É ELA TODAS AS MUSAS – Imagem: arte da
poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez. - Ainda que não seja possível a poesia nesse tempo desfigurado de
desumanos trajetos de pedras perdidas e que o coração desfaleça sedento à beira
do charco que a solidão sitiou das lágrimas empoçadas, mesmo assim, isso eu
sei, haverá o amor que emerge em flor no meio dos vendavais, atravessando
imensos óbices e temporais pelas enxurradas de desejos indomáveis inflamando noites
incendiadas de esperas na demorada ligação das pontas convergentes dos anseios
mútuos e paralelos, quase desesperançados. Isso porque se sou a desolação que
quedou diante das expectativas e dos sonhos inconclusos, ela se faz poeta qual Melpômene
depondo sua grinalda a me entregar a clava do poder, entoando a voz Calíope que
sai ao buril da tabuleta a se mostrar incorporada à lírica de amável Erato que
me dá a lira pra que o canto seja renovado e todas as canções e poemas sejam
meus. E mesmo que eu me veja abandonado ao ermo das posses e sem bússula para
seguir em frente, ela chega a se revelar proclamadora Clio, a me expor com seu
pergaminho todo passado indisfarlável, todo o presente de promessa e todo futuro
de quimera na realização carnal que desde a véspera fez-se crástico pra me
presentear agora. E mesmo que eu emudeça diante da esterilidade do silêncio com
todas as mordaças e rouquidões, ela avança Euterpe a me embalar com a música de
sua flauta ensolarada para que eu tenha o ânimo de recomeçar do zero e a mão no
amanhã. E mesmo que eu esteja ao calor das paredes cruas e a vida afora, ela
festeja Poliminia em mim todos os seus hinos sacros e profanos para que eu me
faça festa na abundância de seus poderes e posses, como se tudo seu passase a
ser meu. E mesmo que me precipite solitário entre recaídas sucessivas por sucumbências
imprevisíveis, ela é mais que envolvente Terpsícore a rodopiar na dança
embalada pelo plectro na lira, a me ensinar novos versos e cantares, até que eu
exorcize minha loucura e possa entoar cordas harmônicas. E mesmo que eu tenha
perdido a graça de tudo no transbordamento de aguados choros entre fracassos e
fraquezas, ela me chega com o perfume das flores no seu sorriso Tália de ser para
alegrar meus dias com sua coroa de Hera e bastão entre histrionices e chistes a
me fartar de rir como se não mais houvesse ontens nem amanhãs pra mandar ver
com despudor. E mesmo que eu tenha errâncias infindas por saldo na perda de toda
e qualquer fronteira da lucidez e prumo, ela se revela Urânia a me entregar o
céu e as estrelas, a vida no compasso e a posse da Terra, mesmo que sequer
saiba o que fazer depois noites mal dormidas e dias nublados. E depois tudo, salvo
de todas as quedas e precipícios nas saradas feridas dos talhos abertos, ela se
despe de todas elas e das vestes para ser apenas ela a panacéia e o meu amor. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
O OCASIONALISMO DE AL-GHAZZALI
[...] Lembrem-se de seus contemporâneos que
faleceram e tinham a mesma idade que você. Lembrem-se das honras e famas que
eles obtiveram, dos altos postos que ocupavam e dos belos corpos que possuíam,
e de que hoje todos eles se transformaram em cinzas. Como eles deixaram órãos e
viúvas atrás de si, como sua riqueza está sendo desperdiçada depois deles e
suas casas transformando-se em ruínas. Nem sinal deles existe hoje e eles estão
deitados em buracos escuros debaixo da terra. Reconswtruam suas faces
mentalmente e ponderem. Não depoistem esperanças em suas riquezas e não
desprezem a vida. Lembrem-se de como eles andavam e de como agora todas as suas
junta separaram-se, de que a língua com a qual falavam agilmente foi devorada
pelos vermes e de como seus dentes estão corroídos. Eles estavam tolamente se
provendo para mais vinte anos, quando nem mesmo um dia de suas vidas lhes
restava. Eles nunca esperaram que a morte viesse para eles numa hora tão
inesperada... Quando algo no mundo lhe agrada e nasce em você uma vinculação
com isto, lembra-se da morte.
Trecho
extraído da obra The revival of religions
sciences (Sufi Publishing, 1972), do filósofo, teólogo, psicólogo e místico
islâmico Al-Ghazzali (1058-1111),
propondo a teoria do ocasionalismo
Veja
mais sobre:
O
passado escreveu o presente; o futuro, agora, Sociolinguística
de Dino Preti, o teatro de Bertolt Brecht, Nunca houve guerrilha em
Palmares de Luiz Berto, a música de Adriana Hölszky, a escultura de Antonio Frilli,
a arte de Thomas Rowlandson, a pintura
de Dimitra Milan & Vera
Donskaya-Khilko aqui.
E mais:
A liberdade de expressão, A filha de Agamenon de Ismail Kadaré, A natureza de Parmênides de Eléia, Poema sujo de Ferreira Gullar,
O teatro essencial de Denise Stoklos, a música de Badi Assad, o cinema de Ingmar Bergman & Liv
Ullmann, a escultura de Emilio Fiaschi, Programa Tataritaritatá, a pintura de Gustav Klint & Vera
Donskaya-Khilko aqui.
O discurso do método de René Descartes, a música de João Bosco, o teatro de Denise Stoklos, o cinema de Ingmar Bergman, a pintura de Gustav Klimt, Sandra
Regina, Bernadethe Ribeiro & Danny Calixto aqui.
Literatura
de cordel: História do capitão do navio, de Silviano Pirauá de Lima aqui.
