DITOS &
DESDITOS - Nossos sonhos foram modificados. Não pertencemos a nenhum
lugar. Navegamos sem ancoradouro em mares turbulentos. Podemos nunca ter
permissão para desembarcar. Nossas tristezas nunca serão tristes o suficiente.
Nossas alegrias nunca são felizes o suficiente. Nossos sonhos nunca são grandes
o suficiente. Nossas vidas nunca são importantes o suficiente. Para importar.
Quem pode saber pela palavra adeus que tipo de despedida está reservado para
nós. Com nossa arte, nossa música, nossa literatura, nossa teimosia, nossa
alegria, nosso brilho, nossa implacabilidade absoluta - e nossa habilidade de
contar nossas próprias histórias. Histórias que são diferentes daquelas em que
estamos sofrendo uma lavagem cerebral para acreditar. Só existe um sonho que vale a pena ter: viver
enquanto você está vivo e morrer apenas quando estiver morto. Pensamento
da escritora e ativista anti-globalização indiana Arundhati Roy. Veja mais aqui e aqui.
ALGUÉM FALOU: Hoje minha experiência
traduz o verdadeiro significado de muito do que então parecia absurdo ou
misterioso. Muitas notícias são invenções de propaganda. A câmara de gás é o
único local de caridade no campo de concentração. Dos vários tipos de
violência, a pior violência contra o homem foi a degradação do intelecto. O
sacrifício é a única perversão humana verdadeira. Quem foge por amor não
encontra paz na solidão. E assim, para sempre, cada pérola no mar copia a
primeira pérola e cada rosa copia a primeira rosa. A esperança às vezes
enfraquece as consciências como um vício. Para quem vagueia meio bêbado, todos
os milagres, pelo menos por alguns minutos, são possíveis. O conhecimento é a
honra do homem. Pensamento da escritora italiana Elsa
Morante (1912-1985). Veja mais aqui e aqui.
FAMÍLIA - [...] pensar a família como uma realidade que se
constitui pelo discurso sobre si própria, internalizado pelos sujeitos, permite
que a própria família pense na construção cultural de si mesma. [...] As mudanças são particularmente difíceis, uma
vez que as experiências vividas e simbolizadas na família têm como referência
definições cristalizadas de família socialmente instituídas pelos dispositivos
jurídicos, médicos, psicológicos, religiosos e pedagógicos, enfim, os
dispositivos disciplinares existentes em nossa sociedade, que têm nos meios de
comunicação um veículo fundamental, além de suas instituições específicas.
Essas referências constituem os “modelos” do que é e deve ser a família,
fortemente ancorados numa visão de família como uma unidade biológica
constituída segundo as leis da “natureza”. A pergunta a ser formulada, então, é
[...] como romper esses modelos sociais internalizados e como escutar os
discursos das próprias famílias sobre si, nessa permanente tensão entre a
singularidade de cada uma e as referências sociais das quais não podemos
escapar? [...]. Techos extraídos do artigo A família como ordem simbólica (Psicologia USP, 2004), de Cynthia Andersen Sarti,
acrescentando no artigo A família como
ordem moral (Cadernos de pesquisa: A família em destaque, 1997), que: [...] O homem é considerado o chefe da família e a
mulher a chefe da casa [...] constituir a ‘boa’ autoridade, digna da
obediência que lhe corresponde, não basta ao homem pegar e botar comida dentro
de casa e falar que manda. Para mandar, tem que ter caráter, moral. [...].
Veja mais aqui e aqui.
MINHA MÃE – [...] Aquele
amor não durou muito. Doze anos depois meu pai morreu. Muito tempo para o
sofrimento, mas um instante para a felicidade. [...] Minha mãe viveu chorando. Depois enxugou as lágrimas, e uma grande
resignação, refúgio de meus dois sangues oprimidos, ocuparam o lugar da
desgraça. [...] O trem apitou. Eu
entrei nele e tenho certeza que naquela noite ele chorou todas as lágrimas que
segurava diante de mim. Tenho certeza porque me sinto ancorado, igual a um
pequeno barco, para um rio de lágrimas.[...]. Trechos extraídos da obra Retrato de minha mãe (1940), do escritor
mexicano Andrés Henestrosa (1906-2008), que noutra
obra, Nossa
Palavra (El Nacional, 1990), expressa
que: Venho como todos os homens,
de muito longe, de muito baixo; pertenço à multidão mexicana desalinhada,
descalça e faminta, e lutei, desde que me lembro, porque amanhã é diferente de
hoje e depois de ontem; Minha luta tem sido diferente a cada dia, mas sempre
com um horizonte e sem deixar de ser aquela que andou descalço na infância. Veja
mais aqui e aqui.
TODO O
TEMPO NO MUNDO - Deite-se
/ Vamos explorar essa ternura entre nós / Não há ninguém por perto para nos ver
/ E baby, você se importaria / Se talvez você e eu / Demorássemos um pouco para
nos encontrar? / Baby, nós temos todo o tempo do mundo / Então por que não
vamos com calma e calma? / Temos tudo o que precisamos / Para plantar uma
semente de amor / E todo o tempo que precisamos para vê-la crescer. / Fique
abaixado / Fique pelo menos até que o fogo pare de queimar / Pelo menos até que
o quarto pare, está virando / E quando as brasas morrerem / Estamos mentindo no
crepúsculo / Vai ser tão doce quanto qualquer coisa que já conhecemos / Baby,
Temos todo o tempo do mundo / Então, por que não vamos com calma e calma? / Temos
tudo o que precisamos / Para plantar uma semente de amor / E todo o tempo que
precisamos para vê-la crescer. Poema do escritor, compositor e cartunista
estadunidense Shel Silverstein
(1930-1999).