
RÁDIO TATARITARITATÁ: 24 HORAS NO AR!!!
Hoje na Rádio Tataritaritatá: Ascenso
Ferreira, Inezita Barroso, Alceu Valença, Brapo: Brasília Popular Orquestra
& Manoel Carvalho, Lucinha Guerra & Punhal de Prata- Alessandra Leão
& Rafa Barreto. Para conferir é só ligar o som e curtir.
NOS TEMPOS DA PRAIEIRA – O voto livre e universal do povo brasileiro.
A plena e absoluta liberdade de comunicar os pensamentos por meio da imprensa;
o trabalho como garantia de vida para o cidadão brasileiro; a inteira e efetiva
independência dos poderes constituídos; a extinção do Poder Moderador, e do
direito de agraciar; o elemento federal na nova organização; completa reforma
do Poder Judicial, em ordem a assegurar as garantias dos direitos individuais dos
cidadãos; extinção da lei do juro convencional; extinção do atual sistema de
recrutamento. Princípios estabelecidos no Manifesto de 1º de janeiro de
1849, extraídos da obra Os tempos da Praieira (Fundação de Cultura Cidade do
Recife, 1981), do advogado, jornalista, historiador e político
brasileiro Costa Porto (1909-1984).
Veja mais aqui.
CERTO TEMPO DEPOIS - [...]
Durante séculos, um pequeno número de
escritores encontrava-se em confronto com vários milhares de escritores. No fim
do século passado, a situação mudou. Mediante a ampliação da imprensa, que
colocava sempre à disposição do público novos órgãos políticos, religiosos,
científicos, profissionais, regionais, viu-se um número crescente de leitores –
de início, ocasionalmente – desinteressar-se dos escritores. A coisa começou
quando os jornais abriram suas colunas a um “correio dos leitores” e, daí em
diante, inexiste hoje em dia qualquer europeu, seja qual for a sua ocupação,
que, em princípio, não tenha a garantia de uma tribuna para narrar a sua
experiência profissional, expor suas queixas, publicar uma reportagem ou algum
estudo do mesmo gênero. Entre o autor e o público, a diferença, portanto, está
em vias de se tornar cada vez menos fundamental. Ela é apenas funcional e pode
variar segundo as circunstâncias. Com a especialização crescente do trabalho,
cada individuo, mal ou bem, está fadado a se tornar um perito em sua matéria,
seja ela de somenos importância; e tal qualificação confere-lhe uma da
autoridade. [...] A competência
literária não mais se baseia sobre formação especializada, mas sobre uma
multiplicidade de técnicas e, assim, ela se transforma num bem comum. [...]
a exploração capitalista da indústria
cinematográfica recusa-se a satisfazer as pretensões do homem contemporâneo de
ver a sua imagem reproduzida. Dentro dessas condições, os produtores de filmes
têm interesse em estimular a atenção das massas para representações ilusórias e
espetáculos equívocos. [...]. Trechos extraídos da obra A obra de arte na
época de suas técnicas de reprodução (Brasiliense, 1994), do filosofo alemão Walter Benjamin (1892-1940).
Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.
DA EDUCAÇÃO E
DISCERNIMENTO - [...] Nós nos tornamos hábeis para imaginativa e curiosamente “tomar
distância” de nós mesmos, da vida que portamos, e para nos dispormos a saber em
torno dela. Em certo momento não apenas vivíamos, mas começamos a saber que
vivíamos, mas saber que sabíamos e, portanto, saber que poderíamos saber. [...]
Mulheres e homens, somos os únicos seres
que, social e historicamente, nos tornamos capazes de apreender. Por isso, somos os
únicos em quem aprender é uma aventura criadora, algo, por isso mesmo, muito
mais rico do que meramente repetir a lição dada. Aprender para nós é construir,
reconstruir, constatar para mudar, o que não se faz sem abertura ao risco e à
aventura do espírito. [...]. Trechos
extraídos da obra Pedagogia da esperança:
um reencontro com a pedagogia do oprimido (Paz e Terra, 2000), do educador,
pedagogista e filósofo Paulo Freire
(1921-1997), que evidencia na obra Educação
e mudança (Paz e Terra, 2014), que: [...] O saber se faz através de uma superação constante. O saber superado já é
uma ignorância. Todo saber humano tem em si o testemunho do novo saber que já
anuncia. Todo saber traz consigo sua própria superação. [...]. Veja mais
aqui e aqui.
PARAÍSO NEGRO - [...]
