quinta-feira, julho 13, 2017

NASRUDIN DE SHAH, BEATLES, ORAGE, GÊNESIS, LIZ WEST, PINK FLOYD, HUJBER GUNTER, LED ZEPPELIN & MARQUINHOS CABRAL

O DEDO MINDINHO DO PÉ DIREITO – Imagem: arte da escultora e artista britânica Liz West - Estavam Mamão e Afredo se estranhando como de costume. Eram comuns desavenças entre ambos, coisa que a turma do deixa-disso já nem se incomodava, só quando iam às vias de fato. Aí não, quando se enganchavam num caqueado truculento, cara dum, focinho de outro, tapas pra que te quero, a escaramuça era logo apartada. Enquanto os desaforos persistiam, tudo bem; mas quando ia pro corpo a corpo, a coisa enfeiava tendo em vista provocar mais vítimas além dos dois querelantes. Mesmo sendo do mesmo tope, um arrotava superioridade sobre o outro, dos mais infamantes apelidos, aos mais desmoralizantes deboches, aos insultos mútuos: - Aquilo ali é uma ticaca de nada! É? E tu? Sai pra lá, tiquinho! Cala boca aí, punhetinha, senão quebro teus dentes, pixote! Vem, porqueira, que eu arranco tuas pregas, cheira-peido! Esse fi-duma-poldra pensa que tem tamanho, isso foi feito nas coxas, pinguelo de gente. E tu, pirralho? Isso é mirocho dum desgraçado das costas ocas, que não serve nem pra gente foder o cu de tão fedorento que é! A-há! E tu, pivete? Só dorme de cu esperando consolo duma brachola no rego, pigmeu de merda! Ah, fui que fiquei entalado num cotoco, foi, seu fubica? Pior querer ser polícia, babar o ovo de todo mundo e se passar de araque, fiapo de gente! Olhe que dou uma mãozada nas suas gaias de você nunca mais acertar juízo na vida, seu pinguelo encruado! Vai pra lá, espirro de pica! Eu ainda lasco esse tamborete de zona! Ah, se pego! E isso era de manhã pra tarde, entrando na noite, virando a madrugada, direto feito cantiga de grilo. Assim foi um dia quando um dos dois sapecou uma pérola como essas: - Isso é lá gente que se apresente! Num passa dum dedo mindinho do pé direito! Como? Alguém alheio aos ultrajes malucos, questionou: - Mindinho do pé direito? Sim, porque do esquerdo nem se fala! Pois ele é uma pisada mesmo no calo dali! Tresloucados como eram, o que diziam servia apenas pro risível, nada mais. Na arenga não diziam coisa com coisa, sujo falando do malavado: - Sai pra lá, enguiçado! Vai cheirar peido, pintor de rodapé! Quer briga, quer, bostinha-azeda? Vai te lascar, barrica fidaputa! Êpa! Que é que é isso, gente! É esse tolote de gente querendo me enfezar aqui que tô quieto, só pra me azucrinar! Oxe, um burrico desse querendo ser sabido, sai-te, tampinha! E sapecavam elogios injuriosos um ao outro por horas, dias, semanas, meses, anos. Nunca soube de uma trégua entre eles, sempre com uma dedada no frosquete, uma cotovelada no pau da venta, uma munhecada nos dentes, esse o tratamento amistoso entre os pariceiros, avalie na hora do bafafá. Mas o dedo mindinho do pé direito, foi demais. Como é mesmo? Respondeu um deles: - É porque é o mais insignificante dos dedos, igualzinho a ele que num vale um cocô de louro! Rapazes, vamos acabar com essa ingresia que já passou dos limites. Logo eram obrigado aos cumprimentos, apertos de mãos, abraços e deixa disso. Não dez segundos e lá estavam eles às voltas com desacordos: - Cara dum, cu de outro, quem abrir da vela é gafanhoto! Nessa hora o parrudo Zé Peiúdo entrou em cena, afastou os dois e mandou ver: Quando Deus andou no mundo, deixou grilo e gafanhoto, e deixou homem pequeno pra cheirar o cu dos outros. Quem é que encara, hem? Qual dos dois vai encarar? Ficou só mas mas, dali a pouco ninguém nem deu o sumiço dos dois, devem estar se esfregando nas quizílias por aí. E vamos aprumar a conversa! © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.

NASRUDIN DE SHAH
[...] Nasrudin às vezes levava pessoas para viajar em seu barco. Um dia, um pedagogo exigente contratou-o para transportá-lo ao outro lado de um rio muito largo. Assim que se lançaram á água, o sábio perguntou-se se faria mal tempo. “Não me pergunte nada sobre isto”, disse Nasrudin. “Você nunca estudou gramática?” “Não”, disse o Mulla. “Neste caso, metade de sua vida foi desperdiçada”. O Mulla não disse nada. Logo desabou uma terrível tempestade. O pequeno e desorientado barco de Mulla começou a encher de água. Ele se inclinou para o companheiro. “Alguma vez você aprendeu a nadar?” “Não”, disse o pedante. “Nesse caso, caro mestre, toda sua vida foi perdida, pois estamos afundando. [...].
Trechos da obra As façanhas do incomparável Mulá Nasrudin (Roça Nova, 2016), do escritor e mestre Sufi indiano Indries Shah (1924-1996), contando histórias humorísticas das aventuras do sábio do folclore oriental, que vão do humor à iniciação ao pensamento profundo.

Veja mais sobre:
Cruzetas, os mandacarus de fogo, Concepção dialética da história de Antonio Gramsci, Sob o céu dos trópicos de Olavo Dantas, O escritor e seus fantasmas de Ernesto Sábato, a pintura de Eliseo Visconti, a fotografia de Rita-Barreto, a arte de Benício & a música de Rosana Sabença aqui.

