sexta-feira, julho 07, 2017

OS MÍMICOS DE NAIPAUL, ARTE DE EWA LUDWICZAK, KEITH JARRET, SUELI COSTA, EUMIR DEODATO & RITA LEE

ELA ACOLHEU MEU DESTERRO – Imagem: arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez - Ela chegou tal Maria Bonita a me chamar Lampião: - Vem cá, vem! E eu qual menino traquino diante do brinquedo predileto. E ela: - Vem cá, vem, caeté! E mais me chamava porque sabia que haviam decepado meu passado e futuro, restava a mim, apenas, o amanhã incerto e o agoraqui de eterna noite, como um prévio culpado jamais suspeito, alma fugitiva. Pegou-me a mão, mirou o leste e me apontou o sul: - Vamos prali, vem! Era pras suas terras caingang, tão belas paragens como as do meu chão que perdi, terra que não sei mais, tão paradisíaca quanto, tão acolhedora como dela me sugeria seus seios e ventre. Atravessamos distâncias, tão longe nunca fui. Até sentir frio e o seu riso me aquecer. Puxou-me até a beira do rio e com suas ternas mãos lavou-me as faces cansadas, retirou-me o chapéu surrado das estações e estradas sem fim, e alisou meus cabelos em desalinho, demoveu a poeira dos meus lábios sedentos, removeu meu gibão, cinturões, armas e munições, descalçou minhas alpercatas de léguas tiranas, despiu-me como a um deserdado no exílio de sempre e me fez mergulhar como pagão ao batismo nas suas águas hospitaleiras. E se apossou da minha teimosia, lavou minhas culpas, acalmou as minhas agonias, sarou minhas feridas abertas na carne fustigada, e me redimiu dos pecados, expulsou meus pesadelos, apaziguou meus tormentos, livrou-me os castigos e me ensinou sonhos prazerosos pra que usufruísse o lado da vida que eu sequer sabia existir. E me beijou pra que eu soubesse da felicidade, e me abraçou como jamais, e me fez sentir verdadeiramente existir e passasse a ser como tudo entre a terra, o céu e as águas. E me agasalhou com seu corpo nu, me fez vencedor intrépido no reino de suas carícias, e me fez esquecer o que não mais tivesse de mim mesmo, naufrágios, derrotas, vinganças, desterro. E me levou ao centro do universo e me fez reinar sobre tudo e todas as coisas. Mais que refeito e digno, me ensinou o amor na descoberta do sentido mais profundo da vida: amar e ser amado. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

OS MÍMICOS DE NAIPAUL
[...] no exato momento em que eu exprimia em palavras meus sentimentos, me dei conta de que minha viagem, embora ainda bem no inicio, havia terminado no naufrágio que eu vinha tentando evitar durante toda a vida. [...] Confundimos palavras e a proclamação de palavras com poder; assim que pagam para ver, vê-se que é puro blefe e estamos perdidos. Para nós, a política é um empreendimento de vida ou morte, de tudo ou nada. Uma vez que nos empenhamos, nossa luta é mais que política; muitas vezes a expressão “luta de vida ou morte”, tem o sentido literal. [...] Para os que perdem – e quase todo mundo acaba perdendo – só resta uma saída: o exílio. [...]. Depois que um homem é destituído de suas dignidades, ele é obrigado não a morrer ou fugir, mas a encontrar o seu nível. [...] Na maioria dos casos, fomos tímidos demais, ou ignorantes demais, para fazer fortuna; medimos tanto nossas oportunidades quanto nossas necessidades com base nos sonhos que tínhamos antes, no tempo em que não éramos ninguém. Fala-se no pessimismo dos jovens como se fala no ateísmo e na revolva: é coisa que passa com a idade. [...] Não sento muita emoção: aquela parte da minha vida já estava terminado e já fora colocada em seu devido lugar. [...] e atualmente não tenho vontade de me envolver em lutas que são irrelevantes para mim. Não quero mais compartilhar da angustia dos outros; falta-me preparo para isso. Chega de palavras; bastam essas que escrevo. [...].
Trechos da obra Os mímicos (Companhia das Letras, 2001), do escitor britânico nascido em Trinidad e Tobago, Prêmio Nobel de 2001, Vidiadhar Surajprasad Naipaul, contando a história de uma autoridade que escreve suas memórias ao ser exilado por ter caído em desgraça na política,

Veja mais sobre:
Ah, se estou vivo, tenho mais o que fazer, a literatura de Liev Tolstói, Funil do ser de Nauro Machado, Teatro & a cena dividida de Gerd Bornheim, a pintura de Lasar Segall, a música de Joyce, a arte de Patrick Conklin & Luciah Lopez aqui.

