GINOFAGIA: I - AMBIÇÃO - O relógio. O beijo e seu contágio: o desejo.
Revejo ontens, prevejo manhãs, dias. Toda orgia, teréns, Teerãs. Corpos
expostos. Somos nós sem rostos, sem pudor. Valendo o amor dos inominados,
endemoninhados nos ventres alados, insaciáveis. E que se entregam amáveis,
felizes com seus atos condenáveis feito meretrizes com seus machos, no meio de
trizes e esculachos mútuos, sem tudo a ver, revolutos, provocando circuitos por
puro prazer de transgredir os limites, como reais pedintes em ação, com toda
transgressão sexual, toda felação no plural, toda danação, toda ambição canibal
tecendo o querer pra ser muito mais que barato de estupefato animal de estimação
com um pássaro na mão e ela voando à vela, eu viajando nela qual furacão que
devasta sua compleição para nos satisfazer na paixão. II – CONSOLO - Quando ela me encara, linda, bela, deusa seminua,
quando sussurra mansinho: sou tua! Tudo é festa no meu coração. É pra lá de
bão. É quando ela me faz seu consolo, seu predileto bolo, seu saboroso pirão.
Aí eu solto rojão pra que ela se molhe linda Lara Flynn Boyle só sedução. Maior
perdição, sou só bola ao cesto com todos os poderes de Grayscow da minha
possessão. Ela é minha salvação, a pedra de Esmeralda na verdadeira estrada da
comunhão. Ela é minha oração, a pedra filosofal. A virgem vestal da minha
celebração. E é meu verão, minhas poesias, meus versos, ela Marie Curie, eu
Paracelsus, no fervor da paixão. Minha maior oração na nossa fantasia além da
alquimia, além de Plutão, além do que tudo então o nosso convênio na paz dos
essênios, no amor eterno temporão. III -
ALVOROÇO - Quando essa menina se volta felina e apronta outra vez, como sou
seu freguês badala 12 horas. Dá prumo e é agora: doze vezes enlaçado, doze
vezes amarrado pro seu capricho. É quando eu viro bicho doze vezes encarnado,
doze vezes atrepado pronto pro ataque. Ela finge no baque e começa o festim,
efígie querubim nua e descalça, pronta pra valsa, ciranda, cirandar. Ela me faz
o seu par com beijos esmeraldas numa dança sagrada em meu corpo fadado. Sacode
de lado, ajeita e desajeita, mais se espreme, mais se estreita, ela faz vulto.
Aí que emerge o tumulto vergando seu dengo. Virando com jeitos, levando no
peito e na raça. É quando possessa, com graça, quer que apareça quebrando a
vidraça. E me sacaneia. Ainda esperneia e tudo se escancara. Ela enche a cara
fica bicada, leva a minha picada, festa no meu sabugo. Ela não dá refugo nas
pernas bambas. Ela quer mais samba embaixo do chuveiro – maior suadeiro! Eu me
aproveitando. Tudo se esborrando doze vezes profanada, de restar estirada e
ainda me colhe e tudo recolhe, doze vezes vingada com todas as honras, doze
vezes aclamada no maior fausto, evento tão lauto, pra filha de rei. Seu querer
é lei. E cavo sua terra, quanto mais ela berra, eu revolvo arando e sua carne
azarando pra abafar o estrondo. Só resta os escombros dela ficar louca, de
findar quase rouca de gritar que quer mais. É muito demais, sacudida de gestos,
esfolando seus restos, me arranhando as costas, recolhendo as postas do que
restou de mim. E não tem mais fim, mais furto, mais roubo, mais sigo no
arroubo, dela se sacudir. E sem ter pronde ir, ela tem minha tocha que mais
firme se arrocha como seu corcel alado. É quando o bocado ela chega ao demais,
ela goza até a paz de arrear debruçada sobre o meu cajado. © Luiz Alberto
Machado. Veja mais aqui, aqui e aqui.DITOS & DESDITOS – O país é
a memória… Pedaços de vida envolto em pedaços de amor ou dor; a palma
farfalhando, música conhecida, o jardim e sem flores, sem folhas, sem
vegetação. Oh tão pequena que você caber toda todo país sob a sombra da nossa
bandeira: talvez você era tão jovem para que eu pudesse tomar em toda parte
dentro do coração! Pensamento do escritor panamenho Ricardo Miró (1883-1940).
