
O MEDO LÍQUIDO DE BAUMAN
Bizarro, embora muito comum e familiar a
todos nós, é o alívio que sentimos, assim como o súbito influxo de energia e
coragem, quando, após um longo período de desconforto, ansiedade, premonições
sombrias, dias cheios de apreensão e noites sem sono, finalmente confrontamos o
perigo real: uma ameaça que pode mos ver e tocar. Ou talvez essa experiência
não seja tão bizarra quanto parece se, afinal, viermos a saber o que estava por
trás daquele sentimento vago, mas obstinado, de algo terrível e fadado a
acontecer que ficou envenenando os dias que deveríamos estar aproveitando, mas
que de alguma forma não podíamos - e que
tornou nossas noites insones... Agora que sabemos de onde vem o golpe, também
sabemos o que possamos fazer, se há algo a fazer, para afastá-lo – ou pelo menos
aprendemos como é limitada nossa capacidade de emergir incólumes e que tipo de
perda, dano ou dor seremos obrigados a aceitar. [...] Podemos profetizar que, a menos que seja
controlada e domada, nossa globalização negativa, alternando-se entre privar os
livres de sua segurança e oferecer segurança na forma de não-liberdade, torna a
catástrofe inescapável. Sem que essa profecia seja feita e tratada seriamente,
a humanidade pode ter pouca esperança de torná-la evitável. O único início
promissor de uma terapia contra o medo crescente e, em última instância,
incapacitante é compreendê-lo, até o seu âmago – pois a única forma promissora
de continuar com ela exige que se encare a tarefa de cortar essas raízes. O
século vindouro pode muito bem ser a época da derradeira catástrofe. Ou pode
ser o tempo em que um novo pacto entre os intelectuais e o povo - agora significando
a humanidade em seu conjunto – seja negociado e trazido à luz. Esperemos que a escolha
entre esses dois futuros ainda nos pertença.
Trechos
da obra Medo líquido (Zahar, 2008), do
sociólogo polonês Zygmunt Bauman (1925-2017), tratado sobre a origem, a
dinâmica e os usos do medo, o pavor da morte, o medo e o mal, o horror do
inadministrável, o terror global e o pensamento contra o medo, fazendo um
inventário dos medos presentes e apresentando um diagnóstico mapeado das
origens comuns das ansiedades contemporâneas, analisando os obstáculos para o
pleno conhecimento da situação e eimaninando os mecanismos que possam deter a
influencia do medo sobre as vidas humanas. Veja mais aqui, aqui, aqui &
aqui.
Veja
mais sobre:
Quando
ela dança tangará no céu azul do amor, A condição pós-moderna de
François Lyotard,
Estética da desaparição de Paul Virilio, a música de Anna-Sophia Mutter,
a pintura de Alex Alemany & Eloir Junior, a arte
de David Peterson & Luciah Lopez, a poesia de
Isabel Furini & Carlos Zemek aqui.
E mais:
Elucubrações
das horas corridas, O pensamento
comunicacional de Bernard Miège, O outro por si mesmo de Jean Baudrillard, a arte de David Lynch & Edilson Viriato, a
coreografia de Doris Uhlich, a pintura de Vicente Romero Redondo & Sandra
Hiromoto, a música de Sarah Brasil, Efigênia
Rolim & Érica Christieh aqui.
Por onde é que anda o doro, hem?, A revolução de Florestan Fernandes, Olga de Fernando Morais, O Uruguai de Basílio da Gama,
Teatro & ciência de Bertolt Brecht, a pintura de Cristoforo Munari, a música infantil de Adriana
Calcanhoto, Olga Benário Prestes, o cinema de Patrice Chéreau & Isabelle Adjani, Clube Literário de Andrelândia & Sonia
Medeiros Imamura, a arte de Rollandry Silvério
& Brincarte do Nitolino aqui.
Reino dos sonhos, A palavra na democracia
& na psicanálise de Jurandir
Freire Costa, Avalovara de Osman Lins, a poesia de Denise Levertov, Mal educação de Pedro Almodóvar, a música de Renato Borghetti, a pintura de Cédric Cazal, a arte de Laszlo Moholy-Nagy & Mike Todd aqui.
Mentes & máquinas de João de Fernandes Teixeira,
Gerontodrama & Neurociência, a poesia de
Basilio da Gama, a pintura de Edward Hopper & Odete
Maria Figueiredo, a música de Silviane Bellato, Zacarias
Martins & Programa Tataritaritatá aqui.
