
DITOS & DESDITOS:
[...] Habitualmente nossa sociedade, como um todo,
parece bastante próspera; ela preza a honestidade, a ordem e os bons costumes.
Certamente existem lacunas e imperfeições no edifício e na vida do Estado. Mas
o sol não tem também as suas manchas? E será que existe alguma coisa perfeita
neste mundo? Os próprios trabalhadores, sobretudo os mais bem colocados, os
organizados, acreditam de bom grado que no final das contas a existência e a
luta do proletariado decorrem nos limites da honestidade e da prosperidade. A
“pauperização” não é uma triste teoria há muito refutada? Todos sabem que
existem albergues, mendigos, prostitutas, polícia secreta, criminosos e
“elementos desonestos”. Mas habitualmente tudo isso é sentido como algo
distante e estranho, situado em algum lugar fora da sociedade propriamente
dita. Entre os trabalhadores honrados e esses excluídos existe um muro, e
raramente se pensa na miséria que se arrasta na lama do outro lado do muro.
[...] De tempos em tempos, vem uma crise,
semanas e meses de desemprego, de luta desesperada contra a fome. E novamente o
trabalhador consegue subir um degrau da engrenagem, feliz por poder novamente
empregar seus músculos e nervos a serviço do capital. Mas, progressivamente, as forças começam a
faltar. Um período mais longo de desemprego, um acidente, a velhice que se
aproxima – este, depois aquele, precisam agarrar o primeiro emprego que
aparece, abandonam a profissão e deslizam irresistivelmente para baixo. Os
períodos de desemprego tornam-se cada vez maiores; os empregos, cada vez mais
irregulares. Em pouco tempo, o acaso domina a existência do proletário, a
infelicidade o persegue, a carestia toca-o mais duramente que os outros. A
energia perpetuamente tensa na luta por um pedaço de pão relaxa-se, por fim; a
autoestima diminui – e lá está ele à porta do albergue dos sem-teto, ou à porta
da prisão. Assim, a cada ano, milhares de existências proletárias afastam-se
das condições de classe normais da classe trabalhadora para cair na escuridão
da miséria. Eles caem silenciosamente como um sedimento que se deposita no
fundo da sociedade, elementos usados, inúteis, dos quais o capital não pode
retirar mais nenhuma seiva, lixo humano que é varrido com vassoura de ferro:
contra eles ergue-se o braço da lei, da fome e do frio. E por fim a sociedade
burguesa estende aos seus proscritos o copo de veneno. [...].
Trechos
de No albergue, da filósofa e
economista polaco-germana, Rosa Luxemburg (1871-1919), extraído da obra Rosa Luxemburgo ou o preço da liberdade (Fundação Rosa Luxemburgo, 2015), de Jörn
Schütrumpf. Veja mais aqui e aqui.
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