A arte
da atriz e produtora cultural Ruth
Escobar. Veja mais aqui.
O UNIVERSO LITERÁRIO DE KAZANTZÁKIS - Já tive oportunidade de
ler e reler várias das obras do escritor e pensador grego Níkos Kazantzákis
(1883-1957), entre elas O Cristo recrucificado – lido na adolescência quando eu queria encenar o tema e
relido por tantas outras vezes -, a Ascese: os salvadores de Deus, enfim da odisseia à última tentação, o seu pensamento sobre educação, e alguns dos seus poemas. Das que me chamaram atenção e que
ainda trarei trechos e resumos, Zorba, o
grego, Liberdade ou morte e Os irmãos inimigos, já lidos e carecendo
de releituras. Da sua biografia, ele estudou Direito e Filosofia, influenciado
por Bergson e Nietzsche, atuando como tradutor e viajando pelo mundo. Um trecho
extraído da obra Testamento para El Greco,
sintetiza bem quem o autor: Um homem de
verdade é aquele que resiste, que luta e que não tem medo de dizer não, nem mesmo a Deus, quando
necessário. Foi vitimado pela leucemia e, por ter sido excomungado, não
recebeu autorização para ser sepultado em Creta. Por conta disso, foi cremado
fora das muralhas da sua cidade: Eu espero por nada.
Não tenho medo de nada. eu estou livre. Veja mais abaixo.
DITOS & DESDITOS - A
ninguém, nem aos deuses nem aos demônios, nem às tiranias da terra nem às
tiranias do céu, foi dado o poder de impedir aos homens o exercício daquele que
é o primeiro e o maior de seus atributos: — o exercício do pensamento. Podem
amarrar as mãos de um homem, impedindo-lhe o gesto. Podem atar-lhe os pés,
impedindo-lhe o andar. Podem vazar-lhe os olhos, impedindo a vista. Podem cortar-lhe
a língua, impedindo a fala. O direito de pensar, o poder de pensar, porém,
estão acima de todas as violências e de todas as repressões, que nada podem
contra seu exercício. Se assim o quiserem os deuses, se assim o quer a própria
natureza humana, parece claro que não há abuso mais abominável que o de tentar
impor limitações ao pensamento de qualquer pessoa. Pretender suprimir o
pensamento de quem quer que seja é o maior dos crimes. Pois não é apenas um
crime contra uma pessoa, mas contra a própria espécie humana, uma vez que é o
pensamento o atributo que distingue o ser humano dos demais seres criados sobre
a face da terra. É certo que é um crime que não se consuma, pois fica sempre o
terreno da tentativa, como se alguém quisesse violar o inviolável. O fato,
porém, de não se consumar um crime, não quer dizer que não se caracterize o
criminoso. Pois, na verdade, só ao se supor capaz de sufocar o pensamento de
seu semelhante, o autor dessa suposição cometeu um crime estupendo, contra
todos e contra si mesmo, porque se depravou na intenção de roubar o que não
pode ser roubado, de matar o que não pode morrer. Os pérfidos juízes de Atenas
tiraram a Sócrates o direito de educar os jovens e o direito de viver. Mas
foram impotentes para tirar-lhe o direito de pensar, exercido por ele até o
último hálito da existência. O ser humano existe enquanto pensa. Quando deixa
de pensar, deixa de existir. Alguns sofistas andaram ensinando que o homem
deixa de pensar quando deixa de existir. Mas o homem não pensa porque existe,
mas existe porque pode pensar. No dia em que deixar de pensar, foge-lhe a
existência. Pelo menos a existência como ser humano, pois não se pode dizer que
um demente tenha uma existência de ser humano. O homem pode pensar bem ou
pensar mal, pensar pouco ou pensar muito. Não há, porém, uma diferença
qualitativa, mas há apenas uma diferença quantitativa no exercício do
pensamento de cada pessoa. Pois, sendo um atributo essencial do homem, todos
exercem com esse atributo uma função qualitativa igual. Assim como o olho do
homem é feito para ver todas as coisas, também a mente é feita para pensar
todas as coisas, assim também uns pensam menos coisas do que os outros. Mas a
qualidade de ver é a mesma em todas as pessoas, embora varie de uma para a outra
