quinta-feira, novembro 28, 2013

PIEDAD BONNETT, ADALGISA, BECKETT, SARLO, MONTAIGNE, COCTEAU & BIRITOALDO

 


A SOLIDÃO DE ADALGISA – Tributo para Adalgisa Nery (1905-1980) – Aquela menina de Laranjeiras brincava nos meus olhos infantis. Órfã de mãe, não simpatizava com a madrasta e foi logo interna no colégio de freiras, onde adquiriu o apelido de subversiva, sendo mais tarde expulsa. Na adolescência me preteriu pela primeira vez: casou-se e mais de uma década depois a vejo intelectual sofisticada numa vida trepidante, viagens e conflitos conjugais. Dos sete filhos, apenas dois sobreviveram. Para mim sempre fora a Berenice de A imaginária, aquela que enviuvou para se tornar economiária e, logo depois, os seus Poemas vieram público quando estava no Itamaraty. Pela segunda vez me preteriu e seguiu pela vida movimentada da diplomacia e artistas no México. Tornou-se logo embaixatriz plenipotenciária, com a Ordem da Águia Asteca pelas conferências sobre Juana Inés de la Cruz. Com a nova separação renegou sua obra, tornando-se jornalista altiva e caindo de cabeça na política socialista. Foi cassada pela ditadura militar, doou tudo aos filhos e viu-se pobre e desamparada, sem ter onde morar. Vi-lhe na Neblina, seu afeto e lealdade, internada voluntariamente numa casa de repouso para idosos, em Jacarepaguá. Em sua reclusão tornou-se A imaginária dos meus sonhos, por seus Mundos Oscilantes de Mulher Ausente. Quem era Og, não sabia, só de seus Cantos da Angústia e As Fronteiras da Quarta Dimensão. O seu Retrato sem Retoque, contava 22 menos 1, a Erosão da vida, e ela se foi para nunca mais. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 


DITOS & DESDITOS - O sinal mais certo de sabedoria é a alegria... A melhor coisa do mundo é saber pertencer a si mesmo... Pensamento do jurista, filósofo, escritor e humanista francês Michel Eyquem de Montaigne (1533-1592), que nos seus Ensaios (Orbis, 1984), expressou que: Ninguém está livre de dizer asneiras: o mal consiste em dizê-las com pompa... Isto não se aplica a mim, que digo as minhas tolices tão naturalmente como as penso... Veja mais aqui e aqui.

 

ALGUÉM FALOU: Hoje, não tenho nenhuma obrigação, como cidadã, de ter coragem. No século XIX, manter a honra implicava em manter a coragem. Era melhor exagerá-la a estar ausente... É um mundo violento e ao mesmo tempo essa violência era uma virtude necessária. Hoje, considera-se desnecessária, porque na modernidade a afronta é vingada pela lógica das instituições. Não é vingança, mas Justiça... Pensamento da escritora e crítica literária argentina Beatriz Sarlo. Veja mais aqui, aqui, aqui e aqui.

 

DIÁRIO DA CURA – [...] A falta de boas maneiras é o sinal de um herói. [...] Estamos num período de tal individualismo que já não se fala de discípulos; fala-se de ladrões. [....] Dentro de duas semanas, apesar destas notas, não acreditarei mais no que estou vivenciando agora. É preciso deixar um rastro desta viagem que a memória esquece. É preciso, quando isso for impossível, escrever ou desenhar sem responder às solicitações românticas da dor, sem gostar do sofrimento como a música, amarrando uma caneta no pé se for preciso, ajudando os médicos que nada podem aprender com a preguiça [...]. Trechos extraídos da obra Opium: The Diary of His Cure (Peter Owen, 2001), do escritor, cineasta, dramaturgo, desenhista e ator surrealista francês, Jean Cocteau (1889-1963), que na obra Les Mariés de la Tour Eiffel (Nouvelle Revue Française, 1924) expressa: [...] Que uniforme posso usar para esconder meu coração pesado? É muito pesado. Isso sempre aparecerá. [...] Uma vez que estes mistérios me ultrapassam, fingimos ser os seus organizadores. [...]. Veja mais aqui e aqui.

