A arte do fotógrafo holandês
Henri Senders

PENSAMENTO DO DIA – O
sentido de um acontecimento para a sua posteridade, enquanto se difere de seu
sentido para a sua própria época ou de suas causas, está perpetuamente aberto a
revisões. A História, em suma, é inacabada no sentido de que o futuro sempre
utiliza seu passado de novas maneiras. Pensamento do historiador alemão Peter Gay (1923-2015). Veja mais aqui
A ANGÚSTIA – [...] A completa insignificância que se anuncia no
nada-e-nenhures não indica uma ausência de mundo, mas adverte, ao contrário,
que o estado intramundo perdeu toda a importância em si mesmo e que, sobre o
fundo desta insignificância do intramundo, nada mais há a não ser o mundo que
ainda possa, em sua própria mundanidade, se impor. [...]. Trecho extraído O ser e o tempo (Vozes, 1989), do
filósofo alemão Martin Heidegger (1889-1976). Veja mais aqui, aqui e
aqui.
UM PASSEIO – [...] Minha mãe, anteriormente, não significava
muito para mim. Eu nunca a via sozinho. Estávamos sob tutela de uma governanta,
e sempre brincávamos no andar de cima, no quarto das crianças. Meus irmãos
tinham quatro e cinco anos e meio menos do que eu. Georg, o menor, tinha uma
pequena grade para si. Nissim, o do meio, tinha fama de arteiro. Logo que ficava
só, aprontava uma travessura. Abria as torneiras do quarto de banhos, e quando
se descobria a água já escorria ao andar térreo pela escada; ou desenrolava o
papel higiênico até que o corredor de cima estivesse todo coberto de papel. Ele
sempre inventava novas traquinagens, cada vez piores, e como era impossível
dissuadi-lo, todos acabaram chamando-o de “the naughty boy”. [...] Mas as mais belas conversas daquele tempo
eram as que eu mantive com meu pai. Pela manhã, antes de ir para o escritório,
ele vinha ao quarto das crianças e tinha palavras adequadas a cada um de nós.
Ele era inteligente e divertido, e sempre inventava novas brincadeiras. Essa curta
aparição era feita antes do café da manhã, que ele tomava na sala de refeições
com a minha mãe, quando ainda não havia lido o jornal. Ao anoitecer, voltava
com presentes para cada um de nós, e não houve um único dia em que ele voltou
para casa sem nos trazer algo. Então ficava mais tempo e fazia ginástica
conosco. Do que ele mais gostava era nos sustentar, os três, de pé sobre seu
braço estendido. Ele segurava os dois pequenos, mas eu tinha de aprender a me
equilibrar, e embora eu o amasse mais do que a qualquer outra pessoa, sempre tinha
um pouco de medo dessa parte do exercício. [...]. Trecho do conto Passeio à
margem de Mersey, extraído da obra A língua absolvida: história de uma
juventude (Companhia das Letras, 2010), do
escritor e ensaísta búlgaro e Prêmio Nobel de Literatura de 1981, Elias Canetti (1905-1994). Veja mais
aqui e aqui.
O MALANDRO ARREPENDIDO - Ela tinha uma cintura bem torneada / cadeiras
cheias / e caçava os machos nos arredores da Madeleine. / pelo seu jeito de me
dizer: Meu anjo / te apeteço? / eu vi logo que se tratava de uma debutante. / Ela
tinha talento, é verdade, eu o confesso. / Ela tinha gênio, / mas sem técnica
um dom não é nada. / Certamente não é tão fácil ser puta como ser freira, / pelo
menos é o que se reza em latim na Sorbonne. / Sentindo-me cheio de piedade pela
donzela / ensinei-lhe os pequenos truques de sua profissão / e ensinei-lhe os
meios para fazer logo fortuna / rebolando o lugar onde as costas se assemelham
à lua, / Porque na arte de fazer o trottoir, confesso, / o difícil é saber
mexer bem a bunda. / Não se mexe a bunda da mesma maneira / para um
farmacêutico, um sacristão, um funcionário. / Rapidamente instruída por meus
bons ofícios / ela cedeu-me uma parte de seus benefícios. / Ajudavamo-nos
mutuamente, como diz o poeta: / ela era o corpo, naturalmente, e eu a cabeça. /
Quando a coitada voltava para casa sem nada / dava-lhe umas porradas mais do
que com razão. / Será que ela se lembra ainda do bidê com / que lhe rachei o
crânio? / Uma noite, por causa de manobras duvidosas / ela caiu vítima de uma
doença vergonhosa, / então, amigavelmente, como uma moça honesta / passou-me a
metade de seus micróbios. / Depois de dolorosas injeções de antibióticos / desisti
da profissão de cornudo sistemático. / Não adiantou que ela chorasse e gritasse
feita louca / e, como eu era apenas um canalha, fiz-me honesto. / Privado logo
de minha tutela, minha pobre amiga, / correu a suportar as infâmias do bordel.
