VOTO MORAL
Luiz Alberto Machado
A consolidação indubitável da democracia é confirmada, dentre outras ações, pelo exercício pleno do voto. Por resultado de tal participação, a escolha individual se reflete no anseio da coletividade, formando, assim, livremente, os desígnios da população.
Afinal, com o embate eleitoral nasce o nosso discernimento para optar por aquele que represente bem os nossos objetivos, muito embora a gente nunca tenha acertado. Pelo menos tentamos e precisamos tentar sempre.
Infelizmente, com a pugna dos candidatos nasce o caos e, com ele, uma grita de discordâncias que vai se insinuando até se acentuar claramente sobre a nossa preferência.
Na verdade, é um zoadeiro dos diabos que não leva a lugar nenhum. Isso porque se é para o bem da democracia, temos de fazer cumprir o nosso papel.
Por causa disso somos molestados por despropósitos imensuráveis e imblóglios que mais confundem as já tacanhas frivolidades de metas nas arguições fúteis dos postulantes. É cada patranha chega dar nos nervos.
Virulentamente invadem com propostas perniciosas e inócuas a nossa santa paciência, carregados de imposturas e engodos, como o de salvar a humanidade de mais de milhares de anos de vícios em apenas um mandato.
Os detentores dos despautérios se comprometem a melhorar nossa condição de vida, quando tal propositura foge das esferas de tal pleito.
Para se ter uma idéia do desplante, os intrépidos sequer encaram de frente as contradições sociais já imanentes nas questões por eles advogadas, desconhecendo totalmente a tragédia que há por trás da nossa sobrevivência. Inclusive, muitos dos que estão agora pleiteando cargos eletivos já tiveram oportunidade de representar nossa gente. E, apesar disso, nada fizeram ou se tem feito para amenizar as rachaduras de tais contradições. Pelo contrário, avalizaram o tempo todo tais controvérsias.
No entanto, esses incólumes pretendentes prometem deus e o mundo, azucrinando não só com os seus portentosos carros-de-som nossos ouvidos, com as mais fervorosas aparições, com discursos de meia tigela, encardidos pela força do tempo, com a imunidade dos santos e a impunidade dos desmiolados.
Mesmo assim, desprestigiados sob a pecha da ineficiência, fazem tudo para chamar atenção, não conseguindo esconder no bojo de suas candidaturas que por trás das decisões políticas, há todo um processo de acordo, conchavos e pizzas. E que no final das contas, sobra pra gente mesmo. E só.
Perdulários, insistem em não admitir que o legislativo seja um antro de aves de rapinas, sedentas de poder; que o executivo seja o ninho das raposas obesas, sentadas sobre o baú dos interesses gerais; e que o judiciário seja a preguiça absorta, contando cifrões e sentenças prescritas.
Falastrões, apenas, com discursos distantes da ação inventam de tudo antes da eleição. Depois, quem vê o cara de novo morre, só 4 anos depois mesmo quando eles precisam abrir os dentes, os braços e o bolso de novo. Sem contar a nossa triste recaída de reeleger as trepeças mais reincidentes da história. Eu mesmo só vejo todo mundo dizer que fulano dos grudes não podia ser sequer eleito, quando, na verdade, o sujeitinho já tem 5 ou 6 mandatos encarreados, reeleito ninguém sabe como. Coisas do Brasil mesmo.
Contudo, devemos exercer o voto seguindo o critério moral, seja na majoritária, quanto nas proporcionais.
Vigilantes. O voto deve ter o sentido do dever cumprido para produzir efeitos benéficos e cobrar dos nossos eleitos que alijem todos os trapaceadores que sequer ruborizam diante do flagrante dos seus próprios pecados.
O sufrágio universal é a nossa subscrição voluntária na participação de nossa posição antagônica mediante tantos descalabros.
Precisamos exercer a cidadania e, com ela, pleitear condições mais favoráveis de vida. E isso votando consciente para que o Brasil possa contar, de verdade, com o brasileiro.
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DITOS & DESDITOS – Todos os
homens têm igual direito à satisfação das suas necessidades e ao usufruto de
todos os bens da natureza, e a sociedade deve consolidar esta igualdade.
Pensamento do jornalista francês François Noël Babeuf (1760-1797), que
participou da Revolução Francesa e foi executado por seu papel na Conspiração
dos Iguais.
