GINOFAGIA – I –
MINHA: Eu vou a vau e se me deres serei nau ou lobo
mau ou o que quiseres, com todos os talheres pro seu apetite. E me acredite:
vou à deriva! E se tiver viva me salve e seja boazinha, seja até mais que
madrinha: pro que der e vier. Seja então a mulher, nua rainha, com todos os
seus encantos, com todos os seus espantos de fadinha que é só minha... II - TEU NOME: Se me quiseres, tudo
será como o céu na plenitude da minha vida. Por isso, tudo o que me deres será
como um passeio por Belvedere onde serei o seu garboso alferes pronto para
servir tudo que não tiveres. E tudo o que puderes será verdadeiro halteres nos
meus quereres mais ávidos de ti. E se souberes o quanto vou te venerar e tudo o
que me houveres dar será lautamente servido além das colheres, com todos os
talheres da minha cobiça. E se me disseres que me queres na lua de abril ou no
sol do dia e me puseres entre os teus seios até que teu corpo me seja como um
poema de Cecília Meirelles, eu juro que farei com que sejas a mais que premiada
entre todas as mulheres. III - NA TABA
DA VENTA – Quando fisga o olho no olhar, ela faz um reclamo: será que a
amo? É sua indagação. Fecho questão e solto pilhéria. Aí, fica séria e levo na
esportiva. Não me dá alternativa e me beija demais, demonstrando ser capaz de
ir além do que diz: remexe em mim, revolve o confim de toda dimensão. Vai além
da tesão, dilatando o poder, engole meu querer e tudo o mais. E muito sagaz
manha uma arenga, ameaça pendenga e só me depena. Ela muito bem encena com todo
talento pelo meu tegumento a invadir. Me dá um banho de chantili e encontra
todas as respostas ocultas e dispostas no meu olhar. É quando devagar, na taba
da venta, pra lá de 8 a 80, além do radar e mais pra cá que pra lá ela flagra o
que sinto pra mais de infinito, muito mais que amar. © Luiz Alberto Machado.
Veja mais aqui, aqui e aqui.
DITOS &
DESDITOS - Nossos sonhos foram modificados. Não pertencemos a nenhum
lugar. Navegamos sem ancoradouro em mares turbulentos. Podemos nunca ter
permissão para desembarcar. Nossas tristezas nunca serão tristes o suficiente.
Nossas alegrias nunca são felizes o suficiente. Nossos sonhos nunca são grandes
o suficiente. Nossas vidas nunca são importantes o suficiente. Para importar.
Quem pode saber pela palavra adeus que tipo de despedida está reservado para
nós. Com nossa arte, nossa música, nossa literatura, nossa teimosia, nossa
alegria, nosso brilho, nossa implacabilidade absoluta - e nossa habilidade de
contar nossas próprias histórias. Histórias que são diferentes daquelas em que
estamos sofrendo uma lavagem cerebral para acreditar. Só existe um sonho que vale a pena ter: viver
enquanto você está vivo e morrer apenas quando estiver morto. Pensamento
da escritora e ativista anti-globalização indiana Arundhati Roy. Veja mais aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: Hoje minha experiência
traduz o verdadeiro significado de muito do que então parecia absurdo ou
misterioso. Muitas notícias são invenções de propaganda. A câmara de gás é o
único local de caridade no campo de concentração. Dos vários tipos de
violência, a pior violência contra o homem foi a degradação do intelecto. O
sacrifício é a única perversão humana verdadeira. Quem foge por amor não
encontra paz na solidão. E assim, para sempre, cada pérola no mar copia a
primeira pérola e cada rosa copia a primeira rosa. A esperança às vezes
enfraquece as consciências como um vício. Para quem vagueia meio bêbado, todos
os milagres, pelo menos por alguns minutos, são possíveis. O conhecimento é a
honra do homem. Pensamento da escritora italiana Elsa
Morante (1912-1985). Veja mais aqui e aqui.
FAMÍLIA - [...] pensar a família como uma realidade que se
constitui pelo discurso sobre si própria, internalizado pelos sujeitos, permite
que a própria família pense na construção cultural de si mesma. [...] As mudanças são particularmente difíceis, uma
vez que as experiências vividas e simbolizadas na família têm como referência
definições cristalizadas de família socialmente instituídas pelos dispositivos
jurídicos, médicos, psicológicos, religiosos e pedagógicos, enfim, os
dispositivos disciplinares existentes em nossa sociedade, que têm nos meios de
comunicação um veículo fundamental, além de suas instituições específicas.
