DITOS & DESDITOS - A paz da consciência é o
maior de todos os dons. Uma pessoa com a consciência limpa não tem motivos para
temer os espectros... Todos nós temos a ideia pervertida de que o cérebro
humano é um órgão para pensar. Nada está mais longe da verdade.
Pensamento do escritor chinês Lin Yutang (1895-1976).
ALGUÉM FALOU: Fiz isso
deliberadamente, e com todas as minhas forças, porque senti que por nada além
do sacrifício da vida humana a nação seria levada a perceber a horrível tortura
que nossas mulheres enfrentam...
Pensamento da ativista britânica Emily Davison (1872-1913),
que foi militante do movimento pelo voto feminino britânico. Ela enfrentou
ações violentas e num memorável protesto em nome dos direitos das mulheres, se
jogou em frente ao cavalo do rei, sendo pisoteada e sofrendo lesões que
ocasionaram a sua morte. Os fatos sugerem que ela não planejou sacrificar sua
vida neste dia, pois sua bolsa continha uma passagem de trem de volta para
aquele dia, bem como um convite para uma reunião sufragista naquela noite. As
razões pelas quais ela decidiu andar na frente do cavalo do rei nunca serão
realmente conhecidas. A reação à morte foi mista, uma vez que os jornais que
relatavam o evento na época tendiam a se concentrar no bem-estar do cavalo do
rei Anmer e do jóquei que estava no controle do cavalo. Alguns a chamavam de
anarquista irresponsável, e outros diziam que sua morte não foi um ato de
sacrifício, mas de suicídio. Para as sufragistas, no entanto – Emily foi
reverenciada como uma mártir. Seu ato pode ser visto como alinhado com o lema
sufragista de Emmeline Pankhurst “Ações,
não palavras”, sugerindo que as ações falam mais alto que as palavras. O seu
funeral foi o último grande evento público realizado pela WSPU. Ela foi
interpretada pela atriz Natalie Press no filme As sufragistas (2015),
retratando a luta das mulheres pelo direito ao voto em Londres. Veja mais aqui
e aqui.
OUTRAS FALAS: Ao fazer as malas, é preciso ter espírito aberto a
todas as surpresas, para não se cansar, para não ser caprichoso, para comer bem
e beber melhor. Românticos são seres que morrem de desejos de viver. Eu não sou
radical. Tenho nuances e nuances. Pensamento do
dramaturgo e escritor espanhol Francisco Nieva
(1924-2016). Veja mais aqui.
A INVEJA – A inveja é um pecado
detestável. Esse vício de meus inimigos pode ser o fator oculto por trás das
poucas críticas negativas. Você sofre de uma das doenças mais normais da raça
humana: a necessidade de se comunicar com seus semelhantes. Não tenho dias muito
estereotipados ou rotineiros, para dizer o mínimo. Nem horários, nem disciplina
diária, mas escrevo como posso. Mas o tempo é teimoso e passa e tudo volta...
Quando ele acordou, o dinossauro ainda estava lá. Todos sabem, continuou ele,
que se os cavalos fossem capazes de imaginar Deus, nós o imaginaríamos na forma
de um cavaleiro. Quem quer ser escritor sentirá dentro de si a necessidade de
se exprimir, de dizer o que sente ou pensa. Deve sentir que é uma vocação, que
é uma vocação... Mas também tem outra coisa: não é só a vocação, a pessoa deve
saber se tem talento, porque escrever é uma arte. A beleza da arte é o
experimento, a aventura, a busca. Pensamento do escritor hondurenho Augusto
Monterroso Bonilla (1921-2003)
EOS – Na mitologia grega Eos é a Aurora, deusa que personificava o amanhecer. Era filha de
Hiperião e Teia, irmã da deusa Selene, a Lua, e de Hélio, o Sol. Normalmente
citada como de longos cabelos louros e unhas tingidas de rosa com uma carruagem
purpúrea puxada por dois cavalos alados, Lampo e Faetonte, com arreios
multicolores. Ágil e graciosa, ela é munida de asas nos ombros e nos pés. Essa
caracterização expressa seu carácter de jovem caprichosa e despreocupada, que
vive amores intensos e efêmeros. Eos tem, como principal função, abrir as
portas do céu para a carruagem de Hélio. Responsável também pelo brilho do Sol
e das tonalidades do Céu, ela é a deusa que desperta as pessoas e criaturas dos
mais profundos sonhos e derrama orvalho nas folhas. São numerosas as paixões de
Eos, sendo a mais conhecida com Titono, irmão mais velho de Príamo. Ao
apaixonar-se por ele, teve medo de o perder e o raptou até levá-lo para a Etiópia.