COMUNIDADE JUSTA - [...] A pressuposição de que o estudo do desenvolvimento moral deve ser guiado pela filosofia moral era central para minha
intuição de como focalizar esse desenvolvimento.
Para que algo fosse considerado
moral ou avanço evolutivo seria
necessário partir de algumas definições
filosóficas, pressuposições e argumentos.
Essas pressuposições estariam abertas
a questionamento, à luz de achados
empíricos, mas não se podia pensar
que fossem isentas de valores. Trechos de Minha busca pessoal pela
moralidade universal (Harper & Row, 1981), do psicólogo estadunidense Lawrence
Kohlberg (1927-1987), propondo a “comunidade justa”, acreditando que seria
local onde os alunos
exercitariam as virtudes necessárias
para a vida em sociedade, desenvolvendo o
hábito do diálogo, da assunção de
papéis, de habilidades
racionais e de julgamento moral, o que
conseqüentemente remeteria a autonomia
moral tão proclamada por Piaget.
O PALHAÇO – [...] temos que viver e se
acaso não podemos ser homens de ação, se acaso temos que palmilhar uma vida
passiva, assaltam-nos as forças interiores que nos destroem o caráter,
transformando-nos em loucos ou heróis. Preparei um caderno para contar “a minha
história”. Por quê? Talvez para fazer alguma coisa. Talvez por amor à
psicologia. Talvez para justificar tudo quanto me sucedeu. A necessidade
conforta. Talvez para adquirir domínio sobre mim mesmo, o poder olhar para tudo
o que se passou, com um sentimento algo assim como a indiferença. Estou realmente
convencido que a indiferença é uma espécie de felicidade [...] Eu, por minha parte, aprontava meu trabalho mecânica
e rapidamente, para ter oportunidade de contemplar o rio, sentado na taverna,
ou de parar para ver passar um trem de carga, enquanto sonhava, certamente, com
algum espetáculo teatral, um concerto, ou um livro que acabara de ler. Lia muito,
tudo o que podia cair-me nas mãos, e tinha uma grande capacidade de
assimilação. Vivia todas as personagens literárias, e parecia reconhecer-me em
cada uma delas. [...] Termino de
escrever, e atiro fora a pena, cheio de nojo. Cheio de nojo! E o final...
[...] Trechos do conto do escritor alemão e Prêmio Nobel de
Literatura de 1929, Thomas Mann (1875-1955). Veja mais aqui e aqui.
TRES POEMAS - A FOCINHEIRA - Sabe
que sou fiel e afeiçoado, / dizia o Cão ao Homem, e disposto a tudo, / mesmo a
ser sacrificado cumprindo as suas ordens. / Isto posto, quero falar, agora, com
franqueza: / a focinheira põe-me deprimido; / por que não dá-la ao Gato, que é
fingido, / apático e traidor por natureza? / O Homem responde: - Mas a
focinheira / lembra sempre a existência de um patrão / que te protege e, de
qualquer maneira, / é quem te ampara e te garante o pão./ - Já que assim é, o
dito pelo não dito! / Corrige o Cão, desculpe-me a besteira. / E, deste aí, com
ar convicto, / passou a falar bem da focinheira... A JUSTIÇA AJUSTADA - Júpiter
disse à Ovelha: - São injustos / e odiosos, além disso, contra a lei, / os sucessivos
sustos / com que os lobos te afligem, eu bem sei!... / É melhor, entretanto,
que suportes / com paciência os agravos: a questão é que os lobos / são fortes
demais, para não ter razão... NÚMEROS - Eu valho muito pouco, sou sincero, / dizia
o Um ao Zero, / no entanto, quanto vales tu? / Na prática és tão vazio e
inconcludente / quanto na matemática. / Ao passo que eu, se me coloco à frente /
de cinco zeros bem iguais a ti, / sabes acaso quanto fico? / Cem mil, meu caro,
nem um tico a menos / nem um tico a mais. Questão de números./ Aliás, é aquilo
que sucede / com todo ditador que cresce em importância / e em valor quanto
mais são os zeros a segui-lo. Poemas do poeta satírico italiano Trilussa
(Carlo Alberto Salustri – 1871-1950).
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