Essas referências constituem os “modelos” do que é e deve ser a família,
fortemente ancorados numa visão de família como uma unidade biológica
constituída segundo as leis da “natureza”. A pergunta a ser formulada, então, é
[...] como romper esses modelos sociais internalizados e como escutar os
discursos das próprias famílias sobre si, nessa permanente tensão entre a
singularidade de cada uma e as referências sociais das quais não podemos
escapar? [...]. Techos extraídos do artigo A família como ordem simbólica (Psicologia USP, 2004), de Cynthia Andersen Sarti,
acrescentando no artigo A família como
ordem moral (Cadernos de pesquisa: A família em destaque, 1997), que: [...] O homem é considerado o chefe da família e a
mulher a chefe da casa [...] constituir a ‘boa’ autoridade, digna da
obediência que lhe corresponde, não basta ao homem pegar e botar comida dentro
de casa e falar que manda. Para mandar, tem que ter caráter, moral. [...].
Veja mais aqui e aqui.
MINHA MÃE – [...] Aquele
amor não durou muito. Doze anos depois meu pai morreu. Muito tempo para o
sofrimento, mas um instante para a felicidade. [...] Minha mãe viveu chorando. Depois enxugou as lágrimas, e uma grande
resignação, refúgio de meus dois sangues oprimidos, ocuparam o lugar da
desgraça. [...] O trem apitou. Eu
entrei nele e tenho certeza que naquela noite ele chorou todas as lágrimas que
segurava diante de mim. Tenho certeza porque me sinto ancorado, igual a um
pequeno barco, para um rio de lágrimas.[...]. Trechos extraídos da obra Retrato de minha mãe (1940), do escritor
mexicano Andrés Henestrosa (1906-2008), que noutra
obra, Nossa
Palavra (El Nacional, 1990), expressa
que: Venho como todos os homens,
de muito longe, de muito baixo; pertenço à multidão mexicana desalinhada,
descalça e faminta, e lutei, desde que me lembro, porque amanhã é diferente de
hoje e depois de ontem; Minha luta tem sido diferente a cada dia, mas sempre
com um horizonte e sem deixar de ser aquela que andou descalço na infância. Veja
mais aqui e aqui.
TODO O
TEMPO NO MUNDO - Deite-se
/ Vamos explorar essa ternura entre nós / Não há ninguém por perto para nos ver
/ E baby, você se importaria / Se talvez você e eu / Demorássemos um pouco para
nos encontrar? / Baby, nós temos todo o tempo do mundo / Então por que não
vamos com calma e calma? / Temos tudo o que precisamos / Para plantar uma
semente de amor / E todo o tempo que precisamos para vê-la crescer. / Fique
abaixado / Fique pelo menos até que o fogo pare de queimar / Pelo menos até que
o quarto pare, está virando / E quando as brasas morrerem / Estamos mentindo no
crepúsculo / Vai ser tão doce quanto qualquer coisa que já conhecemos / Baby,
Temos todo o tempo do mundo / Então, por que não vamos com calma e calma? / Temos
tudo o que precisamos / Para plantar uma semente de amor / E todo o tempo que
precisamos para vê-la crescer. Poema do escritor, compositor e cartunista
estadunidense Shel Silverstein
(1930-1999).
PROGRAMA
DOMINGO ROMÂNTICO – O programa Domingo
Romântico que vai ao ar todos os domingos, a partir das 10hs (horário
de Brasilia), é comandado pela poeta e radialista Meimei Corrêa na Rádio
Cidade, em Minas Gerais. Confira a programação deste domingo aqui. Na edição deste 30/12 do programa Domingo
Romântico Especial de Ano Novo, apresentação da radialista e poeta Meimei Correa e produção de Luiz Alberto Machado, conta na sua
programação as atrações: Isaac Karabtchevsky, Lêdo Ivo, Tom Jobim, Carlos Drummond de Andrade, Egberto
Gismonti, Paul McCartney, Eliane Elias, Jamiroquai, Toquinho, Rita Lee, Lima
Duarte, Ivan Lins, José de Abreu, Pink Floyd, Nana Caymmi, Guilherme Arantes,
Simone, Djavan, Lenine, Elis Regina, Mauricio Tapajós & Aldir Blanc, Zélia
Duncan, Cacaso, Zé Ramalho, Gonzaguinha, Fafá de Belém, Cassia Eller, Sandra de
Sá, Chico de Assis, Mácleim, Clara Redig, Fabio Rabin, Wanessa Camargo, Cláudio
Zoli, Magno Átimo, The Fevers & muito mais. Veja mais aqui.