a quantidade da coisa vista. Ai dos homens que não usam, em toda a sua
plenitude, o direito e o atributo de pensar! Se um pássaro em pleno vôo parasse
subitamente de usar suas asas, o poder de voar que lhe foi dado, o atributo do
equilibrar-se no ar e viajar as distâncias etéreas, cairia miseravelmente no
chão. Se um homem pára de pensar, por preguiça ou por estultícia, todos os
desastres lhe podem acontecer. Se seu pensamento não responde ao que vêem seus
olhos, pode jogar-se no fogo e na água, e perecer queimado ou afogado. Na vida
na cidade, se um homem neutraliza dentro de si o direito de pensar, a cidade
pode ser tomada e dominada pela ferocidade de um tirano, cujo despotismo levará
o povo à morte pela fome, pela crueldade ou por outras formas de injustiça e
prepotência. E se não o povo todo, pelo menos uma parte do povo, certamente,
será arrastada à opressão, à tortura, ao cárcere ou a qualquer outra forma de
perdição. Os tiranos não gostam que as pessoas pensem. Fazem um grande esforço
para que o pensamento seja deformado, isto é, perca a sua forma original, isto
é, a forma que lhe dá cada um, tentando estabelecer uma espécie de fábrica de
pensamento pela própria mente, passem a pensar pela mente do despotismo
dominador. Isto aconteceu algumas vezes na Grécia. Mas sempre que o povo se
dispõe a exercer com todo o vigor o seu direito e o seu atributo de pensar, os
tiranos foram destronados, levados ao ostracismo e os despotismos derrubados.
Pensamento do filósofo neoplatônico Teócrito de Corinto.
ALGUÉM FALOU: O fato de que a gente aprende
com os outros e com o nosso Outro, porque nós somos geneticamente sociais. Pensamento da educadora Esther
Pillar Grossi, mestre o doutora pela Sorbonne, em Paris, autora das obras
Didática do Nível Alfabético (3 volumes – Paz e Terra, 1990).
DOUTRINA DE CHOQUE – [...] A
doutrina do choque como todas as doutrinas é uma filosofia de poder. É uma
filosofia sobre como conseguir seus próprios objetivos políticos e econômicos.
É uma filosofia que sustenta que a melhor maneira, a melhor oportunidade para
impor as idéias radicais do livre-mercado é no período subseqüente ao de um
grande choque. Esse choque poder ser uma catástrofe econômica. Pode ser um
desastre natural. Pode ser um ataque terrorista. Pode ser uma guerra. Mas a
idéia é que essas crises, esses desastres, esses choques abrandam a sociedades
inteiras. Deslocam-nas. Desorientam as pessoas. E abre-se uma ‘janela’ e a
partir dessa janela se pode introduzir o que os economistas chamam de ‘terapia
do choque econômico’. [...] É uma
espécie de extrema cirurgia de países inteiros. E tudo de uma vez. Não se trata
de um reforma aqui, outra por ali, mas sim uma mudança de caráter radical como
o que vimos acontecer na Rússia nos anos noventa, o que Paul Bremer procurou
impor no Iraque depois da invasão. De modo que é isso a doutrina do choque. E
não significa que apenas os direitistas em determinada época tenham sido os
únicos que exploraram essa oportunidade com as crises, porque essa idéia de
explorar uma crise não é exclusividade de uma ideologia em particular. Os
fascistas também se aproveitaram disso, os comunistas também o fizeram.
[...]. Trechos de A doutrina do choque
(IHU, 2007), da escritora e ativista estadunidense Naomi Klein. Veja mais aqui.
TRÊS POEMAS – ODE:
Neste tudo / tudo falta / (neblina) / e nesta / falta: eis / tudo. FALA: Falo de agrestes / pássaros de
sóis / que não se apagam / de inamovíveis / pedras / de sangue / vivo de
estrelas / que não cessam. / Falo do que impede / o sono. INICIAÇÃO: Se vens a uma terra estranha / curva-te
/ se este lugar é esquisito / curva-te / se o dia é todo estranheza / submete-te
/— és infinitamente mais estranho. Poemas da poeta Orides Fontela (1940-1998). Veja mais aqui.
CRISTO RECRUCIFICADO – [...] Dos que vieram hoje à peregrinação, quantos são cristãos?