A deusa amava-o tanto que pediu para que lhe concedessem a imortalidade, mas
esqueceu-se da juventude eterna, e dessa forma o amado da deusa transformou-se
num velho decrépito, sem nunca, no entanto, morrer. Eos decidiu, então pedir
para que Zeus o transformasse numa cigarra. Céfalo, filho
de Hermes e Herse, também foi vítima do amor implacável de Eos. Ele estava já
casado com a princesa Prócris, terna e amorosa e sempre fiel a seu marido.
Insaciável como sempre, Eos pouco se importa para o sofrimento de Prócris e
rapta Céfalo enquanto caçava nas proximidades do monte Imeto. Mas apesar de
todos os esforços da deusa, o jovem continuava apaixonado por sua esposa.
Apesar de muitos esquemas ardilosos da deusa, o casal se reconcilia. Céfalo
volta a caçar, mas sua esposa, com receio da deusa rival, o segue. Pensando se
tratar de um animal, ele a mata e ao ver o que havia feito, se joga ao mar.
Comovido, Zeus os transforma em estrelas. Uma das versões do mito de Ganímedes,
conta que ele foi raptado e levado ao monte Olimpo, não por Zeus, mas pela
deusa Eos, ao que parece essa era a versão original do mito de Ganímedes. As suas
paixões atribuem-se ao fato de que teve amores com Ares, algo que deixou Afrodite
muito enciumada, fazendo com que lançasse um feitiço sobre Eos, para que ela se
apaixonasse apenas por homens mortais, e tivesse um desejo sexual insaciável.
Veja mais aqui.
RAMSTER – [...] Não há lenha tão
maravilhosa quanto a kelofonka avermelhada e fresca, com galhos alcatroados e
sulcos resinosos. Acende como pólvora, queima com trovões, dá entusiasmo e
queima mágoas. Tem um perfume encantador, uma brisa do mar sem costa de
coníferas, saudações dos grandes pântanos e as taças de perigos. Honkatuli é como uma
fumaça sacrificial de boas-vindas [...] Garrafas
bonitas são estéticas. Garrafas redondas, triangulares, cônicas, garrafas
quadradas. Eles elogiam a habilidade do soprador de vidro. E aquelas imagens
artísticas em rótulos e palavras emocionantes em línguas estrangeiras! Ah, as noites de Veneza,
as manhãs de Turim, os ventos de Pusta, as nuvens da Madeira! Oh, alegres destiladores
da França, gotejadores e monges da Escócia, e abades em abóbadas empoeiradas! Oh, as negras trabalhadoras
da Espanha batendo rolhas nas bocas das garrafas! Ah, mulatas simpáticas
na fábrica de rum na hora do café da manhã! É assim que é! [...]. Trechos extraídos da obra Hamsterit (Hardcover,
1957), do escritor finlandês Veikko Huovinen (1927-2009), conhecido
por seu realismo, pacifismo, a inteligência afiada e humor peculiar.
UM POEMA - Para ver esse mal de seu núcleo / Ele se gastou nas margens / Bordas de
cristal umbra-ed e quebradas, / Fragmentando por negações medidas, / Aguardando
a hora que a paciência cruzou: / O doador encapsulava todas as partes de
gastos. / Ó Louco Amor onde não tem tempero / Você permanece, escavando trens
de arte— / Desviando sem horizonte / sem profundidade / Leve / nesta voz -
estes sons - / Um coração cujos lamentos você sonha / Na realidade nada a meio
caminho / Para o seu sempre perigoso oblíquo e / Sempre / desapareceu / costa. Poema do escritor estadunidense Philip
Lamantia (1927-2005).