OUTRO CANTO – Imagem: arte do pintor expressionista alemão Otto Dix (1891-1969). - Renasço a cada
instante com o mormaço da tarde que sorri dentro de mim e o aguaceiro estival vespertino
lava o peito os olhos para o rio que vou vida afora. E tudo me ocorre a cada
instante, pancadas ouço e outras mais ouvi da noite ao dia por sonhos de olhos
abertos e os que se perderam pela madrugada, enquanto o mundo a girar no tempo que
passa, sempre atento para que o inusitado nunca me escape e aprenda a cada
momento o que é para viver. Persigo a esperança de cabeça erguida céu aberto e
olho para trás pra saber o que foi que fiz e deixei, para cada lado o átimo
quem sabe de mãos ocultas em auxilio apontem alguma direção, e para baixo as
pedras que se arrepiam ensinando os pés a segura caminhada, para cima o que não
acaba nunca mais a orientar na imensidão e para frente o que posso ir e não sei
e voo pro que der e vier. E canto na caminhada anos a fio medindo o silêncio na
rota asfixiada pelos conflitos do meu tempo que são muitos e outros na minha
terra, um deserto em derredor entre pressas e retardos, de apodrecer antes de
madurar, cenários que vem e ficam onde sempre estiveram e mudam de lugar,
umbrais para atravessar, nasceres e morreres da travessia. Persisto da
esperança e sei certo dia por ali passou a morte, eu vi os nomes lidos no chão,
ninguém sabe, renasceram comigo e encheram meu canto como se minha fossem as muitas
vozes e agora uma só para que seja até mais. O meu canto enfim entoando minha
última escrita, os meus últimos versos vão soltos nas asas das minhas mãos até
onde for. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais aqui.
DITOS & DESDITOS:
[...] Hoje sabemos o quanto nos desviou da saúde
integral a concepção moderna que dissociou o corpo da alma e do espírito.
Perdemos a coesão e a congruência; mais do que isto, perdemos a transparência.
A fragmentação epistemológica também refletiu-se no indivíduo e na sociedade,
separando o organismo do meio ambiente, enfatizando as fronteiras e os
conflitos. [...] Temos sido modelados
para a especialização e o especialista fechado é a pessoa que perdeu o olhar
aberto, simples e natural. É alguém com a nuca rígida, a “cerviz dura”. Que
perdeu a flexibilidade de olhar para os lados, para cima, para baixo e para
trás. É alguém com uma viseira, cujos cacoetes adquiriram status. Neste olhar
estreito e minimizado, o inusitado nos escapa. Perdemos o deslumbramento, o
espanto essencial. No caminho viciado e repetitivo, a estagnação assassina o
milagre do servir. Escapa-nos o poder inocente do arquétipo da Criança Divina.
Na tumba do conhecido padecemos, já não nascemos mais para “a eterna novidade
do mundo”. [...].
Prefácio
do
antropólogo e psicólogo Roberto Crema, na obra O corpo e seus símbolos
(Vozes, 1999), de Jean-Yves Leloup. Veja mais aqui, aqui e aqui.
A ARTE
DE OTTO DIX
A arte do pintor expressionista alemão Otto Dix (1891-1969).
AGENDA:
&
A cidade mulher amada, Wilhelm Brasse, Raimundo Carrero, Reina María
Rodríguez, Adelina Nishiyama, Nutrição & Alimentos de Jacques Diouf,
Sanharó, Gilberto Gil & Yuja Wang aqui.
RÁDIO TATARITARITATÁ:
Hoje curta na Rádio
Tataritaritatá a
música da cantora Maria Gadú: Shimbalayê, dois shows ao vivo na Ilha Verão e ao vivo
com Lenine no Jazz Tour &
muito mais nos mais de 2 milhões & 900 mil acessos ao blog & nos 35 Anos
de Arte Cidadã. Para conferir é só ligar o som e curtir. Veja
aqui.