São cristãos todos os que crêem no outro mundo. Que quer dizer crer no outro
mundo? Isso quer dizer que todos os nossos atos aqui embaixo vão ser pesados num
outro mundo, que os maus serão punidos e os bons recompensados. O que faz a
caridade a seus irmãos aqui em baixo, nessa vida passageira, vai ter como
recompensa a vida eterna. Então, velho Ladas, mais vale esperar que guardar. [...].
Trecho da obra O Cristo Recrucificado
(Abril, 1971), do escritor grego Níkos Kazantzákis (1883-1957),
contando a história
das tentativas de uma comunidade fictícia da aldeia grega nas profundezas da
Anatólia, em 1921, de encenar uma peça de paixão - que, como o título sugere,
acaba com a reencenação dos eventos do julgamento, sofrimento e morte de Jesus.
ÚLTIMA TENTAÇÃO – [...] —
Não me calo — disse o jovem, inflamado — agora já falei, não me calo! Sou
mentiroso, hipócrita, fraco. Nunca digo a verdade, não tenho coragem. Vejo uma
mulher passar, enrubesço e abaixo a cabeça, mas meus olhos se enchem de
devassidão. Não estendo a mão para roubar, espancar, matar, não porque não
deseje, e sim porque tenho medo. [...] Quanto mais fortes a alma e o corpo, mais frutífero será
o combate e mais ampla a harmonia final. Deus não ama as almas fracas e as
carnes flácidas. O Espírito quer enfrentar uma carne forte e que lhe ofereça
resistência. É ave carnívora, dotada de fome insaciável; ela devora a carne e,
ao assimilá-la, faz com que desapareça. [...]. Trecho da obra A Última Tentação de Cristo (Rocco, 1988), do escritor grego Níkos
Kazantzákis (1883-1957).
Manoel Monteiro
No passado Zé Pacheco
Um mestre da poesia
Escreveu sobre a mulher
Com arte e com maestria
Eu vou tentar descrever
A mulher de hoje em dia
Deus após formar o mundo
Achou que era preciso
Povoá-lo, fez Adão.
Mas fez Eva sem juízo
E deixou os dois flertando
No pomar do Paraíso...
Quando foi criar o homem
Ficou sobrando um pedaço
Ele deixou assim mesmo
E seguiu sem embaraço
Mas quando fez a mulher
Deixou aberto um espaço
Adão ficou perturbado
Vendo um defeito daquele,
Pois o que faltava nela
Estava sobrando nele
Para tapar o buraco
Meteu o pedaço dele.
Eu acho que a Bíblia fala
Em sentido figurado
Porque deixar Adão nu
Com Eva nua a seu lado
Tinha que dar no que deu
Foi Caim pra todo lado!
Você já imaginou
Eva dengosa e faceira
Tendo só por vestimenta
Uma folha de parreira?
Não precisava nem cão
Para Adão fazer besteira
Mas no começo do mundo
Tudo era diferente
Trabalhar não precisava
Adão vivia contente
Só arrumou ao juntar-se
Eva, a maçã e a serpente
Porque Deus disse a Adão
Coma de tudo, porém
Não coma a maçã de Eva
Adão lhe disse: Está bem!
Mas veio a peste da cobra
Para estragar o xerém.
Contra as ordens do Divino
A cobra se levantou.
Tentou o primeiro homem
E Adão se abestalhou
“comeu” a maçã de Eva
Aí o bicho pegou!
O homem foi enganado
Por Eva e por Lúcifer
Mas ele em sua bondade
Dá tanta corda à mulher
Que ela pensa que pode
Fazer o que bem quiser.
Elas estão todo dia
Tomando o nosso lugar
Se continuarem assim
Só o que vai nos sobrar
É o tanque de lavar roupa
E o ferro de engomar
Em toda repartição
Tem uma mulher mandando
Elas estão assumindo
Todos os postos de mando
E enquanto isso no lar
Tem uma mulher faltando.
A mulher hoje é igual
A um homem destemido
Lavar prato e lavar pano
Acha que é tempo perdido
Mas se vê uma barata
Grita chamando o marido.
Com certeza, brevemente
Vamos ser o rei do Lar
Com um pequeno problema
Difícil de consertar
É que além da mamadeira
Vamos ter que amamentar
Trocar fraldas de menino
Eu mesmo já tenho feito.
Dar banho, limpar cocô
Eu faço e faço direito.
Agora dar de mamar...