/ Dizem que ela se vendeu até aos tiras! / Que decadência! / Já não existe mais
moralidade pública / na nossa França! Poema do poeta, compositor e cantor
francês Georges Brassens
(1921-1981).
A arte do fotógrafo holandês
Henri Senders
NUM É MESMO ZIRALDO!!!! POR ISSO QUE EU DIGO QUE MARCIO BARALDI É O MAIOR ROCKCHARGISTA DO PLANETA!!! - Marcio Baraldi é um dos mais promissores chargistas e cartunistas do país. Cabra inquieto, criativo e criador de uma penca de projetos que vão se constituindo nas mais elogiadas iniciativas de um artista que se preze, ele vai delineando sua carreira com sucesso e muito bom humor. Da sua lavra nasceram as revistas do Adrina-lina e Roko-Loko, do Tatoozinho, Humor-Tifer, sem contar com o primeiro game rock´n´roll do Brasil: Roko-loko no castelo do Ratozinger! E tudo isso primando pelo bom gosto, pela irreverência e pela arte de um dos maiores artistas desta terra. Prova disso? Taí: a publicação do livro “Moro num país tropiacaos”, uma coletânea de charges do Marcio Baraldi, publica em 2001 pela Publisher Brasil. Por isso que eu digo que se trata do maior rockchargista, maior rockcartunista, maior rockamigo & o escambau! E quem diz isso não só sou eu. Veja o que Ziraldo diz dele: "Rebelde com causa e graça! Carcamano brabo, brigador, alma rebelde que começou a ser gerada em Modena, de onde veio o avô, este é o Marcio, de sobrenome Baraldi, caricaturista, chargista, desenhista de historia-em-quadrinhos, comunista perigoso. Ou melhor, só não é comunista perigoso porque esta categoria já saiu de moda há algum tempo. Mas indignado ele é, inconformado, também. E zangado. Suas charges, quando tocam de leve o alvo, deixam a vitima pronta para ir pra UTI. O Baraldi não pega leve, profissional dos mais sérios – mas muito engraçado – ele trabalha como um condenado, fazendo charges diárias para a Folha Bancária e para mais uma dezena de publicações sindicais, afinal ele acredita na vitória da classe obreira. Acontece, porem, que ele tem uma coisa que é fundamental num chargista: a fé no ser humano, esta certeza de que o homem não pode serão... tão... tão assim como esses caras que estão lá nas suas charges são. Ele crê que a gente tem que denunciar, tem que berrar, tem que gritar bem alto, com nosso engenho e arte, para despertar os que, nas charges do Marcio, estão lá levando porrada. Ele fez desta missão – bradar sua indignação e seus propósitos – sua labuta diária e, com a devida paga por sua competência, é um dos poucos profissionais brasileiros – na área – a poder viver de seu desenho e de seu Humor, exclusivamente. O que é uma gloria que merece esta perpetuação que vem através do livro. Pois é aqui que, para sempre, fica gravada a marca do artista. Porque gosto de quem trabalha com afinco e fé e porque gosto do trabalho do Marcio Baraldi, achei uma alegria fazer o prefacio deste Caos Tropical, na certeza de que ele é abençoado por Deus – apesar das injustiças! – e bonito por natureza! Ziraldo, Rio de Janeiro, 8 de janeiro de 2002”. Veja a entrevista
com Márcio Baraldi aqui e mais aqui
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