A OUTRA PRIMA DA
VERA – Vera quase teve um troço ao receber a
visita da prima Dalvinécia, aquela distante que ela tratava por Nevinha. As
duas nunca se deram lá muito bem, por conta dumas coisitas de namoricos bobos
dos tempos de adolescência. E mais: apesar da condição heterossexual da Vera,
ela tinha lá seus princípios feministas quase ortodoxos. E a prima, como ela
mesma dizia, era da pá virada. Além de desbocada, se defendia: Eu não era,
fiquei sendo. E justificava: Pago com a mesma moeda. Como? A ficha corrida da
Nevinha: enviuvou cinco vezes, tudo de morte morrida e na horagá cada um;
descasou-se umas doze vezes, não antes distribuir uma tuia de duas de
quinhentos na premiação dos ex; casos, uns tantos não exclusivos e para lá de
escusos, afora dar em cima da própria Vera e de algumas amigas do seu
relacionamento. Vê-se que a dita era bem rodada, esborrando experiências, das
quais Vera se arrepiava: Peraí, mulher! Ah, minha filha – explicava Nevinha: -
Sigo à risca o ditado da tia vitalina Cornelinda: homem não é bicho que se deva
criar em casa! Além do mais, a vida é curta demais. Confira: o meu primeiro
marido, o Dermelinaldo - que Deus o tenha lá longe -, era um santo que fazia
gosto! Era do trabalho pra casa, agarrado ao cós da minha saia, beijinhos e
presentes. Bastou bater as botas e apareceram logo umas três com filhos e tudo
para dividir comigo o quinhão. O segundo, o Bastianildo, esse desarreda: só
soube quando foi pro saco, pois nunca que me passou pela cabeça que fosse um
raparigueiro de ter uma costela em cada banda da cidade. Aí, né! O terceiro,
quase tirou um fino: um primo desmunhecava pras bandas dele; o quarto, o pior
de todos: fazia a minha vez com os amigos, um horror! O quinto, fugiu com a
minha melhor amiga. Ora, fui aprendendo! Do terceiro em diante, eu já tinha não
só a orelha na frente da pulga, como já me adiantava em salvar meu couro: todos
eles tinham um quebra-galho nas horas vagas e eu com a cara de tacho. Casei e
descasei nove vezes, namorei gato e cachorro e quero ver um homem que ria das
minhas costas ou me passe pra trás, faço meu próprio figurino, rá! Gosto mesmo
é do remexido, seja com quem for, encara? E fazia mesmo de manhã, de tarde e de
noite, saía um, entrava outro, ou que lhe desse na telha e na simpatia, dias,
semanas, meses, anos. Isso até a hora dela botar os olhos no Tarcizildo, o que
pra Vera foi um santo remédio: Agora ela abaixa o facho, tomara. Dito e feito.
Como o rapaz era bem provido tanto de instrumento, como de disposição, bonito
no gosto dela, jeitoso para tudo e de não arredar o pé de dentro de casa: pau
pra toda obra. Estava feita. Ora, era a faca e o queijo, o útil ao agradável em
cima da bucha: Nevinha se aquietou dentro de casa de quase nunca mais vê-la
empiriquitada passando pela rua: Quanto tempo, hem? Ah, agora tô só entretida
com meu parque de diversão, tenho agora meu brinquedo de estimação. Um amor roxo
que dura até hoje para salvação da monogamia e para aliviar a alma aflita da
prima que agora, quase santificada, tornou-se beata de ir à missa com seu
distinto consorte quase todo dia, pronta para um matrimônio até que a morte os
separe debaixo dos lençóis. Aí tá certo, dizem as más línguas de antes, agora
sim. © Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS
[...] Quantos professores sabem que um simples trabalho de
memorização de diferentes tipos de textos exige diferentes níveis de oxigenação
do cérebro? Que quanto mais complexa a atividade proposta e à medida que se
eleva o grau de raciocínio, o fluxo sanguíneo no cérebro é mais intenso? O
professor tem noção de que sua ação pedagógica desencadeia no organismo do
aluno reações neurológicas e hormonais que podem ter influência na motivação
para aprender? Como pode o professor desconhecer a dinâmica mente/cérebro?
Basta a análise dessas questões para que se compreenda a importância desse tipo
de informação na adequação de metodologias de ensino [...].
Trecho do estudo Neurociências
e educação: uma articulação necessária na formação docente (Revista Trabalho,
Educação, Saúde, 2010/2011), da professora e neurocientista Fernanda Carvalho. Veja mais aqui e
aqui.
AS ESCULTURAS DE ALAYDE
A arte
da premiada escultora e pintora Alayde
- Alaides Puppin Ruschel -, com suas obras em terracota, metal (bronze e
alumínio), e resina, utilizando a estrutura helicoidal em esculturas que apresentam
as características de leveza e movimento que se inserem dentro da Arte Moderna
e Contemporânea. Ela já realizou exposições em Portugal, Itália e por todo
Brasil. Veja mais aqui.
SOLEDAD
O
curta-metragem Soledad (2015), dirigido
por Joana Gatis, Daniel Bandeira e Flavia Vilela Vieira, com elenco formado por
Peter Ketnath, Joana Gatis e Thassia Cavalcanti, conta a história de um amor bandido envolvido por uma paixão implacável e um fogo
avassalador que redundam numa saga de morte, traição e vingança, com dança
flamenca, cavalgadas, sexo e violência, narrando a história daquela a quem chamavam de Soledad. Veja mais aqui e aqui.
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