ALGUÉM FALOU: A música
não vive até que seja interpretada - com todas as suas falhas, maneirismos,
etc. Ela precisa ser encarnada para ser algo... Não podemos subestimar o poder das
diferentes formas de arte e as correspondências entre elas, que são uma fonte
inesgotável de inspiração e enriquecimento. Pensamento da pianista,
escritora e ativista francesa Hélène
Grimaud. Veja mais aqui,
IDENTIDADE CULTURAL – [...] o tempo e o
espaço são as coordenadas básicas de todos os sistemas de representação. Todo
meio de representação – escrita, pintura, desenho, fotografia, simbolização
através da arte ou dos sistemas de telecomunicação – deve traduzir seu objeto
em dimensões espaciais e temporais. [...]. Trecho extraído da obra A identidade cultural na pós-modernidade
(DP&A, 2005), do teórico cultural e sociólogo jamaicano Stuart
Hall (1932-2014). Veja mais aqui e aqui.
A COMÉDIA DE DEUS – Este é o segundo filme da trilogia realizada pelo
cineasta João César Monteiro, iniciada
com Recordações da Casa Amarela, depois por esta A Comédia de Deus e, por fim,
com As Bodas de Deus. Essa trilogia explora por meio de repetidas
referências autobiográficas e estilo sarcástico com humor mal humorado, a personagem
de Deus, o protagonista, encarnado num bem humano pobre diabo. Trata-se de uma
caricatura de alguém menos virtuoso que vicioso, autor e ator de
inqualificáveis comédias num mundo hipócrita, com abundantes referências
literárias, artísticas e filosóficas. Veja mais aqui e aqui.
A NOITE
DOS MORTOS - [...] Quanto mais sombrias as
perspectivas e mais difícil era ter esperança, mais firmemente eles agarravam a
esperança quando ela surgia... [...] Ah,
sim — poderia realmente ser dito que as pessoas que não tinham esperança em
seus corações estavam vivas? Sina achava que não. Bem, é claro que eles ‘correram’, como ela expressou; eles poderiam fazer isso bem; mas, na verdade, o que Sina chamava de vida — que ela
achava que não se encontrava naqueles que não tinham nada a esperar. Esta foi a opinião de Clever Sina sobre o assunto. [...].
Trechos extraídos da obra En Dødsnat (Softcover, 1912-2012),
da escritora dinamarquesa descreve
a morte da esposa de um fazendeiro no parto, vista pelos olhos do grande grupo
de crianças, especialmente a filha mais velha de doze anos. O livro era incomum
para a época por descrever de forma totalmente não sentimental as mudanças de
humor e sentimentos entre os parentes do moribundo, mesmo vistos exclusivamente
do ponto de vista das mulheres participantes, de modo que os homens do romance,
incluindo o marido, só aparecem como extras.