Já tentei, mas não tem jeito!
Eu espero que as mulheres
Não nos obriguem parir
Porque eu mesmo não sei
Por onde os filhos vão vir
Se não tem por onde entrar
E nem por onde sair.
Quando a mulher é honesta
Leva vida recatada.
Não vive de porta em porta
Nem gosta de cachorrada
Ao passar na rua, as outras
Dizem: - lá vai a pirada!
Antigamente a mulher
Pelo seu instinto nato
O serviço que fazia
Era “ver” lenha no mato,
Catar pulgas no cachorro
E limpar bosta de gato.
Naquele tempo a mulher
Era um ser quase divino
Vivia para o marido
E para fazer menino.
Mulher não falava grosso
Homem não falava fino.
Houve um tempo que a mulher
Era bicho conhecido
Usava saia godê
Blusa de manga ou vestido
Anágua, friso e marrafa
Cabelo sempre comprido
Touca, espartilho, ampoleta
Moda ousada era coco
Se o rapaz pedisse um beijo
Ficava falando só
Sem casar, só via mesmo
Mão, pescoço e mocotó.
Não raspava sobrancelha
Nem sovaco, nem pentelho
Para usar rouge ou batom
Tinha que pedir conselho
Califon de meio corpo,
Calçola até o joelho.
A mulher andava livre
Do terreiro pra cozinha.
No resto era proibida
Na sala a mulher só vinha
Se fosse pra trazer água
Ou para tanger galinha.
Mulher só ficava nua
No dia do nascimento
Ou quando tomava banho
Mas fora desse momento
Eu acredito que só
Na noite do casamento.
Se o marido descobrisse
Na hora da “inspeção”
Que antes dele outro homem
Havia passado a “mão”
Tinha o direito de
Fazer a devolução.
Se algum “cabra safado”
Tivesse comido o fruto
O marido corneado
Fosse da praça ou matuto
Já estava autorizado
A devolver o produto.
Hoje a coisa é diferente
A mulher tem liberdade
Ganha pra trabalhar fora
É uma temeridade
Se continuar assim
É o fim da humanidade.
Em algumas profissões
A mulher dava primeira
Ninguém ganhava pra elas
Nas artes de rezadeira
Fazer panela de barro
Tecer balaio e esteira.
Pavio de candeeiro?
Faziam como ninguém!
Capar pinto, bater pano
Pilar milho pra xerém
São coisas que as mulheres
Faziam e faziam bem.
Hoje elas são folgadas
Escolhem até profissão
Querem se igualar a nós
Só falam em liberação
Umas já dirigem trem
Outras pilotam avião.
A mulher como empregada
É uma calamidade:
Tem quatro meses de folga
Se for pra maternidade
Seu mês só tem vinte dias
Mas falta mais da metade.
Tem trinta dias de férias
Quinze dias pra casar
Tirando a hora do almoço
E a hora de amamentar
Somando tudo não sobra
Horário pra trabalhar.
Já tem umas no Senado
Só falta uma Presidente
Sou forçado a admitir
Que tem mulher competente
Mas elas mandando em tudo
Que diabos sobra pra gente?
Onde tem homem com “H”
Uma lei s”estabelece
A mulher diz: - Sim, senhor!
Porque sábia reconhece
Que manda quem tem a força
Quem tem juízo obedece.
Desde os tempos da caverna
É por todos conhecido
O destino da mulher
Decser um voto vencido
Submissa ao bisavô
Ao avô, pai e marido.
Lá em casa, pelo menos
A mulher não ignora.
A última palavra é minha
Quem achar ruim, vá embora
A mulher diz: - cala a boca!
Eu respondo: - Sim, senhora!
Mulheres do meu Brasil
Desculpem este meu falar
Tudo isso é brincadeira
Do poeta popular
Se não houvesse mulher
Era preciso inventar.
M – eu poema homenageia
A – o cordelista inspirado
N- osso bardo Zé Pacheco
O – mestre mais consagrado
E – já que gastei papel
L- eiam o livro de MANOEL,
M- ONTEIRO, este seu criado.
MANOEL MONTEIRO – 0 poeta popular e cordelista paraibano, radicado em Campina Grande, Manoel Monteiro é um divulgador do cordel com sua banca nos eventos, ele quer fundar um Monumento- Memorial ao poeta popular nordestino.
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