E mais:
No colo do pai de Hanif Kureishi, Viagem nas primeiras horas de Wole Soyinka, A crise na América Latina de Emir Sader, Técnica teatral de Erwin Piscator, a arte de Václav Hollar, a pintura de Carl Kricheldor & Isaac Lazarus Israels, a música de João Bosco, o cinema de Stelvio Massi & Joan Collins aqui.
Curto e grosso: O balanço da copa, O anti-édipo de Deleuze & Guattari, poemas de Arthur Rimbaud, Infância, imagem & literatura aqui.
Dois poemetos de amor pra ela: Beiju & Gula voraz aqui.
Frínico & o povo chora, Direito Ambiental, Educação Sexual, Psicopatologia, Psicose, perversão & neurose aqui.
Nem te conto & Big Shit Bôbras, O lobo da estepe de Hermann Hesse, Repenso o mundo de Wislawa Szymborska, Elegias & sátiras de Xenófanes de Colofão, a música de Gluck & Sylvia McNair, o cinema de Phil Karlson & Marilyn Monroe, a pintura de Richard Geiger & Philippe de Rougemont, a arte de Osvaldo Jalil & Bia Sion aqui.
E se nada acontecesse, nada valeria, Agá de Hermilo Borba Filho, Fábulas de Leonardo da Vinci, a música de Tomoko Mukaiyama, As glândulas endócrinas de M. W. Kapp, Compassos Cia de Danças, a arte de Eric Gill & Perron, A pintura de Bruno Di Maio & Madalena Tavares aqui.
É domingo nas mãos, Cinema de Ascenso Ferreira, A obra de arte & a reprodução de Walter Benjamim, Cinema Brasileiro, O que será de Chico Buarque, a pintura de Giuseppe Cacciapuoti & Umberto Brunelleschi aqui.
Aprendendo no compasso da vida, A psicologia social de Arthur Ramos, Sharon & minha sogra de Suad Amiry, a música de Nação Zumbi, o pensamento de Roger Bacon, Hans Richter & Transhumance, a arte de Georges Ribemont-Dessaignes & Jiddu Saldanha aqui.
O dia amanhece e é maravilhoso viver, A literatura brasileira de Afrânio Coutinho, O teatro de Françoise Sagan & Catherine Deneuve, o pensamento de Aristóteles, a música de Maggie Cole & a Sinfonia Pornográfica de Charles Baptiste, a pintura de Orly Faya, a arte de Hannah Höch & Arte Yoga aqui.
A filharada de Zé Corninho, Travessia marítima de Thomas Mann, O casamento de Anne Morrow Lindbergh, a música de Charlotte Moorman, O homem & a natureza de Alan Watts, o cinema de Rainer Werner Fassbinder & Hanna Schygulla, Emmanuelle Seigner, a arte de Hansen Bahia & Attila Richard Lukacs aqui.
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CONSCIÊNCIA DAS ESCOLHAS DE ORAGE
[...] Você está conscientemente ciente das escolhas que faz e das decisões que toma? Você acorda de manhã e se propõe a levantar-se. Pergunte a si mesmo se quer se levantar. E seja honesto quanto a isto. Você toma banho – é realmente por que gosta ou, se pudesse, você se esquivaria? Você toma café – é exatamente o desjejum de que você gosta, em espécie e quantidade? É o seu desjejum que você faz ou simplesmente o desjejum definido pela sociedade? Você quer na verdade comer ou não? Você vai pro seu escritório... você decide sobre os deveres domésticos e sociais do dia – eles são suas preferências naturais? Por sua livre escolha você estaria onde está? Fazendo o que faz? Pressupondo que, no presente, você aceita a situação geral, você está fazendo aquilo de que gosta em detalhes? Você fala disto, daquilo ou das pessoas como lhe agrada?Você realmente gosta ou apenas finge gostar destas coisas e pessoas? (Lembre-se de que não é uma questão de agir sobre seus gostos ou aversões, mas apenas de descobrir quais eles são realmente. Passe o dia oferecendo-se a cada momento uma oportunidade nova para se questionar – eu realmente gosto disto ou não? A noite chega, com as goras de lazer, o que você na realidade gostaria de fazer? O que de fato o diverte, teatro ou cinema, bate-papo, leitura, música, jogos e exatamente quais? Fazer aquilo de que gosta não pode continuar se repetindo muitas vezes mais tarde. Na verdade. Você pode deixar que isto aconteça por si mesmo. O que é importante é saber do que você gosta. [...].
Trecho do exercício Você sabe do que gosta, você gosta do que faz?, extraído da obra Psychological exercises and essays (Janus, 1965), do professor e intelectual britânico Alfred Richard Orage (1873- 1934).

RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje na Rádio Tataritaritatá as comemorações do Dia Mundial do Rock com especiais dos The Beatles, Gênesis, Pink Floyd & Led Zeppelin & os seus maiores sucessos em shows ao vivo e em concertos. Para conferir é só ligar o som e curtir.

A ARTE HUJBER GUNTER
A arte do pintor, poeta, músico, fotógrafo e performer tcheco Hujber Gunter.

DEDICATÓRIA: MARQUINHOS CABRAL
A edição de hoje é dedicada ao cantor Marquinhos Cabral, homenagem pela passagem do Dia do Cantor.
Veja mais aqui, aqui & aqui.
 

CHRISTINA VASSILEVA, KATHERINE JOHNSON, MARTÍN-BARÓ, JOÃO CABRAL & MATA SUL INDÍGENA

    Imagem: Acervo ArtLAM . Ao som dos álbuns Mistérios do Rio Lento (The Voice of Lyrics, 1998), Santiago de Murcia: a portrait (Frame,...