
OS ARQUIVOS DE DERRIDA
[...] Depositados sob a guarda desses arcontes,
estes documentos diziam, de fato, a lei: eles evocavam a lei e convocavam à
lei. Para serem assim guardados, na jurisdição desse dizer a lei eram necessários ao mesmo tempo um guardião e uma
localização. Mesmo em sua guarda ou em sua tradição hermenêutica, os arquivos
não podiam prescindir de suporte nem de residência. [...] Para se abrigar e também para se dissimular.
Esta função arcôntica não é somente topo-nomológica. Não requer somente que o
arquivo seja depositado em algum lugar sobre um suporte estável e à disposição
de uma autoridade hermenêutica legítima. É preciso que o poder arcôntico, que
concentra também as funções de unificação, identificação, classificação caminhe
junto com o que chamaremos o poder de consignação.
Por consignação não entendemos apenas, no sentido corrente desta palavra, o
fato de designar uma residência ou confiar, pondo em reserva, em um lugar e
sobre um suporte, mas o ato de consignar
reunindo os signos. Não é apenas a consignatio tradicional, a saber, a
prova escrita, mas aquilo que toda e qualquer consignatio supõe de entrada. A consignação tende a coordenar um único corpus em um sistema ou uma sincronia na qual todos os elementos
articulam a unidade de uma configuração ideal. Num arquivo, não deve haver
dissociação absoluta, heterogeneidade ou segredo
que viesse a separar (secernere),
compartimentar de modo absoluto. O princípio arcôntico do arquivo é também um
princípio de consignação, isto é, de reunião. [...] Fazer justiça a
essa necessidade significa reconhecer que, em uma oposição filosófica clássica,
nós não estamos lidando com uma coexistência pacífica de um face a face, mas
com uma hierarquia violenta. Um dos dois termos comanda (axiologicamente,
logicamente etc.), ocupa o lugar mais alto. Desconstruir a oposição significa,
primeiramente, em um momento dado, inverter a hierarquia [...].marcar o
afastamento entre, de um lado, a inversão que coloca na posição inferior aquilo
que estava na posição superior, que desconstrói a genealogia sublimante e
idealizante da oposição em questão e, de outro, a emergência repentina de um
novo ‘conceito’, um conceito que não se deixa mais - que nunca se deixou -
compreender no regime anterior [...]. A
perturbação do arquivo deriva de um mal de arquivo. Estamos com um mal de
arquivo (en mal d'archive). Escutando o idioma francês e nele, o atributo de
"en mal de", estar com mal de arquivo, pode significar outra coisa
que não sofrer de um mal, de uma perturbação ou disso que o nome ‘mal’ poderia
nomear. É arder de paixão. É não ter sossego, é incessantemente,
interminavelmente procurar o arquivo onde ele se esconde. É correr atrás dele
ali onde, mesmo se há bastante, alguma coisa nele se anarquiza. É dirigir-se a
ele com um desejocompulsivo, repetitivo e nostálgico, um desejo irreprimível de
retorno à origem, uma dor da pátria, uma saudade de casa, uma nostalgia do
retorno ao lugar mais arcaico do começo absoluto [...].
Trechos da obra Mal
de Arquivo: uma impressão freudiana (Relume Dumará, 2001), do filósofo
francês Jacques Derrida (1930-2004),
ensaio que trata acerca do lócus da memória, dos registros do passo e da
história, num conceito de arquivo sob a perspectiva tecnica, política, ética e
jurídica, suas correspondências com o momento, o índice, a prova e o testemunho
evocando um sintoma, um forimento e uma paixão como o arquivo do mal, definindo
a interpretação no discurso da história. Veja mais aqui e aqui.
Veja
mais sobre:
O
feitiço da naja: tocaia & o bote, Sistemas de comunicação de Joseph Luyten,
Palmares & o coração de Hermilo Borba Filho, Porta giratória de Mário
Quintana, Or de Liz Duffy Adams, a música de Vanessa Lann, a pintura de Joerg Warda & a arte de
Luciah Lopez aqui.
E mais:
Aniversário de Aninha, A escritura & a diferença de Jacques Derrida, O narrador de Walter Benjamin, Bodas de
sangue de Federico García Lorca, a música de Paulo Moura, a pintura de Cícero Dias &
Rembrandt Harmenszoon van Rijn, a coreografia de Lia Robato, Brincarte do
Nitolino & a poesia de Greta Benitez aqui.
A obra de arte & a reprodução de Walter Benjamim, a poesia de Guillaume Apollinaire, a pintura de Rembrandt Harmenszoon van Rijn, Efigênia Coutinho & Programa
Tataritaritatá aqui.
A ponte
entre o amor e a paixão aqui.
As trelas do Doro: doidices na sucessão & a arte de Yayoi
Kusama aqui.
