da população mestiçada de
Alexandria, a docilidade e resignação dos camponeses submissos. Nutria
simpatias pelas virtudes ancestrais, harmonia com os elementos e amor pela paz
dos egípcios, por isso pertencia ao Egito por inteligência e coração: seu sonho
era livrar seu povo da tirania estrangeira. Sua vida e tragédia foram contadas
no drama biográfico histórico Cleópatra (1963), dirigido por Rouben Mamoulian
(1897-1987) e pelo cineasta Joseph L. Mankiewicz (1909-1993), com roteiro
baseado na obra do escritor e jornalista Carlo Mario Franzero (1892-1986). O
filme foi protagonizado pela sempre bela e premiada atriz inglesa Elizabeth Taylor (1932-2011). Veja mais
aqui.
IMAGEM DO DIA
Imagem: o
ensaio e o concerto da Stark Naked
Orchestra – orquestra feminina japonesa que após a abertura do concerto em
um teatro lotado no Japão, todas se desnudam e executam seus instrumentos completamente
despidas. No final a maestrina vai aos prantos com os aplausos da plateia.
Veja mais sobre:
A lenda do açúcar e do álcool, Educação não é privilégio de Anísio
Teixeira, História da Filosofia de Wil Durant, a música de Yasushi Akutagawa,
Não há estrelas no céu de João Clímaco Bezerra, Cumade Fulosinha & Menelau
Júnior, a pintura de Madison Moore, João Pirahy &
Pulsarte aqui.
E mais:
Sorria, Canto geral de Pablo Neruda, A desobediência civil de Henry David Thoreau, O
feijão e o sonho de Orígenes Lessa, Revolução na América do Sul de Augusto Boal, Monteiro
Lobato & Brincarte do Nitolino, a
pintura de Amedeo Modigliani, a música de Sebastião Tapajós, Mestre Vitalino & Marcelo Soares aqui.
Psicologia social e educação, a poesia de Pablo
Neruda, a pintura de Amedeo Modigliani, a
música de Yasushi Akutagawa, a arte de Regina
Espósito & Ju Mota aqui.
Devagar e sempre, A monadologia de Leibniz, Estudo do poema de Antônio
Cândido, Meu país de Dorothea Mackellar, A arte da comédia de Lope de Vega, o
ativismo de Emma Goldman, a arte de Gilvan
Samico, a música de Alceu Valença, a xilogravura de Amaro Francisco Borges,
Brincarte do Nitolino & a pintura de Nina
Kozoriz aqui.
A vida dupla de Carolyne & sua cheba
beiçuda, Psicologia da arte de Lev Vygotsky, a poesia de
William Butler Yeats, A República de Platão, a
pintura de Raphael Sanzio & Boleslaw von Szankowski, a música de Leonard Cohen, o cinema de Paolo Sorrentino & World
Erotic Art Museum - WEAM aqui.
Divagando na bicicleta, Onde
andará Dulce Veiga de Caio Fernando Abreu, Os elementos de Euclides de Alexandria, O
teatro e seu duplo de Peter Brook, a
música de Billie Myers, a fotografia de Alberto Henschel, a pintura de Jörg Immendorff & Oda Jaune aqui.
A conversa das plantas, Memória
da guerra de Duarte Coelho, a poesia de Cruz e
Sousa, Arquimedes de Siracusa, a música de Natalie
Imbruglia, a arte de Hugo Pratt & Tom
14 aqui.
Leitoras de James leituras de Joyce, a fotografia de Humberto Finatti, a arte de Henri Matisse & Wayne Thiebaud aqui.
Incipit vita nuova, As
raízes árabes da arte nordestina de Luís Soler, A divina comédia de
Dante Alighieri, a música de Galina Ustvolskaya, a pintura de Jack Vetriano & Paul Sieffert, as
gravuras de Gustave Doré & a arte de
Luciah Lopez aqui.
&
CRÔNICA DE AMOR POR ELA
Imagem: Nude Woman Reading, do artista
plástico e ilustrador estadunidense Howard
Chandler Christy (1873 – 1952).
CANTARAU: VAMOS APRUMAR A CONVERSA
Paz na
Terra:
Recital
Musical Tataritaritatá - Fanpage.