PASSAVIDA,
PALHÁSSARO - Há quem viva de dormir e acordar,
quando não roncar e peidar, ora essa. Acorda e não desperta; se desperta, não
dá conta. Oh, não! Na vera, a vida não é só isso, apenas: tem sonhos,
entressonhos reveláveis e passadiços. E muito mais: aqueles que remexem
pesadelos e desamparo, para saltos e retrocessos, como outros, olhos cônscios,
paradoxos de eita, coisa de não entender mesmo e são. E acontece, só pra saber
o impossível que nem se adivinha e é pra valer, o cúmulo do caos. Medameaça de
mesmo, frientanias danadas para enfrentar. Parece mais que o tempo não termina,
gastagente, só. De resto, amavive, sonhassim. Desdontem, meninadulto nas
claraboias de plutão ou quase dos cantos inóspitos, arreado. Quem não quantas
faces de si, disfarces, chapéus de Schopenhauer. E o mundo, muitos para
aprender. Quantas vivalmas e meio a meio, nem sempre. Tem que ser para viver subires
sem degraus, desceres lisos, haja pau de sebo; pisadas no asfaltarenoso, lapadas
no toitiço, largos passos no chão igual a todos, para onde frente e atrás,
lugares desaconchegados e enquanto, obséquios e desterro penoso, pesaroso,
brenhas e lonjuras, portalguma e olhar de quem esquece o longinguo norteste,
suleste, alhures. Tudo por sustos e risos, desistidos poréns, extraordinárias
surpresas, vésperespanta: o alegre ou abominoso, quantos desagrados escorraços,
desordens de si e de todos. Luares de rio, espelhos de Sol. Veemências ante as
malícias e notícias, as medonhas ingratidões, descreres. Mais tivesse, só resta
dormir mesmo e doer, por mais que nem seja. Não ser mais que a sua solidão à
noitinha, candeeiro nem, pelo menos tenha: somente réstias de confidências
suas, clandestino de tantas nuvens e às sete capas e sete chaves, retraído uma
vez em cem, segredado; afora as notórias, veladas, dissimuladas, das idas e
vindas ao coringa e todo baralho: as covardias e as intemperanças, outras quase
nem vistas. Cenas que chegam do agora e tarde demais na montantesperança:
retrocederes, refazimentos. Assim também vou, fui. Ocultanias entre o que se
quer ouvir ou não, calar pelos cotovelos, soltar de vez por bem ou que nem deva
para o que come ou bebe entre a fome e a sede, os alaridos do ignoto. Quem
capaz de discernir dessas loucuras que não se sabe, doidices que saltam do
comum para desenredo: relâmpagos do revertério, trovoadas da danação, chuvadas
sem guarida para quem não sabe nadar. Hojagora, crástino e pretérito, quem
há-de ebrifestivo ou tristeimoso, vá ver. Olhesperante, avalanchegos,
pobretamaínho, infimesmado. Como as coisas se estragam, assim cada um. Carece
de se advertir, divertimento tem hora, haja flagelo no cabimento das coisas e
seres. Chuva, lágrimas, rios. Passavida, passavios, palhássaro voo nos caminhudos de fogáguas & terrares. ©
Luiz Alberto Machado. Direitos reservados. Veja mais abaixo e aqui.
DITOS & DESDITOS
É preciso amar, sabe? Ter-se uma mulher a quem
se chegue, como o barco fatigado à sua enseada de retorno. O corpo lasso é
confortável, de noite, pede um cais. A mulher a quem se chega. Exausto e, com a
força do cansaço, dá-se o espiritualíssimo amor do corpo. [...] Amor não tem nada a ver com essas coisas.
Amor não é de tarde, a não ser em alguns dias santos. Só é legitimo quando,
depois, se pega no sono. E há um complemento venturoso, do qual alguns se
descuidam. O café com leite de manhã. O lento café com leite dos amantes, com a
satisfação do prazer cumprido. No mais, tudo é menor. O socialismo, a
astrofísica, a especulação imobiliária, a ioga, todo ascetismo da ioga... tudo
é menor. O homem só tem duas missões importantes: amar e escrever à máquina.
Escrever com dois dedos e amar com a vida inteira.
Crônica Café com leite, extraída da obra Crônicas (Paz e Terra, 1996), do poeta,
radialista e compositor Antônio Maria (1921-1964). Veja mais aqui e
aqui.
A ARTE DE ABELARDO DA HORA
A arte do escultor, desenhista, gravador, ceramista e
professor Abelardo da Hora
(1924-2014). Obras extraídas do catálogo Amor
e solidariedade: Abelardo da Hora 60 anos de Arte (IAH/Dona Lindu, 2011).
Veja mais aqui e aqui.
IARA BEHS & ERNESTO NAZARETH
Hoje na Rádio Tatataritaritatá especial com a
pianista e compositora Iara Behs
interpretando as obras do pianista e compositor Ernesto Nazareth (1863-1934). Veja mais aqui, aqui e aqui.
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Palhássaro
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mais na Agenda aqui.