No marulho do mar, uma mulher negra como
carvão está cantando. Junto a ela, uma mulher mais nova com a cabeça deitada em
seu colo. Dedos estragados desfiam, cabelo castanho, cor de chá. Todas as cores
de conchas, areia, rosa, pérola, fundem-se no rosto da mulher mais nova. Seus
olhos cor de esmeralda adoram o rosto negro, emoldurado de azul-celeste. Em
volta delas, na praia, detritos marítimos rebrilham. Tampas de garrafa cintilam
ao lado de uma sandália quebrada. Um pequeno rádio quebrado toca o som das
ondas. Nada pode vencer a consolação de que fala a cação de Piedade, embora as
palavras evoquem memórias que não são de nenhuma das duas: de envelhecer na
companhia de outrem, de palavras partilhadas e pão dividido fumegando no Forno,
da plenitude ambivalente de voltar para casa para estar em casa, da
simplicidade de retornar para o amor iniciado. Quando o oceano oscila, enviando
ritmos de água para a praia, Piedade olha para ver o que veio. Mais um navio,
talvez, mais diferente, indo para um ponto, tripulação e passageiros, perdidos
e salvos, trementes, pois estão desconsolados há algum tempo. Agora, repousarão
antes de enfrentar o trabalho sem fim que foram criados para fazer aqui, no
Paraíso. Trecho extraído do romance Paraíso
(Companhia das Letras, 1999), da escritora estadunidense e ganhadora do Prêmio
Nobel de Literatura de 1993, Toni Morrison. Veja mais aqui.
LE FANTÔME DE LA
LIBERTÉ – [...] Em o Fantasma da
Liberdade, a própria narrativa inicial não surge espontaneamente, já que
introduzida ou ligada a um fato histórico: a invasão da Espanha pelas tropas
napoleônicas e sua estada e tropelias praticadas em Toledo, em 1812. Feito que,
naturalmente, nada tem a ver com a trama fílmica, mas, que, significativamente,
é referido no encerramento do filme como parábola da permanente (e até quando?)
violência humana. O sinete inconfundível de Buñuel configura-se não só na
engenhosidade dessa construção caleidoscópica, mas, principalmente, na
elaboração e condução de cada caso. Nada limita imaginação formada ao influxo
do anti-convencionalismo surrealista e batizada pelas preocupações e virtualidades
inicialmente enumeradas. A surpresa, o insólito, o nonsense e o exato oposto do
habitual e do costumeiro se estabelecem, dominam e medeiam as narrativas. O que
se tem, então, é o avesso das coisas dirigido com mestria e informado ou
formado por acerba visão critica do comportamento humano. Não da condição humana,
que não está em causa. Condicionado por atitude otimista, que, apesar e além de
tudo, ainda acredita na espécie humana (daí a ternura ou pelo menos a
objetividade com que conduz as personagens), concentra Buñuel seu enfoque ou
incisão no modo de agir, no convencional e na hipocrisia do ser humano in
societas, no seu interrelacionamento social, mesmo que muito dessa performance
origine-se ou seja característica congênita dessa condução. Trecho de O
fantasma da liberdade: o avesso das coisas, extraído da obra O cinema de
Buñuel, Kurosawa e Visconti: ensaios de crítica cinematográfica (Dimensões,
2013), do advogado e escritor Guido Bilharinho, editor da
revista internacional de poesia e autor de livros de Literatura, Cinema e
História do Brasil e Regional, sobre a obra O
Fantasma da Liberdade (Le
Fantôme de la liberté, 1974), do cineasta
espanhol Luís Buñuel (1900-1983). Veja mais aqui e aqui. Veja também a
Revista Dimensão aqui.
A ARTE DE ADRIANA ASTI
A arte da atriz italiana de teatro, cinema e voz Adriana Asti.
Veja
mais sobre:
Poemas
de Ascenso Ferreira aqui.
A mulher
da sombrinha aqui.
&
OS MOTES
GLOSADOS DE MANOEL BENTEVI
Da
bobina para o distribuidor
Há um
cabo que passa uma centelha clara.
Meto o
pé no arranco, ele dispara.
Toda vez
que acelero meu motor,
O
combustível entra no carburador.
A
entrada de ar transforma o gás.
Com a
compressão que ele faz,
Forma o
jato, o êmbolo vai subindo
Vai
queimar na cabeça do cilindro,
A fumaça
da gasolina sai por trás.
(Mote: Toda vez que
acelero meu motor, a fumaça da gasolina sai por trás)
O meu
carro caiu numa rieira,
Era
larga, atolava e era funda.
Passei
de primeira pra segunda,
E passei
de segunda pra primeira.
A buzina
do carro era uma campa.
O
radiador esquentou, saltou a tampa.
Vi o
abismo e fiquei atarantado.
O
ajudante pulou e gritou de lado:
Abra o
olho, chofer, agora é rampa!
(Mote: Abra o olho,
chofer, agora é rampa!)
Poemas extraídos da obra Desmanchando o nordeste em poesia (Bagaço, 1986),
A ARTE ADRIANA JANACÓPULOS
A arte da escultura Adriana Janacópulos
(1897-1978).