A poética do espaço de Gaston Bachelard, Neurociência cognitiva de Steven
Pinker, Visão hoslística em psicologia e educação, a música de Renato Borghetti, a pintura de Antonio
Rocco, Mácia Malucelli, Menalton Braff & Diego Lucas aqui.
Literatura de cordel: Melancia & Coco Mole aqui.
Retrato do artista quando jovem de James Joyce aqui.
Barrigudos, afagando o ego aqui.
Literatura de cordel: História da princesa da Pedra Fina, de
João Martins de Athayde aqui.
A arte de Jozi Lucka aqui.
Ah, se em todo lugar houvesse amor, Origem do indivíduo
reprimido de Herbert Marcuse, Exército da
arte de Vladimir Maiakovski, Teatro pobre de Jerzy Grotowski, o cinema de Ken
Loach & Eva Birthistle, a pintura de Edgar Degas, Os
Saltimbancos de Chico Buarque, Brincarte & Literatura
Infantil & O lobisomem zonzo aqui.
Entre
topadas e sonhos, Linguagem
poética de Jean Cohen, a poesia de Ledo Ivo, Esferas de Peter Sloterdijk, a coreografia de Pina
Bausch, a música de Miguel
Álvarez-Fernández & a pintura
de María Blanchard aqui.
Juramento, a poesia de Federico Garcia Lorca, Entre o passado e o futuro de
Hannah Arendt, Memorável
viagem ao Brasil de Johan Nieuhof, a
música de Gabriel Pareyon, a fotografia de Lionel Wendt, a pintura de Vera Rockline & Leonid Afremov, a arte de Rufino Tamayo & Sergio Ramirez aqui.
Os
feitiços da paixão, Ação
cultural para a liberdade de Paulo Freire, Aforismos de Oscar Wilde, Poesia
viva do Recife de Juareiz Correya, a música de Yanto Laitano, a
coreografia do Corpo, a pintura
de Ernst Ludwig Kirchner, a arte de Ericka Herazo & Larry
Carlson aqui.
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MEDOS
& SUPERSTIÇÕES DE RALPH LEWIS
Deve-se
compreender que a superstição jamais existe onde as causas reais de uma coisa
ou condição são conhecidas, ou onde o fato pode suplantar a suposição. [...] Quase todo homem acredita que nada realmente acontece por acaso e que
existe uma causa para todas as coisas, conhecidas ou desconhecidas do homem. Se
o homem compreende a causa, ele tente utilizá-la ao máximo ou procura evitar
seus resultados, se os considera perigosos ou prejudiciais. Quando, contudo,
não consegue perceber ou compreender a causa, ainda, assim, não declara que a
ocorrência foi um acidente. Em vez disso, a atribui, com mais frequencia, a uma
causa desconhecida. Porém, a menos que seja bastante inteligente, na maioria
das vezes, atribui as causas desconhecidas a poderes sobrenaturais; isto é, se
não pode perceber uma causa ou compreendê-la, em sua opinião, ela deve
pertencer a outro mundo ou esfera de influencia. Nisso vemos, também, o ego do
homem. Este tema e respeita as coisas que não pode compreender ou dominar.
[...] Para evitar sermos supersticiosos,
o que temos de fazer, é, primeiramente, tentar compreender as causas das
coisas; se não conseguirmos, não devemos presumir que conhecemos a causa. Tal
presunção, sem base em fatos, é perigosa. Segundo, lembrar-nos de que não
existe o chamado sobrenatural; há apenas leis Cósmicas e naturais que existem
por todo universo. O sobrenatural é um termo inventado pelo homem, para
explicar-se a si mesmo, ou tentar explicar o que não compreende. [...]
Trechos extraídos da obra O santuário do eu (Renes, 1976), do
escritor e místico Ralph M. Lewis (1904-1987), que adotou o
pseudônomo de Sir Validivar. (Imagem: Sanctuary by Sarah Treanor). Veja mais aqui, aqui e aqui.
RÁDIO
TATARITARITATÁ:
Hoje
é dia de especiais com o conjunto instrumental-vocal Quinteto
Violado,
a violinista e maestro britânica Rachel
Podger,
o Duofel formado pela dupla de
violonistas Fernando Melo e Luiz Bueno, e a compositora, performer, vocalista,
cineasta e cenógrafa estadunidense Meredith
Monk.
Para conferir é só ligar o som e curtir.
A ARTE
DE SOPHIA NARRETT