Cantarau Tataritaritatá, a pintura de Candido Portinari
& Vicente do Rego Monteiro, a música de Bach & Wanda Landowska, O
vir-a-ser contínuo de Heráclito de Êfeso, A estrada morta de Mia Couto, As
casas & os homens de Adolfo Casais
Monteiro, Maria Peregrina de Luis Alberto Abreu, Quebra de xangô de Siloé Soares de Amorim, a arte de
Luciano Tasso, Brincarte do Nitolino & Jobs no baço e encarar nocautes de Vlado Lima aqui.
Primeira
reunião, Ética pro novo milênio
do Dalai Lama, Morte ao invasor de Gilvan Lemos, O despertar da
primavera de Frank Wedekind, O testamento de Orfeu de Jean Cocteau, a pintura de Marc Chagall & Edgar Degas, a
música de Toquinho, a arte de María Casares, a coreografia de Alonso Barros
& a poesia de Valéria Tarelho aqui.
Lagoa Manguaba, Teoria do vínculo de Pichon Rivière, História do Brasil de
Laurentino Gomes, as sinfonias de Gustav Mahler, a pintura de Lasar
Segall & Ekaterina Mortensen, Amor por anexins de Artur Azevedo, o cinema
de Vittorio De Sica & Sophia Loren, Kiki, Rainha de
Montparnasse, Pavios curtos de José
Aloise Bahia & Programa Tataritaritatá aqui.
A
rodagem de Badalejo, a bodega de Água Preta, O analista de Bagé de Luis
Fernando Veríssimo, Narração & narrativas de Samira Nahid Mesquita, Iniciação ao teatro de Sábato
Magaldi, o cinema de Hector Babenco, a
música de Meredith Monk, a arte de Vanice Zimmerman, a pintura de Robert
Luciano & Vlaho Bukovac aqui.
Cantando às margens do Una, Psicologia geral de Alexander Luria,
Clonagem & células-tronco de Mayana Zatz, Aquela criança de sempre
de Reinaldo Arenas, a música de Heitor Villa-Lobos & Arthur Moreira Lima, o cinema de Luchino
Visconti & Alida Valli & Marcella Mariani, Ginger Rogers, a pintura de Joshua Reynolds & Carl Larsson, a arte de Ana Paula Arósio & a poesia de Líria Porto aqui.
A família de Jacques Lacan, Pensamento & linguagem de Alexander Luria, a música de Elizeth
Cardoso, Aníbal Bragança & Clevane Pessoa de Araújo Lopes aqui.
Educação,
professor-aluno, gestão escolar & neuroeducação, O livro dos sonhos de Jorge Luis Borges, a música de
Ayako Yonetani, Ciência psicológica, a
fotografia de Anton Giulio Bragaglia, a pintura de Jean Metzinger & Anthony
Gadd aqui.
Cantarau
Tataritaritatá, 1919 de John dos Passos, o teatro pobre de Jerzy
Grotowski, Estética teatral de José Oliveira Barata, a coreografia de Xavier Le Roy, a pintura de Vesselin Vassilev, a arte de Alex Mortensen & a música de Carlos Careqa aqui.
Manchetes
do dia: ataca o noticiário matinal, Folclore
pernambucano de Pereira da Costa,
Filosofia da Linguagem, Vinte vezes de Cassiano
Nunes, a música de Fabian Almazan, a
coreografia de Doris Uhlich, a pintura de Nicolai Fechin & a arte de Roberto
Prusso aqui.
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O CINEMA
DE GUIDO BILHARINHO
Acaba de ser lançado o livro O Cinema de Hitchcock e Woody Allen (Revista
Dimensão, 2017), do advogado e escritor Guido
Bilharinho, editor da revista internacional de poesia e autor de livros de
Literatura, Cinema e História do Brasil e Regional, traçando uma trajetória dos
anos 1930 até 2000. O autor colaborou publicando artigos sobre cinema no nosso
tablóide Nascente – Publicação Lítero-Cultural, que circulou entre os
anos 1995/1999. Veja mais aqui.
RÁDIO
TATARITARITATÁ:
Hoje é dia de especiais do
saudoso maestro, compositor, arranjador, saxofonista e clarinetista Paulo
Moura
(1932-2010) interpretando Radamés Gnatalli & Confusão urbana, suburbana e
rural; a cantora e compositora portuguesa Eugénia
Melo e Castro
cantando Vinicius de Moraes e outros dos seus sucessos; o guitarrista de jazz
estadunidense Pat Metheny desfilando Speaking of Now Live & The Way Up; e a
pianista, compositora, artista e diretora japonesa Tomoko Mukaiyama
executando At the illeseum (parts 1, 2 e 3) e músicas de obras de John Zorn,
William Bolcon & Frank Zappa. Para
conferir é só ligar o som e curtir.
O TEAT(R)O OFICINA UZYNA UZONA
A arte do Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, companhia teatral fundada e dirigida pelo ator
e diretor de teatro José Celso Martinez Correa. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A ARTE HAMID ZAVAREEI
Art by Hamid
Zavareei