GUINEVERE EM ALMESBURY – As senhoras encapuzadas aqui são
maravilhosamente gentis. / Eles têm sido gentis desde o dia em / que cheguei, e
ainda mais desde a noite em que / um mensageiro veio cavalgando pela chuva / para
dizer que o rei estava morto. / Eles me trouxeram tesouras e assistiram / em
silêncio enquanto eu destruí meu cabelo. / Um falcão circulando gritou uma vez
e voou / para as árvores. Alguém vai acreditar / nos próximos dias o quanto eu
amei meu marido? / Fiquei acordado naquela noite sob / as folhas pingando,
depois sob as estrelas silenciosas / que surgiram depois que a chuva passou. / O
jardim aqui tem flores de tons suaves / e árvores de folhas grandes para
sombra. / De manhã e ao entardecer, os pássaros cantam / pelo ar uma doce
música. / Estou aprendendo a viver sem desejo. / Quando Lancelot veio aqui da
França / para ser o falcão de caça para a mão de Arthur, / eu me vi me
apaixonando / e me deitei à noite escondendo isso. / Aprendi. Eu coloquei uma
espada nua / ao longo de minha mente para impedi-lo de meu centro, / sorrindo com
toda a devida cortesia / para ele, como para qualquer homem na corte. / até que
fomos levados a ficar / sozinhos uma vez. Fui feito para ver sua própria
máscara / desmoronar, expondo a dor brilhante por trás. / Eu não podia me
esconder disso. / Não havia lugar para se esconder. / Fui trazido para outra
vida / e comecei a viver com tristeza, / pois Arthur sabia. Ele me conhecia
como conhecia / cada estrela que girava como / ponteiros para o norte. Ouvi o
silêncio / de sua alma ao meu lado no escuro / e sua paciência partiu / meu
coração, pois eu o amava. / Alguém acreditará, nos próximos dias, / quantos? Eu
amei os dois. / Para o meu cabelo, agora cortado e esfarrapado, / toda aquela
aspiração brilhante / foi separada e enviada para a guerra. / Estou aprendendo
a viver com isso. / Pensei em morrer mais de uma vez. / A última vez, na noite
em que Arthur morreu. / Não Desde. Não podemos ser outros do / que somos. Eu
amei dois homens. Um reino / quebrou por isso. Algo caiu que era uma estrela. /
Não podemos ser outros do que somos. / Eu nunca sonho com um deles sozinho. / Eu
os vejo em um caminho de floresta, / cavalgando juntos. Folhas de outono / manchadas,
um sol oblíquo recém-nascido. / Ou na batalha lado a lado / com espadas
ensanguentadas, / no duro norte. Ou conversando / uma noite de inverno ao lado
de uma fogueira / em um reino que não caiu. / Nesses sonhos eu nunca estive em
Camelot. / Essa dor é a pior de todas. / Essas imagens me acordam, tremendo, / precisando
de conforto, sabendo que não há nada, / exceto por isso: não são verdadeiras. /
Nem sempre os sonhos são verdadeiros. / Foi por mim, foi por mim, / foi por
amor a mim que Camelot / tornou-se o que era antes. / Sem Guinevere, não há
nada lá. / E o que deixo fazer, deixo destruir. / Eu vou morrer algum dia. Eu
amei os dois. Poema do escritor canadense Guy Gavriel Kay.
PROGRAMA
DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo
Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário
de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio
Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 23/12 do programa Domingo
Romântico, apresentação da radialista e poeta Meimei Correa e produção de Luiz Alberto Machado, conta na sua
programação as atrações: Charles
Chaplin, Altamiro Carrilho, Elomar Figueira, Paco de Lucía, Olívia Byington,
Gregório de Matos Guerra, Yes, Milton Nascimento, Joyce, Fatima Guedes, Edith
Piaf, Maria Bethania, João Bosco, Emerson, Lake & Palmer, Ivan Lins,
Simone, Caetano Veloso, Peter Gabriel, Chico Buarque, Ana Maria Machado, Norah
Jones, Sonia Mello, Tavito, Rosa Pena, Candy Saad, Artur Gomes, Sandra Fayad,
Soninha Porto, Sonekka, Cazuza, Claudia Raia, Rosa Maria Collin, Santanna o
Cantador, Marco Villane & Edu Capelo, Lelo Praxedes, Zé Ripe, Cantor
Pitanga, Jorge Medeiros, Renata Arruda, Engenheiros do Hawaii, Ricky Martin,
Celine Dion, tudo isso muito mais!! Veja mais aqui. 