Preconceito, ó! Xô pra lá, Diários de viagem de Franz Kafka, A revolta de Atlas de Ayn Rand, A lua e o infinito de Giacomo Leopardi, a música de Leoš Janáček & Cheryl Barker, o cinema de Alessandro
Blasetti & Sophia Loren, Maguerite Anzieu & Jacques Lacan: caso Aimée, a arte de Liliana Castro, a pintura de Helmut Breuninger
& Hermann Fenner-Behmer aqui.
Os vexames dum curau no sul, O absurdo de Thomas Nagel,
Voragem de Junichiro Tanizaki, Pretidão
de amor de Emílio de Meneses, Mão na luva de Oduvaldo Vianna Filho, o cinema de
Olivier Assayas & Maggie
Cheung, a música de Rosalia de Souza, a pintura
de Pierre-Auguste Renoir & Suzanne
Frie aqui.
Quadrilha
das paixões mais intensas, Vaqueiros
& cantadores de Luís da Câmara Cascudo, Terra de Caruaru de José Condé, a música da Orquestra
Armorial & Cussy de Almeida, A
Setilha de Serrador, O casamento de Maria Feia de Rutinaldo
Miranda Batista, a arte de Roberto Burle Marx. a xilogravura de Severino Borges, J. Miguel & Vermelho
aqui.
Entre
nós, vivo você, as gravuras
de Lasar Segall, a música de Sivuca,
Cartilha do cantador de Aleixo Leite Filho, Cancão de fogo de Jairo Lima, a
poesia de Belarmino França, a arte de Luciah Lopez, a xilogravura de J. Borges & José Costa Leite aqui.
Dos
bichos de todas as feras e mansas, Cantadores
de Leonardo Mota, O Romance da Besta Fubana de Luiz Berto, O martelo
alagoano de Manoel Chelé, a música do Duo
Backer, a escultura de Antoni Gaudí, a
militância de Brigitte Mohnhaupt,
a arte de Natalia
Fabia & a xilogravura de J.
Borges aqui.
Quem
desiste jamais saberá o gosto de qualquer vitória, A linguagem & as ciências de Roman Jakobson,
Nos caminhos de Swan de Marcel
Proust, a arte de Regina José Galindo, a
fotografia de Thomas Karsten, a pintura
de Henry Asencio, a música de Secos
& Molhados & Luiza Possi aqui.
Tudo em
mim, mestiço sou, O povo
brasileiro de Darcy Ribeiro, A história da minha vida
de Helen Keller, Anarquismo & ensaios de Emma Goldman, a escultura de Luiz Morrone, a fotografia de Pisco Del Gaiso, Os Fofos Encenam
& Viviane Madu, a música de Guilhermina
Suggia & a pintura de Martin Eder aqui.
Faça seu
TCC sem Traumas: livro, curso & consultas aqui.
Livros Infantis do Nitolino aqui.
&
Agenda de Eventos aqui.
AH, É?
DE DALTON TREVISAN
Ao tirar a calcinha, ele rasga. Puxa com
força e rasga. Vai por cima. Ó mãezinha, e agora? Com falta de ar, afogueada,
lavada de suor. Reza que fique por isso mesmo. Chorando, suando, tremendo, o
coração tosse no joelho. Ele a beija da cabeça ao pé — mil asas de borboleta à
flor da pele. O medo já não é tanto. Ainda bem só aquilo. Perdido nas voltas de
sua coxa, beija o umbiguinho. Deita-se sobre ela — e entra nela. Que dá um
berro de agonia: o cigarro aceso na palma da mão. Mas você pára? Nem ele.
Ministória
extraída do livro Ah, é? (Record,
1994), do escritor Dalton Trevisan. Veja mais aqui,
aqui, aqui, aqui & aqui.
RÁDIO
TATARITARITATÁ:
Hoje é dia de especial do
pianista, maestro e compositor Marlos Nobre: Yanomami for choir & guitar
com o Coro Cervantes, Passaglia for Orchestra & Três Cantos de Yemanjá for
cello & piano; da compositora russa Galina
Ustvolskaya
(1919-2006): Symphony nº 2 & Poem nº 1; do compositor, regente, professor e
jornalista Gilberto Mendes (1922-2016): Alegres trópicos,
um baile na Mata Atlântica, Piano solo & Saudades do Parque Balneário Hotel
com a OSESP; e da pianista Miriam
Ramos interpretando o compositor, regente e flautista Octavio Maul & o
maestro e compositor Ricardo Tacuchian. Para conferir é só ligar o som e
curtir.
SÉTIMO DIA DE LUCIAH LOPEZ
Havia muitos anos desde que a Sentinela do Tempo - resignada - depositou
na palma da minha mão, a Chave que Desdobra a Eternidade e todos as trombetas
soaram e a chegada do dia estendeu-se em campo aberto unindo todos os planos
celestiais. Uma lágrima escapando dos meus olhos transforma-se em diamante
ganhando a credibilidade do Arauto de Todas as Verdades. Ambos, Sentinela e
Arauto -, ajoelhados diante do Sol, quando em seu esplendor, corre o céu
eclodindo a vida para dentro dos meus olhos -,
outrora cegos, entoam cânticos reverenciando a Hora do Choro Que Não é Triste.
Um raio do espectro solar faz dissipar um resto de nuvens que já cumpriram sua
missão e o Leão de Pedra reluz...
Sétimo dia,
poema/imagem da poeta, artista visual & blogueira Luciah Lopez.
A ARTE DE KAZIMIERZ MIKULSKI
A arte
do pintor, designer e desenhista polonês Kazimierz
Mikulski (1918-1998).