E mais:
Lagoa Manguaba, Teoria do vínculo de Pichon Rivière, História do Brasil de Laurentino Gomes, a música de Gustav Mahler, Amor por anexins de Artur Azevedo, a pintura de Lasar Segall, o cinema de Vittorio De Sica & Sophia Loren, a arte de Ekaterina Mortensen & Kiki Rainha de Montparnasse, Pavios curtos de José Aloise Bahia & Programa Tataritaritatá aqui.
Lampião & Ascenso Ferreira, A música de Gustav Mahler, a pintura de Marc Chagall, Teatro a vapor de Artur Azevedo, a arte de Bee Scott & muito mais aqui.
As trelas do Doro & o escambau aqui.
Fecamepa: Quando um país vive só de nhenhenhém, não dá outra: o pencó engancha na cornice e nada vai pra frente aqui.
A lenda do Curare aqui.
Brincarte do Nitolino, Questão de método de Jean-Paul Sartre, A cartomante de Machado de Assis, Bagagem de Adélia Prado, o teatro de William Shakespeare, a música de Eumir Deodato, o cinema de Jean-Luc Godard, a arte de Carlos Scliar, Decio Otero & Ballet Stagium aqui.
Princípios de uma nova ciência de Giambattista Vico, a poesia de Anna Akhmátova, Hora e vez de Augusto Matraga de João Guimarães Rosa, O cravo brasileiro de Rozana Lanzelotte, Devassos no paraíso de João Silvério Trevisan, a pintura de Eliseo d'Angelo Visconti & Moacir, a arte de Dercy Gonçalves & Programa Tataritaritatá aqui.
Viva São João, a música de Luiz Gonzaga, a poesia de Ascenso Ferreira, Terra de Caruaru de José Condé, Tratado da lavação da burra de Ângelo Monteiro, o teatro de Artur Azevedo, o cinema de Sérgio Silva & Dira Paz, Brincarte do Nitolino, a xilogravura de José Barbosa & Severino Borges, a pintura de Rosangela Borges & Valquíria Barros aqui.
O amor de Naipi & Tarobá, Arte e percepção visual de Rudolf Arnheim, Eles eram muitos cavalos de Luiz Ruffato, a pintura de Fernand Léger, a música de Vivaldi & Max Richter, Improvisação para teatro de Viola Spolin, a fotografia de Fernand Fonssagrives, a arte de Regina Kotaka & Eugénia Silva aqui.
Penedo, às margens do São Francisco, História social do Brasil de Manoel Maurício de Albuquerque, Asvelhas de Adonias Filho, a música de Bach & Rachel Podger, A arte maldita de Georges Bataille, a pintura de Jaroslav Zamazal, a arte de Marcel Duchamp, a fotografia de Karin van der Broocke, Vanguard & Kéfera Buchmann aqui.
Ela, marés de sizígia, Mulher de Yone Giannetti Fonseca, Tratado de argumentação de Chaïm Perelman & Lucie Olbrechts-Tyteca, a música de Guilherme Arantes, Pensamento crítico, Vaudezilla & Urban Jungle, a pintura de Tom Pks Malucelli & Time Honored Desins, a arte de James Halperin & Luciah Lopez aqui.
As olimpíadas do Big Shit Bôbras, Os dragões do éden de Carl Sagan, O discurso da difamação de Affonso Ávila, a música de Peter Machajdik, a pintura de Brian Keeler & Gray Artus, Microbiologia dos alimentos & Casa do Contador de Histórias aqui.
Só a poesia torna a vida suportável, Vanguarda nordestina de Anchieta Fernandes, Estado de choque de Walmir Ayala, Vanguarda & subdesenvolvimento de Ferreira Gullar, o cinema de Anna Muylaert, a pintura de Károly Lotz, a música de Ira Losco, a arte de Jean Dubuffet & Michael Mapes aqui.
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A ARTE DE EWA LUDWICZAK
A arte da artista plástica alemã Ewa Ludwiczak.

RÁDIO TATARITARITATÁ: KEITH JARRET, SUELI COSTA, EUMIR DEODATO & RITA LEE
Hoje é dia de superespeciais: The Koln Concert & Standard Trio do compositor e pianista estadunidense Keith Jarret; Amor Blue & Íntimo da cantora e compositora Sueli Costa, Estival Jazz Lugano & The Fantastic Jazz Funk Do it again do pianista, arranjador e produtor Eumir Deodato, Acústico MTV & Multishow ao Vivo da cantora e compositora Rita Lee. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui e aqui. Para conferir é só ligar o som e curtir.

SEXTO DIA DE LUCIAH
Marcamos um encontro numa nebulosa azul -, eu voo ao seu encontro emprestando asas de trinta pássaros e no meu coração levo a infância vestida de noiva -, branca, alva, diáfana - é a minha herança. Há tempos, enquanto observava a luz rala das estrelas por detrás das nuvens, eu soube de um universo existencial e a estranha emoção de fazer parte dele. Não há absolutamente nada além dessa certeza e um leve estremecer - quase imperceptível - quando me lembro da sua boca tomando a minha, num beijo milenar. Permaneço assim, flutuando neste universo indescritível até adormecer.
Sexto dia, poema/imagens: arte da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez.

KARIMA ZIALI, ANA JAKA, AMIN MAALOUF & JOÃO PERNAMBUCO

  Poemagem – Acervo ArtLAM . Veja mais abaixo & aqui . Ao som de Sonho de magia (1930), do compositor João Pernambuco (1883-1947), ...