 

TRILOGIA DE BECKETT – MOLLOY: [...] Não espere ser caçado para se esconder, esse sempre foi meu lema. [...] Sim, houve momentos em que esqueci não apenas quem eu era, mas também o que eu era, esqueci de ser. [...] Se há uma pergunta que temo e para a qual nunca fui capaz de inventar uma resposta satisfatória, é a pergunta: o que estou fazendo? [...] Pois em mim sempre existiram dois tolos, entre outros, um que não pede nada melhor do que ficar onde está e o outro imagina que a vida poderia ser um pouco menos horrível um pouco mais adiante. [...] Não querer dizer, não saber o que quer dizer, não ser capaz de dizer o que pensa que quer dizer, e nunca parar de dizer, ou quase nunca, é isso que deve ter em mente, mesmo em o calor da composição. [...] É tão bom saber para onde você está indo, nos estágios iniciais. Quase te livra do desejo de ir para lá. [...] Quando um homem numa floresta pensa que está avançando em linha reta, na verdade ele está andando em círculo, eu fiz o meu melhor para andar em círculo, na esperança de andar em linha reta. [...] Pois não saber nada não é nada, não querer saber nada da mesma forma, mas estar além de saber qualquer coisa, saber que você está além de saber qualquer coisa, é aí que a paz entra na alma do buscador indiferente. [...] Essa é uma das muitas razões pelas quais evito falar tanto quanto possível. Pois eu sempre digo muito ou pouco, o que é uma coisa terrível para um homem com uma paixão pela verdade como a minha. [...]. Trechos extraídos da obra Molloy (Biblioteca Azul, 2013), do dramaturgo e escritor irlandês Samuel Beckett (1906-1989). Na obra Malone Dies (Grove Pr, 1978), expressa que: [...] Nada é mais real do que nada. [...] Faço uma pausa para registrar que me sinto em uma forma extraordinária. Delírio talvez. [...] Mas eu sei o que é a escuridão, ela se acumula, engrossa e de repente explode e afoga tudo. [...] digamos, antes de prosseguir, que não perdôo ninguém. desejo a todos uma vida atroz no fogo do inferno gelado e nas execráveis gerações que virão. [...] Palavras e imagens correm em minha cabeça, perseguindo, voando, colidindo, fundindo-se, indefinidamente. Mas além desse tumulto há uma grande calma e uma grande indiferença, que nunca mais será perturbado por nada. [...]. Já na obra The Unnamable (Faber & Faber, 2010), expressa: [...] Você deve continuar. Eu não posso continuar. Eu continuarei. [...] Sim, na minha vida, já que devemos chamá-la assim, houve três coisas, a incapacidade de falar, a incapacidade de ficar em silêncio e a solidão, foi disso que tive que aproveitar ao máximo. [...] Infelizmente tenho medo, como sempre, de continuar. Pois continuar significa sair daqui, significa encontrar-me, perder-me, desaparecer e começar de novo, primeiro um estranho, depois, pouco a pouco, o mesmo de sempre, num outro lugar, onde direi que sempre estive, do qual nada saberei, sendo incapaz de ver, mover-me, pensar, falar, mas do qual pouco a pouco, apesar destas deficiências, começarei a saber alguma coisa, apenas o suficiente para que se torne o mesmo lugar de sempre, o mesmo que parece feito para mim e não me quer, que parece que quero e não quero, faça a sua escolha, que me vomita ou me engole, nunca saberei, que talvez seja apenas o interior do meu crânio distante onde antes eu vagava, agora estou imóvel, perdido pela pequenez, ou encostado nas paredes, com a cabeça, as mãos, os pés, as costas, e sempre murmurando minhas velhas histórias, minha velha história, como se fosse o primeira vez. [...] Sou todas essas palavras, todos esses estranhos, esse pó de palavras, sem chão para se estabelecerem, sem céu para se dispersarem, reunindo-se para dizer, fugindo um do outro para dizer, que eu sou eles, todos eles, aqueles que se fundem, os que se separam, os que nunca se encontram, e nada mais, sim, outra coisa, que sou algo bem diferente, uma coisa bem diferente, uma coisa sem palavras num lugar vazio, um lugar fechado, seco, frio e negro, onde nada se mexe, nada fala, e que eu ouço, e que procuro, como uma fera enjaulada nascida de feras enjauladas nascida de feras enjauladas nascida de feras enjauladas nascida em uma jaula e morta em uma jaula, nascida e depois morta, nascida em uma gaiola e depois morto em uma gaiola, em uma palavra como uma fera, em uma de suas palavras, como uma fera, e que eu procuro, como uma fera, com minhas poucas forças, uma fera, sem nada de seu resta apenas o medo e a fúria, não, a fúria passou, nada além do medo, nada de tudo o que lhe é devido a não ser o medo centuplicado, o medo da sua sombra, não, cego de nascença, do som então, se quiser, teremos isso, é preciso ter alguma coisa, é uma pena, mas aí está, medo do som, medo dos sons, dos sons das feras, dos sons dos homens, dos sons do dia e dos sons da noite, chega, medo dos sons tudo sons, mais ou menos, mais ou menos medo, todos os sons, só há um, contínuo, dia e noite, o que é, são passos indo e vindo, são vozes falando por um momento, são corpos tateando em sua direção, é o ar , são as coisas, é o ar entre as coisas, basta, que eu procuro, gosto, não, não gosto, como eu, do meu jeito, o que estou dizendo, à minha maneira, que procuro, o que faço Eu procuro agora, o que é, deve ser isso, só pode ser isso, o que é, o que pode ser, o que pode ser, o que eu procuro, não, o que eu ouço, eu ouço, agora vem de volta para mim, eles dizem que eu procuro o que ouço, eu os ouço, agora volta para mim, o que pode ser, e de onde pode vir, já que tudo está em silêncio aqui, e as paredes são grossas, e como eu consigo, sem sentir uma orelha em mim, ou uma cabeça, ou um corpo, ou uma alma, como eu consigo, fazer o que, como eu consigo, não está claro, querido, você diz que não está claro, alguma coisa é querer deixar claro, vou buscar, o que está querendo, deixar tudo claro, estou sempre buscando alguma coisa, é cansativo no final, e é só o começo. [...]. Veja mais aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui.

 

DOIS POEMAS - DE TEMPOS EM TEMPOS - A minha mãe gosta de ir a este café com lâmpadas sóbrias, pedir biscoitos de baunilha, beba sem pressa duas xícaras de chá preto como em um ato cerimonial. Eu a trouxe aqui, então, entregando minha tarde laboriosa a esse gesto filial. Através das enormes janelas vemos a vida pressionando lá fora enquanto falamos sobre dias passados E o ambiente morno do lugar sugere que a felicidade não passa disso. De repente, como se recuperasse palavras de um sonho ela diz: “É uma pena que tudo tenha um fim”. Ela diz isso com um leve sorriso, porque ela sabe que ser solene não combina com a tarde. (Minha mãe já tem setenta e quatro anos e ela já foi linda.) No fundo das xícaras o chá pinta seus signos. Eu não sei o que dizer. Olhamos a avenida, os rostos borrados dos transeuntes, as árvores que ficam em silêncio. A noite está caindo. UM ANTIGO CONTO - Os funcionários do hotel já conhecem a rotina: uma mulher chegando ao amanhecer ou numa tarde de domingo - sem bagagem distraído ainda humilhado fazendo um balanço. Chove no quarto dela, está sempre chovendo. E ela não traz nada com ela: nenhum guarda-chuva nem mesmo uma escova de dentes sem lâminas de barbear, sem Xanax. Os funcionários do hotel não ouvem os ecos vindos daquela sala: uma fogueira, uma canção amarga voltando à sua própria origem. Alguém está nos contando uma história antiga— alguém está chorando e rezando receber um par de asas. Poemas da poeta e dramaturga colombiana Piedad Bonnett.

 


QUANDO O CARA ERRA A PORTA DE ENTRADA, A SAÍDA É QUE SÃO ELAS!!!!!!!Biritoaldo endoidou de novo. A ultima paixão dele estava morta: a Amy Winehouse. Oxe, passou um tempo, muito tempo mesmo farol baixo, bandeira a meio pau, todo por fora macambúzio. Mas eu não te digo: foi só ele pôr as vistas numa beldade avolumada, do olho do cara vidrar e dele sair pela rua ensandecido aos gritos: é essa! É essa! É essa!!!!

- Que foi adoidado?

- Encontrei a deusa da minha vida!

- Quem é a sortuda?

- Essa aqui!

- Tu sabes quem é, desnaturado?

- Oxe, não quero nem saber! É ela que vou conquistar para realizar meu ninho matrimonial.

E foi atarantado com um bocado de foto tirada de revista atrás da Rebel Wilson no Super Fun  Night. Vai andar pouco, hem?
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